“Uma
comunidade chamada empresa
Uma grande empresa onde
atuo como consultor passou recentemente por um período difícil. Em princípio,
pela falta de equipamentos essenciais a todos os setores e que já tinham sido
comprados, mas houve um engano do fornecedor e atraso de um mês para entrega.
Resultado: prejuízos na produtividade, caras fechadas, acusações mútuas,
reclamações, cobranças e clientes insatisfeitos. Pelo fermento das atitudes, o
problema cresceu e, apesar das correções, o ambiente ficou péssimo, demorando
depois um bom tempo para voltar à normalidade.
Curiosamente,
situações assim são comuns de ocorrer nas organizações. As crises podem ter sua
origem em questões técnicas, mas sempre se agravam por razões comportamentais.
Tudo depende dos hábitos e comportamentos coletivos já criados no ambiente de
trabalho. Isso representa os valores elegidos e a consequente cultura local que
orienta as ações da maioria.
No
caso apresentado, não havia valores bem definidos e os interesses particulares
sufocaram o trabalho de equipe. Numa verdadeira equipe isso nunca acontece,
pois as pessoas caminham rumo a uma mesma direção e não perdem tempo reagindo
contra as dificuldades. Ali as coisas funcionam como uma rede de competências,
com nível de capacitação e informação o mais alinhado possível, não só no
trabalho, mas principalmente nas atitudes e nas relações. O resultado é a
integração eficaz dessas qualidades no alcance do sucesso comum. O foco é
sempre o resultado e não os problemas. Qualquer dúvida, observe a atuação de
uma equipe avançada, como a do Cirque du Soleil por exemplo, em suas
espetaculares apresentações. Vamos perceber claramente um alto nível de colaboração
e um constante aprendizado mútuo dos artistas na busca pela excelência.
Na
verdade, uma empresa funciona como um núcleo social específico, com todas as
questões de uma comunidade e seus tipos característicos mais comuns. Além dos
sensatos, motivadores, dos criativos, dos responsáveis (que geralmente são a
minoria), veremos também os indiferentes, os dominadores, os críticos, os
egoístas, os apavorados e muitos outros. Quando maior o número de componentes
no grupo, mais se multiplicam também as dificuldades de toda ordem. Daí a
importância vital de um controle ágil e inteligente, o que só pode ser
realizado por lideranças preparadas, que saibam lidar com as capacidades e
motivem a energia dessa diversidade de pessoas, corrigindo as distorções e movendo
a participação de todos para soluções inovadoras dos problemas.
Dentro
de um mercado tão dinâmico, mutante e competitivo como o atual, criar um
verdadeiro trabalho de equipe nessa comunidade chamada empresa se transformou
num dos principais trunfos para quem quere vencer e garantir seu espaço hoje e
no futuro. As organizações modernas não podem mais desperdiçar nenhum de seus
ativos, em particular as pessoas que, quando atuam em conjunto de forma
harmônica e integrada, conseguem produzir mudanças essenciais ao crescimento do
negócio. O conhecido consultor americano Stephen Covey alerta sobre essa
necessária transformação na gestão de pessoas: “A maioria das empresas ainda
adota uma postura que é um insulto à inteligência e à capacidade criativa da equipe.
As organizações precisam mudar tudo: a forma como recrutam, selecionam,
avaliam, treinam e recuperam seus talentos”.
O fato
é que agora as empresas precisam desenvolver o pensamento sistêmico em todos os
seus profissionais, aquele que mostra o importante papel de cada um dentro de
um sistema e não apenas atuando isoladamente. Fazendo um paralelo com a música,
a harmonia desse verdadeiro trabalho de equipe vem sempre de uma nota só. E
isso é factível num lugar que seja uma democracia técnica, governada por
ideias, não por pessoas. Representa também uma organização de aprendizado onde
se pressupõe que sejam mais inteligentes coletivamente do que individualmente.
Em
particular nos grandes centros urbanos, a vida de hoje se caracteriza pela
presença de muitas dificuldades coletivas que só fazem aumentar a cada dia,
alimentadas na cômoda ilusão das populações de que isso é assunto exclusivo das
autoridades. Aí também a posição egoísta, isolada e indiferente da maioria
agrava perigosamente essas questões. Por isso, saber resolver problemas está na
moda atualmente. E fazer isso no núcleo social das empresas é uma eficiente
forma para solucioná-los depois na grande comunidade onde todos vivemos.
Corrigi-los nos ambientes de trabalho é muito mais inteligente, prático e
também um fator de destaque para qualquer profissional, pois vai criando um
precioso conjunto de competências pelas quais o mercado está pagando muito
bem.”.
