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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, O DIA DO CEGO E O TEMPO DE DOAÇÃO

“Dia do cego

Hoje, 13 de dezembro, é comemorado o Dia Nacional do Cego. A data, criada em 1961, foi instituída com o objetivo de preservar o direito fundamental de igualdade e solidariedade entre todos, dentro de uma mesma sociedade, sem discriminação ou distinção a qualquer nível. Apenas em Belo Horizonte, existem mais de 7 mil pessoas totalmente cegas e 61mil com grande dificuldade para enxergar, de acordo com Censo 2010.

Exatamente na semana em que os deficientes visuais são lembrados com uma data reconhecida nacionalmente (será mesmo?), eles ganharam algo de concreto para comemorar. No mês de outubro, foi testado em uma linha de ônibus de Belo Horizonte um dispositivo que funciona por radiofrequência e auxilia os cegos a utilizar ônibus do transporte público de forma totalmente independente. Foram duas semanas de testes e, em 10 de dezembro, como informou o Estado de Minas (Gerais, 11/12), a BHTrans aprovou durante Plenária do Conselho Municipal de Pessoas Portadoras de Deficiência de Belo Horizonte, a probabilidade de o sistema ser adotado nos 3 mil veículos da frota de ônibus da capital mineira. A reunião foi aberta ao público, no auditório da Secretaria Municipal de Políticas Sociais.

A vontade popular, mais uma vez, fez toda a diferença na aprovação para a implantação desse sistema, que já funciona em toda a frota do transporte público de três cidades do Brasil: Araucária, no Paraná, além de Jaú e Limeira, no estado de São Paulo, sendo que essa última concluiu a implantação há duas semanas.

Esse é apenas um exemplo, dos muitos, na área da tecnologia assistiva, que tem baixo custo e que pode mudar de forma significativa a vida de quem as utiliza. No caso desse sistema, uma palavra se fez presente em todos os depoimentos dos cegos que testaram a tecnologia: independência.

No corre-corre das grandes cidades, mal nos damos conta das dificuldades que as pessoas que não enxergam passam diariamente. Se não estiverem acompanhadas, apesar da incrível capacidade que têm para se locomoverem sozinhas, necessitam sempre do auxílio de alguém que esteja bem disposto para ajudá-las em várias atividades, entre elas embarcar nos veículos do transporte público.

Chegar ao ponto dos ônibus não é o problema para o deficiente visual, que consegue ir aonde quer e com precisão inacreditável. O problema é conseguir entrar no ônibus correto. Para começar, é necessário descobrir se há alguém por perto para auxiliá-los. Isso nem sempre acontece e, até que alguma pessoa apareça, eles precisam ficar ali, parados, aguardando um movimento ou som diferente, para poderem solicitar auxílio.

Quando finalmente conseguem a ajuda de alguém, o que ocorre, com muita frequência, é que o ônibus da pessoa a quem o cego solicitou ajuda passa antes, e ela vai embora se esquecendo de avisar que está partindo. O deficiente visual fica lá, acreditando que vai ser auxiliado, quando, na verdade, está mais uma vez sozinho.

Há inúmeros outros lapsos que as pessoas cometem, acredito sem maldade, ao tentar ajudar pessoas com deficiência visual no transporte público. Um senhor cego relatou que, certa vez, pediu a ajuda de uma pessoa, que o colocou no ônibus e embarcou junto. Ele percebeu que a trajetória era diferente e então questionou se aquela era realmente a linha que ele havia solicitado. A pessoa, então, respondeu: “É outra linha que passa pertinho de onde você quer ir”. Apesar de agirem com boa intenção, atitudes assim deixam claro o quanto a população ainda é despreparada para ajudar os cegos. Não sabem que eles têm em suas mentes as rotas muito bem traçadas, memorizadas, e que se mudam aquele percurso, perdem o referencial.

Com qualquer cidadão, pessoas com deficiência visual têm necessidades de consumo, cultura e lazer. Porém, as dificuldades de deslocamento experimentadas por esse público impedem a satisfação plena dessas necessidades. Por exemplo, muitos deixam de sair à noite e nos finais de semana devido à maior chance de não encontrarem pessoas nos pontos de ônibus que possam ajudá-los.

Por essa razão, a adoção de tecnologias assistivas, como o transmissor de radiofrequência no transporte público, significa finalmente permitir o exercício pleno do direito de ir e vir desses cidadãos. É conceder a eles a independência de poder ir aonde quiserem, na hora que desejarem. É urgente a necessidade de o poder público começar a dar a atenção que esses pessoas, como cidadãs, merecem e esperam receber.”

