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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A CIDADANIA, O SOCIALISMO HUMANÍSTICO E A AGENDA ATRAVÉS DO JORNAL DE QUALIDADE


“A necessidade de assumir o socialismo humanístico
        A nossa geração viu caírem dois muros aparentemente inabaláveis: o de Berlim, em 1989, e o de Wall Street, em 2008. Com o muro de Berlim, ruiu o socialismo marcado pelo estatismo, pelo autoritarismo e pela violação dos direitos humanos. Com o muro de Wall Street, se deslegitimaram o neoliberalismo como ideologia e o capitalismo como modo de produção.
         Apresentavam-se como duas visões de futuro e duas formas de habitar o planeta, agora incapazes de nos dar esperança e de reorganizar a convivência planetária.
         É nesse contexto que ressurgem as propostas vencidas no passado, mas que podem ter agora chance de realização, como a democracia comunitária e o “bem viver” dos andinos.
         O capitalismo realmente existente (a sociedade de mercado) eu descarto de antemão porque é tão nefasto que, a continuar com sua lógica devastadora, pode liquidar a vida humana sobre o planeta. Ao socialismo, particularmente o PSB com o lamentado Eduardo Campos, cabem algumas chances.
         Os fundadores do socialismo (Marx pretendeu dar-lhe um caráter científico contra os outros que chamava de “utópicos”) nunca o entenderam como simples contraposição ao capitalismo, mas como a realização dos ideais proclamados pela revolução burguesa: a liberdade, a dignidade do cidadão, o seu direito de livre desenvolvimento e a participação na construção da vida coletiva e democrática. Gramsci e Rosa Luxemburgo viam no socialismo a realização plena da democracia.
         A questão básica de Marx era: por que a sociedade burguesa não consegue realizar para todos os ideais que ela proclama? Produz o contrário do que quer. A economia política deveria satisfazer as demandas humanas (comer, vestir-se, morar, instruir-se, comunicar-se etc.), mas, na verdade, ela atende as necessidades do mercado, em grande parte artificialmente, e visa a crescente lucro.
         Para Marx, a não consecução dos ideais da revolução burguesa não se deve à má vontade dos indivíduos ou dos grupos sociais. É consequência inevitável do modo de produção capitalista. Esse se baseia na apropriação privada dos meios de produção (capital como terras, tecnologia etc.) e na subordinação do trabalho aos interesses do capital. Tal lógica dilacera a sociedade em classes, com interesses antagônicos, incidindo em tudo: na política, no direito, na educação etc.
         As pessoas na ordem capitalista tendem facilmente, quer queiram, quer não, a se tornar desumanas e estruturalmente “egoístas”, pois cada qual se sente urgido a cuidar, primeiro, de seus interesses e somente depois dos interesses coletivos.
         Qual é a saída excogitada por Marx e seguidores? Trocar de modo de produção. No lugar da propriedade privada, introduzir a propriedade social. Mas adverte Marx: a troca do modo de produção não é ainda a solução. Ela não garante a nova sociedade, apenas oferece as chances de desenvolvimento dos indivíduos que não seriam mais meios e objetos, mas fins e sujeitos solidários na construção de um mundo realmente com rosto humano. Mesmo com essas precondições, as pessoas têm que querer viver as novas relações. Caso contrário, não surgirá a nova sociedade. E diz mais: “A história não faz nada; é o ser humano concreto e vivo que tudo faz; a história não é outra coisa que a atividade dos seres humanos buscando seus próprios objetivos”.
         Minha aposta: iremos na direção de uma crise ecológico-social de tal magnitude que, ou assumimos o socialismo com esse teor humanístico, ou então não teremos como sobreviver.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 29 de agosto de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de setembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Jornal pauta a agenda
        Relatora de liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), a colombiana Catalina Botero agradeceu a coragem dos jornalistas que revelam tramas de corrupção e graves violações dos direitos humanos. Em discurso no último dia do 10º Congresso Brasileiro de Jornais, realizado recentemente em São Paulo, ela frisou a importância do jornalismo profissional e independente para o desenvolvimento e a manutenção dos regimes democráticos e disse ter a certeza de que “a imprensa escrita não poderá ser substituída por mensagens de 140 caracteres”.
         As redes sociais e o jornalismo cidadão têm contribuído  de forma singular para o processo comunicativo e propiciado novas formas de participação, de construção da esfera pública, de mobilização do cidadão. Mas as notícias que realmente importam, isto é, que são capazes de alterar os rumos de um país, são fruto não de boatos ou meias verdades disseminadas de forma irresponsável ou ingênua, e sim de um trabalho investigativo feito dentro de rígidos padrões de qualidade, algo que está na essência dos bons jornais impressos.
         A confiança da população na qualidade ética dos seus jornais tem sido um inestimável apoio para o desenvolvimento de um verdadeiro jornalismo de buldogues. O combate à corrupção só é possível graças à força do binômio  que sustenta a democracia: imprensa livre e opinião pública informada.
         “Poucas coisas podem ter o mesmo impacto que o jornal tem sobre os funcionários públicos corruptos, sobre os políticos que se ligam ao crime, que abusam do seu poder, que traem os valores e os princípios democráticos”, sublinhou Catalina. Os jornais, de fato, determinam a agenda pública e fortalecem a democracia. Políticos e governantes com desvios de conduta odeiam os jornais. Mas eles são, de longe, os grandes parceiros da sociedade. A plataforma digital reverbera, amplifica. Mas a pauta nasce nos jornais. A frivolidade digital não faz contraponto e não edifica a democracia.
         Navega-se freneticamente no espaço virtual. Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência. Fica-se refém da superficialidade e do vazio. Perde-se contexto e sensibilidade crítica. A fragmentação dos conteúdos pode transmitir certa sensação de liberdade. Não dependemos, aparentemente, de ninguém. Somos os editores do nosso diário personalizado. Será? Não creio, sinceramente. Penso que há uma crescente demanda de jornalismo puro, de conteúdos editados com rigor, critério e qualidade técnica e ética. Há uma nostalgia de reportagem. É preciso recuperar, num contexto muito mais transparente e interativo, as competências e o fascínio do jornalismo de sempre.
         Jornalismo sem brilho e sem alma é uma doença que pode contaminar redações. O leitor não sente o pulsar  da vida. As reportagens não têm cheiro do asfalto. As empresas precisam repensar os seus modelos e investir poderosamente no coração. É preciso dar novo vigor à reportagem e ao conteúdo bem editado, sério, preciso, ético. É preciso contar boas histórias. Com transparência e sem filtros ideológicos.
         A precipitação e a falta de rigor são vírus que ameaçam a qualidade. A incompetência foge dos bancos de dados. Na falta de pergunta inteligente, a ditadura das aspas ocupa o lugar da informação. O jornalismo de registro, burocrático e insosso, é o resultado acabado de uma perversa patologia: a falta de planejamento, o despreparo de repórteres e a obsessão de editores com o fechamento. Quando editores não formam os seus repórteres, quando a qualidade é expulsa pela ditadura do deadline, quando as pautas não nascem da vida real, mas de pauteiros anestesiados pelo clima rarefeito das redações, é preciso ter a coragem de repensar todos os processos.
         A fortaleza do jornal não é dar notícia, é se adiantar e investir em análise, interpretação e se valer de sua credibilidade. Não é verdade que o público não goste de ler. Não lê o que não lhe interessa, o que não tem substância. Um bom texto, para um público que adquire a imprensa de qualidade, sempre vai ter interessados.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (por exemplo, segundo reportagem da Folha de São Paulo, de 14 de dezembro de 1994: “A CEI (Comissão Especial de Investigação) apurou que nos últimos quatro anos a remessa ilegal de dólares ao exterior chegou a US$ 20 bilhões, o que equivale a 15% da dívida externa do Brasil...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (transportes, trânsito, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação); cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 27 de junho de 2014

