sexta-feira, 29 de junho de 2012

A CIDADANIA, A RIO+20 E O CAMINHAR DA HUMANIDADE

“Rio+20 e Cúpula dos Povos a caminhar para o verde

As cores carregam-se de simbolismo. As religiões preferem o branco e o azul para os momentos de festa e de alegria, enquanto o luto e a penitência acenam para o roxo ou cor escura. O vermelho simbolizou revolução, a luta libertária, o sangue da causa levada ao extremo, que os partidos de esquerda adotaram. Agora o verde se torna a cor predileta. Economia verde, planeta verde, ecologia verde, partido verde.

Rio+20 e a Cúpula dos Povos põem-se na esteira do verde. Mas os sentidos não se identificam. Iludimo-nos ao pensar que todo verde significa a mesma coisa. O Rascunho Zero do mundo oficial em que se propugna a economia verde, segundo especialistas, não se afasta do atual paradigma devastador. Simplesmente dá toque de remendo, sem ir à causa maior do modelo desenvolvimentista, baseado no lucro insaciável, na produção de bens supérfluos a retirar da Terra 30% mais de recursos que ela consegue repor. Caminha-se para a exaustão, cujas consequências para toda a humanidade escapam de previsibilidade de curto prazo.

O termo mágico se chama sustentabilidade. Mas de quê? Do sistema produtivo? Da continuidade de crescimento ilimitado dos países sem perguntar-se por que tipo? Se a Rio+20 leva para os próximos anos, em termos oficiais, nada mais que tal verde desbotado, a crise da Terra continuará e se agravará, como afirmam tantos especialistas no assunto.

Nem todos os envolvidos no mundo do mercado, da produção, têm tal visão. Há grupo sério, embora minoritário, de empresários que já se sensibilizaram para a gravidade do problema e alertam os outros empreendedores do risco que se corre. O problema maior reside na voracidade do capitalismo monetário que apóia o primeiro tipo de iniciativa, deixando em situação desvantajosa aqueles que buscam respeitar a sustentabilidade, não do sistema econômico, mas da Terra. Refletem sobre o modo de produção e sobre o sentido dos bens para discernir e triar aqueles que realmente se fazem necessários à vida humana e não desequilibram o ritmo da Terra.

O maior benefício dos megaeventos acontece no nível da consciência. Aqui vale recorrer ao velho mestre Paulo Freire. Ele começou lá no canto do Nordeste a conscientizar os camponeses. Nesse trabalho teve a genial intuição de que o ponto de partida se situa nas palavras geradoras. Traduzindo para o tema presente, os novos termos e as novas experiências que estão a fazer-se no campo da ecologia se tornaram temas e palavras geradoras. Quanto mais se avança na análise do significado delas, mais as pessoas tomam consciência da gravidade social da problemática ecológica.

Não se restringe ao espaço do indivíduo, mas amplia-se para toda a sociedade e, no caso da sustentabilidade, para todo o planeta Terra, a afetar assim a humanidade no conjunto. Se lá, junto no Nordeste, Paulo Freire lutou contra a mentalidade mágica, acrítica dos cortadores de cana, dependentes dos “donos-padrinhos”, para despertar-lhes para a própria dignidade humana, aqui no mundo da ecologia jogam-se o consumismo, o produtivismo desbragado, de um lado, e, de outro, a simplicidade, a sobriedade, a beleza de vida em harmonia com a natureza. Que resulte de tanto debate e grupos de discussão faísca conscientizadora para todos nós!”
(J. B. LIBANIO, Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de junho de 2012, Caderno O.PINIÃO, página 17).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, Caderno ECONOMIA, página 14, de autoria de MIRIAM LEITÃO, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“O intangível

Há valores que não podem ser medidos. Nesta categoria está o maior ganho da Rio+20. Famílias passaram horas nas filas diárias para a exposição Humanidades, no Forte de Copacabana. Quinhentos cientistas de vários países passaram dias trocando informações na PUC. Eventos ocuparam a cidade. Pessoas decidiram mudar de atitudes. Empresários comparam práticas, e prefeitos se comprometeram a mudar a realidade local.

Isso não mudará o mundo, nem deterá a mudança climática, mas tornará cada vez mais penoso para os governos adiar a inadiável adoção de políticas públicas e decisões políticas que reduzam o risco que corremos.

A Rio+20 não tinha a ambição de uma COP. Não tinha como objetivo um acordo global de redução das emissões de gases de efeito estufa. Era mais modesta e focada. Tentaria definir economia verde, estabelecer objetivos de desenvolvimento sustentável e decidir como transformar um dos órgãos da ONU na autoridade ambiental.