(ADRIANO ASSIS, Engenheiro eletrônico e diretor da Geraes Tecnologias Assistivas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 21 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Noel, tempo de doação

A linguagem é uma força que produz e sustenta os imaginários. Tem força para definir rumos e incidir sobre o tecido da cultura, com o conjunto de hábitos cotidianos, os ritmos de vida, as prioridades e escolhas. A palavra articulada na linguagem tem força criativa, produz sentidos, alavanca os avanços, ou é responsável pelos atrasos, no horizonte das urgências e necessidades da sociedade. Compreende-se que toda fala tem um enorme peso nas circunstâncias da vida. Por isso mesmo é preciso cuidar para falar o que edifica e produz sentido verdadeiro. A vida não se sustenta quando se baseia em falácias ou em compreensões inconsistentes. É importante a dinâmica de falar e escutar para tecer a cultura, alimentar sentidos e formatar imaginários favoráveis na sustentação de uma vida digna para todos. A celebração do Natal, vivida em todo o mundo, precisa dos ajustes na linguagem para que se alcance o verdadeiro sentido desse precioso tempo.

O resgate da linguagem do presépio, por exemplo, é um vetor muito importante para que cada pessoa fixe o olhar em Cristo Jesus, o Menino Deus, centro e razão primeira e insubstituível da festa. Os presépios nas igrejas, nas praças, nos museus, nos espaços públicos e no recôndito de cada lar, pela arte e pela beleza, criam a oportunidade de renovar a catequese rica dessa fonte inesgotável de amor. Jesus Cristo, o filho amado de Deus pai e único Senhor e salvador, entra na história da humanidade, assumindo a nossa condição humana, igual a nós em tudo, exceto no pecado. A razão amorosa desse gesto é a nossa salvação. Uma promessa e conquista a ser construída já no tempo da vida, por desdobramentos de uma fé sincera e apaixonada, que gera e sustenta gestos de solidariedade, o gosto pela fraternidade e a coragem de dedicar-se na luta pela justiça.

Jesus salvador vem ao nosso encontro para nos dar vida em abundância. Um gesto exemplar que inclui o compromisso de seus discípulos, os convidados a participar de sua vida plena, na vivência de uma conduta de solidariedade e de oferta de si para o bem de todos. O desdobramento da fé em Jesus e a compreensão solidária de sua encarnação estão na raiz da figura de Papai Noel. A linguagem produzida por interesses outros afastou a compreensão do sentido original. O consumo e a comercialização se apropriaram da figura de Papai Noel para alavancar vendas, interesses que muitas vezes estão na contramão daquela solidariedade que o Natal significa. De São Nicolau, bispo de Mira, Lícia, no século 4, são conhecidos relatos e histórias. Até dificulta discernir aquelas autênticas das abundantes lendas associadas à imagem desse santo popular, que foi relacionada e transformada no ícone do Natal chamado Papai Noel.

Nos países de língua inglesa, o santo é chamado de Santa Claus, ou São Nicholas. Dessa tradição, vale resgatar e focalizar os relatos de um homem que se dedicou ao cuidado das crianças carentes, dos pobres e necessitados. São muitas histórias contadas através dos tempos, como a de uma família muito pobre sem condições de custear o casamento das filhas. O bispo Nicolau, à noite, jogou um saco de moedas de ouro e de prata para ajudar a pagar os custos dos casamentos. Ou o socorro aos pobres, em meio a um inverno rigoroso, não lhes faltando o pão necessário. A linguagem em torno da figura de São Nicolau, nas mais antigas tradições, desenha um horizonte de compreensão que privilegia a solidariedade, a alegria de partilhar, o cuidado com os mais precisados, a sensibilidade para perceber a necessidade dos outros e socorrê-los. Na verdade, uma compreensão que precisa ser recuperada.

O ícone de São Nicolau deve sair do domínio daqueles que vivem o Natal apenas como oportunidade para lucrar. Esquecem-se do sentido nobre e rico do nascimento de Jesus, Senhor e salvador. Natal é tempo de refazer o coração com a generosidade para a solidariedade. Olhar o presépio e Papai Noel deve remeter cada coração ao sentido de fraternidade e partilha. É interessante vivenciar esse tempo pelo olhar de São Nicolau, movido pelo amor do Menino Deus, para enxergar os mais pobres e ir ao encontro deles, solidariamente. Um olhar sobre o mundo marcado pela compaixão e compromisso com o bem. Essa é uma lição perene, aprendizagem constante, que deve ser cultivada no coração e inteligência das crianças, dos jovens, de todos. Um tempo de doação, buscando não um Noel para si mesmo, mas sendo Noel para os outros.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais livres, soberanas, civilizadas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidos...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seu nascimento –, como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tamanha sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o já colossal abismo das desigualdade sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações em 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...