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sexta-feira, 29 de junho de 2012

A CIDADANIA, A RIO+20 E O CAMINHAR DA HUMANIDADE

“Rio+20 e Cúpula dos Povos a caminhar para o verde

As cores carregam-se de simbolismo. As religiões preferem o branco e o azul para os momentos de festa e de alegria, enquanto o luto e a penitência acenam para o roxo ou cor escura. O vermelho simbolizou revolução, a luta libertária, o sangue da causa levada ao extremo, que os partidos de esquerda adotaram. Agora o verde se torna a cor predileta. Economia verde, planeta verde, ecologia verde, partido verde.

Rio+20 e a Cúpula dos Povos põem-se na esteira do verde. Mas os sentidos não se identificam. Iludimo-nos ao pensar que todo verde significa a mesma coisa. O Rascunho Zero do mundo oficial em que se propugna a economia verde, segundo especialistas, não se afasta do atual paradigma devastador. Simplesmente dá toque de remendo, sem ir à causa maior do modelo desenvolvimentista, baseado no lucro insaciável, na produção de bens supérfluos a retirar da Terra 30% mais de recursos que ela consegue repor. Caminha-se para a exaustão, cujas consequências para toda a humanidade escapam de previsibilidade de curto prazo.

O termo mágico se chama sustentabilidade. Mas de quê? Do sistema produtivo? Da continuidade de crescimento ilimitado dos países sem perguntar-se por que tipo? Se a Rio+20 leva para os próximos anos, em termos oficiais, nada mais que tal verde desbotado, a crise da Terra continuará e se agravará, como afirmam tantos especialistas no assunto.

Nem todos os envolvidos no mundo do mercado, da produção, têm tal visão. Há grupo sério, embora minoritário, de empresários que já se sensibilizaram para a gravidade do problema e alertam os outros empreendedores do risco que se corre. O problema maior reside na voracidade do capitalismo monetário que apóia o primeiro tipo de iniciativa, deixando em situação desvantajosa aqueles que buscam respeitar a sustentabilidade, não do sistema econômico, mas da Terra. Refletem sobre o modo de produção e sobre o sentido dos bens para discernir e triar aqueles que realmente se fazem necessários à vida humana e não desequilibram o ritmo da Terra.

O maior benefício dos megaeventos acontece no nível da consciência. Aqui vale recorrer ao velho mestre Paulo Freire. Ele começou lá no canto do Nordeste a conscientizar os camponeses. Nesse trabalho teve a genial intuição de que o ponto de partida se situa nas palavras geradoras. Traduzindo para o tema presente, os novos termos e as novas experiências que estão a fazer-se no campo da ecologia se tornaram temas e palavras geradoras. Quanto mais se avança na análise do significado delas, mais as pessoas tomam consciência da gravidade social da problemática ecológica.

Não se restringe ao espaço do indivíduo, mas amplia-se para toda a sociedade e, no caso da sustentabilidade, para todo o planeta Terra, a afetar assim a humanidade no conjunto. Se lá, junto no Nordeste, Paulo Freire lutou contra a mentalidade mágica, acrítica dos cortadores de cana, dependentes dos “donos-padrinhos”, para despertar-lhes para a própria dignidade humana, aqui no mundo da ecologia jogam-se o consumismo, o produtivismo desbragado, de um lado, e, de outro, a simplicidade, a sobriedade, a beleza de vida em harmonia com a natureza. Que resulte de tanto debate e grupos de discussão faísca conscientizadora para todos nós!”
(J. B. LIBANIO, Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de junho de 2012, Caderno O.PINIÃO, página 17).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, Caderno ECONOMIA, página 14, de autoria de MIRIAM LEITÃO, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“O intangível

Há valores que não podem ser medidos. Nesta categoria está o maior ganho da Rio+20. Famílias passaram horas nas filas diárias para a exposição Humanidades, no Forte de Copacabana. Quinhentos cientistas de vários países passaram dias trocando informações na PUC. Eventos ocuparam a cidade. Pessoas decidiram mudar de atitudes. Empresários comparam práticas, e prefeitos se comprometeram a mudar a realidade local.

Isso não mudará o mundo, nem deterá a mudança climática, mas tornará cada vez mais penoso para os governos adiar a inadiável adoção de políticas públicas e decisões políticas que reduzam o risco que corremos.

