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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A CIDADANIA, O DESAFIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A BOA GESTÃO

“Criança: a ilusão do futuro ou a realidade das vítimas?
        
         A cultura cria mitos. As crianças têm sido mitificadas com a imagem de inocência, beleza, carinho, anjos a brincar. Nem sempre aconteceu na história e nem em todos os países existe a sensibilidade carinhosa para com elas. Em culturas antigas e em certos países exageradamente capitalistas, elas significam empecilho, dificuldade e estorvo. No evangelho, quando as trouxeram para Jesus abençoá-las, os apóstolos se opuseram (Mt 19,13). Mereceram repreensão de Jesus, que as propôs como símbolo do Reino de Deus, as acolheu com imenso carinho e advertiu gravemente quem as escandalizasse (Mt 18,3-10). Algo surpreendente!
         Na nossa cultura brasileira, desenha-se-lhes delicada imagem. Não nos cansamos de dizer que elas serão o futuro. Celebramos o Dia das Crianças. Será verdade que as tratamos tão bem e as preparamos realmente para ser o futuro do país? Não se esconde por trás de tantos programas, DVDs, sites sobre e para as crianças interesses outros que terminam por fazer delas antes vítimas que futuro?
         Se as olhamos sob o ângulo biológico, naturalmente elas serão o futuro. Estaremos todos mortos e elas, as pessoas adultas de amanhã, tocarão a história. Mas o termo futuro não se entende em tal sentido. Imagina-se que o amanhã será radioso, belo, promissor, ao olhar para uma criança.
         Tal cena veste-se de mito. Há parte de verdade e parte de ilusão somada com interesses ambíguos. Acontece na sociedade e em muitas famílias sério para que as crianças recebam a melhor educação e assim se preparem para construir para si e para o país futuro alvissareiro e carregado de felicidade. Verdade!
         A mentira, o engodo, o toque ideológico vêm de várias fontes. Sob discursos aduladores, escondem-se inúmeras violências. Com freqüência, jornalistas lançam a público descobertas em diversos lugares de crianças submetidas a trabalho escravo. Não raro, os pais, sofrendo situação de tamanha pobreza, acabam aceitando a situação em troca de alguns bens materiais ou dinheiro.
         Outra situação vitimiza-as: o não frequentar as escolas. Andam para mais de um milhão. Como esperar futuro luminoso se tantas crianças estão fora da escola, ou abandonam-na antes de concluir o curso ou mesmo frequentam uma de má qualidade? Eis vítimas ainda piores. Sofrem exploração sexual. Muitas na sua própria casa. Outras caem na malha da prostituição infantil. Enfim,  número incalculável é atingido clara e subliminarmente por programas de TV, sites, que terminam sexualizando-as precocemente.
         Não faltam ainda aqueles que as exploram pela via do consumismo. Descobriram o mercado infantil. E instrumentalizam-nas para que consigam dos pais comprar os objetivos das propagandas. Há pais pobres que se sacrificam ao extremo para satisfazer os desejos dos filhos. Tantos pais e crianças sucumbem à dominação do mercado. E aí não há futuro, mas unicamente vítimas. O futuro dependerá do que investirmos em educação ética da geração jovem em contraposição a tantos fatores que a pervertem.”

(J. B. Libanio. Teólogo, filósofo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de outubro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de outubro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 20, de autoria de Juliana Picinin, que é advogada e professora, e que merece igualmente integral transcrição:

