sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A IMPERATIVA FORMAÇÃO DE EQUIPES E OS DESAFIOS DA QUALIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL

“Uma comunidade chamada empresa
        Uma grande empresa onde atuo como consultor passou recentemente por um período difícil. Em princípio, pela falta de equipamentos essenciais a todos os setores e que já tinham sido comprados, mas houve um engano do fornecedor e atraso de um mês para entrega. Resultado: prejuízos na produtividade, caras fechadas, acusações mútuas, reclamações, cobranças e clientes insatisfeitos. Pelo fermento das atitudes, o problema cresceu e, apesar das correções, o ambiente ficou péssimo, demorando depois um bom tempo para voltar à normalidade.
         Curiosamente, situações assim são comuns de ocorrer nas organizações. As crises podem ter sua origem em questões técnicas, mas sempre se agravam por razões comportamentais. Tudo depende dos hábitos e comportamentos coletivos já criados no ambiente de trabalho. Isso representa os valores elegidos e a consequente cultura local que orienta as ações da maioria.
         No caso apresentado, não havia valores bem definidos e os interesses particulares sufocaram o trabalho de equipe. Numa verdadeira equipe isso nunca acontece, pois as pessoas caminham rumo a uma mesma direção e não perdem tempo reagindo contra as dificuldades. Ali as coisas funcionam como uma rede de competências, com nível de capacitação e informação o mais alinhado possível, não só no trabalho, mas principalmente nas atitudes e nas relações. O resultado é a integração eficaz dessas qualidades no alcance do sucesso comum. O foco é sempre o resultado e não os problemas. Qualquer dúvida, observe a atuação de uma equipe avançada, como a do Cirque du Soleil por exemplo, em suas espetaculares apresentações. Vamos perceber claramente um alto nível de colaboração e um constante aprendizado mútuo dos artistas na busca pela excelência.
         Na verdade, uma empresa funciona como um núcleo social específico, com todas as questões de uma comunidade e seus tipos característicos mais comuns. Além dos sensatos, motivadores, dos criativos, dos responsáveis (que geralmente são a minoria), veremos também os indiferentes, os dominadores, os críticos, os egoístas, os apavorados e muitos outros. Quando maior o número de componentes no grupo, mais se multiplicam também as dificuldades de toda ordem. Daí a importância vital de um controle ágil e inteligente, o que só pode ser realizado por lideranças preparadas, que saibam lidar com as capacidades e motivem a energia dessa diversidade de pessoas, corrigindo as distorções e movendo a participação de todos para soluções inovadoras dos problemas.
         Dentro de um mercado tão dinâmico, mutante e competitivo como o atual, criar um verdadeiro trabalho de equipe nessa comunidade chamada empresa se transformou num dos principais trunfos para quem quere vencer e garantir seu espaço hoje e no futuro. As organizações modernas não podem mais desperdiçar nenhum de seus ativos, em particular as pessoas que, quando atuam em conjunto de forma harmônica e integrada, conseguem produzir mudanças essenciais ao crescimento do negócio. O conhecido consultor americano Stephen Covey alerta sobre essa necessária transformação na gestão de pessoas: “A maioria das empresas ainda adota uma postura que é um insulto à inteligência e à capacidade criativa da equipe. As organizações precisam mudar tudo: a forma como recrutam, selecionam, avaliam, treinam e recuperam seus talentos”.
         O fato é que agora as empresas precisam desenvolver o pensamento sistêmico em todos os seus profissionais, aquele que mostra o importante papel de cada um dentro de um sistema e não apenas atuando isoladamente. Fazendo um paralelo com a música, a harmonia desse verdadeiro trabalho de equipe vem sempre de uma nota só. E isso é factível num lugar que seja uma democracia técnica, governada por ideias, não por pessoas. Representa também uma organização de aprendizado onde se pressupõe que sejam mais inteligentes coletivamente do que individualmente.
         Em particular nos grandes centros urbanos, a vida de hoje se caracteriza pela presença de muitas dificuldades coletivas que só fazem aumentar a cada dia, alimentadas na cômoda ilusão das populações de que isso é assunto exclusivo das autoridades. Aí também a posição egoísta, isolada e indiferente da maioria agrava perigosamente essas questões. Por isso, saber resolver problemas está na moda atualmente. E fazer isso no núcleo social das empresas é uma eficiente forma para solucioná-los depois na grande comunidade onde todos vivemos. Corrigi-los nos ambientes de trabalho é muito mais inteligente, prático e também um fator de destaque para qualquer profissional, pois vai criando um precioso conjunto de competências pelas quais o mercado está pagando muito bem.”.

