Mostrando postagens com marcador Aleluia Heringer. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aleluia Heringer. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA CIDADE EXPERIMENTAL E A SUBLIME LIÇÃO DA HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE


“A cidade experimental de Brumadinho
        Dez meses se passaram desde a tragédia. As iniciativas emergenciais ainda são percebidas no dia a dia, e ainda há muito a ser feito. Sem a mineração, Brumadinho não sabe como será o seu futuro. Ter o mais belo museu a céu aberto do mundo e uma estrutura de pousadas e restaurantes aponta para algumas de suas potencialidades. Contudo, será preciso mais.
         Nossa proposta é um tanto inovadora e passa pelo conceito de “charter city” (na falta de uma tradução melhor, “cidade experimental”). Uma cidade experimental, seguindo a concepção do vencedor do Nobel de Economia de 2018, Paul Romer, é uma cidade na qual seria possível adotar um sistema legal inspirado em experiências internacionais exitosas para a solução de um problema local. Uma forma menos radical seria uma cidade na qual se permitiria haver leis diferenciadas das do resto do país.
         Imagine que amanhã o governo mineiro e a sociedade local conseguissem, junto ao governo federal, fazer de Brumadinho uma cidade experimental. Esta poderia adotar, por exemplo, o código comercial de Hong Kong, de Shenzen ou de Singapura, a legislação trabalhista do Reino Unido ou as práticas ambientais da Noruega. Ou uma combinação inovação de tudo isso!
         Existe algo assim no mundo? Porto Rico e o canal do Panamá são exemplos aproximados de cidades experimentais. A já citada Hong Kong é outro – que foi, inclusive, imitada pelo governo chinês na construção do celebrado exemplo de cidade experimental de sucesso: Shenzen. Há também o caso de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
         Brumadinho, apesar de fazer parte da Grande Belo Horizonte, não tem facilidade de acesso, como outras cidades no entorno da capital. Isso dificulta a instalação de indústrias ou de outras atividades que dependam de vantagens logísticas.
         Aos que, não sem razão, preocupam-se com o meio ambiente, sim, uma Brumadinho aberta à experimentação poderia adotar as melhores práticas ambientais do mundo. No distrito de Casa Branca, onde residem muitos moradores fugidos do estresse da capital, há movimentos ambientais atuantes de longa data em defesa da água e do Parque Estadual da Serra do Rola Moça. Vale dizer: as sociedades locais são capazes de criar soluções próprias para problemas coletivos, como dizia a falecida Elinor Ostrom, Nobel de Economia de 2009. Por que não potencializar essas forças?
         O sucesso dessa nova Brumadinho poderia ser medido por indicadores como a atração de novos residentes, o crescimento da renda, a chegada de novos investimentos e, claro, seu protagonismo como exemplo para outros municípios – e não somente os de Minas Gerais. Talvez a maior inovação da governança, numa cidade como essa, seja a cessão da autoridade de monitoramento dos indicadores a algum conselho externo com independência em relação ao governo, de forma a garantir o acompanhamento das metas.
         Não existe um único modelo a ser seguido. Ele pode ser aperfeiçoado se houver liberdade de experimentação e a promoção de boas práticas. Nossa intenção é mostrar que existem boas – e desafiadoras – ideias que podem ser aplicadas em prol de uma Brumadinho que deixe para trás as tragédias e sirva de exemplo para todos.”.

(Claudio D. Shikida (Coordenador geral de pesquisa da Escola Nacional de Administração Pública) e Marcus R.S. Xavier (economista da Usiminas), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 7 de dezembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de setembro de 2018, mesmo caderno, página 9, de autoria de ALELUIA HERINGER, diretora do Colégio Santo Agostinho – Contagem, doutora em educação pela UFMG, e que merece igualmente integral transcrição:

“A lição que nos resta aprender
        A instituição escolar é um sistema aberto, portanto, sensível àquilo que está no seu entorno. Muros ou catracas são incapazes de bloquear modos, modas e costumes, que entram e saem, assim como quem por suas portas passa. Seria apropriado utilizar a expressão membrana escolar, para denominar aquilo que a contém e situa. Isso porque essa fina camada permite trocas e, o mais importante, ela é definidora de uma célula ou órgão. Imprescindível essa propriedade, pois somente assim é possível identificar e nomear: ali está uma escola. Ao assim dizer, fica anunciado também aquilo que ela não é: hospital, shopping, clube etc. Deduzimos, assim, que há um escopo específico para tal instituição, bem como aquilo que não é sua razão primeira, tal como propor tratamentos de saúde, praticar comércio ou oferecer atividades de lazer.