“Nunca foi tão importante para uma empresa investir em boa gestão
        
         Há dois meses foi publicada a Lei Anticorrupção, que começa a valer a partir de fevereiro de 2014.
         A lei nasce em meio a um misto de clamor público nacional – resultado das manifestações sociais havidas em todo o país – e internacional para que o Brasil executasse os compromissos assumidos em documentos oficiais, a exemplo da pressão da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ao contrário de muitos projetos que ficam engavetados por anos e demoram a se tornar lei, esse é mesmo de 2013 e teve pouco tempo de tramitação. Mas, devido ao afogadilho – e no afã de importar alguns institutos estrangeiros –, trouxe mais um tormentoso caso para o Judiciário interpretar.
         Vê-se que essa nova lei parece ter entrado em choque direto com outras, especialmente com as de licitação e de improbidade administrativa. Vários fatos puníveis e seus penas são os mesmos, fazendo com que o intérprete da lei se pergunte que texto deve ser usado e se algum não foi, de fato, revogado.
         Isso ainda vai dar o que falar. Assim tem sido com legislações que nascem do calor e não da ciência.
         Uma das inovações é a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica (permanecem as pessoas físicas respondendo por dolo ou culpa). Não importa, portanto, se o fato é fruto de má-fé ou desonestidade.
         As penas são graves, podendo ir de 0,1% a 20% do faturamento bruto do último exercício antes do início do processo (excluídos os tributos) ou, se não for possível através desse cálculo, multa de R$ 6.000 a R$ 60 milhões, além da reparação integral do dano causado. Não é só: a pena pode ser até de dissolução compulsória da empresa, proibição de receber incentivos, subvenções, subsídios, doações ou empréstimos no período de cinco anos.
         Outra inovação é o “acordo de leniência”, no qual o acordante promove a identificação dos demais envolvidos ou propicia a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o caso. Isso desde que a empresa seja a primeira a se manifestar, se comprometa a cessar completamente a atividade e admita sua participação no caso, cooperando plena e permanentemente com as investigações, bem como compareça a todos os atos.
         Com isso, a empresa se livra de até 2/3 da multa, da publicação da decisão na imprensa e das restrições de crédito e incentivos.
         Mais uma inovação é a possibilidade de redução das penas quando a empresa se vale de atividades de compliance – mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e aplicação efetiva de códigos de ética e conduta. Embora a questão ainda vá ser regulamentada por decreto, vale a pena as empresas começarem a investir desde já nessas ferramentas (e mudança de cultura) de boa gestão e prevenção de ilícitos.
         A conclusão de todos esses pontos é que nunca foi tão importante para uma empresa as novas políticas a partir de agora, antes da entrada em vigor da nova lei. Falta muito pouco tempo.
         Para isso, a empresa precisa de uma boa base jurídica, com produtos desenhados exclusivamente para seu perfil de negócio e de pessoal. Instalados os mecanismos, a empresa precisa treinar equipes, implantar culturas e efetivamente ficar de olhos bem abertos.
         Uma boa consultoria é o segredo. Afinal, o que não é segredo é que prevenir sempre foi melhor que remediar.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; b) – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidade e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...    

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A CIDADANIA, A ÉTICA DO SUCESSO E A FORÇA DA CONVERSA

“A ética do sucesso: todo respeito à diversidade
        
          O sucesso tornou-se imposição cultural. O fracasso se execra. Ao êxito se associa a euforia, a alegria, a felicidade. Ao insucesso, a depressão, o abatimento, a tristeza. Então se levanta no horizonte a luz fulgurante do triunfo a atrair-nos todo o tempo. Ela ilumina-nos o cotidiano de modo que não permanece nenhum rincão escuro sem que não seja penetrado por ela.
         Ao exercer tanto fascínio sobre nós,  esquecemos facilmente qualquer outra circunstância que envolva a vontade de sair-nos bem. No cotidiano acontece que não raro o nosso êxito se constrói à custa do fracasso do outro ou, pelo menos, em cima dele. As vitórias trazem a sequela da derrota do adversário. As manchetes vivem a contrapor tal jogo. Que digam os atleticanos e cruzeirenses.
         As crianças, bem pequeninas, experimentam já a disputa em busca do sucesso, desde a frequência de melhor escola até nas avaliações escolares. Tudo se mede a partir da escala de rendimento. À medida que se cresce e se entra na selva de competições, a força do êxito se faz maior. Não há limite para há limite para tal campo: vida profissional, vida afetiva, vida social, vida familiar. Tudo se mede pela hierarquia milimétrica das vitórias, dos triunfos.
         Sob o olhar da ética, o quadro se modifica. Em vez do próprio sucesso, surge outra pergunta: para que e para quem ele traz vantagens ou desvantagens? E, a partir daí, se julga o valor de tal desejo e realização. Existem triunfos que nos conduzem à arrogância, a julgar-nos superiores aos outros e assim a agir. Nada nos faz romper a barreira ética da igualdade fundamental de todos os seres humanos a ponto de considerarmos outros inferiores. Além do mais, há mistério nas pessoas  que não nos permite entendê-las totalmente, mesmo quando lhes detectamos comportamentos repreensíveis. Elas são mais que os próprios atos. Ninguém se identifica totalmente com determinado agir, nem para bem, nem para mal.
         Atravessa todas as ações humanas certa ambiguidade no jogo de bem e mal. Naturalmente,  não na mesma medida, mas o suficiente para tirarmos da ocular o juízo peremptório sobre nós mesmos e sobre os outros. A ética aproxima-nos do respeito à diversidade, aos problemas alheios que talvez lhes tenham provocado insucessos. E, mesmo os próprios triunfos se devem a tantas outras pessoas, circunstâncias independentes de nós e a dons recebidos. Atribuí-los ao esforço e ao mérito pessoal soa, não raro, pretensioso.
         A ética conduz-nos mais longe. Desperta-nos o sentimento de cuidado precisamente para aqueles aos quais a realidade tem reservado dificuldades, momentos difíceis e de malogros. Em vez de compararmo-nos com eles em tom de superioridade, conduz a atitude oposta de compreensão, ajuda e presença. O sucesso não merece ser considerado o valor decisivo da existência. Conta muito mais a proximidade com os desventurados a fim de animá-los em face do que lhes acontece. Abre-se-lhes então espaço de esperança e confiança não só em si, mas no valor transcendente que os habita. E a fé cristã traz acréscimo  à ética ao sinalizar que no fracassado da cruz Deus realizou a maior vitória para a humanidade: sua salvação e essa terminou na vida pela ressurreição.”

