“Os
sonhos como poderosos
aliados na evolução do homem
Na evolução de um
indivíduo, há fases em que as transformações são mais lentas, o que se explica,
muitas vezes, por compromissos e concessões às partes mais velhas do seu ser.
Entretanto, há períodos em que se operam rápidas mudanças, e os sonhos podem
ser valiosos na preparação para elas.
Às
vezes, um sonho se repete justamente para lhe devotarmos a necessária atenção;
o próprio fato de se repetir significa que é bom re-examiná-lo, pois encerra
alguma lição especial. Pode acontecer também que o tenhamos estudado, mas não
em todos os detalhes – nesse caso, sua mensagem volta em forma de novo sonho ou
mesmo de recordação para termos a oportunidade de observar o que antes passou
desperdiçado. Se um sonho se refere a uma transformação a longo prazo, pode
trazer-nos ajuda em diferentes fases da nossa caminhada.
Os
sonhos constituem poderosos aliados da evolução do homem, que, por meio deles,
é capaz de participar da vida em vários níveis de realidade e de consciência.
Sugerimos
a seguir alguns cuidados que podemos ter par estarmos de forma mais consciente
diante dos sonhos.
Usar
de candura para com os outros é um dos pontos chave para tornarmo-nos
conscientes dos sonhos. Por sua vez, o espírito crítico carrega a mente de
tensões que enrijecem o cérebro, afetando a sensibilidade. Do mesmo modo, é
necessária a simplicidade de coração, que surge quando enfocamos a consciência demoradamente
na alma, quando nos lembramos dela com frequência. Com a prática de tê-la
sempre em mente, transformamo-nos em pessoas simples, menos orgulhosas ou
vaidosas.
A
generosidade é outra qualidade importante a ser desenvolvida para que a vida de
sonhos se torne útil. Ela nos coliga com níveis de existência mais elevados e
dissolve o egocentrismo, um dos maiores obstáculos à clareza de visão diante
dos sonhos. Os egocêntricos, só pensam em si, distanciam-se do mundo superior
que, embora presente dentro deles, não é percebido.
O fato
de termos boa energia, de estarmos bem vitalizados durante o dia, é bom para o
processo de descoberta interior pela vida onírica. A desvitalização traz
inércia, deixa o cérebro letárgico. Se tal estado energético é ocasionado pelo
modo como vivemos, colocar ordem em nosso cotidiano é uma prioridade.
Se
agimos por interesse, com preocupação excessiva em obter resultados, ficamos
ligados à vibração terrestre e podemos permanecer nesse nível ao adormecer,
dificultando, assim, a consciência da vida de sonhos. Isso não quer dizer que
não devamos ser práticos, pois trata-se de condição necessária para
enfrentarmos bem a vida física. O que deve ser evitado é agirmos visando apenas
algo em troca. No sonho, essa “praticidade” é inútil, pois nas dimensões sutis
não é necessário lutar para ter aquilo de que se precisa – tudo nos vem como um
passe de mágica, se tiver mesmo de vir.
Conta-se
que, certa vez, Mozart tinha uma peça musical a compor e, rodando pela cidade
de carruagem, adormeceu sentado no banco. Embora o veículo sacolejasse muito,
ainda assim conseguiu dormir. Sonhou, então, com a peça que devia compor,
ouvindo-a inteira. Quando a carruagem chegou ao destino, acordou e pôde
escrevê-la.
Diante
desse fato ilustrativo, resta-nos a pergunta: será mesmo necessário sermos
sempre utilitaristas?”.
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 2 de agosto de 2015, caderno OPINIÃO, página 16).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de agosto
de 2015, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Crises
e nova cultura
O momento atual se
caracteriza pelas crises, cada vez mais evidentes, com consequências reais para
além do mero alarmismo. É real a situação difícil vivenciada por pessoas e
setores afetados. As análises comprovam que a gênese dessas crises enfrentadas
pela sociedade brasileira tem um histórico que é fruto das escolhas políticas,
da eleição equivocada de prioridades sociais e também do tipo de tecido
cultural sobre o qual está assentada.
O fato
é que há crises e elas trazem consequências de diferentes naturezas. Momento
oportuno para se refletir sobre o ensinamento que se aloja no reverso dessa
realidade desafiadora. O ponto de partida para essa reflexão é admitir que
nenhuma crise é acontecimento súbito. Sua geração é um longo desdobramento que
pode revelar preciosas lições no que diz respeito a reações e novas respostas.
