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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A CIDADANIA NA ESCOLA

“[...] CIDADANIA Por fim, o terceiro aspecto é o papel assumido pela arte e pela cultura no que se refere à política (micropolítica?), participação e cidadania. Nesse sentido, cabe discutir que os movimentos culturais vêm substituindo nas favelas as formas tradicionais de mobilização e participação, a partir da constituição de redes de afinidades.

Vale acrescentar: a redução da participação política e o aumento do envolvimento nas manifestações artísticas são movimentos concomitantes nas cidades, ainda que não pareçam existir entre eles relações de casualidade. O que se tem percebido, nas periferias dos grandes centros, é que a juventude vem utilizando novas formas de expressão, realizando ação micropolítica, na busca do reconhecimento, da inserção social e da conquista dos direitos de cidadania.

A nova participação não se baseia mais nos movimentos sindicais, que ao longo das décadas foram perdendo força em velocidade diretamente proporcional ao aumento do desemprego e às mudanças no âmbito dos direitos do trabalhador; nem nas associações de bairro, que ficaram cada vez mais enfraquecidas pela falta de participação, ou foram cooptadas pelos governos. Sua desmobilização se deu a partir dos anos 1990, quando perderam espaço de ação e força em suas comunidades. Essa perda se relaciona, por um lado, à resolução de grande parte dos problemas urbanos das favelas, que durante décadas foram sua bandeira, e, por outro, ao próprio esvaziamento da participação popular, seja pelo medo e aumento da violência, seja pela falta de atratividade dos processos tradicionalmente adotados, seja pela recusa ao aparelhamento pelo qual passou grande parte das entidades comunitárias, nos diversos governos e partidos que se sucederam nas administrações públicas.

Nesse sentido, pode-se dizer que o cultural, as manifestações artísticas passam a assumir este outro papel, também muito importante: a discussão dos direitos da cidadania por outra via, mais lúdica, mais moderna e, por seu próprio caráter, muito mais atrativa e aglutinadora, trazendo aqueles que não participariam dos movimentos coletivos tradicionais.

Concluindo esta discussão, fica a sensação de que o uso da cultura, na perspectiva das comunidades de baixa renda, em geral, dos artistas moradores de favela e da juventude, em particular, nada mais é que a adoção de estratégias em busca de objetivo comum: a aceitação da diferença, a participação na distribuição das benesses da cidade, o reconhecimento do valor e a reinvenção das representações.

Por fim, é válido apontar que a cultura como recurso introduz novas perspectivas, que passam – mais que pela resolução de problemas sociais – pela instrumentalização dos sujeitos para participação na modernidade. Se não pelo tipo do conteúdo, pelo menos pelo processo, concebe-se que é por meio da arte, das manifestações culturais e do uso das tecnologias de comunicação e informação que as culturas populares transcendem seus limites geográficos, históricos, estéticos e sociais rumo aos futuros possíveis e desejáveis.”
(CLARICE DE ASSIS LIBÂNIO, que é bacharel em ciências sociais com habilitação em antropologia, mestre em sociologia pela UFMG, autora do Guia cultural das vilas e favelas de Belo Horizonte coordenadora-executiva da Asssociação Favela é Isso Aí, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de outubro de 2010, Caderno PENSAR, página principal).

Mais uma IMPORTANTE e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 10 de outubro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de RODRIGO MENDES RIBEIRO, Sociólogo, mestre em ciência política pela UFMG, professor universitário, que merece INTEGRAL transcrição:

