“Educação
e escolhas
Platão dizia que
“aquele que não tem algo, e não sabe que preciso desse algo, jamais o busca”.
Essa frase é especialmente verdade quando imaginamos uma pessoa que, por
fatores diversos, foi afastada da chance de ser educada, ou de se educar.
Muitos são aqueles que, não tendo educação, acreditam que dela não necessitam
para seguir suas vidas e, portanto, não a buscam.
Nesse
sentido, a vida das pessoas pode ser limitada pela falta de consciência daquilo
que lhes falta. Assim sendo, as pessoas que não tiveram acesso à educação
tendem reproduzir opiniões históricas ou visões de mundo que lhe são ditas ou
partilhadas pela cultura que habitam, e isso é especialmente verdade para os
preconceitos que existem na sociedade.
Mas
não apenas de opiniões e preconceitos vive um homem que não se educou:
especialmente no campo do trabalho, esse mesmo homem tende a fazer o que os
seus ancestrais fizeram, e a pensar como eles pensaram, buscando alcançar
aquilo que alcançaram. Em suma, esse ser humano executa os passos em direção ao
seu destino, ou seja, ao fatal resultado que sua vida já estava destinada a
realizar. Mas, por que isso acontece? Porque a ausência de educação tende a
limitar as possibilidades de quebrar as amarras, pular os muros, sair das
caixas, de discordar.
Dito
isso, tenho forte convicção de que o fato de alguém não ter educação limita
severamente suas escolhas sobre o mundo. A educação amplia sobremaneira o
contato do homem com ideias, com exemplos diversificados, com histórias
diferentes, com pontos de vista. Nesse sentido, é como se a educação permitisse
que a pessoa passasse as opções de escolha em sua vida de uma moeda para um
lado, de um dado para um baralho, de um baralho para um jogo de xadrez. A
educação nos permite escolher, e a escolha é um ato de liberdade.
Nelson
Mandela dizia que “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para
mudar o mundo”. Pessoas educadas não precisam mudar o mundo, mas elas têm a
opção de fazer isso. A educação lhes garante uma visão plural sobre o mesmo
problema que lhes permite atuar em várias frentes ou tentar e testar várias
hipóteses sobre as coisas. Elas discutem, discordam, concordam, tomam posição,
refletem sobre as necessidades públicas e privadas e o melhor para o bem comum,
que é um princípio ético.
Aliás,
como as pessoas não nascem éticas, é necessário educá-las para a ética. Como as
pessoas não nascem pensando no bem comum e não têm um gene dizendo “respeite os
mais velhos”, é necessário educá-las para tal. Geralmente, pessoas mal-educadas
tendem a seguir o senso comum social, que é carregado de juízos preconcebidos.
Pessoas bem-educadas tendem a pensar sobre o problema e tomar uma decisão,
ainda que seja seguir o senso comum social. Porque a quem foi dada (ou buscou)
educação foi dada escolha, a quem não a teve (ou não a buscou) foi determinado
um destino.
E para
completar a frase acima de Nelson Mandela, invoco o inspirador Paulo Freire,
para quem a “educação não muda o mundo. A educação muda as pessoas, e as
pessoas mudam o mundo”. É nesse sentido que imagino que feliz é o ser humano
que é educado ou se educa, pois à sua frente vai se descortinando sempre um
fabuloso leque de opções de entendimento sobre um mundo infinito, incompleto e
em permanente estado de construção... ou descontrução, se você for muito bem
educado!”.
(JULIANO
COSTA. Mestre em educação pela Ufal e diretor pedagógico da Pearson Brasil,
em artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 10 de julho de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
11 de julho de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de RAIMUNDO GODOY, diretor do Instituto Aquila e autor do livro Como gerenciar e enfrentar desafios, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Gerenciar
e enfrentar desafios
Um líder fraco e sem
capacidade para identificar os sinais de problemas financeiros na empresa é uma
das causas da falência de diversos negócios. Conforma dados do Boa Vista
Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), o volume de empresa que fecharam
as portas cresceu 11,5% nos últimos 12 meses. O resultado das operações
financeiras e seu respectivo impacto na disponibilidade do caixa é mais um
aspecto que compromete diretamente a perenidade da empresa. O caixa é um importante
indicador e muitos líderes não percebem esse fato como mais um sinal de
falência.