(J. B. Libanio. Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 25 de agosto de 2013, caderno O.PINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de agosto de 2013, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Está faltando conversa
        
         A mais civilizada das artes é a conversa. Sem ela, o terreno está aberto para o exercício arbitrário do poder. Quem conversa sabe ouvir. Quem  não ouve só entende a linguagem da submissão. A política, deixando de lado as teorias, nada mais é que o território do diálogo. As pessoas conversam não apenas para concordar, mas fundamentalmente para deixas claras as divergências. Como dizia o saudável João da Ega, de Os Maias, de Eça de Queiroz, o desacato é condição do progresso. Sem um bom papo, nem a discórdia é possível e com isso não se avança.
         Por isso é preocupante o atual cenário de monólogos que não se misturam, de pessoas retiradas em células, em casulos eletrônicos nos quais trocam palavras apenas entre iguais. A anulação do debate e o reforço de preconceitos pelo assentimento do outro têm gerado um território inimigo da política. As pessoas que amam odiar a política estão satisfeitas com seus pares e espalham o anátema a quem pensa diferente.
         Os comentários cheios de ira que circulam na rede são a prova da solidão que se multiplica aos milhões. Sem precisar argumentar, sobram imprecações ou manifestações de poder discricionário. Ninguém que saber de debater, de ouvir e de realmente partilhar. No sítio defeso da internet, o outro é sempre ameaça.
         Essa sensação vem se espalhando de forma perigosa até mesmo em setores que têm história rica de democracia e sempre prezaram o jogo político. Como os músicos, por exemplo. Nos anos 1960, mesmo com grandes diferenças estéticas, artistas eram ponta de lança do projeto de fazer a sociedade pensar em seus rumos. Com isso, criaram-se correntes, movimentos e coletivos, que, mesmo apontando para horizontes distintos, tinham capacidade de diálogo e mobilização.
         Não é por acaso que, no Brasil, a música popular ocupe lugar tão destacado no nosso jeito de ser e pensar o país. O que os escritores representam em alguns lugares, como a França, cantores e compositores cumprem no nosso destino de nação. Gostamos de saber o que Chico e Caetano pensam de política, do rap, dos índios. Achamos que um bom samba retrata o país melhor que o cinema, por exemplo.
         O processo de redemocratização foi animado em comícios cheios de artistas populares. Canções como Pelas tabelas, que funde o destino pessoal com o processo mais amplo de criação do país, é uma espécie de síntese dos dois lados do coração brasileiro. As ruas cantam o que vai na alma. É por isso que os artistas, com sua mobilização, ajudaram a politizar o Brasil quando ele mais precisou.
         Mas está faltando conversa. A recente divisão da classe artística acerca do processo de arrecadação e distribuição de direitos autorais deixou de ser debate político para se tornar disputa de poder. Não é nada bom ver gente que sempre esteve do mesmo lado trocando ofensas por discordâncias que deveriam ser resolvidas na mesa. Não se trata de consenso, mas de conflito mediado por argumentos. Resumindo: de fazer política.
         Os artistas da música popular estão em pé de guerra. Por trás disso não se vê o estatuto da criação, mas de que forma ela pode render mais, ainda que não para todos. Na verdade, o jogo de interesses impede o diálogo. Ainda que alguns apontem que a divisão se dá entre concepções modernas e atrasadas de direito à propriedade e tecnologia, o que se observa é a incapacidade de se colocar no lugar do outro. Os músicos não estão em harmonia.
         Neste momento em que a sociedade parece descrer da política e a juventude procura formas mais imediatas de inserção no jogo público, os músicos não podem representar o que eles mesmos ajudaram a superar: a arrogância dos que estão, por algum motivo, próximos do poder político e econômico. A MPB foi uma escola de participação para muita gente. Não pode perder essa marca e criar cisões que não valorizam ninguém.