A Rio+20 não tinha a ambição de uma COP. Não tinha como objetivo um acordo global de redução das emissões de gases de efeito estufa. Era mais modesta e focada. Tentaria definir economia verde, estabelecer objetivos de desenvolvimento sustentável e decidir como transformar um dos órgãos da ONU na autoridade ambiental.

Desentendeu-se sobre o que é economia verde, registrou que os países terão objetivos, mas não definiu metas nem prazos, e apenas fortaleceu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Entre os que disseram que o documento final brasileiro era pouco ambicioso, estavam o presidente da França, da União Europeia e até o secretário geral da ONU Ban Ki-moon, antes de ter sofrido aquela brusca mudança de opinião.

A Rio+20 para mim começou bem antes, quando viajei para preparar matérias especiais. Na Amazônia, fui a Alta Floresta, que está tentando encontrar o equilíbrio entre produção e proteção. Não é a única cidade amazônica que estão fazendo isso. Contei a história no domingo passado.

Reencontrei Lélia e Sebastião Salgado com a paixão de sempre pelo trabalho interminável de refazer a Mata Atlântica na parte que lhes coube. A fazenda Bulcão, em Aimorés, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, estava totalmente degradada, com erosões e sem água, quando eles começaram o trabalho de replantar tudo. Lélia sugeriu plantar uma floresta.

Foi o princípio. Hoje, eles já contam 1,7 milhão de mudas nativas da Mata Atlântica plantadas, produziram mais de 5 milhões de mudas e acalantam o sonho de reflorestar com espécies nativas o enorme Vale do Rio Doce. “É uma área maior do que Portugal, e onde rios ficarão intermitentes até 2020. Ou seja, os rios que alimentam o Rio Doce serão secos numa parte do ano”, disse Lélia.

O Caso de Sebastião e Lélia, que entrevistei para o canal a cabo Globo News, não é o único. Outros brasileiros devolvem à terra o que foi desmatado no mais ameaçado dos biomas brasileiros. Desmatada de forma inclemente desde o descobrimento, a Mata Atlântica perdeu nos últimos 26 anos 1.735,479 hectares de cobertura florestal. Os 700 hectares da fazenda Bulcão foram recobertos nos últimos 13 anos, numa trabalheira sem fim, e hoje Sebastião diz que tem lá uma floresta criança.

A SOS Mata Atlântica calcula que 80% dos remanescentes da Mata Atlântica estão em propriedades particulares. Só de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) existem 734, que juntas protegem mais de 136 mil hectares do bioma.

As histórias particulares e os dados agregados não deixam dúvida: a convicção de cada pessoa pode levá-la à ação, que, na soma, aumenta a chance da exuberante natureza do Brasil.

Entrevistei Russell Mittermeyer, presidente mundial da Conservação Internacional. O programa será reprisado na Globo News hoje, às 10h30. Depois, estará no meu blog. Ouvi-lo é um alívio para quem anda aflito com a enorme perda da biodiversidade brasileira nos últimos anos.

Ele é uma lenda na luta pela preservação da biodiversidade do planeta. Descobriu, ou viu pela primeira vez na natureza, 12 novas espécies, entre elas seis macacos amazônicos. Russel Mittermeyer vem ao Brasil há 41 anos, todos os anos. Até agora, já fez 120 viagens ao país. É com base nessa intimidade que ele se diz, apesar de tudo, um otimista com o Brasil.

“A Mata Atlântica faz parte dos 35 hotspots do planeta, os lugares prioritários para a conservação, por ter muita diversidade. Tem apenas 7% a 8% da mata original, mas há todo um grupo enorme de conservacionistas protegendo, há RPPNs e tem as políticas do governo”, afirma.

Para se ter uma ideia do valor dos hotspots: esses pontos originalmente cobriam 16% de toda a área do planeta, mas nos últimos cem anos perderam 90% da sua cobertura vegetal. “Nesses 2,3% de área mundial, há 50% das espécies vegetais, 42% dos vertebrados, e de 80% a 92% das espécies ameaçadas. Criei o conceito de país megadiverso. Existem 18 países que concentram dois terços da biodiversidade do planeta. Nesse grupo, Brasil e Indonésia são os que têm mais biodiversidade. O Brasil é o país que nos últimos 35 anos mais criou áreas protegidas, desde o trabalho pioneiro de Paulo Nogueira Neto”.

Mittermeyer é primatólogo e o que o atraiu ao Brasil foram os macacos. O Brasil é o país que tem mais primatas: 135. Entre os que estudou está o Muriqui, o maior macaco das Américas que vive nos raros fragmentos de Mata Atlântica, protegida por particulares.