         Sendo, por excelência, a instituição da socialização infantil e sociabilidade juvenil, a escola é talvez a única que sobreviveu nesses tempos de fluidez. Aquela que era para ser um elo de toda a tribo que educa uma criança, recebeu sobre si todas as grandes expectativas e responsabilidades: a felicidade e sucesso do “meu filho”; a responsabilidade por uma gravidez precoce; pelas lesões autoprovocadas; o consumo de drogas e álcool; a incumbência de cercar e alertar sobre qualquer nova ameaça da internet; a percepção de sinais mínimos de doenças e se possível, para facilitar, ofertar campanhas de vacinações na própria escola.
         Pode parecer exagero, mas essas cenas são bem mais corriqueiras do que pensamos e têm implicações, sendo a mais séria o desvio da função primeira da escola que é o ensino e, de forma mais ampla, a educação cidadã. Vemos uma sobrecarga de professores e pedagogos que investem grande parte de sua energia e tempo não pensando em melhorias dos processos pedagógicos, mas sim em como resolver algum conflito relacionado aos temas acima citados.
         Como não podemos e nem devemos nos isolar, também lidamos com os efeitos da depressão, que, segundo a OMS, já afeta uma a cada cinco pessoas no mundo. Para esses, o amanhecer é sempre cinza e carregam o fardo da tristeza, pessimismo, baixa autoestima e ansiedade. Já fragilizados, não encontram energia para lidar com as pressões da vida ou com qualquer tipo de frustração, seja o término de um namoro, um feedback do patrão ou uma baixa nota em uma prova. Tudo fica dramático.
         Estamos adoecidos como humanidade e as causas são múltiplas. Imputar a alguma método específico de uma determinada escola ou profissão é simplificar demais a questão. É mais honesto pensar que experimentamos as marcas do nosso tempo em nós e que essas englobam o trabalho, a família, a ausência de algum princípio ativo em nosso organismo e tudo mais que define nosso modo de viver, inclusive, a escola.
         Já há algum tempo, as mais diversas telas e fones acentuaram o nossos sedentarismo físico e social. O fone de ouvido, constantemente ligado, desconectou-nos do entorno. Ficamos deslumbrados com a tecnologia e entregamos, sem resistência, nossa vida off-line pela on-line, sem perceber que nossos pés ainda pisavam um chão e não uma nuvem. Os likes nos seduziram, entretanto, não conseguiram entregar o calor de um abraço. Implantavam-se de um modo silencioso vários descompassos.
         No seu novo livro – 21 lições para o século 21, o historiador Yuval Noah Harari comenta sobre a desintegração das comunidades íntimas, aquelas próximas de nós, feitas de irmãos e amigos próximos. Harari afirma que comunidades físicas têm uma profundidade que comunidades virtuais não são capazes de atingir, pelo menos por agora.
         Em vez de experiência, entendida por Jorge Larrosa como aquela que nos passa, nos acontece e nos toca, vemos pessoas em trânsito, “nas nuvens”, indo e nunca chegando, nunca pertencendo, desprovidas de ideias e de causas. Será preciso alguém nos lembrar de que somos terra e que temos um corpo? Parece tão óbvio, assim como sabemos que temos fome e nosso, mas Harari pontua que pessoas separadas de seus corpos, sentidos e entorno físico sentem-se alienadas e desorientadas. Faz então uma bela e grave afirmação: “Se você não se sente em casa dentro de seu corpo, nunca se sentirá em casa dentro do mundo”.
         Estando nos últimos 37 anos dentro da escola, vendo e observando crianças e jovens chegando e partindo, não posso desconsiderar o impacto dessas mudanças e talvez uma pista a ser considerada para entendermos  essa condição que tem abatido e retirado a ânima de tantos. Corpos sem vínculos e desprovidos de histórias para contar como quem tem saudade de algo que não viveu. Beto Guedes canta que “já choramos muito. Muitos se perderam no caminho, mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera”. A vida é off-line e é assim que nosso corpo opera. Ainda não inventaram um smiley ou emoji que substitua o calor humano, a conversa e o abraço. Esta lição “sabemos de cor. Só nos resta aprender”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 317,24% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 305,89%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,27%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
  

quarta-feira, 17 de abril de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A ESCUTA ÉTICA DOS GEMIDOS DA NATUREZA E O PODER DA AUTENTICIDADE E COERÊNCIA NA SUSTENTABILIDADE


“Ouvir os gemidos da natureza
        A cena do rio de lama de rejeito de mineração e toxicidade a avaliar, arrastando tudo que estava no seu caminho, causou profunda tristeza em todos nós. A terra literalmente vomitou aquilo que não lhe pertencia e escancarou nossa incompetência para o mundo. Enquanto assistia ao noticiário, me perguntava quanto daquela lama me pertencia e o que esse desastre humano, ambiental e animal nos diz de nosso modo de viver.
