“Ainda é possível reverter o cenário atual
Nunca
se falou tanto em mudanças climáticas, suas causas – geradas por diferentes
atividades em áreas como transporte, energia, habitação, planejamento urbano,
produção industrial, agropecuária etc. – e seus efeitos negativos. Entretanto,
o cidadão comum fica sem saber o que pode fazer para ajudar a resolver o
problema. Já os especialistas apontam a necessidade de criar políticas públicas
para elaborar e implementar planos climáticos por município, região ou bacia
hidrográfica.
Tomemos
como exemplo o município de Belo Horizonte. Aqui, o fenômeno das mudanças
climáticas ocorre dentro de um cenário de desmatamento nos topos de morros,
impermeabilização dos solos, inundações, inserção de milhares de veículos a
cada mês, mineração insustentável na serra do Curral e arredores, urbanização
predatória que ignora a importância das áreas verdes, entre outros. A
Prefeitura de BH lançou, no final de 2022, um Plano de Ação Climática, que teve
pouca participação popular. Essa ausência social não deve ser permitida, uma vez
que as metas estabelecidas, sem a colaboração dos cidadãos, dificilmente serão
cumpridas.
Diante
desse cenário difícil, apresento aqui uma sugestão, para que seja realizado um
“Seminário Anual de Combate às Mudanças Climáticas da Região Metropolitana de
BH”. A metodologia recomendada seria composta de painéis temáticos, tais como: descrição
do cenário regional inventário, recomendações para mudanças (definição de metas
factíveis a curto e médio prazo), além da avaliação dos resultados após o
período de 12 meses; e definição de datas do “II Seminário Regional” e sua
estruturação.
Dentro
de cada painel, os especialistas apresentariam temas que abordem o conceito de
mudanças climáticas (causas e consequências), efeito estufa, iniciativas da
ONU, conceito de inventário climático e plano climático, financiamento para
redução das emissões de gases, mercado de crédito de carbono e financiamento
para transição energética; investimentos e formatação de políticas públicas
para energias sustentáveis (eólica, solar, biomassa); segurança hídrica e
climática; educação ambiental e comunicação social; resiliência da população às
ondas de calor etc.
A
iniciativa poderia ser da Prefeitura BH, com apoio e participação dos 34
municípios da RMBH, por meio da Associação dos Municípios da RMBH (Granbel),
que reuniria um conjunto de profissionais dentro de uma perspectiva
interdisciplinar. A prefeitura, como protagonista, criaria uma secretaria
executiva do seminário, formada, no máximo, por três profissionais.
Seriam
convidados representantes de instituições e da sociedade civil, como o
Observatório do Clima, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas,
universidades, a mídia, ONGs, associações, Ministério Público Estadual, Semad,
IEF, Feam, Igam, INM, AMN, Inpe, Sudecap, CAU, Crea-MG, Fiemg, Sinduscon etc.
O
imobilismo de hoje é fruto do desconhecimento a respeito da gravidade do tema e
da falta de vontade política de governantes, setor privado e sociedade. Segundo
o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ainda é possível
reverter o cenário atual. Então, mãos à obra!”.
(Cláudio Bueno Guerra. Engenheiro, mestre em
recursos hídricos pela Unesco e consultor ambiental da bacia hidrográfica do
rio Doce.
(*) Ex-secretário adjunto de Meio Ambiente do Estado
de MG
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br,
edição de 15 de março de 2024, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Escola de competências
Cada
processo educativo vincula-se a uma escola, com configurações e dinâmicas
pedagógicas específicas, adequadas ao atendimento de diferentes propósitos.
Quando se considera a urgência de se construir uma sociedade mais participativa
e solidária, reconhece-se a necessidade de uma escola específica, sublinhada
pela Igreja Católica neste horizonte quaresmal: todos devem se matricular na
escola da amizade social, para desenvolver competências que ultrapassem aquelas
alcançadas por uma formação técnica ou por disciplinas dos mais diferentes
campos científicos. A Carta Encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco, reúne
indicações preciosas para a escola da amizade social, nominando, inclusive, a
sua disciplina central: “Coração aberto ao mundo inteiro”. É um desafio avançar
no aprendizado desse especial disciplina, considerando tantas relações
estreitadas por preconceitos, discriminações, por mesquinhez na consideração do
semelhante – sobretudo daqueles que se diferem pelos modos de pensar e agir.