Desentendeu-se sobre o que é economia verde, registrou que os países terão objetivos, mas não definiu metas nem prazos, e apenas fortaleceu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Entre os que disseram que o documento final brasileiro era pouco ambicioso, estavam o presidente da França, da União Europeia e até o secretário geral da ONU Ban Ki-moon, antes de ter sofrido aquela brusca mudança de opinião.

A Rio+20 para mim começou bem antes, quando viajei para preparar matérias especiais. Na Amazônia, fui a Alta Floresta, que está tentando encontrar o equilíbrio entre produção e proteção. Não é a única cidade amazônica que estão fazendo isso. Contei a história no domingo passado.

Reencontrei Lélia e Sebastião Salgado com a paixão de sempre pelo trabalho interminável de refazer a Mata Atlântica na parte que lhes coube. A fazenda Bulcão, em Aimorés, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, estava totalmente degradada, com erosões e sem água, quando eles começaram o trabalho de replantar tudo. Lélia sugeriu plantar uma floresta.

Foi o princípio. Hoje, eles já contam 1,7 milhão de mudas nativas da Mata Atlântica plantadas, produziram mais de 5 milhões de mudas e acalantam o sonho de reflorestar com espécies nativas o enorme Vale do Rio Doce. “É uma área maior do que Portugal, e onde rios ficarão intermitentes até 2020. Ou seja, os rios que alimentam o Rio Doce serão secos numa parte do ano”, disse Lélia.

O Caso de Sebastião e Lélia, que entrevistei para o canal a cabo Globo News, não é o único. Outros brasileiros devolvem à terra o que foi desmatado no mais ameaçado dos biomas brasileiros. Desmatada de forma inclemente desde o descobrimento, a Mata Atlântica perdeu nos últimos 26 anos 1.735,479 hectares de cobertura florestal. Os 700 hectares da fazenda Bulcão foram recobertos nos últimos 13 anos, numa trabalheira sem fim, e hoje Sebastião diz que tem lá uma floresta criança.

A SOS Mata Atlântica calcula que 80% dos remanescentes da Mata Atlântica estão em propriedades particulares. Só de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) existem 734, que juntas protegem mais de 136 mil hectares do bioma.

As histórias particulares e os dados agregados não deixam dúvida: a convicção de cada pessoa pode levá-la à ação, que, na soma, aumenta a chance da exuberante natureza do Brasil.

Entrevistei Russell Mittermeyer, presidente mundial da Conservação Internacional. O programa será reprisado na Globo News hoje, às 10h30. Depois, estará no meu blog. Ouvi-lo é um alívio para quem anda aflito com a enorme perda da biodiversidade brasileira nos últimos anos.

Ele é uma lenda na luta pela preservação da biodiversidade do planeta. Descobriu, ou viu pela primeira vez na natureza, 12 novas espécies, entre elas seis macacos amazônicos. Russel Mittermeyer vem ao Brasil há 41 anos, todos os anos. Até agora, já fez 120 viagens ao país. É com base nessa intimidade que ele se diz, apesar de tudo, um otimista com o Brasil.

“A Mata Atlântica faz parte dos 35 hotspots do planeta, os lugares prioritários para a conservação, por ter muita diversidade. Tem apenas 7% a 8% da mata original, mas há todo um grupo enorme de conservacionistas protegendo, há RPPNs e tem as políticas do governo”, afirma.

Para se ter uma ideia do valor dos hotspots: esses pontos originalmente cobriam 16% de toda a área do planeta, mas nos últimos cem anos perderam 90% da sua cobertura vegetal. “Nesses 2,3% de área mundial, há 50% das espécies vegetais, 42% dos vertebrados, e de 80% a 92% das espécies ameaçadas. Criei o conceito de país megadiverso. Existem 18 países que concentram dois terços da biodiversidade do planeta. Nesse grupo, Brasil e Indonésia são os que têm mais biodiversidade. O Brasil é o país que nos últimos 35 anos mais criou áreas protegidas, desde o trabalho pioneiro de Paulo Nogueira Neto”.

Mittermeyer é primatólogo e o que o atraiu ao Brasil foram os macacos. O Brasil é o país que tem mais primatas: 135. Entre os que estudou está o Muriqui, o maior macaco das Américas que vive nos raros fragmentos de Mata Atlântica, protegida por particulares.

Fatos assim confirmam minha impressão de que a ação individual tem impacto. O intangível legado da Rio+20 é este. Seus milhares de eventos paralelos podem ter tocado pessoas. Quem sabe quantas crianças verão o mundo com outros olhos? E isso pode ser decisivo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e o imperativo da modernidade de MATRICULARMOS as nossas crianças de 6 anos na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de NASCIMENTO –, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inquestionavelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já frágil DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais CONTUNDENTE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o ABISMO das DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS s BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da INOVAÇÃO, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...