Fatos assim confirmam minha impressão de que a ação individual tem impacto. O intangível legado da Rio+20 é este. Seus milhares de eventos paralelos podem ter tocado pessoas. Quem sabe quantas crianças verão o mundo com outros olhos? E isso pode ser decisivo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e o imperativo da modernidade de MATRICULARMOS as nossas crianças de 6 anos na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de NASCIMENTO –, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inquestionavelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já frágil DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais CONTUNDENTE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o ABISMO das DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS s BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da INOVAÇÃO, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A CIDADANIA, A RIO+20 E COMO EVITAR A CATÁSTROFE ECOLÓGICA

“Rio+20 e o mundo real

Nem os conservadores mais empedernidos nem aqueles que se movem exclusivamente por ideologias que fizeram sucesso há mais de um século deixarão de atribuir importância histórica ao evento a ser oficialmente aberto hoje no Rio de Janeiro: a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Erra quem tentar medir o evento pelas presenças ou eventuais ausências desse ou daquele chefe de Estado. Pior ainda farão o que se limitarem à fria contabilidade do não cumprimento da metas estabelecidas na Rio 92, o similar evento precedente: apenas quatro das nove dezenas de metas então aprovadas registraram avanços. Em alguma frentes houve até mesmo algum retrocesso.

Lideranças ambientalistas de todo o mundo certamente cumprirão o papel de mostrar essa mau desempenho como ponto de partida para cobrar mai comprometimento e responsabilidade dos representantes de 110 nações que vão participar da conferência. Mas nem por isso deixará de ser um equívoco negar o sucesso daquele evento, que cumpriu nos últimos 20 anos a sua principal função: a de incutir nas pessoas uma nova consciência, para que elas passassem a influenciar os governos e as empresas.

O mundo, é forçoso reconhecer, mudou pouco. A degradação ambiental continua grave e o tema central da Rio 92, o clima, permanece afetado pelo aquecimento global, alimentado pelas emissões de gases do efeito estufa. Mas é também inegável que o tema entrou definitivamente na vida das pessoas – contribuintes, eleitores e, principalmente, consumidores. E o melhor: hoje, é difícil encontrar alguém com menos de 20 anos que não tenha comprado sinceramente a causa.

É, portanto, considerando esse patamar conquistado que se chega à compreensão de que a Rio+20 é antes de tudo mais um passo à frente. É claro que não faltarão os ingênuos nem os que veem em tudo uma motivação ideológica. Ambos se frustrarão. Os primeiros, ao perceberem o risco de o evento terminar sem que novas e ainda mais avançadas meta sejam acordadas. Os outros por verem mais uma vez a inutilidade de se fantasiarem de verde para atacar o capitalismo, como se produzir alimentos em larga escala e gerar energia fossem atividades próprias desse ou daquele sistema.

Para todos será proveitoso o contato com a dureza do mundo real. Afinal, a atual conferência se dará em meio a uma das crises econômicas mais severas dos últimos 90 anos, da qual as principais nações nem sabem ainda como sairão. É quando os governantes cuidam primeiro de seus próprios países e recrudescem as preocupações com o curtíssimo prazo. É nesse ambiente que a Rio+20 terá de cumprir sua principal e inabalável proposta: harmonizar o crescimento econômico com a redução das assimetrias sociais no mundo e com a preservação dos recursos ambientais do planeta. O recado é que não se trata de uma opção. Simplesmente não há mais saída senão a persistente busca da sustentabilidade, o que implica mudar comportamentos, inovar sistemas de produção. Se a Rio 92 nos ensinou que tal mudança só se fará lentamente, a começar pela formação de uma consciência coletiva, também demonstrou que realizá-la é possível, desde que se dê o primeiro passo. Hoje, ele começa a ser dado.”
(EDITORIAL publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de junho de 2012, Caderno OPINIÃO, página 10).

Mais uma IMPORTANTE, ADEQUADA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno, página 11, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o universo – ecologia e espiritualidade (Agir), entre outros livros, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Frear a catástrofe ecológica

Dentro de poucos dias, a Rio+20 abrigará chefes de Estado, ambientalistas e movimentos sociais na Cúpula dos Povos. O evento corre o risco de frustrar expectativas caso não tenha, como ponto de partida, compromissos assumidos na Agenda 21 e acordos firmados na Eco-92 e reiterados da Conferência de Johanesburgo, em 2010.

