segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A CIDADANIA, A FORÇA DO EMPREENDEDORISMO E O INDESVIÁVEL ECUMENISMO NA SUSTENTABILIDADE DA CASA COMUM

“Empreendedorismo e crescimento
        Em um momento de baixo crescimento econômico e da necessidade de o Brasil retomar a geração de empregos, um dos caminhos mais eficientes é a aposta no empreendedorismo. O país tem de voltar a crescer rapidamente, para não perder importantes conquistas sociais das últimas décadas, obtidas desde a estabilização da moeda com o Plano Real, no início dos anos 2000. Não há qualquer dúvida sobre a importância dos empreendedores nesse processo de retomada do desenvolvimento econômico.
         Empreender ganhou nos últimos anos um novo status em todo o mundo. E o Brasil caminha na mesma direção, Atualmente, parcela da população jovem sonha em abrir o próprio negócio, vários recém-saídos da faculdade. Segundo um levantamento feito pela Ernst & Young (EY) com empreendedores de todos os países que fazem parte do G20, o empreendedorismo está em alta entre os mais novos. Do total de jovens entrevistados, 65% desejam se tornar donos de seus próprios negócios. No Brasil, esse percentual é ainda maior: 81% dos jovens ouvidos afirmaram que pretendem empreender em algum momento da vida. Segundo eles, a principal barreira que pode impedi-los de realizar essas aspirações profissionais são os fatores econômicos enfrentados pelo país.
         Mas não basta a mudança na atitude dos jovens que ingressam no mercado de trabalho. É necessária uma ação coordenada entre governos, companhias e empreendedores para fomentar o ecossistema propício ao empreendedorismo. E aqui cabe às autoridades, em especial, o protagonismo de criar um ambiente favorável que estimule o empreendedor. Vários países no mundo têm cidades e regiões que facilitam a vida daqueles que buscam inovar e criar negócios. Vale do Silício, Nova York e Boston, nos EUA; Tel Aviv, em Israel; Cingapura, na Malásia; e Berlim, na Alemanha, são exemplos.
         É preciso, porém, atitudes firmes da União, estados e municípios no sentido de reduzir a burocracia e ampliar os incentivos fiscais ao empreendedor. O fim dos entraves ao capital de risco e ao desenvolvimento de empresas de ponta é um primeiro passo nessa direção. O acesso mais fácil ao crédito e a novas tecnologias também é essencial. A crise econômica brasileira não será equacionada, como sabemos, rapidamente. Mas é possível encurtar o caminho para a retomada do crescimento, de forma sustentável, com apoio mais efetivo àqueles que apostam em novos negócios.
         Além da eliminação das barreiras burocráticas que dificultam o desenvolvimento de novos negócios, é de extrema importância que se crie uma cultura que dê suporte ao empreendedorismo. Só assim países poderão avançar no desenvolvimento de empresas de alto impacto.
         Entrevistas realizadas com 1,5 mil empreendedores de todos os países do G20 revelaram que a criação e promoção, pelo governo, de políticas educativas que deem suporte para futuras gerações de jovens empreendedores precisam estar na ordem do dia. Caso contrário, as nações correm o risco de perder anos de crescimento do emprego e novas formas de inovação.
         Mudanças de cultura e relacionadas à educação levam tempo. Existe um mito de que seriam necessárias gerações para vermos algumas transformações. O que não é exatamente verdade. Precisamos começar hoje, tomando algumas medidas cujo impacto positivo já é comprovado, independentemente de onde forem implementadas. É o caso da criação de vistos multilaterais para empreendedores e o encorajamento de networking internacional. Essas medidas melhoram a mobilidade da mão de obra, a realização de negócios internacionalmente e o compartilhamento de culturas empresariais positivas. Alguns países, como o Reino Unido e Canadá, já contam com sistemas como esse e registram bons resultados.
         Começar cedo o ensino de empreendedorismo, manter programas educacionais durante o ensino secundário com foco em educação vocacional e parcerias com a indústria e desenvolver iniciativas que promovam o compartilhamento de conhecimentos e o desenvolvimento das comunidades. Essas também são medidas importantes para criar um ambiente que permita que o potencial empreendedor das nações se desenvolva de forma plena.
         Mais do que criar alternativas de geração de emprego e renda para a população, o estímulo ao empreendedorismo representa um passo significativo em direção à retomada do crescimento econômico brasileiro. Entender e, principalmente, apostar nesse caminho pode encurtar e amenizar o período de turbulência e acelerar a recuperação do país.”.