SEM TEMPERANÇA A mesma sensação de falta de diálogo escorreu da discussão entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e o ministro Ricardo Lewandowski. Por uma discordância em torno de questão técnica, Barbosa acusou o colega de fazer chicana, o que, no repertório jurídico, é ofensa grave. O mal-estar cresceu com a recusa do presidente em se retratar no momento da ofensa, o que significa confirmar a intenção injuriosa.
         Não se trata de temperança que deveria dirigir as ações dos magistrados, mas, novamente, da incapacidade de dialogar. As diferenças entre os dois, que se traduzem em concepções jurídicas e políticas distintas em torno da arrastada Ação Penal 470, anularam não apenas o argumento do outro, mas sua pessoa integral.
         O fato de a corte simbolizar para os brasileiros o ápice do sistema em que as divergências devem ser dirimidas à luz da lei torna a situação ainda mais preocupante. Quando não pode apelar para o Supremo, por sua incapacidade de superar conflitos que parecem ter inspiração mais psicológica que política, o cidadão perde a referência do universal que sustenta a lei.
         Pode-se argumentar que Barbosa, com sua incontida inclinação para responder de bate-pronto, esteja inaugurando um momento menos hipócrita, que se traduziria, com o tempo, em ambiente mais transparente e verdadeiro. A se louvar  em seu destempero o fato de não duplicar a moral entre a conveniência de um lado e a lei de outro. Ele não falaria pelas costas, o que é uma vantagem.
         No entanto, em política – e é disso que se trata – até a raiva precisa ser democrática. Se apenas o presidente tem o direito de ofender, cria-se um regime de tirania. Se há um lugar em que falar e ouvir não deveria ser contido pelo relógio, esse espaço é a corte. Assim como os chefes indígenas, que falam sem se preocupar em serem ouvidos, os ministros precisam fazer a palavra circular. Eles são portadores.
         Esses fatos, sintomas da falta de conversa, podem afetar, e muito, o tempo político que se avizinha. Não podemos cair no cinismo de que a política não serve para nada e de que nesse campo todos são iguais. Não são. E é para não chafurdar no pântano da alienação satisfeita que os donos da voz precisam voltar às origens e fazer do papo a concretização, na arena política, daquilo que é a amizade na vida privada.
Só a conversa pode nos salvar.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
  
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
    
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (por exemplo, informa-nos a mídia: “o efeito multiplicador da corrupção faz com que cada R$ 1 desviado represente R$ 3 de perda para a sociedade”); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
  
    c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projeto do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,  da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A CIDADANIA, OS ENSAIOS DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E O FOCO NA EDUCAÇÃO

“Os recentes ensaios de democracia participativa
        
         O discurso já vem de longe. A democracia representativa, que vive na maioria dos países ditos democráticos, depois que o poder econômico se tornou avassalador e globalizado, tem mostrado sinais de enorme decadência.
         O dinheiro entra, pelo menos três vezes, de modo decisivo, na escolha e atuação dos representantes do “povo”. Para eleger-se, necessita-se de muito dinheiro que pessoalmente só o têm aqueles que pertencem à elite. Outros necessitam de financiadores, que se transformam em “benfeitores” à espera da “gratidão” dos políticos. Já aí a representatividade sofre detrimento. Uns se fazem representar mais que os outros. E os detentores do capital gozam de vantagens incomparáveis.
         No trabalho parlamentar, os políticos frequentemente  isolam-se das aspirações e dos problemas populares. Lá funcionam os poderosos lobbies. E quem os financia? De novo, o capital consegue privilégios únicos ao controlar os projetos, forçar as votações daqueles que os favorecem.
         O político sabe que no período de mandato se extingue em quatro ou oito anos. E depois?  A reeleição entra, logo no início, com perspectiva de futuro. De novo, interfere o capital, que acompanha o político todo o tempo para testar-lhe a confiança e, assim, ajudá-lo no próximo processo eleitoral.
         A liberdade do político restringe-se enormemente em face dos interesses dominantes. No discurso, mostra-se popular, na prática, submete-se ao império do sistema presente, quase sem saída.
         A alternativa fácil e tentadora, sobretudo em momentos de convulsão social, soa como golpe, como já a conhecemos em 1964. O provérbio popular lembra-nos que “a emenda ficou pior que o soneto”. As soluções rápidas de processos que carecem de tempo terminam ainda mais desastrosas.
         Aos poucos, a cultura atual está a descobrir novas formas de ação política que não passam pela mera representatividade partidária. Assistimos, nas últimas semanas, a ensaios de tal experiência. Algumas conquistas se fizeram por força da pressão popular. No entanto, um país não vive de mobilizações de massa em grande escala. Cumpre encaminhar dois processos simultâneos: diminuir  o custo econômico dos parlamentares, reduzindo drasticamente o número e controlando os numerosos adendos de privilégios e assessores. Já não cumprem bem a finalidade para a qual se elegeram. E o dinheiro público teria, então, chance de criar alternativas: mobilizar outras maneiras de ouvir a população, como sindicatos, movimentos sociais, grupos de base, orçamento participativo, organização de bairro, notáveis da República etc. E crescem em importância as redes sociais. Como inseri-las eficientemente na sondagem de opinião permanece tarefa fundamental para a democracia futura. Nada se faz sem riscos. E só experiências, inicialmente tópicas e bem-sucedidas, permitem legislação nova, flexível e colada à realidade das grandes maiorias.
         A lentidão do aspecto jurídico parlamentar emperra mudanças  rápidas do país. A consulta direta ao povo, via plebiscito ou outras formas a serem criadas, permite transformações aderentes à vida do povo com maior presteza. Estamos em tempo de pensar o futuro, para que tanta vitalidade, expressa nas mobilizações populares, não termine no silêncio acomodado.”

