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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A CIDADANIA E A PRIMEIRA PRIORIDADE

“Dos perfis caracterológicos como elemento de educação democrática

1945

Na procura de meios que levem os homens a viver numa atmosfera de confiança, propícia a atividades verdadeiramente produtivas e úteis à coletividade, nada mais salutar, parece-nos, que acostumar os homens ao conhecimento exato e sereno de si mesmos. Não é fácil, porém, realizá-lo. “Cada indivíduo é um universo”, e este universo é tão dificilmente penetrável aos olhos dos demais como à sua própria consciência. O julgamento humano, como as perecepções da criança, são cheios daquela visão confusa que, por assinalarem vago contorno das coisas, ou apenas algumas de suas minúcias, o tornam irreal. Impregnado de pensamento afetivo, fortemente egocêntrico e precipitado, esse julgamento elabora, ao invés de retratos fiéis de nós mesmos e dos outros, caricaturas tendenciosas, crivadas de erros, e, por isso, nefastas ao entendimento mútuo.

Não se compenetrou ainda a escola de nossos dias de seu papel de formadora de “opiniões judiciosas”. Não tomou bastante a sério o valor do método experimental na educação do pensamento. Os alunos continuam diplomar-se sem treinar seus olhos na observação direta do mundo físico ou social.

Ao estudo psicológico, nas escolas, é dado pouco tempo; e é ele feito de forma tão abstrata, tão fora do contexto real da vida, que os alunos continuam a lhe dar a mesma importância que dariam ao estudo duma distante nebulosa. Entretanto, bem necessário é que o homem tenha esclarecimentos sobre os meios psíquicos de que disponha, que conheça os limites de suas capacidades, e, ao mesmo tempo, saiba melhor interpretar aquilo que seus sentidos, sua memória, suas emoções e seus desejos lhe forneçam, interpondo-se entre ele e o mundo. Aliás, nada mais interessante que uma experiência sobre a ilusão dos sentidos, os erros do testemunho, as quedas de atenção num trabalho mental, ou o estudo dos conflitos psíquicos, para que todos se convençam de que a psicologia merece outro horário nas escolas, e, principalmente, outros métodos de ensino. É ela uma disciplina viva, que, em cada um, tem amostras inesgotáveis, e às quais se poderá aplicar o método direto de estudo.

Entre inúmeros cursos facultativos que, nos Estados Unidos, existem para mestres e educadores, segundo nos disse uma autoridade na matéria, o Dr. Charles Stewart, de passagem pelo Rio de Janeiro, as inscrições para os cursos de higiene mental costumam atingir altos índices. Essa preferência demonstra a necessidade que todos sentem de se familiarizar objetivamente com os problemas do mundo psíquico.

Pensamos que esse estudo prático da psicologia humana, ou do comportamento em situações reais, para melhor compreensão de nós mesmos, poderá ser iniciado nos últimos anos da escola primária, e prosseguir através de todo o curso secundário, ou do curso normal. Neste último, será ele do maior alcance, e deverá tomar caráter mais direto e “catártico”, de maneira a influir seriamente na formação profissional do educador.

Por assim pensar é que, em nosso curso de psicologia para professores, que durante quinze anos realizamos na Escola de Aperfeiçoamento, em Belo Horizonte, demos larga parte do tempo à observação das próprias alunas, estudando-as sob vários aspectos mentais, ou experimentando a veracidade do preceito já formulado por Schiller: “Se queres compreender os outros, olha teu próprio coração; se desejas compreender a ti mesmo, vê como agem os outros”.[...]”
(HELENA ANTIPOFF, em artigo publicado originalmente na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos 5 (14), ago. 1945, p. 245-258, e em Helena Antipoff: textos escolhidos / Regina Helena de Freitas Campos (Organizadora). – São Paulo: Casa do Psicólogo; Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2002. – (Coleção clássicos da psicologia brasileira).

Mais uma uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de EDITORIAL publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de setembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 8, que merece INTEGRAL transcrição:

“A primeira prioridade

Parece não haver mais dúvida quanto à prioridade zero do Brasil: a EDUCAÇÃO (o grifo é meu). Mau posicionado em todos os rankings internacionais, que comparam o desempenho dos alunos dos níveis fundamentais e médio, o país também não tem mais espaço para dúvidas quanto à gravidade da situação do ciclo básico. É tão ruim que já compromete até a oferta de mão de obra menos qualificada, bastou a economia manter ritmo de crescimento mais acelerado. Perceber a educação como parte da estratégia de sobrevivência do país, entre as nações que almejam estágio mais avançado de desenvolvimento, tem sido algo distante dos governantes há décadas. O tempo perdido começa a cobrar seu preço e aumenta a urgência de uma mobilização geral para enfrentar o problema que, a esta altura, tem dimensão que não aceita mais atos isolados. É hora de se organizar uma verdadeira CRUZADA (o grifo é meu) em busca de resultados objetivos na direção do resgate da educação de primeiro e segundo grau em todo o território nacional (o grifo é meu).

É mais do que oportuna, portanto, a iniciativa do movimento Todos pela educação, bancado por 26 entidades ligadas à educação, que está colhendo adesão formal dos candidatos às eleições de outubro. Além de representação de escolas, professores, autoridades estaduais e municipais da área, o movimento conta com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Unesco, do Unicef e do Conselho Nacional de Educação (CNE). O documento estabelece metas a serem cumpridas ao longo dos próximos 10 anos, como a de igualar o desempenho dos estudantes brasileiros do ciclo básico ao dos países de Primeiro Mundo, verificada em 2003. Eles terão de conseguir nota média 6. Na última verificação, em 2009, ela não passou de quatro.

Há ainda objetivos específicos incluídos no documento, como os de alfabetizar todas as crianças até oito anos de idade antes de 2014, incluir todos os jovens e crianças de 4 a 17 anos na escola até 2016 e cobrir toda a demanda por vagas em creches até 2020. Para tanto, o documento tem como um de suas principais reivindicações dobrar o valor dos investimentos que o país realiza atualmente na educação, devendo passar dos 5% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2010. A maior parte, 8% do PIB, deverá ser aplicada no nível básico e 2% no superior, o que promove uma inversão no que vem praticado pelos governos da União.

As metas propostas são viáveis, mas dependem do comprometimento de todos os níveis de governo e de forte apoio parlamentar. Por isso mesmo, o movimento preparou a carta-compromisso “Pela garantia do direito à educação de qualidade” (o grifo é meu) que está sendo levada a todos os candidatos. São basicamente quatro compromissos que, a rigor, não representam qualquer novidade: ampliar o financiamento da educação pública, implementar ações concretas para valorizar os profissionais da área, promover a gestão democrática do ensino e aperfeiçoar as políticas de avaliação e regulação. Não faltam motivos para que todos apóiem o movimento e se comprometam com essas metas. O que está em jogo é grande demais para ficar à mercê de disputas partidárias. A educação tem de ser um projeto da nação e uma bandeira da sociedade, acima de interesses políticos e muito além de eventuais ocupantes de poder.”

O movimento TODOS PELA EDUCAÇÃO constitui, assim, bandeira a ser DESFRALDADA com os nossos MELHORES e mais GENUÍNOS sentimentos de AMOR à PÁTRIA e de FÉ na HUMANIDADE, e nos MOTIVA e nos FORTALECE nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...