“Revolução
que desafia
Com as fábricas
operando com ociosidade na casa dos 20% e mais da metade do setor industrial
atrasado em relação aos novos conceitos de manufatura avançada, incorporados
pela indústria 4.0, empresários e trabalhadores devem estar atentos para as
profundas transformações que vão ocorrer nos próximos 10 ou 15 anos. O grande
risco de desindustrialização apontado no início desta década no país – só não
ocorrido de fato por causa da recessão econômica – coloca o segmento diante de
novo desafio: retomar os investimentos em tecnologia para se ajustar aos novos
processos que tomam conta das fábricas em todo o mundo, com a digitalização e a
robotização.
E
nesse momento há duas opções. Correr atrás do que está sendo feito no resto do
mundo e consolidar a dependência tecnológica externa da indústria brasileira,
ou desenvolver essas tecnologias para agregar eficiência e valor aos processos
e produtos fabris made in Brazil.
Estudo
da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado recentemente, mostra que
14 setores industriais brasileiros, de um total de 24, estão bastante defasados
em relação às tecnologias digitais. Correm sério risco de se tornar
ineficientes diante da chamada quarta revolução industrial e arrastar para fora
do mercado 40% da produção brasileira.
Empresários
sabem que com importação de tecnologia é possível fazer um up grade nas
máquinas e equipamentos em atividade no país e atualizá-los para operar dentro
de conceitos como automação e internet das coisas. Mas não o suficiente para
digitalizar todo o processo de forma a poder trabalhar com mais eficiência e
controle sobre todas as etapas de produção, com o uso de ferramentas como
realidade aumentada e inteligência artificial. Hoje, em setores como
aeronáutica, telecomunicações e automotivo, essa inserção nas novas tecnologias
é mais disseminada, enquanto nas indústrias do vestuário e têxtil essa digitalização
de processos ainda é pequena.
É
urgente que iniciativas como a Mobilização Empresarial pela Inovação que reúne
cerca de 200 líderes empresariais, sejam base para definição de uma política
industrial que privilegie o desenvolvimento de novas tecnologias e conceitos
como estratégia para que o país não fique à margem das transformações da quarta
revolução industrial. Hoje, segundo o Ministério da Indústria e Comércio, menos
de 2% das empresas brasileiras trabalham no conceito da indústria 4.0, enquanto
países como Alemanha e Coreia do Sul esse percentual chega a 15%.
A
expectativa é de que neste ano, com saída da economia da sua mais grave crise
na história, os investimentos para transformação digital das unidades
produtivas no país sejam ampliados. Sinal dado a partir da regulamentação, na
semana passada, do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, instituído
com a participação do setor privado. Base para o fomento do desenvolvimento
tecnológico, o marco é válido, mas pode esbarrar na falta de uma estratégia de
política industrial que comporte todo o setor e não apenas alguns.”.
(MARCÍLIO DE
MORAES, em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 15 de fevereiro de 2018, caderno ECONOMIA, coluna BRASIL EM FOCO, página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
20 de fevereiro de 2018, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de JULIO BEZERRA,
sócio da BCG, e que merece igualmente integral transcrição:
“Tecnologia
e a desigualdade brasileira
Em nossos 20 anos de
BCG Brasil, vimos uma enorme evolução no mundo da tecnologia. A igualdade em
nosso país, porém, progrediu a passos muito mais lentos. Em nossa vida pessoal,
a internet e o telefone celular passaram a ser parte essencial de nosso dia a
dia. Em nossa vida profissional, vimos computadores se tornarem ferramentas de
trabalho amplamente difundidas.
Apesar
de nítido progresso tecnológico, evoluímos a passos muito lentos na redução da
desigualdade econômica, que continua sendo um dos principais desafios de nossa
sociedade. Além disso, vimos o surgimento de um novo tipo de desigualdade,
entre aqueles que têm e os que não têm pleno acesso ao mundo digital.