(J. B. Libânio. Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 14 de julho de 2013, caderno O.PINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2329 – ano 46 – nº 28, de 10 de julho de 2013, páginas 100 e 101, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“DADOS NOVOS,

PROBLEMA

ANTIGO
        
          Na terça-feira 25 de junho, foram divulgados os dados do Education at a Glance 2013, o maior observatório de estatísticas educacionais do mundo, atualizado anualmente pela OCDE. O levantamento traz informações dos 34 países-membros da OCDE (os do chamado Primeiro Mundo, mais Chile, México, Turquia e países da Europa Oriental) e oito países do G20, incluindo o Brasil. O EAG reúne dados sobre diversos aspectos da educação – financiamento, estrutura de gastos, escolaridade da população, carga horária dos sistemas educacionais e retornos à educação, entre outros. Os dados são novos, mas, no que tange ao Brasil, infelizmente o retrato é antigo. Apesar de termos aumentado significativamente os insumos educacionais na última década – especialmente o volume de investimento –, nosso sistema educacional continua gerando poucos formados. Só 12% da nossa população adulta tem ensino superior, taxa que é quase um terço da existente nos países da OCDE (31%). Por causa da escassez de gente qualificada no país, os diplomados continuam ganhando excepcionalmente bem no mercado de trabalho (aqui, o bacharel ganha 2,5 vezes mais que alguém com apenas o ensino secundário, contra 1,5 vez na OCDE). Assim, a educação nacional, longe de ser uma ferramenta de alteração do status quo, torna-se a grande perpetuadora de nossas desigualdades de renda.
         Esses dados deveriam ser lidos com muita atenção por governantes e pelos manifestantes que foram às ruas clamando por uma educação melhor, sob pena de insistirmos na tecla errada: aumentar o volume de gastos no setor não deve trazer a qualidade educacional de que precisamos. Como mostra o EAG, em 2000 o Brasil gastava 2,4% do seu PIB com educação básica, contra 3,6% da média dos países da OCDE. Proporcionalmente, portanto, esses países gastavam 50% mais do que o Brasil. Em 2010, porém, a situação se invertera e o país já gastava 4,3% do seu PIB na área, contra 3,9% nos países da OCDE. Gastamos, portanto, 10% mais do que eles, em termos de nossas riquezas nacionais. Ainda gastamos menos no ensino superior (universitário): 0,9% do PIB, contra 1,6% do PIB.
         Mas, antes que se dê atenção aos que usarão esse dado como prova do “sucateamento” da universidade brasileira, é preciso prestar atenção aos detalhes e notar que ele compara coisas e realidades diferentes. O dado brasileiro diz respeito apenas a instituições públicas, enquanto na maioria dos países da OCDE os dados fornecidos são de instituições públicas e privadas. Essa é uma enorme diferença, porque no Brasil o setor privado responde por quase três quartos da matrícula universitária, enquanto nos países da OCDE, pelo contrário, 71% da matrícula está nas universidades públicas. Além disso, nesses países a taxa de matrícula no ensino superior costuma ficar entre 50% e 80%, enquanto no Brasil mal passa de 20%. Ou seja, gastamos um pouco menos no ensino superior, mas para um número várias ordens de grandeza menor de alunos. A diferença fica visível quando se olha para o custo por aluno. Se na educação básica o Brasil tem gastos semelhantes aos dos países desenvolvidos, no ensino superior nosso gasto por aluno, relativo ao nível médio de renda médio do país, é bem diferente: enquanto o universitário brasileiro custa 105% da renda de um brasileiro médio, nos países desenvolvidos essa relação é de apenas 41%.
