quarta-feira, 29 de julho de 2009

A CIDADANIA, A POLÍTICA E OS SONHOS

“Sonhos, e não o desespero, movem as organizações para altos níveis de desempenho. Nosso sonho é que nossas instituições trabalhem por nossas necessidades e não contra elas”.
(Mário Lúcio)

Ainda que o presente artigo tenha sido dirigido aos PREFEITOS e VEREADORES que seriam empossados no dia 1° de janeiro de 1997, consideramos OPORTUNÍSSIMO em face dos DESCALABROS que perpassam ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS. Com a assinatura do eminente Professor de Filosofia LUÍS CARLOS GAMBOGI, autor do livro “Artigos Escolares & Outros Escritos”, o artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, Caderno OPINIÃO, página 7, de 31 de dezembro de 1996, merece também TRANSCRIÇÃO INTEGRAL:

“Política e sonho

Não me harmonizo com o espírito do provérbio latino “ad majora natus” (nascemos para causas maiores), sempre invocado pelo intelectual que intenta justificar o seu afastamento da tarefa política. Penso como Aristóteles ao tratar dessa questão. A política – no sentido grego da palavra – representa a ação mais alta do homem. Para Aristóteles, quer no campo da conduta jurídica quer no campo da conduta moral, é pela vida política que o homem se constrói. A política, por conseguinte, não é comezinha ciência do Estado, é a mãe de todas as ciências. Tudo se liga a ela, numa íntima conexão, como as partes se submetem ao todo.

Segundo Aristóteles, é no Estado que o homem torna ato suas possibilidades naturais, psíquicas e espirituais. Daí porque afirma que “os e o bem do homem não podem ser reconhecidos, nem ser praticamente assegurados pela Retórica, pela Economia ou pela Ética, mas tão somente pela Política”. É ela, pois, a ciência que contêm em si todas as outras, que considera o bem geral, o supremo bem de todos, o sentido e o objetivo de todos os atos da vida. É o próprio Aristóteles quem escreve: “embora um indivíduo isolado se proponha o mesmo fim que todo o povo, e seja possível apreciar o que toca a um só homem, será mais nobre e elevado ocupar-nos com o bem de todo um povo ou de um Estado.

A Ética, assim, não se confunde com a Política, mas não pode ser fundada senão sobre ela”. Isto é, ética e política se completam. Como Aristóteles tantas vezes diz, “não é suficiente conhecer o bem para fazê-lo, porque a paixão pode se misturar entre o saber do bem e a sua realização”. Ou seja, ética não é discurso, é ato! É óbvio que Aristóteles poliniza a política com uma idéia de liberdade em sentido coletivo, porquanto jamais compreenderia a imagem neoliberal de liberdade, que contrasta com parte ou com o todo do Estado, que confunde, que não raro ofende o bem comum. Para o grego, um Estado está firmado numa ética que edifique o homem dentro do homem, que consolide a liberdade nos meandros da liberdade.

Max Weber, um pensador mais próximo de nós, escreve que “a política é como perfuração lenta de tábuas duras (...) O homem não teria alcançado o possível se repetidas vezes não tivesse tentado o impossível”.

Em “O Velho Testamento segundo a Poesia” (Del Rey), escrevo: “O bom político é uma mistura das emoções do poeta com as manhas da existência. A poesia diz-lhe o que fazer, a política, como fazê-lo. A poesia e a política são para os homens o que as asas são para os pássaros: mantêm sonhando os primeiros e sustêm voando os segundos. Que os prefeitos e vereadores que serão empossados dia 1° sejam capazes de sonhar. Que saibam que não voa aquele que insiste em por os pés no chão. Que é preciso abandonar as fórmulas do possível e reinventar o impossível a partir de fórmulas impossíveis à luz do possível, mas possíveis à luz do sonho. Sonhar – eis o lema. Somos um País por fazer. Sonhar de modo tal, sonhar com tal convicção, que hospede o sonho real, tamanha a fé na ação. Sonhar e agir – eis o caminho. Não nascemos para causas menores”.

Mais uma BELA contribuição, pois, ao nosso PROPÓSITO MAIOR de promovermos a MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, em sintonia com os objetivos constitucionais de transformar este País numa Nação JUSTA, LIVRE, PRÓSPERA e SOLIDÁRIA, estendendo a TODOS os BRASILEIROS e BRASILEIRAS as riquezas e conquistas de um mundo FASCINANTE e BELO, e não perdendo de maneira alguma os HORIZONTES do BRASIL 2014, que seja verdadeiramente a COPA DA CIDADANIA.

Um comentário:

Carla Maria disse...

Ética e política não se confundem, mas com certeza tem que andar juntas. Não é possivel se chamar de políticos, atos embasados na corrupção, na falta de respeito com o cidadão e sem qualquer traço de responsabilidade com o país. Isto com certeza não é politicas e nem os atores destes atos podem ser chamados de políticos.