“Minas
4.0: por uma agenda disruptiva pós-pandemia
A experiência dolorosa
vivenciada com a pandemia e as restrições ao convívio social acabaram por impor
a adoção de soluções tecnológicas e inovadoras em diversas áreas. Agora mesmo
transformações estão acontecendo em empresas, escolas, bancos e governos em
resposta à pandemia. A telemedicina está sendo implementada em larga escala.
Milhões de pessoas estão sendo contempladas pelo auxílio emergencial via banco
digital. O teletrabalho está sendo massificado, e uma série de empresas,
clubes, escolas e governos lutam para adotar modelos de gestão e processos mais
inovadores e digitais.
Por sua
vez, o mundo está repleto de ações que podem servir de inspiração para a adoção
de um novo paradigma. A Estônia é o exemplo mais famoso. Naquele pequeno país
báltico, que foi apelidado de “república digital”, acontece uma revolução.
Hoje, o cidadão e a economia da Estônia são amplamente beneficiados por um
amplo programa de tecnologia digital em larga escala: o E-Estônia. Lá, o
governo e a sociedade se preparam para o futuro, tendo universalizado o acesso
à internet ainda no século passado e as interações entre cidadãos e governo por
meio digital. Com isso, atualmente, apenas casamentos, registros imobiliários e
uma ou outra atividade burocrática precisam ser feitos face a face. Imagine o
impacto para cidadãos e empresas que a adoção maciça de uma revolução digital
nos governos brasileiros causaria?
Minas
Gerais possui todas as condições para liderar um profundo processo de
transformação nesta direção, com vistas a transformar nosso Estado num Estado
moderno, digitalizado e infinitamente menos burocrático. Uma “Minas 4.0”, termo
utilizado comumente pela indústria para simbolizar a quarta revolução
industrial em curso, baseada nas transformações ocasionadas pelas novas tecnologias
e que poderia ser beneficiada pela presença em Minas Gerais de uma mão de obra
qualificada, universidades e empresas de ponta e instituições de representação
empresarial muito atuantes.
Minas
tem pressa. Mesmo com o pacote de ajuda em aprovação no Congresso Nacional,
nosso Estado será durante afetado, com uma queda vertiginosa da arrecadação. A
pandemia se somará à crise estrutural mineira, aprofundada em 2019 pelo
desastre de Brumadinho e pela ausência de uma profunda reforma da Previdência
estadual. O quadro é absolutamente dramático. As soluções terão que ser
estruturais e demandarão, de forma complementar e radical, melhorias na
governabilidade, na governança e na gestão do Estado.
Passada
a pandemia, será necessário mais do que boa gestão e boa política para sairmos
da grave crise fiscal, social e política a que estaremos submetidos.
Precisaremos repensar o Estado e a sociedade, tendo como eixo a adoção maciça
de novas tecnologias, muitas já existentes e cada vez mais acessíveis, com
vistas a revolucionar a gestão do Estado e o desenvolvimento da economia
mineira. É necessário imediatamente priorizar a construção de uma ampla agenda
de transformação digital e tecnológica que englobe empresas, poder público e
sociedade, que ajude a aumentar a produtividade dos setores públicos e privados
de maneira exponencial, em especial nos setores que o Estado possua vantagens
competitivas.
Trata-se
de um passo imprescindível para que, juntos com o que temos de melhor – os
minérios e as mineiras, nossa cultura e nossa gente – possamos sair da mais
profunda e grave crise de nossa geração e construir um projeto de
desenvolvimento e de futuro para Minas Gerais.”.
(Thiago Camargo.
Advogado; sócio do escritório Marcelo Guimarães Advogados e da Sinapse
Consultoria e Projetos, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de abril de 2020, caderno OPINIÃO, página 17).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com,
mesma edição, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Delírios
de onipotência
A expressão “delírios de
onipotência” foi bem aplicada na pena sábia e na voz profética de um pregador
espiritual. Configura o entendimento que possibilita melhor reconhecer de onde
vêm os prejuízos amargados pela sociedade contemporânea, marcada por um ritmo
insano e por afã desmedido pelo lucro, alimentando apegos e sede de poder.