(RONALDO
NEGROMONTE. Professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de
pessoas e organizações, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de setembro de 2016, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência
Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 6 de
outubro de 2016, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de ALEXANDRE
SANTILLE, Ph.D. em psicologia experimental, mestre em administração de
empresas com ênfase em economia e inovação, e que merece igualmente integral
transcrição:
“O
Ideb e a falta de qualificação
Recentemente, li sobre
os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2015 e me
deparei com o quanto a educação brasileira está estagnada. A notícia mostrava
que o rendimento escolar dos alunos do ensino fundamental e médio permanece
abaixo das metas de melhoria estabelecidas pelo Ministério da Educação desde
2011.
Com
esse tipo de dado mais uma vez escancarado, muitos de nós se perguntam: qual é
o nível de confiança que esses jovens possuem em si mesmos ao ingressar no
universo de milhões de pessoas à procura de um emprego? Quais são as suas reais
chances de se desenvolverem e terem a chance de uma atuação importante no
mercado depois de tantos anos sem propósito?
Participo
de muitos debates e reflexões sobre o tema, com o objetivo de encontrar novas
formas e meios de capacitar e desenvolver pessoas. As questões que discutimos
tem a ver com a resolução deste ciclo de formação precário que se estende ao
mercado de trabalho e que dificulta a construção de uma sociedade criativa e
produtiva. Afinal, como virar a chave no contexto brasileiro e criar um ciclo
virtuoso de educação, que sem sombra de dúvidas seria a base para uma
transformação das pessoas, empresas e sociedade de maneira mais global?
De um
lado, temos a educação de base sofrendo com conteúdos e formatos extremamente
obsoletos e, de outro, a conectividade (dispositivos móveis, computação em
nuvem, big data, internet das coisas etc.) se instaurando no dia a dia e
gerando cada vez mais uma interdependência econômica e social planetária. Essa
discrepância fica evidente pelo fato de que existe mais de 11 milhões de
desempregados no país e, ao mesmo tempo, uma infinidade de vagas e
oportunidades em aberto por falta de profissionais qualificados.
Um
levantamento recente da Affero Lab mostra que quase 50% dos empregadores
brasileiros enfrentam a dificuldade de encontrar o profissional certo. O
problema tende a se agravar quando vejo a previsão do World Economic Forum
estabelecer que, daqui aproximadamente cinco anos, mais de um terço das
competências que são consideradas importantes na força de trabalho hoje serão
ultrapassadas.
Ao
buscar um caminho, vejo que, além da óbvia e urgente reforma nas políticas e
métodos do ensino público, atribuição que compete mais fortemente à esfera
governamental, a implementação de uma cultura de educação corporativa dentro
das empresas está nas mãos dos seus próprios líderes e empresários.
E,
apesar de os investimentos em treinamento e desenvolvimento profissional
(T&D) ganharem importância para os nossos líderes, a estratégia de educação
continuada nas empresas ainda tem muito espaço para melhorias. Para se ter uma
ideia, enquanto o Brasil investe média de 16,6 horas de treinamento e R$ 518
por profissional no período de um ano, os Estados Unidos investem US$ 1.208 e
seus colaboradores recebem 31,5 horas de treinamento nos mesmos 12 meses. Os
dados são da pesquisa “O Panorama do Treinamento no Brasil”, que em 2015 ouviu
425 empresas do setor de Treinamento e Desenvolvimento (T&D).
O
levantamento mostra que o maior foco do investimento tem sido na capacitação
das lideranças, cerca de 42% das ações formais de T&D foram para este
público. A tendência evidencia a importância de se ter líderes preparados e
maduros para enfrentar a presente e futura demanda por novos talentos.
Nesse
aspecto, as tecnologias são aliadas fundamentais na promoção de uma
aprendizagem continuada (lifelong learning) com baixo custo e alto impacto,
podendo ser incorporadas tanto no ensino escolar como corporativo. Práticas de
gamificação, mobile learning, ensino adaptativo, realidade virtual, entre
tantas outras inovações, despontam como poderosas ferramentas para mudar a
educação tradicional, desafio do setor de maneira geral. Com o ambiente mais
digital e democrático, precisamos agregar conhecimento e eliminar os velhos
formatos que já não funcionam mais.
Enquanto
vamos amadurecendo, o tempo não para, o bônus demográfico encurta, e as
distorções causadas pela defasagem na formação de nossos cidadãos se agravam.
Por isso, trabalhar intensamente em ações contínuas de aprendizagem pode ser
encarado como a grande oportunidade do século, aquela capaz de alavancar e
consolidar as reais habilidades dos indivíduos, alunos, colaboradores,
gerentes, empreendedores, líderes, enfim, dos brasileiros.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca
de 480,28% para um período de doze meses; e também em setembro, o IPCA
acumulado nos doze meses chegou a 8,48% e a taxa de juros do cheque
especial registrou históricos
324,90%...); II – a corrupção, há
séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis
perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas
Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos
os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune
à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais.
De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e
do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de
burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$
1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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