Um processo capaz de proporcionar aprendizagens relevantes e transformadoras.
Seria um grande risco deixar passar em “brancas nuvens” a singular oportunidade
de se aprender novas dinâmicas nas relações sociais. São imprescindíveis as atitudes
fundamentadas nos princípios dessas lições.
Vista
desse modo, a crise torna-se possibilidade de se ingressar em um processo de
correção de rumos. Desvencilha a sociedade do perigo de um tratamento cultural
da situação com o conhecido “jeitinho” próprio de dissimular os pontos críticos
e justificar a manutenção de um sistema que neutraliza ações eficazes para a
superação dos desafios.
A hora
é oportuna para vencer a desconfiança, o desespero e a desorientação provocadas
pelas dificuldades. É o momento certo para se exercer a cidadania ao mesmo
tempo em que se esperam, com justeza, novas configurações na postura dos órgãos
governamentais, instâncias públicas de representação e daquelas que,
diretamente, prestam serviços ao povo. Não menos exigente é a expectativa
quanto às atitudes dos construtores da sociedade, para que ajam norteados por
princípios que garantam o bem comum, prezando o crescimento e o desenvolvimento
das instâncias responsáveis pela produção e sustentação do equilíbrio social e
econômico.
Além
dos aspectos que atingem altas esferas e intervenções de caráter sistêmico,
vale considerar a crise como oportunidade para uma nova cultura modulada em
hábitos e atitudes – reações e respostas a favor daquilo que a própria crise
aponta como solução. Assumir outro modo de pensar e agir, no entanto, não é tão
fácil assim. Existe uma forte tendência do ser humano ao comodismo, o que o
predispõe a manter os mesmos costumes, diferentemente das pessoas que enfrentam
rupturas drásticas da ordem social e econômica provocadas pelas guerras ou
catástrofes naturais. Nesse contexto, o estado de penúria impõe a aprendizagem
das lições sobre economizar, evitar desperdícios e a adoção de novos hábitos.
Essas rupturas e as consequências com força de testemunho funcionam sempre como
forte apelo para novas atitudes. Nesses momentos, por exemplo, é comum
presenciarmos gestos de pessoas que doam parte de suas fortunas ou de seus
altos salários em prol do bem comum. São iniciativas que contribuem para a
construção de uma cultura solidária e sustentável.
Condutas
como essa ainda não fazem parte de nossa realidade. Sequer ousamos esperar que,
diante das necessidades do governo de atender as demandas do setor educacional,
políticos e funcionários de alto escalão aceitem ter os vencimentos reduzidos.
O que se vê são atitudes em causa própria, tomadas em todas as instâncias do
poder.
A
própria superação da crise econômica exige novos parâmetros. É urgente
encontrarmos um modelo que não dependa do consumismo. No momento atual,
torna-se indispensável um processo de reeducação no consumo que pode começar no
momento das refeições diárias diante da discrepância entre a quantidade servida
e a necessidade das pessoas. O equilíbrio ao consumir é, sem dúvida, um desafio
cultural que precisa entrar agora como legado advindo do tratamento e do
enfrentamento da crise.
Não se
pode restringir o olhar sobre os expressivos números do contexto econômico
nacional ou global – é curioso como são predominantes nos noticiários quantias
astronômicas. Torna-se necessário, primeiro, aprender a poupar, a valorizar o
dinheiro, a partir de cada centavo, para saber respeitar e exigir respeito ao
erário. O propósito não é o de fazer apologia à usura, mas sim de sugerir o
princípio da otimização do consumo cultural daquilo que é realmente necessário.
Certamente, se a sociedade aprendesse a superar o desperdício com as crises em
curso, já haveria uma radical transformação de hábitos com os ganhos incidindo
sobre o atendimento às necessidades de outros que hoje estão às margens do
mercado. É possível vislumbrar que essa reeducação aponte até mesmo para a
correção de critérios morais, pois a cultura da ganância também patrocina a
tolerância à corrupção. Que as crises se tornem escolas de aprendizagem e de
construção de uma nova cultura.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em
junho a marca de 372,0% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos
últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do
procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A
Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o
problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu
caráter transnacional; eis, portanto,
que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas
simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de
suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do
nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a
dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$
868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente participativa, justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os
projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização,
da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da
inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo
mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O
BRASIL TEM JEITO!