Cultivar
“um coração aberto ao mundo inteiro” é ciência e, também, progredir na vivência
da espiritualidade. O ponto de partida é o princípio inegociável e pétreo de
que todos são irmãos e irmãs. Esse princípio não comporta abstrações, exigindo
o seu respeito diário, em gestos e palavras. Não é fácil agir a partir da
consideração de que todos são irmãos e irmãs, quando rancores, ressentimentos,
inveja e ânsia por disputas são hospedados no coração. Essas emoções banem almejadas
grandezas da alma, que deveria ser solidária e promotora de reconciliação. Ao
invés de indiferença, cada cidadão precisa se sensibilizar diante da realidade
de seu semelhante, exercendo a solidariedade a partir do sentido afetivo da
corresponsabilidade. Isto significa partilhar os sofrimentos e as penúrias que
ameaçam a vida do próximo, especialmente daqueles que integram o mapa da fome,
as vítimas de guerras ou de migrações forçadas. A fraternidade universal é uma
cartilha com princípios e compromissos essenciais para a edificação de sociedades
capazes de avançar na promoção do desenvolvimento integral e onde se pode viver
com dignidade.
A
inquietação diante da dor de cada irmão e irmã precisa ocupar lugar central no
núcleo da consciência de todos, para que não se alastre, ainda mais, a
globalização da indiferença. A indiferença aprisiona o ser humano na inércia,
tornando medíocre a intuição para soluções de problemas e desafios
existenciais. Para superá-la, é preciso atenção ao respeito de direitos
inerentes à dignidade humana, que incluem a observância das condições básicas
para que cada pessoa possa se realizar nas perspectivas vocacional e
profissional. Deve-se considerar as urgências básicas da grande maioria da
população, com apurada sensibilidade social, para alimentar posturas cidadãs
capazes de amadurecer posicionamentos políticos, tornando-os impulsionadores de
políticas públicas capazes de gerar inclusão social. Sem avanços no exercício
da solidariedade, a civilização contemporânea estará permanentemente ameaçada
com riscos de apartheids, convulsões sociais e o crescimento das diferentes
formas de violência.
O
acolhimento do próximo significa investir na cultura do cuidado, uma lição
fundamental que precisa ser aprendida cada vez mais. A cultura do cuidado é
simples, mas, ao mesmo tempo, tem uma força redentora, a partir do exercício da
solidariedade. Há muitas formas de se exercer a cultura do cuidado. Uma delas é
a capacidade de acolher o semelhante, na sua singularidade, oferecendo-lhe a
possibilidade de desenvolvimento. O caminho para acolher quem é diferente exige
avanços no exercício do diálogo, buscando conhecer a alteridade, descobrir suas
riquezas e compreender suas perspectivas, valorizando o que cada um tem de
melhor. O Papa Francisco orienta buscar ser sempre paciente e confiante no
exercício do diálogo, para que as pessoas, famílias e comunidades possam
transmitir os valores da própria cultura, enquanto se acolhe o bem das
experiências alheias. Assim, pode-se vivenciar um profundo intercâmbio que
beneficia grandemente países, sociedades, famílias e pessoas.
O Papa
Francisco indica também a necessidade de um ordenamento jurídico, político e
econômico para incrementar o desenvolvimento solidário de todos os povos. O
fermento desse ordenamento é a gratuidade – capacidade de fazer o bem, sem
almejar receber algo em troca. O Papa afirma, categoricamente, que quem não
vive a gratuidade fraterna transforma a própria existência em um comércio cheio
de ansiedades, por buscar sempre medir o que oferece e o que recebe em troca.
Ao invés de sempre almejar uma conquista, deve-se considerar que cada pessoa é
um tesouro. Prescindir dessa consideração é anular toda possibilidade de um
diálogo capaz de reparar feridas e de resgatar convivências. Na verdade, só o
cultivo do amor permite avanços nos diálogos redentores. Um amor que está
alicerçado para além de afinidades.
Compreende-se
que a amizade social e a fraternidade universal são duas alavancas essenciais e
inseparáveis na reconstrução da sociedade contemporânea. É importante valorizar
e respeitar cada ser humano, cultivando o amor libertador e construtivo. Conta
muito cultivar intercâmbios sadios, remédios para feridas existenciais, capazes
de promover reconciliação fraterna. Importa debelar mágoas pelo desenvolvimento
da capacidade de perdoar. O horizonte cristão reza que o perdão de Deus-Pai
está condicionado ao perdão oferecido aos irmãos e irmãs. E se exerce o perdão
quando há respeito pelo semelhante, considerando a dignidade que cada pessoa
partilha. Urgente é matricular-se, permanentemente, na escola que estimula o
desenvolvimento das competências humanísticas, investindo na amizade social,
alavanca para a fraternidade universal. Trata-se de investimento para alcançar
um mundo melhor. Todos engajados nesta escola de competências essenciais, uma
semeadura pela esperada colheita do bem e da justiça.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil, com o auxílio da
música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de
idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos
nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 134 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade... e da fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2024, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,5 trilhões (45,98%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,7 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
pois, quando os títulos da dívida financiam os investimentos nos tornamos TODOS
protagonistas do desenvolvimento SUSTENTÁVEL da nação;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
62
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2023)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar e destruir!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)”.
- “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós
que recorremos a vós! (1830) ...
- “... A paz esteja convosco”. (Jo 20,19) ...
- Um hino de amor: “Nossa Oração” – Luiz Ayrão
...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrimas,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!
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