sábado, 15 de agosto de 2009

A CAMPANHA DE LIDERANÇA CLIMÁTICA 2020

“Ambientalista acredita que Brasil está apto para exercer liderança no programa de redução de emissões de carbono e cobra engajamento de todos para salvar o planeta”.

Em PERSONAGEM DA SEMANA do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de agosto de 2009, Seção ESPECIAL, página 18, encontramos mais uma OPORTUNA e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, que trata dos arranjos da CONFERÊNCIA MUNDIAL 2020, destacando de modo bem particular a atuação de LESTER BROWN, presidente do EARTH POLICY INSTITUTE, que apresentamos a seguir:

“O autor do plano B

Certa vez, o norte-americano Lester Brown viu na Califórnia, nos Estados Unidos, um homem com uma camisa que trazia os dizeres: “Perdi 180 quilos. Pergunte-me como”. A resposta era: “Troquei meu carro por uma bicicleta”. Bem antes desse episódio, há 35 anos, ele abandonou o automóvel e adotou a bicicleta como meio de transporte, para levá-lo aonde não fosse possível ir a pé. Hoje, aos 75 anos, Brown pode se orgulhar de ser o terceiro colocado no ranking norte-americano de corridas de 15 quilômetros e de muito mais. Ao vender o carro, Brown, que sempre cultivou bom físico, diferentemente do californiano, não estava interessado em perder peso, tampouco em chegar ao topo da classificação dos maratonistas americanos. O mestre em engenharia agrícola e administração pública estava engajado em causas mais nobres. Ele queria, e ainda pretende, salvar o planeta.

Considerado referência mundial em mudanças climáticas, Lester Brown, presidente do Earth Policy Institute, dedicado à construção de um futuro sustentável e à elaboração de um plano para chegar lá, como ele próprio define, esteve esta semana em Belo Horizonte, na conferência mundial 2020 Climate Leadership Campaign (Campanha de Liderança Climática 2020). Encerrado ontem, o evento da State of The World Fórum lançou a audaciosa meta de redução de 80% da emissão de carbono em 11 anos, três décadas antes do prazo estabelecido por vários países. A proposta tem como base estudos do ambientalista, que propõe um programa para o planeta contra o aquecimento global.

“Enquanto políticos pensam no que é politicamente viável para reduzir emissões, a nossa pergunta é o quão rápido isso deve ser feito para evitar a elevação do nível do oceano em sete metros, com o derretimento das geleiras da Groenlândia, do Himalaia, no Tibete. São elas que sustentam os rios da Ásia e de outros lugares”, alerta. Mas o que as geleiras do Tibete interferem na vida dos brasileiros, principalmente daqueles que não moram em áreas costeiras? Muito. “A mudança climática afeta a segurança alimentar. À medida que as geleiras derretem, os preços dos alimentos vão subir no mundo todo, incluindo aqui, em Minas Gerais. O planeta vai sobreviver a tudo isso, resta saber se a civilização também, com falta de comida e água”, esclarece Brown.

O alerta do especialista está fundamentado em décadas de estudos, que lhe renderam a autoria de mais de um metro de livros. “Devem ser uns 50, contando as traduções, uns 420”, enumera. Parte dessa bibliografia nasceu no instituto World Watch, um centro de pesquisa sobre o meio ambiente mundial fundado por Brown, em 1974. Periodicamente, eram produzidos os relatórios State of the World, com informações sobre o estado em que o planeta se encontrava. O dinheiro partiu de doação de US$ 1 milhão dos irmãos Rockfellers. Em 2001, Brown largou o World Watch para criar o Earth Policy Institute. Agora, o interesse maior não é mais em pesquisa. Números, dados e visitas a quase todas as nações já deixaram bem claro que está na hora da mudança. Nada melhor que um plano para isso.

ALTERNATIVA Foi quando ele começou a escrever a série Plano B. São quatro livros que mostram como salvar um planeta sob estresse e uma civilização em colapso. A tradução em português do último volume, Plano B 4.0, que enfoca a segurança alimentar, será lançada em outubro no Brasil. “O Plano A é a vida como estamos levando. O B é a alternativa para o que não está dando certo. São quatro objetivos: estabilizar o clima, a população, erradicar a pobreza e restaurar recursos naturais (florestas, solos, aqüíferos)”, afirma o especialista. Para ele, o principal ingrediente é o engajamento de cada um. A militância Brown teve início em 1959, depois de uma viagem à Índia.

Ficou seis meses morando em vilas com nativos, uma experiência fascinante, segundo ele. Ao retornar aos Estados Unidos, foi difícil retomar a rotina como fazendeiro, dono de uma plantação de tomates cultivados com agrotóxicos. “Na Índia, percebi que queria trabalhar com questões de populações mundiais, com perspectivas alimentares, isso inclui o meio ambiente. Em dois anos, me juntei ao serviço de agricultura exterior norte-americano”, conta. Agora, não mora mais na fazenda, mas sozinho em um apartamento em Washington. As lâmpadas são econômicas. Em vez de ar-condicionado, instalou um ventilador, “que consome um quarto da energia”. No armário, além das roupas, só dois pares de tênis, um que usa para correr e outro para atividades cotidianas, que calçou durante a conferência 2020.

São ações importantes, mas que já não bastam. Segundo Brown, mais que hábitos, é preciso mudar a ordem das coisas. “Temos que sair do carvão e do petróleo em direção a energias eólica, solar e geotérmica. Temos que nos tornar politicamente ativos, tomar partido de questões como proibir o uso de termoelétricas que usam carvão. Salvar a civilização não é um esporte a que se assiste da arquibancada. Envolve uma mobilização de tempos de guerra. Se vamos conseguir ou não, depende de você e de mim. E sinto que o Brasil está pronto para ter uma liderança global para cortar as emissões de carbono. É o país onde nasce o plano B”, afirma.”

Temos, pois, mais uma importante LIÇÃO que FORTALECE a nossa FÉ e RENOVA o nosso ENTUSIASMO em relação à construção de um BRASIL JUSTO, LIVRE, DIGNO, SOLIDÁRIO e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDO, que conta com mais um EXTRAORDINÁRIO MARCO que é o nascimento, em nosso solo pátrio, de um PLANO que mostra com bons fundamentos e CLAREZA a necessidade de uma NOVA ORDEM MUNDIAL, segundo a ÉTICA, a FRATERNIDADE e o SAGRADO compromisso com o OUTRO e com o PLANETA.

O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

Sandra Campos disse...

A mesma falta de ética e cuidado com os bens públicos, nossos políticos tratam as questões ambienteais. Poucos são aqueles que se preocupam. Com tristeza vemos os problemas nas cidades sendo resolvidos com as "canalizações de córregos" e outras grandes obras. Mas o que acontecerá quando nas cidades apenas o concreto for visto? é o Brasil pode sair na frente neste embate, mas creio que antes temos que reciclar os nomes de nossa política.