“Inspiração
e a crise
Há quem diga que essa é
a mãe de todas as crises. Mas o que é a história senão um suceder interminável
de crises e bonanças, auges e decadências?
Daí a inspiração
para falar sobre ... Inspiração. Se sofrimento amadurece e nos grandes erros
aprendemos as melhores lições, há um recreio no meio de tantas aulas.
Os
amigos e leitores mais fiéis devem se lembrar que sou um apaixonado por
palavras. Se meu mundo mental é manifesto por aquilo que penso, emoções que
sinto e desejos de quem nunca deixa de sonhar, são as palavras que me permitem
estar no mundo, na tentativa de compreendê-lo e me apresentar a ele.
A
palavra é a mágica que decodifica o mundo interior e exterior. Quem tem o dom
da palavra tem o poder de liderar, construir, desvendar os mistérios que a
natureza nos propõe.
De
igual maneira, a história é cheia de exemplos do poder da palavra de líderes
que mentem, mascaram, distorcem e destroem.
Adoro
ainda mais a “alma das palavras”. Pena que o latim e o grego, que constituem a
base de nossa fala e escrita, tenham sido expurgados do nosso currículo. Pois,
“inspiração” é derivada de “ins” ou dentro de e “piros”, que significa “chama
sagrada”. Inspiração é pois algo como trazer dentro de si a chama sagrada.
Portanto, algo divino e transcendente. Não é justo que se peça a artistas,
escritores ou qualquer um de nós que todos os dias esteja inspirado.
Mas é
nas crises ou situações angustiantes que essa chama sagrada costuma ser
adentrada na mente e na alma humana. Homenageando aqueles que haverão de
emergir desse caos que permite gestar novas e verdadeiras lideranças,
ilustrarei a possível gênese do que seja essa inspiração.
Conta
a lenda que, no Monte Éfeso, sábios habitavam seu cume e recebiam nos seus
parlatórios as pessoas do povo que iam até lá para amenizar suas dores e
sofrimentos. Talvez fosse o embrião das terapias modernas. O interessante é que
os ajudadores deveriam, a cada novo dia, perceber se estavam ou não inspirados
para o atendimento. Caso sentissem a chama sagrada, emitiriam uma fumaça
branca, e a pessoa subia o monte para ser acolhida. Se não estivessem
inspirados, lançavam uma fumaça escura e desciam aos porões da edificação.
Ali,
mulheres (não necessariamente bonitas do ponto de vista estético) recebiam os
homens sábios para transmitirem a transcendência inspiradora. Daí o mito das
“musas inspiradoras”. O interessante é que experimentos modernos, feitos no
antigo local, constataram um escape de gases vulcânicos, que provavelmente
expandiam a consciência das mulheres, permitindo que ajudassem os ajudadores
com revelações, intuição, insight.
Assim
gira o mundo, se renovando, extinguindo, renascendo. De crise em crise, de
inspiração a inspiração, sofrendo, sendo recompensado. Aliás, nunca se deve
esquecer que a alma da palavra “sacrifício” significa “sagrado ofício”. Todo
trabalho é sagrado!
Que
lutemos para não permitir que o desemprego nos tires o que há de mais digno na
vida. Muita força, fé e serenidade a todos nós!”.
(EDUARDO
AQUINO. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 10 de abril de
2016, caderno GERAL, na coluna Bem-vindo à vida, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de abril
de 2016, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO,
jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:
“Boa
notícia
Frequentemente a
informação veiculada na mídia provoca um travo na alma. Corrupção, violência,
crise, trânsito caótico e péssima qualidade da educação e da saúde, pautas
recorrentes nos cadernos de cidade, compõem um mosaico com pouca luz e muitas
sombras. A sociedade desenhada no noticiário parece refém do vírus da morbidez.
Crimes, aberrações e desvios de conduta desfilam na passarela da imprensa. A
notícia positiva, tão verdadeira quanto a informação negativa, é uma surpresa,
quase um fato inusitado.
Jornais,
frequentemente dominados pelo noticiário enfadonho do país oficial e pautados
pela síndrome do negativismo, não tem “olhos de ver”. Iniciativas que
mereceriam manchetes sucumbe à força do declaratório. Reportagens brilhantes,
iluminadoras de iniciativas que constroem o país real, morrem na burocracia de
um jornalismo que se distancia da vida e, consequentemente, dos seus leitores.
O recurso ao negativismo sistemático esconde uma tentativa de ocultar algo que
nos incomoda: nossa enorme incapacidade de flagrar a grandeza do cotidiano.
Precisamos
valorizar editorial e informativamente iniciativas que tentam construir
avenidas ou vielas de paz nas cidades sem alma. É preciso investir numa agenda
positiva. A bandeira a meio pau sinalizando a violência sem-fim não pode
ocultar o esforço de entidades, universidades e pessoas isoladas que,
diariamente, se empenham na recuperação de valores fundamentais: o humanismo, o
respeito à vida, a solidariedade. São pautas magníficas. Embriões de grandes
reportagens. Denunciar o avanço da violência e a falência do Estado no seu
combate é um dever ético. Mas não é menos ético iluminar a cena de ações
construtivas, frequentemente desconhecidas do grande público, que, sem alarde
ou pirotecnias do marketing, colaboram, e muito, na construção da cidadania.
A
preocupação social, felizmente, já mobiliza muita gente. Multiplicam-se
iniciativas sérias de promoção humana. Conheço de perto uma obra notável. Sob
inspiração da prelazia do Opus Dei, foi fundado em 1985 o Centro Educacional
Assistencial Profissionalizante (Ceap). Nasceu de um ideal de diversos
profissionais e estudantes preocupados em organizar um trabalho social sério na
Zona Sul de São Paulo. Após estudo da situação e das suas necessidades, verificou-se
que, no bairro de Pedreira, a 30 km do centro da capital paulista, jovens de 10
a 18 anos se encontravam numa situação de grave risco social, expostos a
drogas, marginalidade e criminalidade. Implementou-se, então, uma escola
técnica para jovens carentes que dispusesse de tudo o que uma escola de
“primeira linha” pode oferecer.
O Ceap
atende atualmente mais de 600 alunos e conta com aproximadamente 10 mil m de
área construída, distribuídos em um terreno de 23 mil m2. Oferece cursos livres
de eletricidade residencial e industrial, auxiliar de informática e informática
aplicada, e cursos técnicos de administração, curso técnico de redes de
computador e telecomunicações, com duração de um a dois anos.
Muitos
dos alunos passam a ser a principal fonte de renda em sua família, o que
constitui um impacto social relevante. Além disso, deixam a escola com a clara
consciência da necessidade de estudar com afinco e dedicação. Com essa
mentalidade, é comum que muitos dos alunos do Ceap cheguem ao nível
universitário, uma meta quase impensável no início de seus estudos, em virtude
de suas difíceis condições de vida. Mudar é possível.
Por
isso, os esforços do Ceap e de tantas pessoas engajadas no mutirão da inclusão
merecem registro jornalístico. Não resgatarão, por óbvio, nossa imensa fatura
social, mas sinalizam uma atitude importante: olhar a pobreza não com o
distanciamento de uma pesquisa acadêmica, mas com a fisgada de quem se sabe
parte do problema e, Deus queira, parta da solução. Iluminar boas iniciativas e
construir uma agenda positiva é um modo de construir a paz.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a ainda
estratosférica marca de 432,24% para um período de doze meses; e mais, em
fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação,
saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e,
assim, é crime...); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no
artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...