“Dinheiro:
um impulso para a
evolução ou para o retrocesso?
O dinheiro é na verdade
uma energia e, como tal, não foi ainda compreendido pelo ser humano. É por ele
em geral utilizado como meio de adquirir o que deseja, de submeter outros à sua
vontade ou de fazê-los trabalhar para si. Indivíduos de evolução mediana
costumam usá-lo para satisfazer os que lhes estão próximos, ou seja, é
instrumento de amor ou tendências pessoais, às vezes enganosas. Quase sempre o
egoísmo é o motivo propulsor na utilização do dinheiro, embora neste caso
esteja mesclado com afeição. Raramente o dinheiro é empregado em prol do bem
universal, pois o desejo e a tendência de um indivíduo são, via de regra,
postos à frente de prioridades maiores.
Em vez
de cumprir a tarefa que lhe estava destinada, a de materializar o necessário à
vida, o dinheiro tornou-se meio para o acúmulo de créditos, de bens e de prestígio
– que não são riquezas genuínas, pois o valor que lhes é atribuído, em geral,
decorre de conceitos mentais desprovidos de consistência real.
Um
impasse insolúvel pela mente racional foi criado, impasse que apenas a luz
intuitiva pode revelar ao homem como resolver. Surgiu do confronto entre as
forças retrógradas e as da evolução. As forças retrógradas criam atrações
ilusórias a fim de manter a humanidade submissa ao poder do dinheiro e das
correntes involutivas do universo. Para tanto, valem-se da separatividade, da
posse e da disputa, cultivadas pelo homem.
Ao
dinheiro foi dado um valor intrínseco, quando, na verdade, não deveria ser mais
do que um símbolo de um bem material, instrumento para favorecer permutas e
prover a base externa para o desenvolvimento da consciência. O dinheiro, como
qualquer outra energia, é neutro e impessoal. Dependendo de seu uso, pode
converter-se em impulso de crescimento e evolução, ou de degeneração e
retrocesso. Porém, desde seus primórdios, a circulação do dinheiro no planeta
mantém-se sob o controle de forças obscuras, que nesta época atuam na
humanidade sobretudo no plano mental. Exacerbam-lhe o instinto sexual, a
ambição e o egoísmo: facetas de uma tendência retrógrada que o homem precisa
vencer. A sublimação de uma dessas facetas reflete-se nas demais e auxilia a
elevação do ser.
A
catástrofe mundial hoje iminente é, em grande parte, fruto dessa tendência, do
descontrole no uso de energias básicas. Os recursos que a Terra oferece vêm
sendo dizimados em nome do supérfluo, sob o estímulo da propaganda sustentada
por potências econômicas. Sri Aurobindo
(Índia, 1872-1950) advertiu que três grandes problemas mundiais são insolúveis
se não forem considerados segundo parâmetros superiores de vida: o dinheiro, o
governo e a saúde. Assistimos a uma decrepitude de valores éticos e sociais, ao
lado de um considerável avanço científico; enquanto uma pequena parcela da
humanidade tem acesso a recursos que há poucos anos faziam parte de histórias
de ficção, outra parcela é dizimada pela fome, pelas epidemias, pelas
guerras...
Segundo
a lei espiritual, se homem se esquece de si e usa os próprios bens para suprir
os necessitados, ele descobre a vida mais abundante. Mas enquanto, nos
indivíduos, a mente for imperfeita, haverá pobreza material, desordem e
inquietação. Segundo algumas previsões, durante a grande crise iminente, o
dinheiro perderá a tal o seu valor, que o homem adotará o sistema de trocas
ainda antes do término desta civilização.”.
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O
TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de agosto de 2017, caderno O.PINIÃO, página 14).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de
setembro de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de ALELUIA HERINGER,
diretora do Colégio Santo Agostinho – Unidade Contagem, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Paredes
que educam
As paredes educam. Essa
é uma afirmação de Vinão Frago e Escolano, dois historiadores espanhóis,
pesquisadores da arquitetura escolar. Teto alto ou baixo, muros, grades,
espaços livres, interdições, luz natural ou artificial, cimento ou área verde.
