“Sustentabilidade
nas organizações
Já faz algum tempo que
a sustentabilidade vem ganhando status dentro das organizações, sendo encarada
não somente como um discurso para melhorar a imagem corporativa, mas
principalmente como prática de sobrevivência no mercado. Mas, afinal, qual tipo
de negócio ou projeto deve praticar a sustentabilidade e quem deve incentivar o
comportamento sustentável?
Existem
empresas, sobretudo as de médio e grande porte, que já assumem esse papel nos
seus negócios, projetos, na gestão das pessoas, tendo em vista a busca por
certificações que contribuem para ampliar sua abrangência no mercado
internacional. Há outras que, engajadas pelas estratégias, reorganizam suas
estruturas como foco no valor agregado que a prática da sustentabilidade
proporciona, se caracterizando como empresas modelo e provocando mudanças
positivas no comportamento de seus stakeholders.
As
empresas de micro e pequeno portes, porém, normalmente esbarram em questões
essenciais para implantar a sustentabilidade. Em Minas Gerais, elas representam
37% do PIB mineiro, sendo responsáveis por 59% da força de trabalho e
representando 48% dos salários pagos no Estado – o que equivale a cerca de R$
2,6 bilhões na economia, conforme dados do Sebrae-Minas.
Estas
empresas são importantes para o desenvolvimento econômico do Estado e, embora a
crise tenha impactado organizações de todos os portes, a responsabilidade com o
desenvolvimento sustentável permanece em alta. O grande desafio é a construção
de um novo pensamento, de um novo olhar e de uma forma de agir com soluções que
garantam a perenidade do negócio.
Aspectos
intangíveis como os valores, a ética e a reputação intrínseca à marca, passam a
se destacar nesse cenário com diferenciais para a sociedade que, cada vez mais,
busca escolher produtos e serviços que possuem esses atributos. Além disso,
segundo a Bovespa, investidores procuram empresas responsáveis e sustentáveis
para investir seus recursos, pois consideram que a prática gera valor no longo
prazo para os acionistas, já que essas empresas são mais preparadas para correr
riscos do ponto de vista social, ambiental e econômico.
Dessa
forma, ser sustentável pressupõe uma relação mais profunda, que ultrapassa os
aspectos técnicos. Ser sustentável é ter como objetivo o equilíbrio das ações
ambientais, sociais e econômicas, levando em consideração aspectos individuais
como sentimentos, visões de mundo e experiências como cultura, educação,
interações sociais e comportamentos daqueles que estão à frente dos negócios,
os líderes.
No dia
27 de junho, teremos em Belo Horizonte um evento que discutirá justamente a
importância das organizações estimularem o comportamento sustentável em todas
as instâncias: o Workshop Comportamento Sustentável. O objetivo é propor trocas
de experiências e potenciais para que empresários, líderes de projetos e
gestores de pessoas atuem como facilitadores de um processo de conscientização
coletiva, no qual a sustentabilidade permeie as ações com foco no
desenvolvimento.
É
preciso estimular os líderes a desenvolverem atitudes sustentáveis de impacto
dentro e fora das organizações, por meio de exemplos, projetos e estratégias de
negócios. Se queremos mudar o rumo de nossa história, a mudança de
comportamento deve ser o primeiro passo.”.
(JÚNIA F.
CARVALHO. Professora de sustentabilidade e ética nos negócios, gestora de
projetos da Oito e idealizadora do Workshop Comportamento Sustentável, em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS,
edição de 9 de junho de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
15 de junho de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de RONALDO MOTA, reitor da Universidade Estácio de Sá, e que merece
igualmente integral transcrição:
“Herança
educacional perversa
Educação é uma das mais
relevantes e eficientes ferramentas para a promoção de oportunidades de
ascensão social. Porém, educação não é um instrumento neutro; ao contrário, por
ser tão eficaz, ela funciona, em certas circunstâncias, cumprindo também o
papel oposto, ou seja, o perverso aumento das desigualdades e a cristalização
da exclusão.