         Um dos princípios-chave da ecologia são os processos cíclicos. Na natureza, há produção de resíduos, entretanto, o que é resíduo para um organismo é alimento para o outro. Logo, não há “lixão” no mundo natural, muito menos barragem para conter rejeitos. Entre nós, ao contrário, os processos são lineares. Extraímos um bem natural, aproveitamos parte, descartamos em algum lugar o que não nos interessa. Por onde passamos deixamos um rastro de lixos que serão recolhidos e amontoados em algum lugar. Nesse sentido, temos parte nesse rejeito.
         O complexo do Paraopeba, onde estava a barragem da mina do Córrego do Feijão, produzia minério de ferro, principal produto da Vale, que também produz minério de manganês, carvão, níquel, cobre, cobalto e ouro. Os minerais, em geral, são utilizados nas estruturas de edifícios, aviões, cabos elétricos, celulares, carros, geladeiras etc. Ou seja, o conforto que demandamos e do qual não abrimos mão exige a existência de mineradoras e, consequentemente, a produção de rejeitos. Queremos equipamentos eletrônicos de “última geração”, mesmo sabendo que ao sair da loja já estará ultrapassado? Sim! Então, onde fica a “barragem” para tanto resíduo eletrônico? Segundo dados da United Nations Environment Programme (Unep), das Nações Unidas, até 90% desse lixo são despejados de qualquer jeito no continente africano, sem nenhum critério ou respeito pelas pessoas ou pela natureza, pois custa mais barato do que reciclar, devidamente, no mundo industrializado de onde se originam. Nesse sentido, temos parte nesse rejeito.
         Grande parte daquilo que compramos não tem relação alguma com aquilo que, de fato, iremos consumir ou mesmo precisar. O que é possível fazer? Recusar, reaproveitar, reduzir, fazer compostagem e participar da coleta seletiva. Pode-se, também, não fazer nada e deixar que tudo vá para o aterro “sanitário” (onde houver) e lá deixar que despejem os rejeitos. Contudo, o aterro não é eterno nem tão sanitário. Tem vida útil curta, em torno de 10 anos ou mais, conforme a tecnologia, o volume e a localização, e soluciona apenas em parte os problemas causados pelos excessos que produzimos. Nesse sentido, temos parte nesse rejeito.
         Precisamos nos alimentar, entretanto, um terço da produção mundial de alimentos vai para o lixo em algum momento do processo de colheita até chegar à mesa. Isso equivale a 1,3 bilhão de toneladas por ano, o suficiente para alimentar todo o continente africano, segundo relatório das Nações Unidas (2011). Isso me faz lembrar que tenho parte nesse rejeito. Se a carne faz parte da minha alimentação, é preciso considerar que a produção de um quilo consumo em torno de 16 mil litros de água, segundo a Water Footprint. Esse bife foi, um dia, um mamífero de proximamente 520 quilos que comeu todos os dias. Ocupou espaço e, para isso, foi preciso desmatar para abrir pasto ou plantar soja para produzir ração. Quando vivo, arrotou gás metano, produziu, segundo o Departamento Federal de Viçosa, 30kg de fezes e urina por dia (21kg de fezes e 9kg de urina) e viveu por volta de 18 meses. Se o rebanho bovino brasileiro está, segundo o Censo Agropecuário 2017 – IBGE, na casa de 214,9 milhões de cabeças, isso significa que são lançadas, diariamente, 6,447 bilhões de quilos de fezes em algum lugar do Brasil, no pasto ou na área de confinamento. Se ajuntássemos todo esse volume em um só lugar, precisaríamos de 537,25 represas/dia, como aquela que se rompeu em Brumadinho, somente para conter esse rejeito. Nesse sentido, é da nossa alçada, naquilo que serviços o nosso prato todos os dias, não fazer parte desse rejeito.