A
empresa começa a perder espaço para a concorrência à medida que os líderes não
estabelecem uma política comercial clara e desafiadora, desprezando o cenário
de atuação do setor. A falta de definição, ambições e conhecimento adequado do
valor agregado (receitas e custos) dos produtos e serviços comprometem os
resultados. Quando o líder não observa seu campo de atuação, as vendas caem e
os concorrentes tomam o mercado, e uma empresa sem clientes não consegue honrar
seus compromissos. Paulatinamente, diretor e marca perdem credibilidade e
reputação.
Já vai
longe o tempo em que o gestor administrava somente na própria intuição e em
resultados anteriores. A queda nas vendas, o aumento exagerado dos custos, os
produtos e os serviços pouco atrativos e, finalmente, um saldo de caixa
negativo são fatores que decretam a falência de qualquer tipo de negócio.
O
crescimento da quebradeira não pode ser diretamente ligado ao atual desaquecimento
econômico. É claro que, durante qualquer processo de crise externa, toda
empresa do setor pode ser diretamente afetada. Contudo, quem tem “lastro”,
oxigênio e liquidez financeira sobrevive. As empresas com liquidez financeira
investem durante esse período em novas tecnologias, processos e treinamentos.
As crises passam.
A
falta de disciplina do líder para administrar e não escutar a voz dos clientes
são situações comprometedoras em qualquer cotidiano empresarial. Em momentos
críticos, deve-se agir rápido e não ficar protelando. Uma gestão eficaz requer
sempre um olhar externo e imparcial para criticar e orientar o plano de
negócio.
A
recomendação é que, ao pensar num negócio, deve-se sempre elaborar planos A e
B. Qualquer empresa com um plano A, elaborado inadequadamente, pode falir ou
enfrentar muitos problemas diante de qualquer situação de grandes dificuldades.
A falta de um plano alternativo poderá decretar o fim do negócio. Vale lembrar
que, em situações de crises, os problemas são os mesmos, tanto para a pequena
quanto para a média e/ou grande empresa. As diferenças estão nas dimensões e
valores, alterando a forma de atuação.
No
caso das pequenas e médias empresas, o que acontece é que o dono, em função de
seu conhecimento, atua em todas as frentes, sempre apagando incêndios, e acaba
saindo da estratégia para a operação. Nas grandes empresas, em geral, existe um
organograma com funções bem definidas e, normalmente, um plano estratégico,
normas e procedimentos bem definidos. Os problemas são enfrentados pelas áreas
e diretorias correspondentes e a dificuldade fica em perder foco e energia por
equipes que não se comunicam adequadamente.
Em
mais de 30 anos como consultor, convivi com centenas de líderes e empresas
passando por essas situações. O livro Como
gerenciar e enfrentar desafios apresenta modernos conceitos de gestão,
demonstrando métodos gerenciais, como o PDCA, imprescindíveis para o sucesso de
uma estratégia. A linguagem simples e envolvente convida o gestor a refletir
sobre e como enfrentar e superar desafios sem desistir diante das dificuldades.
O
futuro não tem lugar marcado para ninguém. O sucesso é um ciclo contínuo e para
ser sustentável a empresa precisa inovar sempre em busca da sua vantagem
competitiva no mercado em que atua. Liderança requer paixão, emoção e força de
trabalho. É preciso enxergar o que os outros não veem. Empreender não é
difícil. Empreender e ter sucesso, sim, é muito difícil. O líder deve ter
conhecimento sobre sua cadeia de valor, manter um eficiente trabalho de equipe
e acompanhar a contribuição dos processos para identificar os gargalos e
restrições. O fato é que não existe um negócio bom ou ruim, mas uma empresa bem
ou mal administrada.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio/2017 a ainda estratosférica marca
de 345,10% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial registrou históricos 301,45%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses, em junho, chegou a 3,00%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção
mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no
artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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