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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A CIDADANIA, A SURDEZ E A FORÇA DA FALA

“Professor e aluno surdos

A presença de professores surdos na trajetória escolar de crianças igualmente surdas é extremamente importante, uma vez que esses professores serão a grande referência para o aluno e seus familiares. É sabido que a maioria dos surdos nasce em famílias de pessoas ouvintes, que desconhecem as necessidades e potencialidades da comunidade surda e a abordam como limitações e impossibilidades. Ao se depararem com os professores surdos, os pais de crianças surdas começam a compreender melhor o universo da surdez, passam a entender o significado da língua de sinais no desenvolvimento da pessoa surda e visualizar novas percpectivas para seu filho surdo.

A criança surda, ao passar a viver em um ambiente linguístico rico e ter contato com adultos surdos, tem possibilidade de formar um sentimento positivo em relação a sua identidade surda, se reconhecendo como diferente e não como deficiente ou ouvinte imperfeito. Um professor é uma referência para a criança. É um exemplo de que o surdo pode ter uma profissão, ser uma pessoa capaz e não um coitadinho. Eu sou surdo e não sou deficiente. Tenho os mesmos direitos e deveres de outros cidadãos. Quando utilizo o transporte coletivo urbano, pago a passagem. Quem não deve pagar passagem é quem não tem condições financeiras para fazê-lo e não porque é surdo.

Acredito que os professores surdos e ouvintes têm um papel fundamental no desenvolvimento educacional e social de seus alunos. Ao analisar meus 11 anos de trabalho como docente numa escola para crianças surdas, não tenho dúvidas quanto à importância do papel do professor surdo para cada um dos alunos. A começar pelo aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras) a ser entendida e percebida como língua natural e de direito do surdo por importantes organismos internacionais, como a ONU.

Não posso deixar de destacar o trabalho e apoio de pessoas e de instituições como a Fundação de Rotarianos de São Paulo, cujo presidente sempre esteve atento às necessidades da minoria surda e nunca mediu esforços para nos apoiar. Ele se propôs a conhecer quem é o surdo e o que significa a Libras para o surdo. Leu muito, inclusive o livro Vendo vozes, de Oliver Sacks. A partir dessa e outros leituras, abriu-se para ouvir nossas vozes pelas mãos. A instituição mantém a Escola para Crianças Surdas Rio Branco, que há 33 anos começou seu trabalho com uma única sala de aula, foi crescendo e, recentemente, inaugurou o Ambiente de Estimulação do Desenvolvimento, destinado ao trabalho com bebês surdos e suas famílias. Se outros gestores de instituições educacionais do nosso país seguirem esse exemplo, o Brasil poderá dar um passo significativo na inclusão social dos surdos.”
(ALEXANDRE JURADO MELENDES, Professor da Escola para Crianças Surdas Rio Branco, mantida pela Fundação de Rotarianos de São Paulo, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de agosto de 2011, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de reportagem publicada no mesmo veículo, edição de 15 de agosto de 2011, Caderno CIÊNCIA, de autoria de SILVIA PACHECO, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A força da fala

Em estudo apresentado na USP, lingüista defende a importância da narrativa oral no desenvolvimento cognitivo das crianças e sugere a inclusão do tema no currículo da educação infantil

A leitura e a escrita sempre foram vistas como o ápice do desenvolvimento infantil. Não é à toa que muitos pais se vangloriam quando o filho começa a ler e a escrever cedo. Orgulho justificável, já que essas duas expressões sempre foram ligadas à inteligência e devem ser valorizadas. Algo tão importante quanto a leitura e a escrita, porém, costuma se manifestar ainda mais cedo: a fala. Por trás dessa expressão tão primordial, está a construção de um pensamento baseados em fatos vividos e assimilados pelo indivíduo. Ao analisar como esse processo ocorre no cérebro, uma pesquisa apresentada na Universidade de São Paulo (USP) revela que, com a narração de uma história, é possível perceber aspectos linguísticos e cognitivos que não ficam tão visíveis na escrita e leitura. Devido a isso, o estudo sugere que a narrativa oral seja inserida na grade curricular do ensino infantil.

De acordo com a coordenadora do estudo, a linguista Priscila Fiorindo, ao analisar a capacidade de produção narrativa da criança é possível avaliar a sua produção linguística, favorecendo o desenvolvimento cognitivo. “Percebemos que, durante a narração, todas as memórias são acionadas ao mesmo tempo, mas não podem ser todas verbalizadas. A partir daí, se inicia a estruturação do pensamento, com a definição daquilo que se quer expressar e de como se quer expressar.”

As pesquisas da equipe de Priscila começaram em 2006, a partir de um projeto de cooperação internacional que envolveu psicolinguistas brasileiros e franceses num estudo comparativo de produções narrativas de crianças no Brasil e na França. A experiência possibilitou que a lingüista utilizasse a mesma metodologia, mas analisando os resultados das narrativas elaboradas em relação à atuação do cérebro. “Foi quando pensei na possibilidade de verificar como as crianças absorvem as informações das imagens, para que elas possam elaborar uma história”, conta.