         A tragédia de Brumadinho chega em um momento crítico para o meio ambiente quando, lamentavelmente, ouvimos ameaças de ampliar o desmatamento para monoculturas até na Amazônia; do Brasil sair do Acordo de Paris; de aprofundar a submissão da política ambiental às políticas da agricultura; da indicação de nomes da bancada do agronegócio para setores estratégicos em relação à preservação do meio ambiente; da abertura das reservas naturais e indígenas em favor da agricultura e da mineração; críticas às normas ambientais consideradas rigorosas demais e o fim das multas ao setor agrícola. A morte dos rios já denuncia este caminho suicida. Em nome de todos e de tudo aquilo que deixou de existir em Brumadinho, pessoas, animais, árvores, rios e histórias, possamos despertar para ouvir os gemidos da natureza e nos colocarmos com urgência em sua defesa.”.

(ALELUIA HERINGER. Diretora do Colégio Santo Agostinho de Contagem e doutora em educação pela UFMG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de fevereiro de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5 de abril de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Autênticos e coerentes
        A autenticidade e coerência são valores que devem marcar o selo de qualidade da conduta cidadã, especialmente neste momento desafiador da história. A ausência desses valores pode explicar a grave crise institucional que tem impactado negativamente nos segmentos importantes da sociedade. Situação que exige mudança de rumos e, nesse sentido, reformas nos mais diferentes âmbitos da configuração social e política são necessárias, mas insuficientes. Por si, não têm a força transformadora capaz de resgatar os tesouros existentes na identidade de cada pessoa – valores indispensáveis para se alcançar o sonho de uma sociedade mais justa e solidária. Sem o devido cuidado com a interioridade humana, permanecerá a lista de prejuízos na esfera governamental, no mundo religioso, na educação, na saúde e no cuidado social.
         As derrocadas, cada vez mais frequentes, sofridas por toda a sociedade exigem novas atitudes, sob pena se aumentar o enorme precipício que se interpõe nos caminhos da humanidade.  Não se trata aqui de fazer terrorismo, mas alertar para os prejuízos em decorrência da falta de comprometimento com a autenticidade e a coerência. Não se pode permitir que esses princípios cedam lugar à inversão de valores, a exemplo da idolatria do dinheiro, que faz crescer a indiferença entre as pessoas e à Casa Comum. É urgente que todos reconheçam: buscar somente o próprio bem-estar, de modo egoísta, submetendo tudo à lógica do dinheiro, impede o êxito dos esforços para se alcançar a verdadeira paz. Uma atitude, comum e patológica, que torna a vida um pesadelo, contribuindo, paradoxalmente, para alimentar as mazelas que vão atingir, cedo ou tarde, os que se percebem seguros no seu bem-estar, ancorados somente no que possuem.
         A necessária correção de rumos exige, assim, a superação do egoísmo e da indiferença. Nesse sentido, um caminho seguro e aberto a todos é acolher a convocação redentora deste tempo da quaresma, que vem do coração do Mestre e Salvador Jesus: convertei-vos e crede no evangelho. Quem acolhe esse convite com humildade consegue engajar-se verdadeiramente nas suas comunidades familiar, religiosa, governamental e em tantas outras, de modo autêntico e coerente, indo além do simples investimento no acúmulo de ganhos pessoais, das ações fundamentadas nas futilidades e vaidades.
         Mas acolher o convite de Jesus é também um desafio, neste tempo de tantas polarizações, comprovadamente perigosas. Quem age de modo coerente com o evangelho não pode enrijecer-se nos estreitamentos de mentalidades e de juízos tendenciosos, distantes da verdade, da justiça e, consequentemente, do amor. Por isso mesmo, o tempo da quaresma pede a cada pessoa compromisso com a humildade na vivência do jejum, da oração e da caridade – dedicação, principalmente, aos que mais precisam de amparo. Caminho bem diferente do que é trilhado por quem se contenta com o fracasso dos outros ou se dedica a propagar mentiras para conquistar benesses e comodidades.
         Lamentavelmente, a mentira é também um mal que se expande velozmente no mundo contemporâneo, contaminando os mais diversos tipos de relações. As pessoas parecem se habituar, cada vez mais, com a mentira e, consequentemente, se distanciam da verdade. Oportuno é lembrar o que diz Santo Agostinho, quando relata ter visto muitas pessoas que enganam outras, mas jamais ter encontrado alguém que gostasse de ser enganado. Se todos assumissem o propósito de nunca mentir por não apreciar o prejuízo de ser enganado, a realidade mudaria para melhor e a verdade seria reconhecida, de fato, como bem imprescindível. Há, pois, de se tomar consciência sobre a negatividade ética das mais diversas formas da mentira – a que é dita sobre os outros, a que se propaga para arquitetar a corrupção, a que busca assegurar cargos nas instituições e também a que alimenta ilusões sobre si mesmo.
