segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DA ECONOMIA CIRCULAR NA SUSTENTABILIDADE

“Avaliação das políticas públicas: uma agenda perdida

        Após mais de seis meses de enfrentamento da Covid-19 é necessário avaliar a qualidade das políticas implementadas e dos gastos públicos realizados.

         Como se sabe, os gastos foram bastante elevados, e sua análise deveria servir de aprendizado, seja para um eventual enfrentamento de uma nova situação extraordinária, seja também para estabelecermos uma saudável e imprescindível cultura da avaliação das políticas públicas brasileiras.

         Segundo levantamento da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, até o dia 20 de outubro de 2020, foram gastos aproximadamente R$ 456 bilhões. Os principais gastos já realizados foram: a) auxílio emergencial: R$ 241 bilhões; b) auxílio financeiro aos Estados e municípios: R$ 60,1 bilhões; c) apoio às pequenas e médias empresas: R$ 52,9 bilhões; d) programa de manutenção do emprego: R$ 52,0 bilhões.

         Não há dúvidas de que quase todos os gastos eram necessários e que os resultados foram importantes, sobretudo no que se refere ao combate à pobreza e a diminuição do impacto sobre a economia de um dos maiores desafios do nosso tempo.

         Entretanto, não se sabe nada a respeito do grau de eficiência dos programas. Qual foi a avaliação de cada uma das medidas efetivadas? Quais políticas foram acertadas e quais os aperfeiçoamentos seriam recomendados? Onde o desenho da política pública falhou? Qual ação gerou um maior impacto em termos de qualidade de vida das pessoas? Qual foi o custo-benefício de cada uma das medidas?

         Simplesmente, ninguém sabe. No Brasil, engatinhamos quando se trata de avaliação de políticas públicas e quase sempre estamos chegando atrasados, de depois do leite derramado. Qualquer política pública deve ser monitorada, avaliada e aperfeiçoada continuamente ao longo de sua implementação. O monitoramento e avaliação devem ser compreendidos não apenas como um mecanismo de combate à corrupção, mas sim como um instrumento de gestão pública, capaz de aperfeiçoar boas políticas públicas e medir o impacto de cada uma das medidas.

         É hora de discutir mecanismos permanentes, sistematizados e obrigatórios de avaliação, monitoramento e aperfeiçoamento de todas as políticas públicas. Os parlamentos, a sociedade, os órgãos de controle e as universidades podem contribuir decisivamente para uma ampla promoção da avaliação das públicas no Brasil.

         Não se pode ficar no achismo. Os recursos são escassos e, nunca é demais dizer, do contribuinte. Neste caso, cabe uma advertência atribuída a Margareth Thatcher, que reproduzo de lembrança, mais ou menos assim: jamais esqueçam que não existe dinheiro público. Todo dinheiro arrecadado pelo governo é tirado do nosso orçamento doméstico, da mesa das famílias. E, no nosso caso, acrescentaria – dada a regressividade absurda do sistema tributário – da mesa das famílias brasileiras mais pobres.”.

(Thiago Camargo. Advogado e sócio do escritório Marcelo Guimarães Advogados e da Sinapse Consultoria e Projetos, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de outubro de 2020, caderno OPINIÃO, página 23).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 17 de novembro de 2020, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Fernando Túlio, Gabriela de Matos e Hannah Machado, e que merece igualmente integral transcrição:

“Um ‘Green New Deal’ para São Paulo?

        Diante de um novo mundo de sucessivos colapsos econômicos e ambientais, conflitos, migrações em massa e ascensão de governos que se aproveitam dessas crises para atacar a democracia, São Paulo, maior economia municipal da América do Sul, pode liderar a construção de um pacto ecológico e inclusivo no contexto larino-americano.

         O chamado “Green New Deal” já vem sendo discutido ao redor do mundo. O termo alude ao “New Deal”, conjunto de medidas econômicas radicais tomadas pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt, nos anos 1930, para reverter os efeitos da Grande Depressão.

         Uma nova economia demanda um novo modelo de planejamento e gestão de nossas cidades. Já possuímos o conhecimento necessário e não é mais questão de se, mas de quão rapidamente podemos fazer essa transição. As prioridades são a reestruturação urbana, ambiental e produtiva, como estabelece o Plano Diretor. Em sua função de qualificar o debate sobre as cidades, o IAB-SP (Instituto de Arquitetos do Brasil – São Paulo) gostaria de apresentar as medidas que considera centrais:

         1) Implementar projetos na orla dos principais rios e ferrovias da cidade – antigas áreas industriais hoje subutilizadas –, com estímulos para novas atividades produtivas e criação de empregos. A prefeitura poderá leiloar cerca de 55 milhões de m², arrecadando entre 7 e 9 bilhões para a implantação de ciclovias, calçadas, moradias sociais, áreas verdes, corredores de ônibus etc.;

         2) Desenvolver projetos participativos de transformação urbana e social nas periferias, hoje fragmentados e descontínuos pois capturados pelo poder político local, que negocia cargos em equipamentos e subprefeituras. Reforma-se uma praça, mas sem preocupação com conservação, e logo o esforço se perde. Um planejamento adequado é necessário para melhorar a qualidade de vida em lugares como Cidade Tiradentes, onde os moradores vivem em média 23 anos a menos do que os habitantes de Moema;

         3) Construir todos os corredores de ônibus previstos no Plano Diretor para estabelecer novas centralidades urbanas, criando no entorno 10 milhões de m² em potencial construtivo para habitação próxima ao transporte;

         4) Criar uma instância capaz de gerir políticas de ocupação de imóveis ociosos, valorização do patrimônio histórico e inclusão produtiva da população marginalizada no centro da cidade. Programas muito bem-sucedidos têm mobilizado pessoas em situação de rua para o trabalho na zeladoria urbana em troca de salário e moradia, enquanto recebem assistência de saúde e psicológica.

         5) Regionalizar o Orçamento municipal – cuja projeção de investimentos para a próxima gestão é de R$ 11,5 bilhões – proporcionalmente à necessidade de cada uma das 32 subprefeituras, a partir de critérios socioambientais, conforme recomenda o projeto (Re)age SP. Apenas 9,3% do gasto proposto em 2020 tem a localização informada no orçamento, o que gera distorções e deseconomias;

         6) Integrar políticas sustentáveis no cinturão verde, como a compra pública dos produtos de agricultores orgânicos, que contêm a expansão urbana por grilagem de terras e garantem comida saudável para os alunos de escolas públicas.

         A abordagem circular da economia, que considera a interdependência das questões sociais, ambientais e produtivas, potencializa os investimentos públicos e privados ao atacar problemas em conjunto. Ao favorecer, por exemplo, o deslocamento a pé e de bicicleta, o município economiza com saúde pública ao evitar doenças. Menos doentes, as pessoas faltam menos ao trabalho, fortalecem a economia e geram mais impostos para investimento em transporte coletivo e em infraestrutura na periferia, diminuindo os deslocamentos, o que melhora também a qualidade do ar. Um ciclo que se retroalimenta e favorece a todos.

         Se as políticas urbanas, além de integradas, forem interseccionais, levando raça e gênero em consideração – categorias intrinsecamente ligadas a mortes precoces e à vulnerabilidade social –, São Paulo pode liderar o caminho para uma nova política urbana, mais humana e sustentável ambiental e economicamente. Precisamos fazer o pacto social para implementar essas mudanças.’.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 309,88% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 114,16%; e já o IPCA,  em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,92%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

  

       

 

        

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