“De
volta ao planeta dos bonobos
Os bonobos eram, até há
menos de um século, erroneamente, assumidos como formando uma subespécie dos
bastante conhecidos chimpazés. Mais recentemente, eles deixaram de ser
confundidos, passando a ser reconhecidos com espécie própria. Na verdade, ambas
as espécies, o bonobo (Pan paniscus)
e o chimpanzé comum (Pan troglodytes)
formam o gênero Pan. Um dos motivos
da demora na identificação da espécie dos bonobos foi que os contatos com eles
eram raros, dado estarem todos concentrados em uma pequena região da República
Democrática do Congo, na África Central.
Os
cientistas acreditam que o ancestral humano moderno tenha se separado dos
chimpanzés e dos bonobos em torno de oito milhões de anos atrás, sendo que
essas duas espécies, por sua vez, se separaram entre si há aproximadamente 2
milhões de anos. Estudos recentes mostram que os bonobos, e não os chimpanzés,
representam melhor o último ancestral comum com os humanos, fazendo dos bonobos
nossos primos-irmãos mais próximos. Seja pelo nível de compartilhamento de DNA
(98,7%) ou pelas características mais assemelhadas em níveis de percepção,
comportamentos gerais e habilidades.
Do
ponto de vista comportamental, os bonobos, diferentemente dos chimpanzés, podem
partilhar alegremente seu alimento com um estranho e até mesmo desistir,
altruisticamente, de sua própria refeição, como registrado pelos pesquisadores
Jingzhi Tan e Brian Hare. Eles afirmam que suas descobertas podem ajudar a
entender a origem do altruísmo nos humanos. Os cientistas compararam tais
comportamentos a certos atos humanos de bondade, como por exemplo doar dinheiro
anonimamente. De acordo com esses pesquisadores o mais provável é que o
ancestral comum das três espécies, seres humanos, bonobos e chimpanzés, já
tivesse essa característica. Portanto, essa descoberta difere da hipótese
anteriormente assumida de que os humanos só teriam desenvolvido o altruísmo
depois da separação com o gênero Pan.
Os
bonobos se distinguem pela postura mais ereta do que os chimpanzés, constituem
uma sociedade mais igualitária e matriarcal e apresentam uma atividade sexual
própria, não existindo relação direta entre sexo e reprodução. Por sinal, o
sexo tem um peso grande nas suas relações, em geral como elemento
reconciliador, estando presente ao longo de toda a vida adulta da espécie.
Empatia e altruísmo são características que os bonobos têm particularmente
desenvolvidas, ou seja, a capacidade de compreender o sentimento ou a reação de
outro indivíduo, imaginando-se nas mesmas circunstâncias, e fazer algo em
função disso.
O que nós
humanos temos a, humildemente, aprender com as demais espécies? Por exemplo, os
bonobos podem ser interessantes inspirações para características essenciais nos
dias atuais: a empatia e o altruísmo. Temos, naturalmente, um grande potencial
empático e altruísta, mas que, fruto do convívio em sociedades de grande
escala, demanda permanentes reconexões, via educação, com algo que podemos ter
inibido ao longo do tempo. Educar, contemporaneamente, tem múltiplos objetivos,
entre eles aumentar nossa empatia e ampliar nossa capacidade de sermos
solidários.
Ao
promovermos, pela educação, a empatia e a solidariedade, queremos motivar que
as pessoas se entendam e se tornem mais inteligentes, contribuindo com um mundo
melhor. Ser empático e altruísta significa estabelecer afinidades por se
identificar com os demais, saber escutar, compreender os seus problemas e
emoções e, dessa forma, ser um melhor profissional, seja em que campo de
atividade for.”.
(RONALDO MOTA.
Reitor da Universidade Estácio de Sá, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de agosto
de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
18 de agosto de 2017, mesmo caderno, página 15, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Cidadania
pela fé
A sociedade há de
encontrar na fé a nota indispensável e insubstituível da sua sinfonia perdida.