(LUIZ SÉRGIO VIEIRA. Vice-presidente de Mercados da Ernst & Young, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de janeiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 12 de fevereiro de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cristãos de mãos dadas
        A Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016, durante o percurso quaresmal, busca unir os cristãos a partir de um assunto urgente, que diz respeito a todos os cidadãos, independentemente de condição social, opção político-ideológica e razões pessoais. Congrega o esforço missionário, quase cinquentenário, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o compromisso cristão do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. O olhar comum dessas instituições, fixado em Cristo Jesus – todos tocados pelo valor inestimável do sangue derramado na cruz para a redenção da humanidade –, desenha um horizonte que faz ultrapassar as diferenças e até mesmo as discordâncias para configurar gesto significativo, de grande repercussão social e política: cristãos de mãos dadas.
         Essa experiência de cooperação e intercâmbio rege-se por indicação preciosa dada pelo papa Francisco na sua Carta Encíclica Louvado Sejas, que inspira o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016: “toda a humanidade deve voltar o olhar para a “casa comum, nossa responsabilidade”. E os cristãos, que exercem a cidadania nos alicerces da fé em Jesus, têm evidentes responsabilidades quando se trata desse tema. A compreensão cristã de mundo requer uma postura singular no tratamento dos dons e bens da “casa comum”. É assim desde os primórdios do cristianismo, quando, conforme narração do capítulo dois, nos Atos dos Apóstolos, logo após as primeiras conversões, “todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum, vendiam suas propriedades e seus bens repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um”. Um tempo novo que nasce pela força da fé.
         Cristãos que caminham de mãos dadas na vivência da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 é ato que ultrapassa o alcance de um evento com seus desdobramentos possíveis. Trata-se de possibilidade singular para um novo exercício com poder de qualificar o tecido antropológico que sustenta o funcionamento da sociedade. Esse tecido é de qualidade comprometida, o que se comprova no âmbito das crises que se abatem sobre a sociedade brasileira, particularmente na esfera política, que mais evidentemente expõe a carência de certos valores e princípios e, por isso, não consegue oferecer respostas adequadas. Na contramão disso, essa esfera alimenta encaminhamentos que abrem brechas para o crescimento das diferentes formas de violência e reforça posturas egoístas – a busca de soluções apenas para problemas particulares.
         Não é simples promover uma Campanha da Fraternidade Ecumênica como a deste ano. É preciso grande esforço para vencer preconceitos, resistências e autodefesas que encastelam grupos, segmentos e confissões religiosas na mediocridade, doença contagiosa que se alastra nas instituições diversas. Posturas medíocres inviabilizam a clarividência necessária para, a partir do diálogo, superar atrasos. Agravam os problemas que, para serem solucionados, demandam de cada cidadão, de diferentes setores e, particularmente, de governantes, de formadores de opinião, de acadêmicos e de intelectuais, adequada compreensão a respeito do ser humano e da criação.
         No horizonte desafiador da responsabilidade com a “casa comum”, a meta da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 é a união de esforços com o objetivo de assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas. Busca também, à luz da fé, a promoção de políticas públicas pautadas pela responsabilidade cidadã com a “casa comum”. É a fé cristã a impulsionar segmentos diversos para promover a efetivação do direito ao saneamento básico, o que reúne questões fundamentais, como a ampliação do acesso à água tratada e a garantia de que comunidades diversas sejam contempladas com eficazes sistemas de esgoto. Essas prioridades constituem forma efetiva para combater a pobreza, reduzir a mortalidade infantil e garantir a sustentabilidade ambiental.
         Com a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016, a fé cristã ilumina a realidade, cria a oportunidade para contribuições que vão além dos tempos e dos seus cultos. Impulsiona o contexto social e político rumo a novas direções. Sonha-se, pois, com o testemunho ecumênico – na contramão de todo tipo de competição e proselitismo – como investimento no diálogo, à luz da fé em Cristo. Um compromisso que promove a congregação dos cristãos para o intercâmbio de experiências, a partilha de convicções e a efetivação de novas práticas, em âmbito pessoal, familiar, institucional e governamental. Tudo para que se construa o sonho de Deus: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). Isso é possível quando caminham os cristãos de mãos dadas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca de 410,97% para um período de doze meses; e mais, também em janeiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

 

          



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