As paredes nos situam e nos conformam, guardam, segundo esses autores, uma
liturgia acadêmica, o currículo oculto.
Ainda
nesta linha, agora no campo da sociologia da educação, os franceses Michel e
Monique Pinçon exploram a relação social com o espaço e sua interferência nas
predisposições e representações futuras. Espaços amplos ou um alojamento
exíguo? Essas diferenças na experimentação do espaço cotidiano interferem no
controle posterior das atitudes sociais como, por exemplo, tomar a palavra em
público, ou saber se comportar em uma reunião. Indo além, afirma que “é toda a
vida de bairro que ensina à criança o que ela é”.
Se até
as paredes educam, onde mais a educação acontece? Como educação informal, isso
se dá em todos os lugares. Somos sempre mestres e aprendizes. Do nascimento até
o dia de nossa morte, somos educados e deseducados por tudo que nos cerca.
Sons, imagens, afetos, lugares, ausências, severidade, sabores. O grande e o
miúdo de nossa existência, na longa duração, tornam-nos sujeitos, conformam-nos
e dizem quem somos. Quem nos educou? Tudo e todos.
A
instituição escola se encarrega da educação forma assegurada a todos os
brasileiros de forma universal, obrigatória e gratuita, pelo Estado. Como
extensão da família? Não. Primeiro, por não haver uma só família ou uma só
moral familiar. Imaginem o que seria a montagem de um currículo em que fosse
necessária a concordância de assuntos.
Não há
uma escola à imagem e semelhança de cada família. A escola não quer e nem busca
alcançar esta meta. Os referenciais da instituição escolar não são a educação
familiar e nem os seus valores. Não que eles sejam inapropriados ou
concorrentes, mas pelo simples fato de que também seria impossível replicá-los
ou universalizá-los para o mundo da cidade e na vida cidadã.
Segundo,
a escola tem a responsabilidade de assegurar um objetivo que é público. A
educação escolar parte de concepções republicanas, científicas e diversas do
mundo e lida, permanentemente, com tais concepções. Viver em sociedade requer
competências diferentes daquelas exigidas no convívio da instituição família ou
Igreja.
Os
filhos não ficam para sempre no berço, muito menos os estudantes na escola
básica. Estar vivo é fazer o movimento de ir e de experimentar: o colo da avó;
engatinhar até a outra cama; brincar na casa do vizinho; fazer uma viagem com o
amigo; casar; ou ir estudar fora da cidade. Cada vez as distâncias físicas e
simbólicas aumentam. Elas são saudáveis e necessárias. Nenhum pai com o mínimo
de lucidez irá dizer ao seu filho: “Não engatinhe, não ande, você vai cair!”.
Claro que irá cair! Enquanto os filhos fazem esse movimento externo,
internamente elaboram suas dores e resolvem seus dilemas. Ao contrário,
protegida para além do razoável, torna-se fragilizada, temerosa e dependente.
O
mundo de fato é ambíguo e controverso, com todas as nuances, desde a mais forte
luz às mais densas sombras; de gente igual e de gente diferente. Sempre foi assim.
Cada tempo tem os seus temores e eles nos impulsionam a seguir em frente.
As
paredes educam, a vida em comunidade, a escola e os pais educam. De igual modo,
podem deseducar ou atrasar processos. Não há como isolar os fios desta complexa
teia da vida. Eles estão entremeados.
O
sucesso da educação, seja ela informal ou formal, deveria ser medido à
proporção que a presença de tutores não se faça mais necessária. Alcança-se a
autonomia. De fato, os filhos precisam ir. Pedem novos desafios e espaços que
comportem o alcance do seu voo. Nesse momento podemos admirar o conjunto da
obra e nos dar conta de que coragem e firmeza do caráter, construídas na
complexidade da vida, carregam traços das paredes, da comunidade, da família e
da escola.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em julho/2017 a ainda estratosférica
marca de 399,05% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,30%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses chegou a 2,71%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...