         A educação brasileira também consome uma fatia maior do orçamento público do que aquela dos países da OCDE: 18,1% aqui, contra 13% lá. A destinação dos gastos é parecida: quase três quartos da verba vai para bancar o salário dos professores e funcionários. Os dados também trazem pouco alento àqueles que acreditam ser indispensável ter ensino de tempo integral em todo o sistema educacional para que seja possível oferecer um ensino de qualidade: a jornada média, no ensino fundamental, é de 863 nos países da OCDE contra as 800 previstas em lei no Brasil. Também fica difícil atribuir nosso insucesso à “superlotação” das nossas salas, já que aqui, novamente, as diferenças são pequenas: no Brasil há 27,5 alunos por classe no ensino fundamental, contra 22,3 na OCDE. O outro insumo medido pela OCDE que poderia lançar muita luz sobre o nosso debate educacional – o salário dos professores – está misteriosamente indisponível para o Brasil. Os dados brasileiros são enviados à OCDE pelo Inep, órgão do Ministério da Educação. Até o EAG de 2005, esses dados constavam dos relatórios. No EAG daquele ano – que trazia informações referentes a 2003, o primeiro ano do governo Lula –, os dados mostravam que o professor brasileiro tinha salário mais alto que o de países da OCDE, quando comparado à renda médias dos respectivos países (um professor brasileiro ganhava 2,3 vezes a renda média nacional, enquanto seu confrade da OCDE, com a mesma jornada e a mesma experiência na profissão, recebia 1,4 vez). Consultado sobre o porquê da omissão no relatório desse ano, o Inep/MEC não se pronunciou até o fechamento desta edição. Será porque esses dados ajudariam a reforçar que o professor brasileiro ganha o que seria de esperar, algo que desagrada aos sindicatos de professores e funcionários da educação, apoiadores históricos do PT? Fica a dúvida.
         Em entrevista a VEJA, Andreas Schleicher, diretor da OCDE, comenta as diferenças de resultados educacionais entre o Brasil e outros países em desenvolvimento que ostentam melhores indicadores no setor, como a China e o Chile. “Os países que tiveram melhorias significativas elevaram seus padrões de exigência e conseguiram tornar a docência uma profissão, em vez de ver o professor como um mero entregador de conteúdos. O Brasil poderia aprender com os chineses como eles fizeram para que os melhores professores e diretores se encaminhem para as escolas com maiores dificuldades – o oposto do que acontece no Brasil, onde os melhores professores escolhem as áreas mais fáceis. Os países de sucesso não são os que gastam mais, mas aqueles que aplicam seus recursos de forma que eles possam realmente fazer a diferença para quem mais importa, que são os alunos de família de baixa renda. Os alunos de classe média e alta vão bem em todos os lugares do mundo. O buraco entre o Brasil e outros países se dá pelo que é feito com os alunos pobres. Tanto o Brasil quanto a China acreditam que é importante dar uma educação de qualidade para todos os alunos, mas a diferença é que no Brasil a mediocridade é tolerada, é aceitável você ter um aprendizado mais ou menos. Na China as ambições são mais elevadas. Acho que o Brasil teria um desempenho muito melhor nos testes internacionais de educação se tivesse expectativas mais altas, especialmente para crianças mais pobres.”
         Está aí um pacto pela educação que nossas lideranças (e manifestantes) poderiam implementar: que todos os professores, funcionários, diretores de escola e secretários municipais e estaduais de educação se comprometessem a dar um ensino de qualidade mesmo aos alunos mais pobres, sem aceitar para eles nada menos do que desejam para os próprios filhos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado,doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias,  portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação); sistema financeiro nacional; comunicações; esporte, cultura e lazer; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...



sexta-feira, 29 de junho de 2012

A CIDADANIA, A RIO+20 E O CAMINHAR DA HUMANIDADE

“Rio+20 e Cúpula dos Povos a caminhar para o verde

As cores carregam-se de simbolismo. As religiões preferem o branco e o azul para os momentos de festa e de alegria, enquanto o luto e a penitência acenam para o roxo ou cor escura. O vermelho simbolizou revolução, a luta libertária, o sangue da causa levada ao extremo, que os partidos de esquerda adotaram. Agora o verde se torna a cor predileta. Economia verde, planeta verde, ecologia verde, partido verde.

