segunda-feira, 16 de novembro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DA RENDA MÍNIMA E COMBATE ÀS DESIGUALDADES NA SUSTENTABILIDADE

“Depois da devastação

        Não se podem menosprezar os efeitos do vírus que em poucos meses matou mais de 1 milhão de seres humanos, dos quais 155 mil brasileiros, desarticulou a economia e provocou atraso no progresso. Além da perda irreparável por morte, a maior devastação será na educação. Todos voltarão à escola com apagão cognitivo que muitos jamais vão superar. Milhões nem voltarão às escolas neste ano, milhares abandonarão os estudos, outros as encontrarão fechadas ou sem professores.

         É equívoco responsabilizar a Covid-19 pelo agravamento da desigualdade educacional, porque ela sempre foi tão grande que é impossível ter piorado. É como dizer que a desigualdade aumentava entre a senzala e a casa-grande em momentos de epidemia. Os senhores tinham mais remédios, menos promiscuidade sanitária, mas a desigualdade entre eles e os escravos era tão abismal que não piorava. A epidemia mostra a desigualdade, não piora.

         Nossa desigualdade educacional não decorre do vírus, mas do descuido histórico com a educação dos pobres. Não é por causa da Covid que 12 milhões de adultos não sabem ler “Ordem e Progresso” escrito na nossa bandeira. Também não foi o vírus que deixou 100 milhões de analfabetos funcionais. A Covid pode provocar desigualdade entre os que estão em algumas das raras escolas que se adaptaram ao ensino remoto e os que estudam em outras que não se adequaram ao ensino a distância, mas a grande desigualdade já existia.

         A Covid devastou tanto a educação que pode até ter diminuído a desigualdade, ao rebaixar a educação dos ricos. Foi como se houvesse um terremoto numa cidade, destruindo a morada de todos, mas diminuindo a desigualdade, ao nivelar por baixo, deixando bairros nobres sem suas casas, sem água nem esgoto, como já estavam os bairros pobres. O terremoto não aumenta a desigualdade que existia, agrava-a na reconstrução que começa acelerada pelos bairros nobres. É isso que pode ocorrer agora com a educação, aumentando a desigualdade a níveis ainda piores que antes da epidemia.

         Nossa tarefa é iniciar a reconstrução do sistema devastado pela escola pública que atende a quase totalidade de nossas crianças. O caminho da reconstrução vai exigir uma estratégia para substituir os frágeis sistemas municipais por um robusto sistema público federal. Fazer a revolução que substituirá a atual “pedagogia teatral” por uma nova “pedagogia cinematográfica” que use recursos da teleinformática dos bancos de dados e de imagens, da inteligência artificial, dos efeitos especiais.

         O vírus devastou toda educação e mostrou a desigualdade que já existia por nossa culpa. Aproveitemos para despertar à necessidade de o Brasil dar um salto na qualidade da educação e fazê-la equitativa, independentemente da renda e do endereço de cada criança.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de outubro de 2020, caderno OPINIÃO, página 25).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 12 de novembro de 2020, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Oded Grajew, presidente do Conselho Deliberativo da Oxfam Brasil, presidente emérito do Instituto Ethos e conselheiro da Rede Nossa São Paulo e do programa Cidades Sustentáveis; é idealizador do Fórum Social Mundial, e que merece igualmente integral transcrição:

“Uma proposta para Luiza Helena Trajano

        Em 5 de outubro, no programa Roda Viva, da TV Cultura, a empresária Luiza Helena Trajano, a mulher mais rica e uma das mais influentes do Brasil, dona do Magazine Luiza, citou a desigualdade como um dos maiores senão o maior problema brasileiro. Ela tem toda razão. As nossas desigualdades – econômica, social, de gênero, de raça, territorial e na representação política – estão entre as maiores do mundo. Exemplo disso é o fato de que apenas 1% da população possui 48% da riqueza nacional.

         Ao mesmo tempo, somos a nona economia do mundo. Nosso problema não é falta de recursos, mas a sua distribuição. Uma das estruturas que sustenta e alimenta as nossas desigualdades é o sistema tributário. Em nosso país, quem tem mais paga menos, e quem tem menos paga mais tributos. O sistema é regressivo, taxando mais o consumo e  menos riquezas e patrimônios. Brasil e Estônia são os únicos pais do mundo que não taxam lucros e dividendos. É um sistema anticonstitucional, já que a nossa Carta Magna determina que reduzir as desigualdades é um dos princípios e objetivos fundamentais do Brasil.

         Durante o Roda Viva, quando questionada se aceitaria pagar um imposto sobre grandes fortunas (como é usual em muitos países e até uma demanda de muitos bilionários conscientes pelo mundo), Luiza Helena disse que não gostaria de pagá-lo pelo temor de que o dinheiro seja usado de forma indiscriminada e ineficaz pelo governo. Ela se disse a favor de distribuir recursos, mas desde que tivesse controle sobre seu destino, que fossem bem empregados.

         O imposto sobre grandes fortunas existe em muitos países e consta da nossa Constituição. Milionários americanos comandados por Bill Gates pediram recentemente serem mais taxados como forma de reduzir as desigualdades. A proposta da Reforma Tributária Solidária, elaborada pela Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital) e pela Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais) e organizada pelo professor Eduardo Fagnani, propõe uma taxação que varia de 0,5% a 1,5% sobre as 59 mil pessoas (apenas 0,028% da população) com patrimônio superior a R$ 10 milhões. Essa taxação renderia R$ 40 bilhões por ano. O Bolsa Família custa R$ 35 bilhões por ano.

         Conheço Luiza Helena há muitos anos. Tenho grande admiração por ela. Sempre, desde a fundação da empresa, advogou e principalmente praticou a responsabilidade social com o genuíno interesse de melhorar a vida das pessoas. Sempre enxergou o resultado financeiro da empresa não como fim, mas como meio de contribuir para melhorar a comunidade e o país. O sucesso da empresa demonstra que praticar a responsabilidade social compensa.

         Faço então uma proposta para Luiza Helena: que encampe a ideia de taxar a fortuna dos mais ricos. Os recursos arrecadados com este imposto seriam integralmente destinados a um programa que garanta uma renda mínima para os brasileiros e brasileiras mais pobres.

         O programa teria um conselho, com a participação da sociedade, incluindo a Luiza Helena e alguns outros milionários brasileiros, que fiscalizaria a correta aplicação dos recursos. Atenderia desta forma à preocupação da grande empresária sobre a necessidade de garantir o uso adequado deste imposto.

         Já está mais do que comprovado que programas de transferência de renda para os mais pobres ajudam a reduzir as desigualdades e até reativam a economia. Nossas desigualdades inviabilizam qualquer projeto de um país melhor. Isso passa necessariamente por redistribuir recursos. Esses recursos para os paupérrimos não viriam dos pobres, como sugeriu nosso ministro da Economia, mas dos mais ricos.

         Para isso, são necessários vontade política e apoio e participação da sociedade. O engajamento daqueles que têm poder econômico, político e consciência social, como Luiza Helena, é fundamental.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 309,88% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 114,16%; e já o IPCA,  em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,92%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

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