“Ensino
superior privado em tempos de pandemia
De repente o mundo foi
surpreendido por uma doença que nos obrigou ao recolhimento e, ao mesmo tempo,
a uma revisão de nossos hábitos, valores e certezas. Toda essa reviravolta
trazida pela pandemia da Covid-19 no obriga a pensar como fomos, como estamos
sendo e como seremos daqui para a frente.
Atividades
triviais passaram a ter importância muito grande e se tornaram motivo de
recordações saudosistas e memórias doloridas. Óbvio que todos os setores foram
afetados: empresas, comércios, indústrias, bares, restaurantes, escolas, entre
outros, tendem a passar por muitas transformações.
As
escolas, em especial as faculdades privadas, nas quais me incluo, foram
brutalmente atingidas em suas convicções pedagógicas e certezas acadêmicas. Do
dia para a noite teorias educacionais de interação, trocas e convívio em sala
de aula tiveram que passar pelo filtro das telas de computadores, tablets,
celulares e outras mídias.
Os
alunos acostumados à rotina das salas de aula, às conversas nos intervalos e
aos abraços e “zueiras” próprios do convívio escolar viram-se confinados nas
incertezas de professores tão assustados quanto eles com o cenário que surgia:
aulas remotas, contatos por e-mails, grupos de WhatsApp e sistemas acadêmicos.
Nesse
contexto de completo caos, enquanto as universidades federais, em sua maioria,
permanecem fechadas, as faculdades privadas se reinventam. Em menos de uma
semana, professores aderem às tecnologias; o que era considerado um luxo ou
hobby passa a ser o único e essencial instrumento para o trabalho. Os conteúdos
ministrados fluem com mais rapidez e, por consequência, exigem melhor
performance dos educadores e mais tempo para preparação.
Por
outro lado, nesse processo de interação, adaptação e solidão temos um aluno
acostumado aos moldes tradicionais que, em alguns casos, não se vê como
protagonista no processo de ensino-aprendizagem, por estar acostumado a receber
passivamente instruções e reproduzi-las. Destaca-se, ainda, a falta de recursos
tecnológicos, que prejudica a transmissão das aulas.
O
resultado disso é, entre outros, aquele que faz parte da pesquisa Cenário
Econômico Atual das Instituições de Ensino Superior (IES Privadas, do Instituo
Semesp, divulgados no dia25 de maio, de que a “inadimplência no ensino superior
privado do Brasil cresceu 72% em abril de 2020, se comparado ao mesmo mês do
ano passado. No mesmo período, a evasão também teve aumento de 32,5%.
Ainda de
acordo com o Semesp, a inadimplência e a evasão são motivadas pela pandemia do
coronavírus, que trouxe desemprego, redução de renda e incerteza sobre o cenário
político-econômico do país.
Percebeu-se
na pesquisa que as instituições que mais sofreram com a evasão e inadimplência
foram as que não se prepararam para a revolução tecnológica vivida pela
humanidade na última década.
Instituições
privadas que anteciparam a introdução de meios tecnológicos em suas práticas
pedagógicas e grades curriculares modernas tendem a sentir os efeitos da
pandemia, porém com menor intensidade que aquelas que insistem em preterir as
tecnologias como instrumento essencial para suas práticas educacionais.
Neste
momento, as faculdades precisam adotar estratégias para a continuidade de suas
atividades e manutenção de seus alunos, evitam assim a evasão e, por
consequência, a inadimplência. Em sentido diverso, o aluno deve compreender que
a suspensão das atividades essenciais não encerra ou interrompe,
necessariamente, seu projeto de formação superior. Como educadores de
instituições privadas, temos o compromisso de buscar opções que sejam eficazes
e viáveis, cientes de que após tudo isso teremos nos reinventado.”.
(Cida Vidigal.
Coordenadora do curso de direito da Faculdade Batista de Minas Gerais, em
artigo publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 10 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e
oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado
no site www.domtotal.com,
edição de 12 de junho de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e
que merece igualmente integral transcrição:
“Comunicação
na Igreja
Valorizar a comunicação é
fundamental na missão evangelizadora da Igreja Católica. Isto não significa
investir em um empreendimento privado, menos ainda constituir um negócio
rentável. Essa valorização deve sempre reger-se no horizonte evangelizador que
norteia o caminho missionário da Igreja, o que inclui balizar conteúdos e
práticas comunicacionais a partir de princípios inegociáveis. Assim, a Igreja,
a partir da comunicação, anuncia o Reino de Deus e, pela força desse anúncio,
transforma vidas, ajudando na construção de sociedades justas e solidárias.
