“Conhecimento
científico: chave da sustentabilidade
No momento em que a
ciência sofre ataques, é hora de lembrar as contribuições que ela já deu e
revelar o que estaria em risco na sua ausência. Quando representantes de
governos negam a ciência, toda a nação perde. O negacionismo científico,
especialmente se institucionalizado, enfraquece um país. A consequência mais
nefasta desse comportamento é fazer com que uma parcela da população imagine
que dogmas, especulações e informações sem evidências estão no mesmo patamar da
ciência e, portanto, podem ser usados para contestá-la. A ciência é sustentada
nos melhores procedimentos disponíveis, os quais permitem a validação de
hipóteses e a reprodução de dados. Dessa maneira, para questioná-la de maneira
válida, é preciso usar os mesmos métodos.
O
conhecimento científico é uma ferramenta fundamental para todas as áreas. Na
saúde, por exemplo, é responsável pelo desenvolvimento de medicamentos,
vacinas, diagnósticos e tratamentos. No abastecimento energético, transforma,
por meio da física e da química, matéria-prima em energia. Na agricultura, leva
à compreensão da relação entre solo, planta, clima e demais variáveis que
impactam a produção de alimentos. A lista é longa.
Analisemos,
sob esse ponto de vista, a agricultura. Nesse setor, a relevância da ciência é
inquestionável. Sementes com alta tecnologia agregada, máquinas que facilitam o
manejo, fertilização que corrige o solo, técnicas de irrigação que permitem o
plantio, insumos que protegem as plantas, e melhoramentos genéticos que
garantem novas variedades são apenas algumas das inovações eu já revolucionaram
a área. Se olharmos de maneira aprofundada para a ciência na biotecnologia
agrícola, veremos que elas são tão ligadas que até se confundem.
O
milho e a soja transgênicos estão entre nós há mais de uma e duas décadas,
respectivamente. Não por acaso, ao longo desses anos, esses alimentos se
tornaram os principais produtos de exportação brasileiros, rendendo16,7 milhões
de toneladas a mais de grãos na balança comercial e R$ 45 bilhões adicionais em
riquezas para o país. Algodão e cana também contam com variedades geneticamente
modificadas que trazem benefícios. Ou seja, os membros da Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), responsável pela avaliação da biossegurança
dos transgênicos no Brasil, especialistas em biologia molecular e áreas afins,
ao se ater rigorosamente aos critérios científicos, prestaram um inestimável
serviço ao Brasil.
O
esforço dos pesquisadores brasileiros em desenvolver tecnologias para a
agricultura transformou o país. Em cerca de quatro décadas, saímos da posição
de importadores de grãos para ser um dos maiores exportadores globais. O
acúmulo de saberes que possibilitou esse desempenho continua ocorrendo. Hoje,
ferramentas de agricultura digital se somam ao íntimo conhecimento que
adquirimos sobre a relação entre o vegetal, a terra, o clima e as ameaças à
produção, auxiliando pequenos e grandes agricultores a aumentar o rendimento,
preservando o meio ambiente.
É
precisamente isso que nos moverá no sentido do desenvolvimento sustentável. Se
quisermos chegar nesse futuro desejável, não poderemos abrir mão de nenhuma
contribuição da ciência, nem na agricultura, nem em nenhuma outra área. Ela
deve ser reconhecida como essencial e não ser colocada na categoria de
acessório ou se submeter a lógicas de conveniência. Mesmo tendo entregado
tantos benefícios e confirmado sua confiabilidade tantas vezes, seu mérito
ainda é erroneamente questionado.”.
(ADRIANA
BRONDANI. Doutora em ciências biológicas pela UFRGS e diretora-executiva do
Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), em artigo publicado no
jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8
de fevereiro de 2019, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Olhai
as minas de Minas
Minas Gerais não pode
ser mais a mesma. Encontrar novo caminho, fiel às tradições e às riquezas do
território mineiro, para que se viva um novo tempo, é a missão que desafia o
estado e o seu povo. Minas não pode mais ser a mesmo porque a tragédia de
Brumadinho traz novamente dolorosa lição, a ser definitivamente aprendida por
todos: não se pode reduzir os parâmetros do desenvolvimento às bitolas de
idolatrias, como a do dinheiro, descompromissadas com os valores humanitários.