No estudo intitulado O papel da memória construtiva na produção de narrativa oral infantil a partir da leitura da imagem em sequência, Priscila analisou crianças de 5, 8 e 10 anos e identificou como elas utilizam os mecanismos de funcionamento do cérebro que envolvem as lembranças de curto e longo prazo. A memória de curto prazo é, evidentemente, a que se refere às informações recentes. A de longo prazo é dividida entre a semântica – que reflete o conhecimento de mundo acumulado – e a episódica – que envolve as situações ou fatos já ocorridos. “É na memória episódica que se encontra os ‘scripts’. Quando, por exemplo, encontramos uma pessoa que não vemos há muito tempo e que de alguma forma nos marcou, acionamos, paralelamente, as memórias de curto e longo prazo. Assim, todas as lembranças são recuperadas e reelaboradas, por meio do ‘script’, na memória construtiva para que as crianças narrem uma história, descreve a pesquisadora da USP. (E segue a seguinte NOTA)

CONTADORA DE HISTÓRIAS

Um vídeo postado na internet mostra uma francesinha contando uma história com desenvoltura. Sucesso na rede, ele levantou comentários de que a menina seria “superdotada”. O que pode ser visto é realmente uma imaginação aguçada, um vocabulário grande para a idade e organização temporal (início, meio e fim) impressionante, mas o estudo sugere que cenas como a do vídeo podem ser repetidas mais frequentemente caso a narrativa oral seja valorizada. Veja:

www.yotube.com/watch?v=PYrb3Ajjsww

Isso reforça a importância de estimular o indivíduo desde pequeno a reconhecer objetos. Dessa forma, ao mostrar e nomear as coisas, a criança assimila a informação na memória e mais tarde pode utilizá-la para construir um pensamento. “A gente acha que não, mas a pessoa começa a enriquecer o vocabulário ainda antes de falar”, afirma Márcia Fernandes, diretora pedagógica do Colégio Arvense. “Por isso é tão importante articular corretamente as palavras e sua entonação, pois aquilo ficará na memória”, completa.

MUITAS OPÇÕES Para isso, não faltam recursos. Livros coloridos e ilustrados e o simples ato de contar uma história já prendem a atenção dos pequenos e ajudam a evocar lembranças que estimulam a estrutura do pensamento. “É preciso utilizar todos os sentidos no desenvolvimento infantil. É importante que a criança manuseie o livro, escute a história que ele traz; que seja criado um clima para o conto de forma lúdica, para que os pequenos assimilem tudo aquilo com prazer. A partir daí, a leitura e a escrita também se tornam um prazer, pois foi assim que elas foram vividas”, diz a pedagoga.

Ao propor a narrativa oral como disciplina no ensino infantil, Priscila Fiorindo afirma que a escola valorizaria a linguagem oral. “Ao narrar uma história, a criança demonstra seu vocabulário e sua capacidade de estruturar o próprio pensamento, inclusive no tempo – início, meio e fim –, muito mais que na escrita”, argumenta. Outro aspecto levantado pela pesquisadora é a interação que a oralidade permite. “Ao escrever, não há uma interação das expressões, é apenas uma (escrita). Na narrativa oral, a criança utiliza expressões físicas, a entonação da voz e das palavras, de acordo com o que ela quer passar. Ela é a dona da história”, aponta a linguista.

Ainda segundo Priscila, além dos aspectos linguísticos, a oralidade permite que sejam observadas questões psicológicas, como o emocional da criança. Muitas vezes, o indivíduo se identifica com a história e, ao contá-la oralmente, é possível notar se há retração, tristeza ou ansiedade. “Isso é possível porque ela vivencia o jogo simbólico, no qual a ficção se mistura à realidade”, explica Gicelene Rodrigues, diretor pedagógica do Colégio Inei. “Criança que tem ou esteja, passando por algum problema emocional normalmente não faz contato com os olhos e tem dificuldade de colocar a voz”, completa.

A pedagoga define a narrativa oral como um modelo para a aprendizagem da leitura e da escrita, além de uma ajuda no desenvolvimento da formação pessoal. “Ao contar uma história, a criança assimila valores, deveres e direitos que estão contidos nela.”

O educador e idealizador do projeto Mala de Leitura, Maurício Leite, vai mais longe que a proposta da pesquisadora da USP. Ele concorda que a oralidade deve fazer parte da educação infantil, mas acha que, assim como a leitura, ela deve ser inserida na disciplina arte. “A literatura é arte, seja ela lida ou falada”, afirma. Para o educador, quando essas expressões são colocadas como forma de conteúdo didático e cobradas em forma de notas, deixam de ser um prazer para o indivíduo e tornam-se obrigações”. “Por isso temos tão poucos leitores no país”, constata. “Se quisermos mudar essa realidade, é interessante que se comece pela escola”, avalia.”

Eis, portanto, mais RICAS e PEDAGÓGICAS abordagens e REFLEXÕES que, entre tantos indicadores, PONTIFICA-SE a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de se colocar a EDUCAÇÃO – e que seja de QUALIDADE – como PRIORIDADE ABSOLUTA do PAÍS, ao lado de outras igualmente IMPORTANTES manifestações CULTURAIS e ARTÍSTICAS... e não há outra PONTE para o CONCERTO das POTÊNCIAS MUNDIAIS...

São GIGANTESCOS DESAFIOS que, mais ainda, nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...