Rio+20 e a Cúpula dos Povos põem-se na esteira do verde. Mas os sentidos não se identificam. Iludimo-nos ao pensar que todo verde significa a mesma coisa. O Rascunho Zero do mundo oficial em que se propugna a economia verde, segundo especialistas, não se afasta do atual paradigma devastador. Simplesmente dá toque de remendo, sem ir à causa maior do modelo desenvolvimentista, baseado no lucro insaciável, na produção de bens supérfluos a retirar da Terra 30% mais de recursos que ela consegue repor. Caminha-se para a exaustão, cujas consequências para toda a humanidade escapam de previsibilidade de curto prazo.

O termo mágico se chama sustentabilidade. Mas de quê? Do sistema produtivo? Da continuidade de crescimento ilimitado dos países sem perguntar-se por que tipo? Se a Rio+20 leva para os próximos anos, em termos oficiais, nada mais que tal verde desbotado, a crise da Terra continuará e se agravará, como afirmam tantos especialistas no assunto.

Nem todos os envolvidos no mundo do mercado, da produção, têm tal visão. Há grupo sério, embora minoritário, de empresários que já se sensibilizaram para a gravidade do problema e alertam os outros empreendedores do risco que se corre. O problema maior reside na voracidade do capitalismo monetário que apóia o primeiro tipo de iniciativa, deixando em situação desvantajosa aqueles que buscam respeitar a sustentabilidade, não do sistema econômico, mas da Terra. Refletem sobre o modo de produção e sobre o sentido dos bens para discernir e triar aqueles que realmente se fazem necessários à vida humana e não desequilibram o ritmo da Terra.

O maior benefício dos megaeventos acontece no nível da consciência. Aqui vale recorrer ao velho mestre Paulo Freire. Ele começou lá no canto do Nordeste a conscientizar os camponeses. Nesse trabalho teve a genial intuição de que o ponto de partida se situa nas palavras geradoras. Traduzindo para o tema presente, os novos termos e as novas experiências que estão a fazer-se no campo da ecologia se tornaram temas e palavras geradoras. Quanto mais se avança na análise do significado delas, mais as pessoas tomam consciência da gravidade social da problemática ecológica.

Não se restringe ao espaço do indivíduo, mas amplia-se para toda a sociedade e, no caso da sustentabilidade, para todo o planeta Terra, a afetar assim a humanidade no conjunto. Se lá, junto no Nordeste, Paulo Freire lutou contra a mentalidade mágica, acrítica dos cortadores de cana, dependentes dos “donos-padrinhos”, para despertar-lhes para a própria dignidade humana, aqui no mundo da ecologia jogam-se o consumismo, o produtivismo desbragado, de um lado, e, de outro, a simplicidade, a sobriedade, a beleza de vida em harmonia com a natureza. Que resulte de tanto debate e grupos de discussão faísca conscientizadora para todos nós!”
(J. B. LIBANIO, Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de junho de 2012, Caderno O.PINIÃO, página 17).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, Caderno ECONOMIA, página 14, de autoria de MIRIAM LEITÃO, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“O intangível

Há valores que não podem ser medidos. Nesta categoria está o maior ganho da Rio+20. Famílias passaram horas nas filas diárias para a exposição Humanidades, no Forte de Copacabana. Quinhentos cientistas de vários países passaram dias trocando informações na PUC. Eventos ocuparam a cidade. Pessoas decidiram mudar de atitudes. Empresários comparam práticas, e prefeitos se comprometeram a mudar a realidade local.

Isso não mudará o mundo, nem deterá a mudança climática, mas tornará cada vez mais penoso para os governos adiar a inadiável adoção de políticas públicas e decisões políticas que reduzam o risco que corremos.

A Rio+20 não tinha a ambição de uma COP. Não tinha como objetivo um acordo global de redução das emissões de gases de efeito estufa. Era mais modesta e focada. Tentaria definir economia verde, estabelecer objetivos de desenvolvimento sustentável e decidir como transformar um dos órgãos da ONU na autoridade ambiental.

Desentendeu-se sobre o que é economia verde, registrou que os países terão objetivos, mas não definiu metas nem prazos, e apenas fortaleceu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Entre os que disseram que o documento final brasileiro era pouco ambicioso, estavam o presidente da França, da União Europeia e até o secretário geral da ONU Ban Ki-moon, antes de ter sofrido aquela brusca mudança de opinião.

