sexta-feira, 2 de junho de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O IMPRESCINDÍVEL PRIMADO DA ÉTICA E A TRANSCENDÊNCIA DA ESCOLA NA SUSTENTABILIDADE (8/162)

(Junho = mês 8; faltam 162 meses para a Primavera Brasileira)

“Em direção ao futuro
        A imprescindível ética no convívio diário do povo de uma nação, tão necessária de forma a se evitar, ou pelo menos minimizar, a corrupção sempre recorrente e susceptível da velha natureza humana, que muitos veem como questão de fundo apenas moral, e, por isso, relacionado com uma falsa casca de religiosidade ultrapassada e fora de moda, em verdade é muito mais do que tal reducionismo faz parecer. É uma questão central de eficiência econômica e de engenharia social totalmente vital ao perfeito funcionamento de toda a sociedade.
         Para o desenvolvimento de uma nação que tenha por alvo servir a todos os seus cidadãos, lhes concedendo oportunidade de crescimento, segurança e saúde, torna-se imprescindível que todos os relacionamentos próprios da vida civilizada sejam os mais eficientes possíveis. E para que isso ocorra, é necessário que o sistema das relações sociais seja exercido com o mínimo de desgastes e perdas.
         Quando o sistema legal de uma nação, ao não punir adequadamente, de acordo com as leis em vigência, fruto de um Judiciário frouxo e leniente, um indivíduo ou uma empresa corrupta, sinaliza para a população que tais procedimentos errôneos não só devem aceitos, como devem servir de paradigma positivo de esperteza a ser copiada. Então, aumenta a ineficiência de todo o sistema relacional existente no país. E isso é demasiadamente prejudicial, não apenas ao presente, tanto quanto ao futuro da nação.
         Pois as sociedades humanas vivem baseadas em expectativas. Entretanto, se elas indicam que a ética é virtude apenas aos abobalhados e ingênuos, afinal, os espertos não a obedecem e nem pagam por não a obedecerem. Então, a sociedade que será construída sobre tal argumento será de uma barbárie dinossáurica total, sendo ineficiente e o oposto de uma sociedade civilizada, de regras claras e duras para seus infratores.
         Não seria essa a justificativa para o que está ocorrendo hoje nesses dias pós-modernos? Não seria quase tudo falta de punição exemplar aos infratores?
         E tudo isso se aplica ao Brasil. Onde o delicado momento de desilusão da população, em relação aos seus políticos e a todo o setor público, seja o ponto de partida para uma profunda reflexão sobre um modo mais benéfico e transparente do exercício democrático. Onde ocorra, urgentemente, a redução drástica desse comprovado ineficiente setor e, consequentemente, a completa supressão dos incontáveis parasitas que nele se locupletam. Fechar os ralos por onde se escoa o escasso dinheiro do contribuinte é imprescindível. Nem que para isso seja necessário rever, também, o funcionamento de todo o sistema político partidário e até mesmo da própria Constituição.
         Tivessem, hoje em dia, as autoridades e servidores consciência que o trabalho honesto, além de dignificá-los, capacitaria a nação mais facilmente a prover os meios de amparo para as classes realmente mais necessitadas, pois certamente os escassos recursos públicos sobejariam, então o Brasil não se encontraria nesse lamaçal atual.
         Infelizmente, mudar mentalidades é bem mais difícil do que criar leis. Entretanto, se as leis realmente alcançassem a todos, de modo indistinto, então já seria um grande passo para a efetiva reconstrução de futuro digno a toda a nação.”.

(JOÃO DEWET MOREIRA DE CARVALHO. Engenheiro agrônomo, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de maio de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de RONALDO MOTA, reitor da Universidade Estácio de Sá, e que merece igualmente integral transcrição:

“O mal da escola sem fim
        As raízes mais remotas da escola, tal como nós a conhecemos hoje, estão depositadas na Grécia Antiga, especialmente referenciadas, ao redor do século 5 a.C., na academia de Platão e do liceu de Aristóteles. A escola nasce com o objetivo de formar os futuros dirigentes de Atenas, indo além dos sofistas, à medida que estabelecia um espaço comum permanente, frequentado de forma regular por mestres e discípulos, atores fixados no mesmo objetivo de repassar e receber conhecimentos.
         Passados quase dois milênios e meio, escola viria a atingir seu apogeu na fase mais madura da Revolução Industrial, no século 20, onde a demanda em grande escala por mão de obra especializada foi atendida com enorme competência e maestria. Nesses milênios, a educação foi favorecida pelo surgimento do livro moderno no século 15, pela consolidação do método científico no século 17, pela máquina a vapor e outras tecnologias no século seguinte e, especialmente, pela Revolução Industrial nos tempos que se seguiram.
         Os níveis extremos de compatibilidade e de pertinência das organizações educacionais, incluindo as metodologias e os modelos de gestão escolares adotados, fizeram delas das mais bem sucedidas e respeitadas instituições do mundo moderno. A escola, no sentido amplo, contribuiu significativamente para grandes avanços em termos de ampliação do acesso a serviços e a produtos de qualidade. Foi dentro dos seus muros que foram gerados os conhecimentos que resultaram no aumento da expectativa de vida e, principalmente, produziram as condições para a grande revolução decorrente das tecnologias digitais, as quais estão a transformar, num processo ainda em curso, o mundo contemporâneo.
         A escola tem cumprido várias funções, entre elas, a de ser o espaço de transmissão de conhecimento, formando cidadãos que dominam certos conteúdos e profissionais específicos. Nesta concepção, os níveis escolares refletem etapas formativas com diferentes graus de profundidade e os respectivos diplomas e certificados atestam os conhecimentos adquiridos e as respectivas competências e habilidades associadas a cada uma das áreas do saber.
         Todas as instituições e setores contemporâneos estão sendo e serão profundamente afetados pelas tecnologias digitais, em especial a escola, dado que a marca dos novos tempos é a emergência de uma sociedade na qual a informação está plenamente disponível, imediatamente acessível e essencialmente gratuita. Assim, as instituições educacionais, por sua relação orgânica com a informação e conhecimento, demandam ser especialmente reconceptualizadas. Elas devem ser repensadas à luz de um cenário onde mais relevante do que o que foi aprendido é aprimorar a capacidade de aprender a aprender. Informação, em si, passa a ser o mais disponível e vulgar dos produtos.
         Aprendemos, a partir de agora, dentro e fora da escola, a qualquer tempo e por qualquer meio, e o fazemos, principalmente, como meio de ampliar nossa consciência acerca dos mecanismos segundo os quais ampliamos nossa capacidade de aprender a aprender. A escola que marcava suas etapas pelos diplomas e certificados atestando os conhecimentos adquiridos, nas formas de conteúdos, técnicas e procedimentos, dá espaço a um novo conceito, onde as etapas correspondentes, da creche ao pós-doutorado, se caracterizam, essencialmente, pelos níveis diversos da capacidade de aprender continuamente em um mundo de educação permanente ao longo da vida.
         Há uma essência perene nas funções da escola e do professor, mas certamente ela não está em seus prédios ou nos modelos de gestão, tampouco nas atuais metodologias e abordagens educacionais. Enfim, é rica e bela a história da escola, uma instituição que se pensava sem fim e que hoje, promissoramente, se prepara para se reconfigurar plenamente.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março/2017 a ainda estratosférica marca de 490,3% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,0%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses, em abril, chegou a 4,08%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...