         Enfrentar a mentira e as muitas crises que ameaçam a humanidade é uma urgência. A sincera oração a Deus, inspirada pelas palavras de Santo Agostinho, contribui para a superação desse desafio, qualificando a própria interioridade: “Fazei que eu vos conheça, ó Conhecedor de mim mesmo, sim, que vos conheça como de vós sou conhecido. Ó virtude da minha alma, entrai nela, adaptai-a a vós, para a terdes sem mancha e sem ruga”. Todos tenham, assim, iluminados pela fé, oportunidade de investir mais na autenticidade e na coerência, alicerces imprescindíveis para a edificação da própria interioridade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 295,53% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 317,93%; e já o IPCA, em março, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,58%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A ENERGIA DO DINHEIRO NO PROCESSO EVOLUTIVO E A QUALIFICAÇÃO DA VIDA CIDADÃ NA SUSTENTABILIDADE

“Dinheiro: um impulso para a 
evolução ou para o retrocesso?
        O dinheiro é na verdade uma energia e, como tal, não foi ainda compreendido pelo ser humano. É por ele em geral utilizado como meio de adquirir o que deseja, de submeter outros à sua vontade ou de fazê-los trabalhar para si. Indivíduos de evolução mediana costumam usá-lo para satisfazer os que lhes estão próximos, ou seja, é instrumento de amor ou tendências pessoais, às vezes enganosas. Quase sempre o egoísmo é o motivo propulsor na utilização do dinheiro, embora neste caso esteja mesclado com afeição. Raramente o dinheiro é empregado em prol do bem universal, pois o desejo e a tendência de um indivíduo são, via de regra, postos à frente de prioridades maiores.
         Em vez de cumprir a tarefa que lhe estava destinada, a de materializar o necessário à vida, o dinheiro tornou-se meio para o acúmulo de créditos, de bens e de prestígio – que não são riquezas genuínas, pois o valor que lhes é atribuído, em geral, decorre de conceitos mentais desprovidos de consistência real.
         Um impasse insolúvel pela mente racional foi criado, impasse que apenas a luz intuitiva pode revelar ao homem como resolver. Surgiu do confronto entre as forças retrógradas e as da evolução. As forças retrógradas criam atrações ilusórias a fim de manter a humanidade submissa ao poder do dinheiro e das correntes involutivas do universo. Para tanto, valem-se da separatividade, da posse e da disputa, cultivadas pelo homem.
         Ao dinheiro foi dado um valor intrínseco, quando, na verdade, não deveria ser mais do que um símbolo de um bem material, instrumento para favorecer permutas e prover a base externa para o desenvolvimento da consciência. O dinheiro, como qualquer outra energia, é neutro e impessoal. Dependendo de seu uso, pode converter-se em impulso de crescimento e evolução, ou de degeneração e retrocesso. Porém, desde seus primórdios, a circulação do dinheiro no planeta mantém-se sob o controle de forças obscuras, que nesta época atuam na humanidade sobretudo no plano mental. Exacerbam-lhe o instinto sexual, a ambição e o egoísmo: facetas de uma tendência retrógrada que o homem precisa vencer. A sublimação de uma dessas facetas reflete-se nas demais e auxilia a elevação do ser.
         A catástrofe mundial hoje iminente é, em grande parte, fruto dessa tendência, do descontrole no uso de energias básicas. Os recursos que a Terra oferece vêm sendo dizimados em nome do supérfluo, sob o estímulo da propaganda sustentada por potências econômicas.  Sri Aurobindo (Índia, 1872-1950) advertiu que três grandes problemas mundiais são insolúveis se não forem considerados segundo parâmetros superiores de vida: o dinheiro, o governo e a saúde. Assistimos a uma decrepitude de valores éticos e sociais, ao lado de um considerável avanço científico; enquanto uma pequena parcela da humanidade tem acesso a recursos que há poucos anos faziam parte de histórias de ficção, outra parcela é dizimada pela fome, pelas epidemias, pelas guerras...
