“Há
122 anos
Conhecido como um autor
de romances famosos no século XIX, Leon Tolstói passou por uma fulguração
comparável àquela de São Paulo no caminho de Damasco. Depois de um consagrador
sucesso, renegou seu modo de viver que lhe dava trânsito nos salões dourados
das aristocracias russa e europeia, virou a página, escrevendo a obra-prima “O
Reino de Deus Está em Vós”.
Rompeu,
com antecedência de alguns séculos, os paradigmas sociais, políticos e
culturais de seu tempo. Sem inventar nada. Apenas adotando o Sermão da Montanha
como filtro de seu olhar, fez uma crítica penetrante ao sistema vigente em sua
época, à forma de governar e dominar as massas. Mostrou que as vias da não
violência e o respeito à verdade são imprescindíveis para uma sociedade
harmoniosa.
Imediatamente
excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa e banido pelo governo do czar, Tolstói
passou a sofrer perseguições em toda a Europa. Seu livro profético, entretanto,
chegou ao cidadão indiano Gandhi, depois reconhecido como Mahatma (grande e
excelso homem), transformando radicalmente o curso de sua vida, despojando-o de
qualquer ambição material e colocando-o a serviço de uma missão superior,
social e política aqui, na terra. Especialmente na subjugada e miserável Índia,
fracionada em classes intransponíveis e explorada pelo império inglês.
O
livro desapareceu de circulação, queimado nas fogueiras, e foi reeditado apenas
em 1988, quando inspirou os movimentos de ecologistas, pacifistas, intelectuais
do bem que anseiam pela sobrevivência da humanidade num modelo sustentável e
universal. O livro se mantém atual como nunca, mereceria ser estudado nas
escolas e estar na cabeceira dos homens de poder, especialmente os políticos
que, ao assumirem um mandato, anseiam pelo bem-estar de uma nação sem
prejudicar as demais.
“Veja
quanto é inútil e injusto recolher impostos do povo trabalhador para enriquecer
funcionários (ocupantes de cargos públicos) ociosos”, apostrofou Tolstói.
“Quanto mais alta é a posição de um homem na
hierarquia corrompida, tanto mais instável (e nociva) sua presença, pois ele
tem fé na duração ilimitada da organização (criminosa) existente, que lhe
permite cometer barbaridades com a maior e a mais perfeita tranquilidade de
espírito, como se não agisse em seu proveito (para se locupletar)... Essa é a
situação quase comum dos funcionários (do Estado) que ocupam posições mais
lucrativas (e estratégicas) de quanto poderiam ocupar em outra organização (por
mérito real e pessoal)”, escreveu no ano de 1894.
“Na
função pública, a tendência (de exploração do poder) se estende do mais humilde
policial à mais alta autoridade”, anotando, infelizmente, que o poder se presta
aos interesses pessoais. O governo defende a cobrança de impostos para atender
a saúde pública, mas não se esforça para livrar-se da corrupção que o devasta.
Insistem em cobrar mais, quando poderia primeiramente gastar menos cortando os
desvios monumentais.
Bilhões
são subtraídos na forma de impostos para aplicar em aposentadorias injustas,
privilégios descabidos para autoridades. Práticas que apenas sobrevivem no
Brasil quebrado e castigado por filas infindáveis no atendimento.
Outros
bilhões são desviados cinicamente, com juros da dívida, de obras públicas
desnecessárias, da merenda escolar, do programa Bolsa Família, num país que
enfrenta parcela assustadora de crianças e jovens sem alimentação suficiente e que,
bem por isso, pagam com graves prejuízos em sua formação.
Escreveu
Tolstói há 122 anos: “A corrupção consiste em tomar do povo suas riquezas por
meio de impostos e distribuí-las às autoridades constituídas, que se encarregam
de manter e aumentar a opressão (e o desserviço). Essas autoridades compradas,
desde os ministros até os escreventes, formam uma invencível união pelo mesmo
interesse: viver em detrimento do povo. Enriquecer, tanto mais quanto maior é a
submissão” aos esquemas perversos que exploram o poder.
Para
chegar a isso, observa que é o “hipnotismo” do povo, que consiste em deter o
desenvolvimento moral dos homens, com diversos métodos, inserindo o arcaico
conceito de vida materialista, apegada a vícios, superstições e prazeres
ilusórios.
Faleceu
como “subversivo excomungado”, pregando que os “deveres de cidadão devem ser
subordinados aos deveres superiores da vida eterna de Deus” e lembrando, do
Atos dos Apóstolos (5,29): “É preciso obedecer antes a Deus que aos homens”.”.
