quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A CIDADANIA E A PEDAGOGIA DO DESPERDÍCIO


Em nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE elegemos, como já bastante exercitado, os três maiores e mais devastadores INIMIGOS do BRASIL, que são: a INFLAÇÃO, a CORRUPÇÃO e o DESPERDÍCIO.

Nesta oportunidade, trataremos da importante CONTRIBUIÇÃO vinda de artigo do professor EDÉSIO TEIXEIRA DE CARVALHO, Geólogo, ex-Diretor do Instituto de Geociências da UFMG, autor do livro “Geologia Urbana para Todos – Uma Visão de Belo Horizonte”, publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição 14 de fevereiro de 2001, Caderno OPINIÃO, página 7, com transcrição na ÍNTEGRA:

“A violência do desperdício

Nas relações com a Terra a Humanidade está na primeira infância. Não vou dizer que esteja dando pontapés na barriga da mãe, mas, brandindo a tecnologia como se ela fosse um tacape, age como um superbebê com taco de beisebol destruindo as cristaleiras que encontra. Ela pratica infantilmente a Violência I e fica feito doida pedindo mais policiamento para conter a Violência II, que tem vindo em medida preocupante.

Categoria das mais danosas da Violência I é o desperdício. Tenho contra ele forte rejeição, mas não vazia, porque identificada com a frugalidade, que vem da energia com que meus pais a ensinaram aos filhos. Este empenho vale hoje na compreensão de que perceber a tragédia que o desperdício representa não é privilégio dos mais letrados.

Esta rejeição impulsionou-me a desenvolver percepção nítida da conformação geológica do colossal desperdício. Julgando pelas fontes a que tenho acesso, acho a matéria relegada pela comunidade científica mundial. Por que a ciência não cuidou dela? Isto seria tema para debate impossível – o dos desiguais. O leitor já tomou conhecimento de debate profundo sobre a gestão? Não me refiro a eventos sobre temas circunscritos, de onde sempre retiramos informações úteis, mas insuficientes para mudar paradigmas da gestão perdulária dos meios urbanos, por exemplo. Refiro a encontros técnicos e científicos que reúnam as diversas categorias profissionais envolvidas na gestão e não aos especializados, de uma categoria só. A gestão que constrói mal ou em mau lugar está desperdiçando seu povo, a saúde de seu povo, a qualidade de vida, enfim. Isso tem a ver com medicina, geologia e não só, mas é tema que seria impossível discutir com proveito real num congresso de geologia ou de medicina, embora perfeitamente possível num encontro sobre gestão onde as duas categorias estivessem presentes.

É perfeitamente possível anular efeitos do desvio, que as construções humanas fazem, de águas pluviais de suas trajetórias naturais, mas as cidades do Brasil, sem exceção, detestam as possibilidades com seriedade, preferindo manter-se em burocrático conservadorismo. E, notemos, em planeta atormentado por enchentes cada vez maiores e por perspectivas de escassez. O desperdício das águas pluviais não aproveitadas, e que por isso destroem, alcança dezenas de bilhões de dólares; com as contas bem feitinhas certamente mais de cem bilhões.

Projetos de loteamento deveriam, como exigência ambiental mínima, ter por meta não alterar a vazão natural dos rios, evitando a enchente antrópica, o que equivaleria a urbanizar tendo por impacto até redução e não aumento da vazão de cheias. Meta parecida deve haver para os resíduos sólidos da urbanização. Por exemplo anular a exportação de terras de escavação e restos de construção. Em caso recente, a acomodação local desses materiais permitiu preencher erosões (b1, benefício I); elevar e melhorar a qualidade do piso para construção (b2); isso proporcionou a geração de espaço poroso para absorver águas pluviais, evitando enchentes a jusante (b3); milhares de viagens de caminhões foram economizadas, assim como mais de 78.000 litros de óleo diesel (b4); isto economizou capacidade de armazenamento do depósito oficial (b5); a economia do óleo evitou a geração do gás do efeito estufa (b6) e redução de reservas energéticas da humanidade (b7), cuja vida útil depende dos quilômetros rodados; o meio urbano teve melhor qualidade de vida nesta forma sistêmica de implantar o loteamento do que teria na tradicional (b10).

A forma tradicional de implantação de loteamentos no Brasil está impregnada de Violência I, porque toda ela envolvendo desperdícios colossais dos recursos da terra, gerando a Violência II por exclusão social. Embora seja imprescindível que a ciência oficial pesquise na área da ciência da gestão, acho que iniciativas como o Projeto Manuelzão da UFMG devem multiplicar-se no País, porque contribuirão muito para desburocratizar a gestão do ponto de vista da articulação dos recursos complementares das distintas áreas do conhecimento, importante vacina com a Violência I.”

Assim, quase um DÉCADA depois, tal matéria nos ajuda a compreender, com CLAREZA, mais uma FACETA do gigantesco DESAFIO que temos nesta verdadeira CRUZADA NACIONAL, visando, entre tantas outras necessidades, QUALIFICAR nossas ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS e, em consequência, OTIMIZAR as extraordinárias POTENCIALIDADES do nosso BRASIL, quer NATURAIS, quer TECNOLÓGICOS, urgindo, pois, a implementação de POLÍTICAS PÚBLICAS que tenham em seu CERNE a EDUCAÇÃO, a ÉTICA, o CIVISMO e o PATRIOTISMO, na busca DETERMINADA e VIGOROSA do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, inserindo DEFINITIVAMENTE nossa PÁTRIA no concerto das nações DEMOCRÁTICAS, LIVRES e PRÓSPERAS.


Um comentário:

POLYANA disse...

Sua iniciativa é louvável.
Pequenos gestos que se tornam grandes formas de conscientizacao e mobilização.
Que Deus possa lhe iluminar e abencoar, e que você possa colher os frutos das sementes que semeia ao longo da sua caminhada.