(RONALDO NEGROMONTE. Professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas e organizações, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de setembro de 2016, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 6 de outubro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de ALEXANDRE SANTILLE, Ph.D. em psicologia experimental, mestre em administração de empresas com ênfase em economia e inovação, e que merece igualmente integral transcrição:

“O Ideb e a falta de qualificação
        Recentemente, li sobre os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2015 e me deparei com o quanto a educação brasileira está estagnada. A notícia mostrava que o rendimento escolar dos alunos do ensino fundamental e médio permanece abaixo das metas de melhoria estabelecidas pelo Ministério da Educação desde 2011.
         Com esse tipo de dado mais uma vez escancarado, muitos de nós se perguntam: qual é o nível de confiança que esses jovens possuem em si mesmos ao ingressar no universo de milhões de pessoas à procura de um emprego? Quais são as suas reais chances de se desenvolverem e terem a chance de uma atuação importante no mercado depois de tantos anos sem propósito?
         Participo de muitos debates e reflexões sobre o tema, com o objetivo de encontrar novas formas e meios de capacitar e desenvolver pessoas. As questões que discutimos tem a ver com a resolução deste ciclo de formação precário que se estende ao mercado de trabalho e que dificulta a construção de uma sociedade criativa e produtiva. Afinal, como virar a chave no contexto brasileiro e criar um ciclo virtuoso de educação, que sem sombra de dúvidas seria a base para uma transformação das pessoas, empresas e sociedade de maneira mais global?
         De um lado, temos a educação de base sofrendo com conteúdos e formatos extremamente obsoletos e, de outro, a conectividade (dispositivos móveis, computação em nuvem, big data, internet das coisas etc.) se instaurando no dia a dia e gerando cada vez mais uma interdependência econômica e social planetária. Essa discrepância fica evidente pelo fato de que existe mais de 11 milhões de desempregados no país e, ao mesmo tempo, uma infinidade de vagas e oportunidades em aberto por falta de profissionais qualificados.
         Um levantamento recente da Affero Lab mostra que quase 50% dos empregadores brasileiros enfrentam a dificuldade de encontrar o profissional certo. O problema tende a se agravar quando vejo a previsão do World Economic Forum estabelecer que, daqui aproximadamente cinco anos, mais de um terço das competências que são consideradas importantes na força de trabalho hoje serão ultrapassadas.
         Ao buscar um caminho, vejo que, além da óbvia e urgente reforma nas políticas e métodos do ensino público, atribuição que compete mais fortemente à esfera governamental, a implementação de uma cultura de educação corporativa dentro das empresas está nas mãos dos seus próprios líderes e empresários.
         E, apesar de os investimentos em treinamento e desenvolvimento profissional (T&D) ganharem importância para os nossos líderes, a estratégia de educação continuada nas empresas ainda tem muito espaço para melhorias. Para se ter uma ideia, enquanto o Brasil investe média de 16,6 horas de treinamento e R$ 518 por profissional no período de um ano, os Estados Unidos investem US$ 1.208 e seus colaboradores recebem 31,5 horas de treinamento nos mesmos 12 meses. Os dados são da pesquisa “O Panorama do Treinamento no Brasil”, que em 2015 ouviu 425 empresas do setor de Treinamento e Desenvolvimento (T&D).
         O levantamento mostra que o maior foco do investimento tem sido na capacitação das lideranças, cerca de 42% das ações formais de T&D foram para este público. A tendência evidencia a importância de se ter líderes preparados e maduros para enfrentar a presente e futura demanda por novos talentos.
         Nesse aspecto, as tecnologias são aliadas fundamentais na promoção de uma aprendizagem continuada (lifelong learning) com baixo custo e alto impacto, podendo ser incorporadas tanto no ensino escolar como corporativo. Práticas de gamificação, mobile learning, ensino adaptativo, realidade virtual, entre tantas outras inovações, despontam como poderosas ferramentas para mudar a educação tradicional, desafio do setor de maneira geral. Com o ambiente mais digital e democrático, precisamos agregar conhecimento e eliminar os velhos formatos que já não funcionam mais.
         Enquanto vamos amadurecendo, o tempo não para, o bônus demográfico encurta, e as distorções causadas pela defasagem na formação de nossos cidadãos se agravam. Por isso, trabalhar intensamente em ações contínuas de aprendizagem pode ser encarado como a grande oportunidade do século, aquela capaz de alavancar e consolidar as reais habilidades dos indivíduos, alunos, colaboradores, gerentes, empreendedores, líderes, enfim, dos brasileiros.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 480,28% para um período de doze meses; e também em setembro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,48% e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 324,90%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 

     

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