A
evolução tecnológica tem uma característica exponencial – usamos as ferramentas
de hoje para criar as ferramentas de amanhã –, o que torna difícil prever qual
será o ambiente tecnológico em 20 anos. Podemos, porém, afirmar com elevado
grau de certeza que a tecnologia estará muito mais presente em nossas vidas
pessoais e em nossas empresas.
A
futura evolução tecnológica tem potencial de ser muito positiva ou muito
negativa para a redução da desigualdade. Um fator que pode tornar o progresso
tecnológico um forte elemento de diminuição de desigualdade é o baixo custo
marginal de produção e distribuição de bens e serviços digitais. Por exemplo,
enquanto um livro físico precisa ser impresso, transportado e vendido em uma
loja, a versão eletrônica não tem custo de impressão e pode ser comprado com um
clique. A implicação econômica de ter-se um baixo custo marginal é que a
relação preço/volume que maximiza o retorno em um mundo digital migra
fortemente para menor preço e maior volume, comparado com a equação do mundo
físico, o que pode promover uma maior acessibilidade a bens eletrônicos.
Redes
sociais, por exemplo o Facebook e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp,
são outros exemplos de redução de desigualdade por meio da tecnologia: o baixo
custo de envio virtual de mensagens e de “ligações” por esses aplicativos
eliminam a diferença na capacidade de se comunicar entre classes sociais. À
medida que, cada vez mais, tudo o que “consumimos” nos chega de forma
eletrônica, maior é o potencial de redução de desigualdade oferecido pela
tecnologia, mesmo que isso não seja claramente capturado por indicadores
econômicos.
Para maximizar o
impacto redutor de desigualdade da evolução tecnológica, será crítico promover
a expansão da infraestrutura de banda larga e o acesso a smartphones e outros
equipamentos de conectividade (confira a publicação 10 Princípios para o Desenho do Novo Modelo Regulatório de
Telecomunicações, para uma discussão sobre como universalizar o acesso à
banda larga).
Por outro lado, a
tecnologia tem potencial para se tornar um grande fator de aumento da
desigualdade em decorrência do impacto que ela terá na automação de atividades
que hoje são geradoras de emprego. A substituição de postos de trabalho por
automação é clara quando pagamos o estacionamento do shopping em um caixa
eletrônico. Esse exemplo, porém, é apenas o início da grande onda de automação
que novas tecnologias podem gerar. Já estamos muito próximos do dia em que a
evolução da inteligência artificial tornará a experiência de um call center
automatizado melhor que a de um call center “humano”. A evolução da robótica
está, ao mesmo tempo, expandindo drasticamente o que robôs podem fazer e
reduzindo seu custo. Mesmo que ainda haja discussão de quanto tempo levará para
computadores serem mais “inteligentes” do que nós, não há dúvida que muitos dos
postos de trabalho existentes hoje estão fadados à extinção por soluções
tecnológicas.
Para que esse aumento da automação proporcione valor para a
sociedade sem gerar maior desigualdade social, será chave prepararmos nossa
força de trabalho para realizar tarefas mais complexas, em que a tecnologia
seja não um substituto, mas um acelerador de impacto. Para as gerações futuras,
o caminho para essa qualificação passa pela educação básica de qualidade,
reforçada pela capacitação para o uso de tecnologia. Para a parcela das
gerações atuais que não tiveram acesso adequado à educação básica, infelizmente
não há solução óbvia que possa ter impacto massivo – o que torna a questão de
como recapacitar nossa força de trabalho para o mundo digital um tema crítico
para discussão.
A continuação do progresso tecnológico é uma certeza. Para
que esta evolução tecnológica tenha um saldo positivo na redução da
desigualdade será necessário que nossa sociedade tome ações rápidas e
ambiciosas na promoção da inclusão digital e na educação de nossa futura força
de trabalho. Não podemos subestimar o impacto disruptivo da evolução
exponencial da tecnologia, sob o risco de ficarmos fadados a ter uma sociedade
desigual, muito longe do seu tempo. A hora de agir é agora!”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro/2018 a ainda estratosférica
marca de 327,92% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,70%; e já o
IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,85%);
II – a corrupção, há séculos, na
mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.