Há verdadeira conspiração de bastidores para, na Rio+20, escantear os princípios do desenvolvimento sustentável e os Objetivos do Milênio, e impor novas teses da “economia verde”, sofisma para encobrir a privatização dos recursos naturais, como a água, e a mercantilização da natureza.

O enfoque dos trabalhos deverá estar centrado não nos direitos do capital, e sim na urgência de definir instrumentos normativos internacionais que assegurem a defesa dos direitos universais de 7 bilhões de habitantes do planeta e a preservação ambiental.

Cabe aos governos reunidos no Rio priorizar os direitos de sustentabilidade, bem-estar e progresso da sociedade, entendidos como dever de garantir a todos os cidadãos serviços essenciais à melhor qualidade de vida. Faz-se necessário modificar os indicadores de desenvolvimento, de modo a levarem em conta os custos ambientais, a equidade social e o índice de desenvolvimento humano (IDH).

A humanidade não terá futuro sem que se mudem os padrões de produção, consumo e distribuição de renda. O atual paradigma capitalista, de acumulação crescente da riqueza e produção em função do mercado, e não das necessidades sociais, jamais haverá de erradicar a miséria, a desigualdade, a destruição do meio ambiente. Migrar para tecnologias não poluentes e fontes energéticas alternativas à fóssil e à nuclear é imperativo prioritário.

Nada mais cínico que as propostas “limpas” dos países ricos do Hemisfério Norte. Empenham-se em culpar os países do Hemisfério Sul quanto à degradação ambiental, no esforço de ocultar sua responsabilidade histórica nas atividades de suas transnacionais em países emergentes e pobres. Há que desconfiar de todas as patentes e marcas qualificadas de “verdes”. Eis aí um novo mecanismo de reafirmar a dominação globocolonialista.

O momento requer uma convenção mundial para controle das novas tecnologias, baseada nos princípios da precaução e da avaliação participativa. Urge denunciar a obsolescência programada, de modo a dispormos de tecnologias que assegurem o máximo de vida útil aos produtos e beneficiem a reciclagem, tendo em vista a satisfação das necessidades humanas com o menor custo ambiental.

À Rio+20 se impõe também o desafio de condenar o consumo do comércio mundial pela empresas transnacionais e o papel da Organização Mundial do Comércio (OMC) na imposição de acordos que legitimam a desigualdade e a exclusão sociais, impedindo o exercício de política soberanas. Temos o direito a um comércio internacional mais justo e em consonância com a preservação ambiental. Sem medidas concretas para frear a volatilidade dos preços dos alimentos e a especulação nos mercados de produtos básicos, não haverá erradicação da fome e da pobreza, como preveem, até 2015, os Objetivos do Milênio.

Devido à crise financeira, parcela considerável do capital especulativo se dirige, agora, à compra de terras em países do Sul, fomentando projetos de exploração de recursos naturais prejudiciais ao meio ambiente e ao equilíbrio dos ecossistemas. A Rio+20 terá dado um passo importante se admitir que, hoje, as maiores ameaças à preservação da espécie humana e da natureza são as guerras, a corrida armamentista, as políticas neocolonialistas. O uso da energia nuclear para fins pacíficos ou bélicos deveria ser considerado crime de lesa-humanidade.

Participarei da Cúpula dos Povos para reforçar a proposta de maior controle da publicidade comercial, da incitação ao consumismo desmedido, da criação de falsas necessidades, em especial, quando dirigidas a criança e jovens. Educação e ciência precisam estar a serviço do desenvolvimento humano e não do mercado. Uma nova ética do consumo deve rejeitar produtos decorrentes de práticas ecologicamente agressivas, trabalho escravo e outras formas de exploração.

Enfim, que se faça uma reavaliação completa do sistema atual de governança ambiental, hoje incapaz de frear a catástrofe ecológica. Um novo sistema, democrático e participativo, deve atacar as causas profundas da crise e ser capaz de apresentar soluções reais que façam da Terra um lar promissor para as futuras gerações.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de liderança de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES – para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de setores deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e o imperativo da modernidade de MATRICULARMOS na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL as crianças de 6 anos, independentemente do mês do NASCIMENTO – até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais AVASSALADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL da UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já escasso DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e mais, GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o abismo das DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, SOBERANA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS e abundantes RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) de 13 a 22 próximos; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...