“Cidadania na escola

Discutir nos dias atuais questões como formação cívica, nacionalismo e patriotismo não é tarefa fácil. A República Opinião publicou uma pesquisa nacional, denominada Projeto Brasilidade, que revela que 58,4% d população não sabem cantar corretamente o Hino Nacional. A sondagem mostra que existe uma correlação direta entre baixa escolaridade e não saber cantar o hino. Dessa constatação surge uma pergunta provocativa: não seria importante a população saber cantar o hino de seu país, já que nesse saber estaria em jogo a ideia de patriotismo como manifestação de adesão e amor aos símbolos nacionais? Vale dizer que o conceito de nacionalismo está sendo entendido como uma ideologia nacional, a visão do Estado nacional (não confundir Estado com governo). Essa ideologia assenta-se na ideia de unificação, de unidade, em um território, de um povo, que fala a mesma língua e tem tradições e culturas razoavelmente compartilhadas. Com isso, fala-se na mão dos cidadãos, legítimos e únicos detentores da soberania popular, como teorizou Rousseau. Um Estado que pertence, portano, ao povo, que elege regularmente seus governantes.

Quando se diz de unificação, fala-se que, nessa nação, existe uma lei maior, que é a Constituição, que vale para todos; que existe igualdade jurídica e todos têm os mesmos direitos democráticos e estão aptos, como cidadãos, a participar dos rumos da nação e das definições das políticas do Estado. Nesse sentido proposto, e mesmo que a realidade, muitas vezes, se afaste bastante da proposição ideológica, o nacionalismo ganha contornos positivos, como algo desejável de ser fortalecido entre nós. Ao mesmo tempo, nunca é demais pensar que nacionalismo pode, sim, descambar para o xenofobismo, que gera preconceitos contra os que vêm de fora, como está ocorrendo em alguns países da Europa, ou mesmo que o nacionalismo não possa ser utilizado por algum governo como arma para manipulação de massas populares, descambando para um nacionalismo populista e autoritário, como ocorre hoje na Venezuela, de Chávez.

No Projeto Brasilidade, divulgado pela República, fica claro que o sentimento de brasilidade, de orgulho de ser brasileiro é hoje muito forte (78% têm essa opinião). As pessoas estão esperançosas e avaliam que o Brasil está melhorando e se transformando. O nacionalismo está em alta? Mas como ele conviveria com uma adesão tão baixa a um dos símbolos do país, no caso o Hino Nacional? Essa aparente contradição é explicada pela própria pesquisa e revela uma verdade chocante: a desigualdade educacional é o maior fosso a separar os brasileiros. A diferença no nível educacional, fruto e matriz das condições socioeconômicas, é o que gera cidadãos de primeira e segunda classe. Gera alguns eleitores críticos e que participam da vida da comunidade e, produz uma imensa maioria de alienados, que vive à margem do sistema. A solução para a construção de uma real unidade nacional, para além de uma ideologia nacionalista, é um forte investimento na educação, na sua qualidade. Um truísmo, hoje talvez um consenso nacional, mas um desejo social ainda muito distante da realidade. O verdadeiro lugar da transformação social, da construção da nação, é na sala de aula, no pátio das escolas. As crianças e jovens precisam conhecer o seu país, seus direitos e deveres, seus símbolos e tradições, saber o que é cidadania, democracia porque é importante participar da vida da comunidade. Isso é algo que tem que ser ensinado. Não seria o caso de se pensar em se voltar com o conteúdo de disciplinas como a antiga organização social e política do Brasil (OSPB), mantendo, é claro, a sociologia e a filosofia?

Precisamos superar a visão de que patriotismo e nacionalismo são coisas da ditadura militar. De que hastear a bandeira e cantar o Hino Nacional é herança de um passado que se quer esquecer, do “Brasil do ame ou deixe-o”. Que comemorar a data da independência do Brasil, o Sete de Setembro, é assistir a desfiles militares. O nacionalismo surge com a Revolução Francesa, como uma força progressista e libertária. É preciso, portanto, rever o nacionalismo e o patriotismo como uma ideologia revigorada pelo novo sentimento de brasilidade que vem ganhando força entre nós. E também ver o nacionalismo como recurso das estratégias locais, contra o domínio da globalização avassaladora. Enfim, o Brasil precisa repensar o nacionalismo como força da cidadania, de uma cultura cívica que precisa ser cada vez mais vigorosa.”

São, pois, páginas eivadas de PEDAGOGIA CÍVICA e consistentes REFLEXÕES que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...