“Combater
a tirania é valorizar a educação
Toda barbárie advém da
ignorância. Meramente, não da falta de cortesia, mas, principalmente, do acesso
ao conhecimento e às escolas. Combater o despotismo e os erros é, acima de
tudo, colocar a educação, indiscutivelmente, como prioridade inexorável em
nosso país. A história da educação no Brasil é bastante desconexa aos princípios
de desenvolvimento. No passado, desde a coroa portuguesa nos primeiros
ordenamentos educacionais, somente barões e coronéis é que tinham condições de
dar acesso às escolas aos seus filhos. A ideologia de exploração trouxe
inúmeros atrasos/retrocessos que, consequentemente, pagamos até os dias atuais.
A
idealização das classes dominantes é que seus descendentes estudassem para a
conquista de mais riquezas e não para a ampliação do desenvolvimento e a
democracia no nosso território. A questão da educação precisa ser amplamente
discutida com a sociedade. Investir em educação, na atualidade, é esperar por
resultados demorados. Ao pensarmos nos investimentos em educação no Brasil, em
comparação a outros países, ainda temos um longo caminho a percorrer. Quase
metade do orçamento federal é destinada, todos os anos, ao pagamento do
principal e dos juros da dívida pública. Esse comprometimento do orçamento
prejudica a saúde, a cultura, a cultura, a segurança pública e, também, a
educação.
A tão
sonhada lei de responsabilidade educacional, que poderia admitir e instituir a
articulação de metas no âmbito da União, estados e municípios, permitiria um
maior compromisso dos agentes e entes públicos com a qualificação e a ampliação
dos espaços educacionais. Se quisermos um aumento da qualificação do modelo de
educação adotado no país, este deveria ser melhorado a partir do imediato
compromisso conjunto de todos os entes federados e a participação da sociedade.
A decisão, por parte do governo, em cortes no orçamento da educação reduz ainda
mais, investimentos na qualificação e no aperfeiçoamento de gestores e no
avanço de pesquisas científicas. Uma praxe dos executivos que agora assumem
compromissos financeiros de longuíssimos prazos, comprometendo toda a máquina
pública. A educação, por princípio e método, é o alicerce de todas as
expectativas de melhoramento da sociedade. A ciência educacional nos envolve a
analisar o humano dentro de suas concepções e atitudes, observando suas
limitações, desejos e angústias, e buscando, acima de tudo, o desenvolvimento.
Avançar sem medida, sempre junto, com e pelo ser. Olhar de forma diferenciada
as particularidades humanas e focar no principal, o bem-estar do ser humano, de
forma integral. Uma educação que não aumenta a expectativa de qualidade de vida
da população é o significante incontestável de um conhecimento sem liberdades
emancipatórias, pois apenas transforma o dominado em dominador e o oprimido em
opressor.”.
(THALES AGUIAR.
Jornalista e escritor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de julho de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
12 de julho de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e
que merece igualmente integral transcrição:
“Onde
se abrem
os olhos?
Um
amigo escritor responde a essa pergunta, de modo magistral e com propriedade,
com força para incomodar qualquer coração sensível. Ele diz: “É por dentro das
coisas que as coisas são. O mergulhador abre os olhos dentro do mar. O
alpinista abre os olhos não além da montanha, mas dentro dela, partindo dela.
Os viajantes modernos atravessam o interior das nuvens. É por dentro que as
coisas se revelam. O orante abre os olhos dentro de Deus”. É preciso abrir os
olhos. Olhos fechados não permitem ver o que é preciso e, assim, produzem
indiferenças responsáveis por comprometimentos de pequenas e grandes coisas.
Comprometimentos da palavra dada e não cumprida até as indiferenças que ameaçam
a paz em todos os níveis.
É
preciso ver por dentro. Não vendo por dentro ocorrem os descompassos e
prejuízos, inclusive para ofícios sacerdotais. Profissões e vocações que se
pautam nos parâmetros do sacerdócio requerem uma qualificação ainda mais
aprofundada, especialmente nas perspectivas humanística e espiritual. Afinal, a
medida de todo sacerdócio é sempre grande e exige, sem dispensas, sob pena de
desqualificação, a competência de olhar dentro do outro a quem se serve. Há uma
medida comum de todo sacerdócio, consideradas as diferenças de contextos e
circunstâncias. Essa medida é o serviço dedicado ao próximo e à comunidade.
Servir não se restringe a um simples desempenho maquinal. Bem mais que isso, é
o atendimento das necessidades reais do próximo – a quem se dedica o serviço.
Não há
referência sacerdotal mais perfeita que a de Jesus. Seu sacerdócio é uma oferta
magnificamente inquestionável. Vai além da materialidade. Constitui um modo de
ser com força restauradora. O sacerdócio de Cristo é, pois, modelar,
inigualável, pelo sentido real da oferta que o Mestre faz de si mesmo. Jesus
derrama seu sangue redentor na cruz, entrega a sua própria vida,
incondicionalmente, tornando-se fonte inesgotável para o resgate total de
muitos. É inspiração para toda vivência sacerdotal, isto é, para a oferta de
si. A referência sacerdotal de Cristo, aplicada ao conjunto dos serviços
dedicados à construção de uma sociedade solidária, de um novo tempo, nos
parâmetros do desenvolvimento integral, proveria grandes e urgidas mudanças,
configurando recomposições e significativas conquistas civilizacionais.
De fato,
não há outra saída para capacitar mentes e corações no tratamento da vida como
dom precioso. Tradicionalmente, a referência ao sacerdócio remete aos
exercícios sacerdotais no interno da confissão religiosa. Mas também se refere
ao exercício da medicina. Ouve-se, constantemente: “a medicina é um
sacerdócio”. Não poderia ser diferente, por exigir padrões de comportamentos e
posturas que devem emoldurar os diagnósticos técnicos, que são importantes, mas
se repetidos – roboticamente – levariam a situações lamentáveis. Um antecipado
veredito de morte, por exemplo, poderia significar menos cuidados com o
paciente. O simples cumprimento burocrático de um ritualismo sacerdotal é,
assim, incompetência comprovada na tarefa de abrir os olhos. É uma incapacidade
para ir além do rito, diante da dor de quem se deve servir, dos brotos de suas
esperanças, respeitando, de modo reverente, as suas histórias.
O
verdadeiro sacerdócio requer forro humano e espiritual. Vai muito além das
competências conceituais e técnicas conquistadas, das facilidades oferecidas
pelas máquinas e por receituários “pré-fabricados”, do desempenho maquinal de
ritos sem alma e sem força de interpelação, como reclamam fiéis. Sem o
revestimento humanístico e espiritual não se tem força para recuperar a vida.
Ao contrário. Mata-se mais depressa e as palavras não falam ao coração. Isso
porque, no lugar certo e para quem é devido, não se abrem os olhos. Para outros
interesses e outras situações, menos importantes, é que, frequentemente, são
abertos.
A
sociedade não encontrará novo equilíbrio apenas com o aquecimento da economia,
nem somente com acertadas reformas. Sobretudo, espera-se que os cidadãos sejam
capazes de acertar o lugar onde devem abrir os olhos: o sacerdócio, seja na
confissão religiosa, seja no âmbito da saúde, na dor dos pobres e enfermos, dos
sofredores e aflitos. Do contrário, serão eficientes na “fala”, no manuseio de
máquinas e ritos, mas não terão força de resgate e restauração. E portas serão
fechadas aos milagres da vida por não haver acerto sobre onde se abrem os
olhos.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto
das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas,
soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de
299,78% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou em históricos 320,87%; e já o IPCA, também
no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,66%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos
e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria
da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.