O
envolvimento de diferentes atores no processo comunicacional das mídias
católicas, com as suas especificidades, nuances e impostações, não pode
dispensar o alinhamento doutrinal com a Igreja e, consequentemente, o
compromisso com a evangelização. A Igreja Católica é detentora de um horizonte
que vem da inspiração de suas tradições, valores, experiências, documentos e,
especialmente, da Palavra de Deus. Isto significa dizer que não são permitidas
superficialidades ou invencionices na comunicação da Igreja que possam desfigurar
a beleza e a inteireza da fé cristã católica. Arriscados personalismos,
alimentos por desvarios religiosos nefastos, merecem adequado tratamento. O
importante serviço da comunicação católica enfrenta desafios que são próprios
do atual contexto social e político. Um contexto sociopolítico contaminado
pelas disputas de poder, busca pela efetivação de domínios e acúmulo de
dinheiro.
É sabido
que manter serviços de comunicação custa caro, exige investimento permanente em
profissionais e no contínuo avanço tecnológico. O aspecto econômico impõe
alguns revezes, mas a comunicação católica não pode afastar-se do compromisso
de anunciar a Boa Nova. Deve oferecer significativa e qualificada prestação de
serviços que gravitam ao redor dos pilares da evangelização, da cultura e da
educação. A fonte inesgotável de conteúdo para a comunicação católica é o
Evangelho de Jesus Cristo, firmando o histórico compromisso da Igreja de ajudar
a tecer a cultura da vida e da paz.
A
comunicação da Igreja deve, pois, cultivar a convicção de que o Evangelho é o
bem mais precioso a ser oferecido à humanidade, que carece de rumos novos
capazes de levá-la à cura de suas feridas, à superação de seus
estrangulamentos. Trata-se de enorme desafio, que inclui a diversificação em
rede dos muitos modos de se fazer comunicação e a necessidade de revestir os
processos comunicativos com uma força incidente nas dinâmicas sociais. A Igreja
Católica, para se fortalecer a partir da comunicação, deve, cada vez mais,
voltar-se aos princípios que norteiam a sua identidade e missão.
A
comunhão, que faz parte da vida da Igreja, é força com propriedade de amalgamar
as diferenças, tornando-as uma grande riqueza, com elementos que corrigem
descompassos e iluminam caminhos. A comunhão leva a novos passos corretivos que
consolidam a comunicação católica como um bem indispensável e diferenciado para
a vida social. A relevância da comunicação católica para a transformação da
sociedade é que motiva cristãos católicos a apoiarem diferentes iniciativas da
Igreja no campo comunicacional. Tudo para que não se cale a voz do Evangelho de
Jesus Cristo em uma sociedade de vozes dissonantes e comprometedoras.
A
presença da Igreja, de modo mais efetivo, nos meios de comunicação, vem das
lúcidas indicações do Concílio Vaticano II, em 1965. Já há 54 anos é promovido
o Dia Mundial da Comunicação Social, para reafirmar a importância de diferentes
práticas comunicativas no contexto da Igreja – das que exigem maior mobilização
tecnológica e operacional às realizadas em âmbito mais comunitário, nas
pastorais de comunicação. Trata-se de uma ampla rede a serviço da evangelização
e, consequentemente, da edificação de uma cultura da paz. A Igreja Católica,
com seus meios de comunicação – televisivos, radiofônicos, impressos, digitais,
em redes – interage com os muitos fluxos relacionais da sociedade. Enfrenta
batalhas, interesses e até embates desiguais.
A Igreja
enfrenta essa luta valendo-se de plataformas e mecanismos que ecoam a fé
cristã. Um caminho desafiador que não pode ser trilhado isoladamente,
compreendendo a comunicação católica como negócio particular, sob pena de se
perder rumos, fazer escolhas equivocadas e, até por desespero, propor o que não
condiz com as lições de Jesus Cristo. A Igreja Católica tem parâmetros e mesas
de diálogo para fomentar a indispensável comunhão. Uma união cotidianamente
renovada que faz o serviço evangelizador no âmbito da comunicação ganhar cada
vez mais qualidade. A realidade atual, seus embates e até mesmo equívocos
apontam lições nesse contexto que precisam ser aprendidas, para novas
configurações estratégicas. Corações se abram e, com a dedicação de todos,
avance, sempre mais, o serviço indispensável da comunicação na Igreja.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas
abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa
história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de
313,43% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,32%; e já o IPCA,
também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência
do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao
excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.