Condutas fundamentadas em delírios de onipotência, responsáveis por tantos
descompassos ambientais, sociais e políticos. É compromisso cidadão, que não é
simples, contribuir para a identificação e superação das causas fatídicas desse
colapso humanitário vivido na atualidade, inclusive no âmbito da saúde. Isso
exige a desmontagem da intrincada engenharia que sustenta os delírios de
onipotência. Mas a cultura contemporânea alimenta a ilusão da onipotência. Com
sua dinâmica sedutora, essa ilusão tem força de dominação que configura mentes
e corações, promovendo o obscurantismo, o autoritarismo e a eleição de
relativismos como paradigma comportamental.
Superar
os delírios de onipotência é condição inegociável e primordial para que a
sociedade consiga ultrapassar o limiar de seu encarceramento autodestrutivo:
dinâmicas que alimentam violências e perversidades em um mundo que tem tudo
para ser justo e solidário. Desconstruir os delírios de onipotência muito
contribuirá para vencer o adoecimento social, que alcança ápices nas pandemias,
a exemplo da Covid-19, mal que bate à porta de todos, igualmente. Delírio de
onipotência é, pois, o nome sistêmico do processo de produção de diferentes
enfermidades. E quando for superado o auge desta pandemia tão sacrificante, que
exige o isolamento social, lamentavelmente a humanidade ainda não terá
alcançado a imunidade de que necessita, radicada no reverso deste terrível mal:
os delírios de onipotência.
A cura
desse mal é um processo exigente e longo, com novas aprendizagens alicerçadas
na interioridade. Um desafio para a humanidade acostumada com corrida
desarvorada, o tempo todo, para se sobrepor aos outros, passando por cima de
tudo e todos. Um processo que alimenta a ilusão de se achar “o dono” da
palavra, das soluções. Reforça a pretensão humana de ter sempre razão, em tudo.
Sustentando o autoengano de se considerar mais importante que tudo e todos.
Prevalece, assim, uma perspectiva narcísica, doentia. Mede-se o próprio valor
pelo que se possui, pela capacidade de gastar dinheiro, pelo poder para dar
ordens aos outros.
Percebe-se
assim que as pandemias são apenas sintomas que causam medo. As doenças são
enraizadas nos delírios de onipotência. Compreende-se, pois, que a esperança da
superação da avassaladora pandemia da Covid-19, que parou o mundo, e de tantas
outras, depende de novos hábitos e práticas organizacionais, com a
indispensável consideração da vida como dom precioso. Obviamente, a referência
não é somente à própria vida, mas o bem maior de todos. Novas lógicas devem
inspirar o mundo do trabalho, qualificar a convivência e promover uma
espiritualidade que resgate o ser humano da pequenez – manifesta nas
indiferenças em relação ao outro, que é irmão, nos partidarismos que levam a
escolhas equivocadas e medíocres, no formalismo asséptico que contamina
processos educativos, na cultura sem força para sustentar valores fundamentais
à vida.
A
condição cidadã desgastada se projeta nos delírios de onipotência, traduzidos
de muitos modos nefastos, a exemplo da indiferença paralisante sobre a situação
dos que mais sofrem. Essa indiferença é a que não deixa pessoas se
envergonharem, mesmo convivendo com triste situação: enquanto poucos navegam em
mar de dinheiro a grande maioria vive na miséria e precisa lutar, todos os
dias, para sobreviver. Não menos grave é o gosto pelo autoritarismo, um produto
sofisticado e perverso dos delírios de onipotência, dando espaço a psicopatias
na política, na prática religiosa e nas relações interpessoais.
Os
atentados contra a democracia, valor intocável para se conquistar equilíbrio em
uma humanidade plural, são graves sinais de delírios de onipotência. Combater
esses delírios, vírus mortais, exige humildade – valor espiritual determinante,
mas ainda distante das virtudes do ser humano. Esse valor, para ser alcançado,
pede nova aprendizagem: a espiritualidade. Um novo caminho, desafiador até para
religiosos – mas é preciso trilhá-lo para superar as pandemias geradas e
alimentadas por delírios de onipotência.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a estratosférica marca de
322,6% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 135,6%; e já o IPCA, em
março, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,30%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria
da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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