Idolatrias que produzem irreparáveis prejuízos, dores que jamais serão
esquecidas.
Por
isso mesmo, no coração da sociedade mineira deve vir, primeiro, o
comprometimento com o cuidado e a atenção para as minas de Minas. Assim,
impulsionados pelas dores e esperanças do povo, gravemente ferido pela tragédia
de Brumadinho, todos se unirão para fazer surgir nova etapa na organização
social, política e cultural do estado. O momento exige cooperação sincera e
transparente dos diferentes segmentos sociais, desafiados a contribuir para a
construção de um tempo novo. É preciso vencer, corajosamente, uma perigosa
“barragem de rejeitos”, que acumula a ganância sem limites, a burocracia
perversa – obstáculo para avanços necessários aos processos que merecem
adequadas avaliações e juízos, fundamentados no bem comum.
É
imprescindível que todos os cidadãos façam um exame de consciência para não se
dedicar apenas ao que leva a ganhos pessoais e egoístas. É fundamental cultivar
a sensibilidade diante da dor dos pobres, do luto de familiares. Minas Gerais
pode e merece ser diferente. A sua natureza há de ser preservada – um belo
jardim. É preciso que as posturas tenham o propósito do desenvolvimento
integral. Os agentes da destruição, que tratam com descaso a casa comum, não se
enganem: cedo ou tarde, tragédias similares às que ocorreram em Brumadinho, no
Vale do Paraopeba, e em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, podem dizimar
outros lugares, outras vidas.
É
preciso intervir com urgência na realidade para evitar outras manifestações
trágicas, com mudanças profundas em diferentes campos, da legislação ao
convívio social, valorizando mais a seriedade e a competência, o jeito mineiro
de ser, que conta muito neste momento. Ninguém pode se sentir distante da
missão de cuidar da casa comum nem se deixar manipular por interesses pouco
nobres. Seja um ponto de partida olhar as minas de Minas – reconhecendo que
suas riquezas podem ser fonte de desenvolvimento integral, progresso e geração
de emprego, fundamentados em parâmetros leais e técnico-científicos. Livre de
empreendimentos que simplesmente esburacam as montanhas e produzem barragens de
rejeitos – bombas-relógio que ao explodir destroem vidas humanas e o meio
ambiente.
Olhai
as minas de Minas nas suas belezas e riquezas, para que o estado se consolide
entre os maiores destinos turísticos do mundo. Particularmente, as regiões de
Minas Gerais sejam ainda mais reconhecidas como referência para o turismo
histórico e religioso. O tratamento dado ao território mineiro precisa mudar e,
para isso, muitas intervenções devem ser feitas. Importante destacar o papel
essencial da política nesse processo, recordando-se do que diz o papa
Francisco, em mensagem para o Dia Mundial da Paz: a política é um meio
fundamental para construir a cidadania e as obras do homem. Nunca pode ser
instrumento de opressão, marginalização e destruição. A qualificação da
política depende, sobretudo, do respeito fundamental pela vida, a liberdade e a
dignidade das pessoas, uma forma eminente de caridade.
Os
olhos e os corações precisam ser fecundados para que surjam novos modos de ver
e de sentir, com percepções mais qualificadas da realidade. Um caminho que
levará Minas Gerais a ser devidamente reconhecido e ainda mais respeitada.
Todos enxergarão o verdadeiro jardim de infinitas belezas que é o território
mineiro, um tesouro com riquezas naturais e tradições – religiosas e culturais.
Minas tem um povo com a força para impulsionar a sociedade brasileira rumo a
novos tempos. Seja, cada mineiro, consciente de seu pertencimento ao estado de
Minas Gerais, para exercer, com gosto, fecunda cidadania. Assim se constrói
novo marco civilizatório, começando pelo que é simples, mas altamente eficaz:
olhar as minas de Minas.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas
abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa
história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a ainda estratosférica marca
de 285,4% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 312,6%; e já o IPCA, também
no acumulado dos últimos doze meses, em janeiro, chegou a 3,78%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria
da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.