“Receita
médica ao país
O quadro clínico é
grave. O diagnóstico é de falência de múltiplos órgãos. O país respira por
aparelhos, o nível de consciência está rebaixado, mas o coração ainda pulsa e
mantém os dados vitais. O caso requer cuidados de terapia intensiva e a ação
integrada de diferentes especialistas. O Estado está gravemente doente e a
medicina deve indicar o melhor tratamento.
Somos
médicos. Nosso caminho é da luta, da mais difícil delas, contra a morte. Nosso
mister é enfrentar, sem armas mas com determinação e conhecimento, grandes e
desconhecidos desafios que se impõem a cada instante. Não nos importa o
prognóstico e as condições da batalha. Tempos sempre de encontrar forças para
preservar a vida.
Vivemos
um tempo de desalento, de incertezas, de desencantamento. Avolumam-se provas da
corrupção e do despudor dos governantes, traindo a confiança da nação e ferindo
a esperança da população. Em meio a políticos náufragos e partidos submersos, o
país, como uma nau sem rumo, se divide entre doutrinas coléricas e desmedidas
paixões, e se degrada em violência, radicalismo e intolerância, só vencidos
pela apatia de tantos, descrentes do futuro.
Somos
cardiologistas. Somos movidos pelo coração, órgão que é o motor da vida e
origem de tantas palavras inspiradoras: cordialidade – que é tão necessário ser
restabelecida nos momentos atuais; acordes – a harmonia de notas, que mesmo
diferentes, compõem todas as músicas que existem; acordar – nunca foi tão
importante abrir os olhos e conhecer a realidade; coragem – o imprescindível
viço que nos impulsiona a promover mudanças.
Sim,
nós médicos temos o que receitar ao país enfermo. Mesmo cientes de que na
medicina, como em qualquer profissão, há também os que sigam por descaminhos,
os médicos devotados sabem que em situações de emergência deve-se agir contra o
tempo e em favor da vida, com determinação e sem distinção de ideologias,
religiões, raças, escolaridade, classe social, poder econômico, gênero,
orientação sexual ou quaisquer outras condições.
É
chegada a hora de desfibrilarmos as fúrias sectárias, de infundirmos civilidade
e cidadania, de imunizarmos as cores dos estandartes, de erradicarmos a
violência, de aplacarmos o fanatismo, de estancarmos ódio, de ressuscitarmos a
esperança e de despertarmos a paz.
Sabemos,
contudo, que, mesmo com a melhor receita, a cura depende do desejo de ser
curado, assim como da adesão ao tratamento.”.
(MARCUS VINÍCIUS
BOLIVAR MALACHIAS. Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, em
artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 3 de julho de 2017, caderno OPINIÃO, página7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de CARLOS
ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral
transcrição:
“A
vitalidade do jornalismo
As redes sociais são
uma ferramenta extraordinária da cidadania, um magnífico espaço de mobilização.
Mas não são uma garantia de segurança informativa e de credibilidade. Sobra
opinião superficial e radicalizada. Falta apuração, análise, matiz. Sou um
usuário regular das redes sociais. Mas nelas encontro pouco jornalismo. Muito
pouco.
Jornalismo
é a busca do essencial, sem adereços, qualificativos ou adornos. O jornalismo
transformador é substantivo. Sua força não está na militância ideológica ou
partidária, mas no vigor persuasivo da verdade factual e na integridade da sua
opinião. A credibilidade não é fruto de um momento. É o somatório de uma longa
e transparente coerência.
A
ferramenta de trabalho dos jornalistas é a curiosidade. A dúvida. A
interrogação. Há um ceticismo ético, base da boa reportagem investigativa. É a
saudável desconfiança que se alimenta de uma paixão: o desejo dominante de
descobrir e contar a verdade.
A
fórmula de um bom jornal reclama uma balanceada combinação de convicção e
dúvida. A candura, num país marcado pela tradição da impunidade, acaba sendo um
desserviço à sociedade. É indispensável o exercício da denúncia fundamentada.
Precisamos,
independentemente do escárnio e do fôlego das máfias corruptas e corruptoras,
perseverar num verdadeiro jornalismo de buldogues. Um dia a coisa vai mudar. E
vai mudar graças também ao esforço investigativo dos bons jornalistas. O
repórter, observador diário da corrupção e da miséria moral, não pode deixar
que a alma envelheça. Convém renovar a rebeldia sonhadora do começo da
carreira. O coração do repórter deve pulsar em cada matéria.
Alguns
desvios, no entanto, podem comprometer o resultado final do trabalho. A
precipitação é um vírus que ameaça a qualidade informativa. Repórteres carentes
de informação especializada e de documentação apropriada ficam reféns da fonte.
Sobre declaração, mas falta apuração rigorosa. O poder público tem notável
capacidade de pautar jornais. Fonte de governo é importante, mas não é a única.
O jornalismo de registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial,
mas oculta a verdadeira dimensão do país real. Muitas pautas estão quicando na
nossa frente. Muitas histórias interessantes estão para ser contadas.
Precisamos fugir do show político e fazer a opção pela informação que realmente
conta. Só assim, com didatismo e equilíbrio, conseguiremos separar a notícia do
lixo declaratório.
O
culto à frivolidade e a submissão à ditadura dos modismos estão na outra ponta
do problema. Vivemos sob o domínio do politicamente correto. Trata-se de um
dogma que não deixa saída: de um lado, só há vilões; de outro, só se captam
perfis de mocinhos. E sabemos que não é assim. A vida tem matizes. O verdadeiro
jornalismo não busca apenas argumentos que reforcem a bola da vez, mas também,
com a mesma vontade, os argumentos opostos. Estamos carentes de informação e
faltos da boa dialética. Sente-se o leitor conduzido pela força de nossas
idiossincrasias.
Registremos,
ademais, os perigos do jornalismo de dossiê. Os riscos de instrumentalização da
imprensa são evidentes. Por isso é preciso revalorizar, e muito, as clássicas
perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre pauta
investigativa. Checou? Tem provas? A quem interessa essa informação? Trata-se
de eficiente terapia no combate ao vírus da leviandade.
O
esforço de isenção, no entanto, não se confunde com a omissão. O leitor espera
uma imprensa combativa, disposta a exercer o seu intransferível dever de
denúncia. Menos registro e mais apuração. Menos fofoca e mais seriedade. Menos
espetáculo de marketing político e mais consistência.
A
força de uma publicação não é fruto do acaso. É uma conquista diária. A
credibilidade não combina com a leviandade. Só há uma receita duradoura: ética,
profissionalismo e talento. O leitor, cada vez mais crítico e exigente, quer
notícia. Quer informação substantiva.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio/2017 a ainda estratosférica marca
de 345,10% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial registrou históricos 301,45%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses chegou a 3,60%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
Nenhum comentário:
Postar um comentário