A Rio+20 para mim começou bem antes, quando viajei para preparar matérias especiais. Na Amazônia, fui a Alta Floresta, que está tentando encontrar o equilíbrio entre produção e proteção. Não é a única cidade amazônica que estão fazendo isso. Contei a história no domingo passado.

Reencontrei Lélia e Sebastião Salgado com a paixão de sempre pelo trabalho interminável de refazer a Mata Atlântica na parte que lhes coube. A fazenda Bulcão, em Aimorés, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, estava totalmente degradada, com erosões e sem água, quando eles começaram o trabalho de replantar tudo. Lélia sugeriu plantar uma floresta.

Foi o princípio. Hoje, eles já contam 1,7 milhão de mudas nativas da Mata Atlântica plantadas, produziram mais de 5 milhões de mudas e acalantam o sonho de reflorestar com espécies nativas o enorme Vale do Rio Doce. “É uma área maior do que Portugal, e onde rios ficarão intermitentes até 2020. Ou seja, os rios que alimentam o Rio Doce serão secos numa parte do ano”, disse Lélia.

O Caso de Sebastião e Lélia, que entrevistei para o canal a cabo Globo News, não é o único. Outros brasileiros devolvem à terra o que foi desmatado no mais ameaçado dos biomas brasileiros. Desmatada de forma inclemente desde o descobrimento, a Mata Atlântica perdeu nos últimos 26 anos 1.735,479 hectares de cobertura florestal. Os 700 hectares da fazenda Bulcão foram recobertos nos últimos 13 anos, numa trabalheira sem fim, e hoje Sebastião diz que tem lá uma floresta criança.

A SOS Mata Atlântica calcula que 80% dos remanescentes da Mata Atlântica estão em propriedades particulares. Só de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) existem 734, que juntas protegem mais de 136 mil hectares do bioma.

As histórias particulares e os dados agregados não deixam dúvida: a convicção de cada pessoa pode levá-la à ação, que, na soma, aumenta a chance da exuberante natureza do Brasil.

Entrevistei Russell Mittermeyer, presidente mundial da Conservação Internacional. O programa será reprisado na Globo News hoje, às 10h30. Depois, estará no meu blog. Ouvi-lo é um alívio para quem anda aflito com a enorme perda da biodiversidade brasileira nos últimos anos.

Ele é uma lenda na luta pela preservação da biodiversidade do planeta. Descobriu, ou viu pela primeira vez na natureza, 12 novas espécies, entre elas seis macacos amazônicos. Russel Mittermeyer vem ao Brasil há 41 anos, todos os anos. Até agora, já fez 120 viagens ao país. É com base nessa intimidade que ele se diz, apesar de tudo, um otimista com o Brasil.

“A Mata Atlântica faz parte dos 35 hotspots do planeta, os lugares prioritários para a conservação, por ter muita diversidade. Tem apenas 7% a 8% da mata original, mas há todo um grupo enorme de conservacionistas protegendo, há RPPNs e tem as políticas do governo”, afirma.

Para se ter uma ideia do valor dos hotspots: esses pontos originalmente cobriam 16% de toda a área do planeta, mas nos últimos cem anos perderam 90% da sua cobertura vegetal. “Nesses 2,3% de área mundial, há 50% das espécies vegetais, 42% dos vertebrados, e de 80% a 92% das espécies ameaçadas. Criei o conceito de país megadiverso. Existem 18 países que concentram dois terços da biodiversidade do planeta. Nesse grupo, Brasil e Indonésia são os que têm mais biodiversidade. O Brasil é o país que nos últimos 35 anos mais criou áreas protegidas, desde o trabalho pioneiro de Paulo Nogueira Neto”.

Mittermeyer é primatólogo e o que o atraiu ao Brasil foram os macacos. O Brasil é o país que tem mais primatas: 135. Entre os que estudou está o Muriqui, o maior macaco das Américas que vive nos raros fragmentos de Mata Atlântica, protegida por particulares.

Fatos assim confirmam minha impressão de que a ação individual tem impacto. O intangível legado da Rio+20 é este. Seus milhares de eventos paralelos podem ter tocado pessoas. Quem sabe quantas crianças verão o mundo com outros olhos? E isso pode ser decisivo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e o imperativo da modernidade de MATRICULARMOS as nossas crianças de 6 anos na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de NASCIMENTO –, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inquestionavelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já frágil DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais CONTUNDENTE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o ABISMO das DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS s BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da INOVAÇÃO, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...