Os
tempos mudaram e certos conceitos ficaram para trás. Fácil perceber que os
títulos de nobreza, muitos deles hereditários, têm bem menos relevância
atualmente do que desfrutavam antigamente. Mais recentemente, as camadas mais esclarecidas
e privilegiadas, progressivamente, percebem que há algo mais importante do que
simplesmente deixar riquezas materiais aos seus herdeiros. Trata-se,
principalmente, de proporcionar às crianças e aos jovens capacitação
intelectual diferenciada, incluindo todas as formas de competências e
habilidades, tal que lhes permitam competir em condições favoráveis quando
adultos.
Ainda
que em si elogiável e coerente tal atitude, interessante observar que, em
consequência, remete ao poder público e à sociedade em geral um desafio
complexo e sofisticado. Aquilo que os pais decidem fazer com seus recursos,
dentro dos limites apropriados, é de competência exclusiva deles e optar por
investir em educação é legítimo e elogiável. No Brasil, dados disponíveis mostram
claramente que a máxima correlação entre os aprovados nos vestibulares mais
concorridos está associada, mais do que à renda familiar, à escolaridade dos
pais. Ou seja, pais escolarizados tendem, o que é natural, a ter mais
preocupação com o tema e propiciam, direta ou indiretamente, um contato
doméstico com letramentos preliminares, acessos a leituras e demais suportes
complementares. Ao Estado cabe decifrar o contexto e implementar políticas
públicas compatíveis que viabilizem procurar igualar oportunidades.
Na
China, na província de Xangai, escolas particulares para selecionar seus alunos
realizam testes com os respectivos pais e avós, fazendo dos passados
educacionais e profissionais deles critérios para aceitação de seus filhos. Nas
mesma medida em que a desigualdade de renda cresce, os pais da emergente classe
média chinesa abandonam as escolas públicas à procura de diferenciais que
permitam angariar vantagens aos seus filhos. Neste caso, educação projetada
para atuar em direção à igualdade de oportunidades e aumento de mobilidade
social funciona como cristalização de diferenças e, eventual, eternização de
desigualdades.
O
drama maior, seja no Brasil ou na China, não é a oportunidade de boa educação
aos filhos dos mais ricos ou escolarizados, mas sim a insuficiente qualidade da
educação reservada aos menos favorecidos, resultando, na prática, numa
gigantesca perda de talentos. Como consequência, ao desperdiçar talentos, a
capacidade global da sociedade, em termos de desenvolvimento social, econômico
e ambiental, é afetada negativamente. O que podemos estar aceitando é
introduzir em nível cada vez mais forte de artificialidade em um processo que
deveria, em princípio, ser baseado em maximizar as potencialidades de todos. Os
futuros cidadãos e profissionais estariam largando de bases muito desiguais na
infância, permitindo aos felizardos que, mesmo com menos talento, possam
sobrepujar aos demais, eventualmente capacitados, porém, excluídos antes da
partida começar.
A
nobreza perdeu privilégios, fruto das revoluções republicanas. As democracias
recentes impuseram ao domínio simples do capital algumas derrotas, expressas
por importantes conquistas sociais. Claramente não havia correlação direta
entre nobreza e riqueza com talento, portanto, aquelas perdas foram
reconhecidas como justos avanços e ganhos de produtividade. A versão
contemporânea dos títulos de nobreza ou da riqueza de bens materiais é o papel
reservado à escolaridade dos pais. Fenômeno este que se torna mais evidente
quando a maioria deles viveu, quando jovens, em sociedades, a exemplo de Brasil
e China, com relativamente baixo acesso à educação.
O
enfrentamento positivo deste tema é muito complexo e não há medida isolada que
dê conta do enigma. A utilização intensa e adequada das tecnologias que as
tecnologias digitais propiciam de acesso pleno, instantâneo e gratuito ao
conhecimento, certamente, faz parte do conjunto de soluções. Cabe ao poder
público e às demais iniciativas da sociedade, em seus planos de conjugar
qualidade e quantidade, saberem decifrar este sofisticado e urgente desafio.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em abril/2017 a ainda estratosférica
marca de 422,46% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,3%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses, em maio, chegou a 3,60%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência
do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao
excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões),
a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...