(VITTORIO
MEDIOLI, em artigo publicado no jornal SUPER
NOTÍCIA, edição de 22 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de
janeiro de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de ARISTIDES JOSÉ
VEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina, especialista em clínica médica
e em medicina de família e comunidade, e que merece igualmente integral transcrição:
“Adolescentes:
segurar ou soltar?
A forma de lidar com os
adolescentes tem despertado discussões frequentes entre os pais. Nas rodas de
conversa, é muito comum ouvirmos que os “filhos são todos iguais, o que muda é
o endereço”. É uma frase que abranda a ansiedade. Traz consolo. Alivia. E tem a
sua importância nos momentos críticos, quando as relações ou as situações
causam surpresa, perplexidade ou dificuldade.
Sabemos
da diversidade dos relacionamentos entre pais e adolescentes. Em alguns casos, há
enorme dificuldade para que a convivência se harmonize. Em outros, nem tanto. O
fato é que, em um número expressivo de situações, nós, pais, devemos ter
habilidade para lidar com as demandas dos nossos filhos. Muitas vezes
precisamos pedir ajuda profissional ou de pessoas mais próximas, o que deve ser
feito sempre que necessário. Essa afirmativa pode não ser devidamente
valorizada por alguns, mas é importante dizer que a postura de segurar a barra
sozinho quando “o leite está entornando”, assumindo a radicalidade do provérbio
popular de que “quem pariu Mateus que o embale”, não nos parece ser uma medida
sensata. Precisamos uns dos outros.
É
muito comum idealizarmos nossos filhos. Não há, a princípio, erro nisso. Temos
os nossos sonhos e neles os incluímos, quase sempre com palavras e atitudes
previsíveis e “politicamente corretas”. Mas as particularidades de cada filho e
as influências do contexto sociocultural, muitas vezes comprometem essa imagem
idealizada e nos geram sofrimentos. Isso é importante destacar porque teremos
variações nos comportamentos e na forma de lidar com os nossos filhos e com as
nossas expectativas.
Não
obstante as muitas pesquisas sobre o tema, não há uma “receita de bolo” para
lidar com os adolescentes. As orientações podem surtir efeito em determinados
momentos, mas na dependência da sua característica (autoritárias, liberais,
democráticas, entre outras) e das particularidades do adolescente envolvido não
serão eficazes, podendo, inclusive, ter consequências não muito positivas.
É
sabido que o adolescente quer conduzir a sua vida, fazer suas escolhas, o que
significa ser sujeito. No relacionamento com ele vale o ensinamento dos antigos
sobre o equilíbrio. O papel de chamar para o equilíbrio cabe sobretudo aos
pais. A partir do diálogo é fundamental estabelecer limites. Alguns
adolescentes não querem receber “não” como resposta, o que faz com que certas
conversas sejam tensas e alguns “nãos” sofridos, mas necessários.
A
importância do exemplo que damos e dos princípios/valores que passamos aos
nossos filhos deve ser sempre destacada e repetida. Mas os seus frutos não são
colhidos no curto prazo, o que nos angustia e nos pede paciência.
Essas
pontuações nos remetem a uma aproximação e a uma tentativa de resposta à
pergunta apresentada no título deste artigo: segurar ou soltar?. Novamente
temos que admitir que não há uma única resposta. Dependerá da situação. O que
podemos afirmar sem receio de errar é que os adolescentes devem ser preparados
– e constantemente lembrados – para a autonomia, para o respeito e para a
responsabilidade. Na verdade, essa formação provavelmente já se iniciou bem
antes da adolescência. Mas fizemos questão de destacar essas palavras, porque
elas se implicam e se interagem. E são fundamentais.
Caberá
a nós, pais, ao exercer nosso papel de educadores, trabalhar de forma
equilibrada essa condução, sabendo que algumas vezes teremos que “segurar e em
outras soltar”. Não é tarefa fácil. Acertaremos algumas vezes e erraremos em
outras.
Provavelmente,
alguns pais dirão que nunca tiveram problemas com os seus filhos adolescentes.
Que bom. Que bênção! Entretanto, sabemos que há um grande número de pais que
convivem com sérios problemas na relação com os seus filhos. É para eles que
fazemos as pontuações deste artigo e queremos destacar a importância da
paciência, do carinho, do diálogo, de pedir ajuda quando necessária e de manter
sempre acesa a chama do amor. E mais: que não desistam de seus filhos. Aos
poucos o caminho vai ficando mais claro e a vida mais leve.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca
de 482,05% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial registrou históricos 330,65%; e já em dezembro
o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 6,29%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico
de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem
mostrando também o seu caráter transnacional;
eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos
borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um
verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque,
rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim,
é crime...); III – o desperdício, em
todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O
Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...