(Setembro:
mês das Paralimpíadas)
“Uma
lição do que não fazer
Como educadora, o
triste episódio envolvendo o atleta Ryan Lochte chamou-me muito a atenção. Ele
mostra como buscamos exemplo de conduta em todas as suas ações, e, mais do que
isso, também nos desperta para o fato de que disciplina e educação formal não
são responsáveis, exclusivamente, por uma boa formação de caráter de nossos
ícones.
Trabalhando
em uma instituição confessional, acredito piamente que a educação acadêmica no
nível superior não é suficiente para que a pessoa alcance uma boa performance
em sua vida profissional. Mas, professora, a verdade é essa? Às vezes, passamos
décadas numa faculdade em busca das mais diversas titulações (graduação,
pós-graduação lato sensu ou MBA, pós-graduação stricto sensu em seus diversos
níveis, como mestrado e doutorado), para ao final descobrir que não é esta a
chancela necessária para um bom desempenho profissional.
Que se
dirá dos atletas de alto nível? Não é o treino em si que os diferencia dos
comuns? Dia após dia, sacrifícios e dedicação exaustiva a fim de conseguir ser
o melhor, de se destacar para chegar ao ápice desta carreira: participar de uma
Olimpíada e ser campeão!
Sim,
tudo isso é, sem dúvida, muito importante. É inegável que o conhecimento
acadêmico edifica, que horas e horas de exaustivos treinos podem gerar um
profissional ou atleta de destaque, mas o que vai realmente nos diferenciar é o
nosso caráter, os nossos valores.
Ryan
Lochte perdeu alguns de seus principais patrocinadores pessoais e alguns
milhões: Speed, Ralph Loren, Airweave e Syneron Candela, que não querem atrelar
suas marcas a um profissional que tem uma reação tão inesperada e frustrante
diante da expectativa de milhares de pessoas do mundo inteiro. Se esperássemos
dele apenas a performance no esporte, digamos que ele tenha tirado nota máxima.
Veio e honrou os compromissos com todos os seus parceiros e espectadores:
competiu, disputou suas provas e ainda levou medalhas olímpicas. No entanto,
esperamos mais. De nossos atletas, políticos, chefes, líderes, familiares,
amigos, cônjuges, namorados...
Esperamos
que as pessoas não tenham somente a postura de campeão nas piscinas, quadras e
outros cenários profissionais, mas que tenha condições de brilhar em todas as
áreas da inteligência humana, que englobam, além da aptidão profissional,
gentileza, honestidade, compaixão e verdade.”
(THAÍS DE
ABREU LACERDA. Coordenadora de direito da Faculdade Batista de Minas
Gerais, em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 1º de setembro de 2016, caderno OPINIÃO, página 11).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
29 de agosto de 2016, mesmo caderno, página 7, de autoria de CARLOS ALERTO DI FRANCO, jornalista, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Olimpíada:
uma reflexão jornalística
A Olimpíada do Rio de
Janeiro foi um sucesso. Indiscutível. O desastre anunciado não se confirmou. A
violência não teve a última palavra. A cordialidade brasileira virou o jogo. A
autoestima do nosso povo, tão testada e machucada nos últimos tempos, foi
revigorada. O Brasil, independentemente de limitações e falhas pontuais, fez
bonito. Soube mostrar a um mundo cansado, talvez demasiadamente cético,
marcantes exemplos de tolerância, superação e alegria.
Thiago
Braz, medalha de outro no salto com vara e recordista olímpico (saltou 6,03
metros), é um exemplo dessa superação. Sem mágoa. Sem ódio. Sem confronto. O
atleta brasileiro foi abandonado pela mãe ainda menino. Os avós foram
responsáveis por sua criação. Passou dias esperando a mãe com sua mochila nas
costas. Ela nunca apareceu. Os avós viraram referência: “Todas as qualidades
que tenho hoje vieram dos ensinamentos deles, que foram meus pais na
realidade”. Apesar de ter 22 anos, Thiago é casado há quase dois anos. Em 2014,
ele subiu ao altar com Ana Paula Oliveira. Os dois se conheceram no ambiente do
atletismo. Thiago e Ana formam um casal descontraído e, ao que parece, praticam
a sua fé. São a cara do Brasil real.
A
Olimpíada gerou pautas positivas. Verdadeiras. Necessárias. O Brasil não é só
corrupção, violência e incompetência. Tem muita coisa boa acontecendo, gente
empreendendo, histórias brilhantes quicando na nossa frente. Não podemos
priorizar uma agenda depressiva. A vida é feita de luzes e sombras. Impõe-se
apostar no equilíbrio informativo.
Impressiona-me
o crescente espaço destinado à violência nas nossas reportagens, sobretudo no
telejornalismo. Catástrofes, tragédias e agressões, recorrentes como chuvas de
verão, compõem uma pauta sombria e perturbadora. A mídia, argumentam os
aguerridos defensores do jornalismo realidade, retrata a vida como ela é.
Teria, contudo, o cotidiano do brasileiro médio tamanhas e tão frequentes
manifestações de violência e aberrações patológicas? Penso que não. Há uma
evidente compulsão para pinçar os aspectos negativos da vida.
A
violência não é uma invenção da mídia. Mas sua espetacularização é um efeito
colateral que deve ser evitado. Não se trata, por óbvio, de sonegar informação.
Mas é preciso contextualizá-la. A overdose de violência no jornalismo pode
gerar fatalismo e uma perigosa resignação. Não há o que fazer, imaginam
inúmeros leitores, ouvintes, telespectadores e internautas. Acabamos, todos,
paralisados sob o impacto de uma violência que se afirma como algo irrefreável
e invencível. E não é verdade. Podemos, todos, jornalistas, formadores de
opinião, estudantes, cidadãos, enfim, dar pequenos passos rumo à cidadania e à
paz.
O que
eu quero dizer é que a complexidade da violência não se combate com espetáculo,
atitudes simplórias e reducionistas, mas com ações firmes das autoridades e,
sobretudo, com mudanças de comportamento. O que critico não é a denúncia da
violência, mas o culto ao noticiário violento em detrimento de uma análise mais
séria e profunda.
Precisamos,
ademais, valorizar editorial e informativamente inúmeras iniciativas que tentam
construir avenidas ou ruelas de paz nas cidades sem alma. É preciso investir
numa agenda afirmativa. A bandeira a meio pau sinalizando a violência sem-fim
não pode ocultar o esforço de entidades, universidades e pessoas isoladas que,
diariamente, se empenham na recuperação de valores fundamentais: o humanismo, o
respeito à vida, a solidariedade. São pautas magníficas. Embriões de grandes
reportagens. Denunciar o avanço da violência e a falência do Estado no seu
combate é um dever ético. Mas não é menos ético iluminar a cena de ações
construtivas, frequentemente desconhecidas do grande público, que, sem alerde
ou pirotecnias do marketing, colaboram, e muito, na construção da cidadania.
A
Olimpíada não foi só um belo espetáculo. Projetou uma boa imagem do Brasil.
Acariciou nossa autoestima. Quem sabe, assim espero, também tenha suscitado uma
reflexão sobre o nosso modo de informar.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas
abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa
história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de
470,7% para um período de doze meses; e, em julho, o IPCA acumulado nos doze
meses chegou a 8,74% e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 318,4%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$
1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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