         Segundo a lei espiritual, se homem se esquece de si e usa os próprios bens para suprir os necessitados, ele descobre a vida mais abundante. Mas enquanto, nos indivíduos, a mente for imperfeita, haverá pobreza material, desordem e inquietação. Segundo algumas previsões, durante a grande crise iminente, o dinheiro perderá a tal o seu valor, que o homem adotará o sistema de trocas ainda antes do término desta civilização.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de agosto de 2017, caderno O.PINIÃO, página 14).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de setembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de ALELUIA HERINGER, diretora do Colégio Santo Agostinho – Unidade Contagem, e que merece igualmente integral transcrição:

“Paredes que educam
        As paredes educam. Essa é uma afirmação de Vinão Frago e Escolano, dois historiadores espanhóis, pesquisadores da arquitetura escolar. Teto alto ou baixo, muros, grades, espaços livres, interdições, luz natural ou artificial, cimento ou área verde. As paredes nos situam e nos conformam, guardam, segundo esses autores, uma liturgia acadêmica, o currículo oculto.
         Ainda nesta linha, agora no campo da sociologia da educação, os franceses Michel e Monique Pinçon exploram a relação social com o espaço e sua interferência nas predisposições e representações futuras. Espaços amplos ou um alojamento exíguo? Essas diferenças na experimentação do espaço cotidiano interferem no controle posterior das atitudes sociais como, por exemplo, tomar a palavra em público, ou saber se comportar em uma reunião. Indo além, afirma que “é toda a vida de bairro que ensina à criança o que ela é”.
         Se até as paredes educam, onde mais a educação acontece? Como educação informal, isso se dá em todos os lugares. Somos sempre mestres e aprendizes. Do nascimento até o dia de nossa morte, somos educados e deseducados por tudo que nos cerca. Sons, imagens, afetos, lugares, ausências, severidade, sabores. O grande e o miúdo de nossa existência, na longa duração, tornam-nos sujeitos, conformam-nos e dizem quem somos. Quem nos educou? Tudo e todos.
         A instituição escola se encarrega da educação forma assegurada a todos os brasileiros de forma universal, obrigatória e gratuita, pelo Estado. Como extensão da família? Não. Primeiro, por não haver uma só família ou uma só moral familiar. Imaginem o que seria a montagem de um currículo em que fosse necessária a concordância de assuntos.
         Não há uma escola à imagem e semelhança de cada família. A escola não quer e nem busca alcançar esta meta. Os referenciais da instituição escolar não são a educação familiar e nem os seus valores. Não que eles sejam inapropriados ou concorrentes, mas pelo simples fato de que também seria impossível replicá-los ou universalizá-los para o mundo da cidade e na vida cidadã.
         Segundo, a escola tem a responsabilidade de assegurar um objetivo que é público. A educação escolar parte de concepções republicanas, científicas e diversas do mundo e lida, permanentemente, com tais concepções. Viver em sociedade requer competências diferentes daquelas exigidas no convívio da instituição família ou Igreja.
         Os filhos não ficam para sempre no berço, muito menos os estudantes na escola básica. Estar vivo é fazer o movimento de ir e de experimentar: o colo da avó; engatinhar até a outra cama; brincar na casa do vizinho; fazer uma viagem com o amigo; casar; ou ir estudar fora da cidade. Cada vez as distâncias físicas e simbólicas aumentam. Elas são saudáveis e necessárias. Nenhum pai com o mínimo de lucidez irá dizer ao seu filho: “Não engatinhe, não ande, você vai cair!”. Claro que irá cair! Enquanto os filhos fazem esse movimento externo, internamente elaboram suas dores e resolvem seus dilemas. Ao contrário, protegida para além do razoável, torna-se fragilizada, temerosa e dependente.
         O mundo de fato é ambíguo e controverso, com todas as nuances, desde a mais forte luz às mais densas sombras; de gente igual e de gente diferente. Sempre foi assim. Cada tempo tem os seus temores e eles nos impulsionam a seguir em frente.
         As paredes educam, a vida em comunidade, a escola e os pais educam. De igual modo, podem deseducar ou atrasar processos. Não há como isolar os fios desta complexa teia da vida. Eles estão entremeados.
         O sucesso da educação, seja ela informal ou formal, deveria ser medido à proporção que a presença de tutores não se faça mais necessária. Alcança-se a autonomia. De fato, os filhos precisam ir. Pedem novos desafios e espaços que comportem o alcance do seu voo. Nesse momento podemos admirar o conjunto da obra e nos dar conta de que coragem e firmeza do caráter, construídas na complexidade da vida, carregam traços das paredes, da comunidade, da família e da escola.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho/2017 a ainda estratosférica marca de 399,05% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,30%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses chegou a 2,71%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...