A CIDADANIA, A COPA DO MUNDO E O SANTO DA LIBERDADE



“A Copa do Mundo
         
         O momento em que milhões de seres racionais se concentram para acompanhar partidas de futebol é bem a hora de se perguntar como se posiciona um cientista social perante esse fenômeno humano. Trata-se de um capítulo da filosofia da arte.
         A beleza é uma propriedade transcendental de todo ente racional. O futebol apresenta a beleza com os mais variados matizes. Quem bem observa a movimentação dos jogadores em campo nota que há um verdadeiro balé executado com refinada arte. É ritmo do futebol que atrai, que fascina.
         A partida de futebol vai assumindo evoluções que se assemelham a passos de uma verdadeira epopeia. A tudo isso se acrescente  que o futebol arma uma verdadeira disputa entre entes dotados de razão e alimenta a imaginação que conduz seu assistente aos paramos do delírio.
         Não se trata de uma mensagem via ações imaginadas por um artista, mas criada, de fato, por 22 protagonistas de cenas imprevisíveis, todas elas dotadas de sequências de gestos bem combinados e associados que exprimem perfeição e beleza.
         Tudo o que acontece numa partida de futebol é irrepetível, é uma situação única. É que uma jogada da mais refinada arte estética produzida por um gênio do futebol é fruto de um juízo prático intuitivo, mas sumamente criativo, só possível a um ser dotado de intelecto.
         O futebol é uma linguagem que é entendida pelos homens de todos os lugares e de todas as etnias. Quando então se realiza a Copa do Mundo, os homens se sentem ainda mais irmãos. Tudo isso mostra que o futebol, como arte, tem por causa desse aspecto filosófico uma função humana de profundas repercussões, tanto mais que a arte é mensageira da esperança. Pena que a comercialização e a corrupção estejam maculando esse esporte.
         No total, segundo foi noticiado nos meios de comunicação social, o governo federal e os governos estaduais das 12 sedes já gastaram R$ 8 bilhões. As necessidades básicas do país são postas em segundo plano. Isso numa nação de profundas desigualdades sociais e na qual a corrupção gangrena a classe política.
         Justas, portanto, as ondas de protestos, sinal do mau humor generalizado de um povo sofrido. Por outro lado, a classe média já está diante do fantasma da inflação. É, porém, de pasmar a declaração dos organizadores da Copa de que, com o início dos jogos, o futebol será, por algumas semanas, o ópio do povo.
         Será esquecida por uns dias a trágica condição das crianças. A situação de milhares de meninos pobres e abandonados levados pelo desespero a toda sorte de comportamento anti-sociais. Eles são desprezados, muitas vezes jogados nos institutos de correção sem nenhum procedimento jurídico que lhes faculte a defesa. Entretanto, que as manifestações populares sejam pacíficas e sem violência!
         Apesar dos pesares, vamos torcer para que o Brasil seja hexacampeão!”