Pensam muitos que para se conquistar essa harmonia basta a correção no âmbito
da política partidária. Trata-se de aspecto importante, mas que não é suficiente.
Há um longo caminho de reconstrução das cidadanias para vencer mediocridades. É
preciso reagir, com investimentos urgentes e indispensáveis na educação, em
reformas, no cultivo da sensibilidade social, da consciência de que se pertence
a um povo. De modo especial, é importante investir na fé, tesouro que alicerça
a vida, ilumina a razão, inspira e equilibra a conduta humana.
A
palavra de Deus, na Carta aos Hebreus, capítulo 11, bem define esse tesouro: “A
fé é a certeza daquilo que ainda se esperança, a demonstração de realidades que
não se veem”. Cultivá-la provoca transformações profundas que são capazes de
devolver, a cada pessoa, o brilho sagrado que reside no coração humano. Por
isso mesmo, não é permitida a nenhuma confissão religiosa contemporizar com as
manipulações a respeito dos entendimentos sobre Deus e a fé n’Ele professada,
para alcançar certos objetivos questionáveis.
Os
líderes religiosos têm grande responsabilidade e não podem retardar a reação
diante dessas manipulações que ocorrem a partir de meios de comunicação
bem-estruturados, de certas práticas alicerçadas na irracionalidade que, por
isso mesmo, são incapazes de gerar transformações necessárias na cultura e na
sociedade. Situações diversas que impedem o surgimento de novos horizontes, só
alcançados pela fé, por sua vivência, a partir da coragem profética e mística
de seu testemunho. Compreende-se a fé não como prática piedosa, no sentido de
se reservá-la a sacristias, ou como força a ser buscada simplesmente pelo viés
milagreiro, conduta que muitas vezes alimenta cofres, justifica nomes e deixa,
em segundo plano, o que é essencial e urgente no que se refere a respostas
cidadãs.
A fé é
uma luz que deve incidir sobre todas as relações sociais, desdobrando-se em
gestos de solidariedade. Toda autêntica manifestação da fé é experiência de
fraternidade, sustentada pelo reconhecimento da paternidade de Deus. No centro
dessa experiência está o amor do Pai, que não deixa obscurecer a preciosidade
singular da vida humana. Assim, a fé leva o homem a preservar o seu lugar no
universo, sem que se extravie da sua natureza. Quem cultiva a fé torna-se cada
vez mais consciente da própria responsabilidade moral, demove-se da pretensão
de ser árbitro absoluto de tudo e não corre o risco oneroso e destruidor de
achar que tem o direito de manipular outras pessoas.
É
verdade que a justa ordem da sociedade e do estado é dever da política e, como
afirma Santo Agostinho, “um Estado que não se rege segundo a justiça, se reduz
a uma grande banda de ladrões, porque a justiça é objetivo e a medida
intrínseca de toda política”. Na busca pela realização da justiça, a política
necessita da fé, que tem propriedades para iluminar a razão a partir da
experiência do encontro com o Deus. Essa experiência ultrapassa a dimensão
simplesmente racional. Nesse sentido, a fé, possibilita à razão realizar melhor
a sua tarefa de configurar a cidadania nos parâmetros necessários para a
construção de uma sociedade melhor.
Por
tudo isso, é possível reconhecer a importância de cultivar e sempre ter apreço
pelo patrimônio da fé enraizado na cultura de um povo. Um dom que exige atenção
redobrada no seu cuidado. Eis um compromisso de todos, de governos também, para
que a genuinidade da fé fecunde cidadanias e reconduza a sociedade aos caminhos
da justiça, do bem, às veredas da verdade e da fraternidade.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em junho/2017 a ainda estratosférica
marca de 378,30% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 322,60%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses em julho/2017 chegou a 2,71%); II –
a corrupção, há séculos, na mais
perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa;
federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas
segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de
cerca de R$ 1,722 trilhão, a título
de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica,
previsão de R$ 946,4 bilhões), a
exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...