(José Geraldo  Vidigal de Carvalho. Cônego; da Academia Mineira de Letras, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de junho de 2014, caderno O.PINIÃO, pagina 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 5), de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“O santo da liberdade
         
         Quem teve, como eu, a experiência de conhecer um santo sabe que certas datas têm o condão de despertar muitas lembranças. Quinta-feita, 26 de junho, a Igreja celebra a festa de São Josemaria Escrivá. Há 40 anos, em maio e junho de 1974, visitou o Brasil e se apaixonou pelo que viu: a diversidade de raças, o convívio aberto e fraterno, a alegria, a musicalidade da nossa gente. Apalpam-se no Brasil, dizia ele comovido, todas as combinações que o amor humano é capaz de realizar. Liberdade, tolerância e carinho, traços característicos de nosso modo de ser, atraíram profundamente o fundador do Opus Dei.
         A figura amável de São Josemaria e a força de sua mensagem tiveram grande influência em minha vida pessoal e profissional. Aproveitando a efeméride, quero compartilhar com você, amigo leitor, algumas ideias recorrentes na vida e nos ensinamentos de São Josemaria: seu amor pela verdade e sua paixão pela liberdade. Trata-se de convicções que constituem uma pauta permanente para todos os que estamos comprometidos com a tarefa de apurar, editar, processar e transmitir informação.
         “Peço a vocês que difundam o amor ao bom jornalismo, que é aquele que não se contenta com rumores infundados, com boatos inventados por imaginações febris. Informem com fatos, com resultados, sem julgar as intenções, mantendo a legítima diversidade de opiniões, num plano equânime, sem descer ao ataque pessoal. É difícil que haja verdadeira convivência onde falta verdadeira informação; e a informação verdadeira é aquela que não tem medo da verdade e que não se deixa levar por desejos de subir, de falso prestígio ou de vantagens econômicas.” A citação, extraída de uma das entrevistas do fundador do Opus Dei à imprensa, é um estímulo ao jornalismo de qualidade.
         Apoiado na força de sólidos convicções, o pensamento de São Josemaria suscita, ao mesmo tempo, uma visão aberta, serena, pluralista. Sempre me impressionou o tom positivo da sua pregação. Sua defesa da fé não é, de fato, antinada, mas a favor de uma concepção cristã da vida que não pretende dominar à força da imposição, mas, ao contrário, quer se apresentar como uma alternativa cuja validade depende da resposta livre do homem.
         Sua doutrina se contrapõe a uma doença cultural do nosso tempo: o empenho em confrontar a verdade e a liberdade. Frequentemente, as convicções, mesmo quando livremente assumidas, recebem o estigma de fundamentalismo. É o covarde recurso de rotular negativamente quem pensa de modo diverso. Impõe-se, em nome da liberdade, o que se poderia chamar de dogma do relativismo. Essa relativização da verdade não se manifesta apenas no campo das ideias. De fato, tem inúmeras consequências na prática jornalística.
         A tendência a reduzir o jornalismo a um trabalho de simples transmissão de diversas versões oculta a falácia de que a captação da verdade é um sonho romântico. Com efeito, se a verdade fosse impossível de ser alcançada, a simples apresentação das versões (ouvir o outro lado) representaria o único procedimento válido. Josemaria Escrivá rejeita essa  atitude míope e empobrecedora. “Informar”, diz ele, “não é ficar a meio caminho entre a verdade e a mentira”. O bom jornalista é aquele que aprofunda, vai atrás da verdade, que, como dizia o grande jornalista Claudio Abramo, frequentemente está camuflada atrás da verdade aparente. É, sobretudo, aquele que não se esconde  por trás de uma neutralidade falsa, morna e cômoda.
         Ao mesmo tempo em que defende, os direitos da verdade, São Josemaria não deixa de enfatizar o valor insubstituível da liberdade humana – particularmente da liberdade de expressão – contra todas as formas de sectarismo e de intolerância. E, ao contemplar o dogmatismo que, tantas vezes, preside as relações humanas, manifesta um sentida queixa: “Que coisa triste é ter mentalidade cesarista e não compreender a liberdade dos demais cidadãos, nas coisas que Deus deixou ao juízo dos homens”. Para ele, o pluralismo nas questões humanas não é apenas algo que deve ser tolerado, mas, sim, amado e procurado.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a
      a)     a educação –  universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento – até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irrecuperáveis;
      
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões),  a exigir igualmente imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...