“Faltam
civismo e patriotismo
Data
vênia dos contrários, uma vez que dividimos uma democracia
cidadã, chega um momento na vida do país que o povo precisa demonstrar civismo
e patriotismo, mas sem nenhuma preocupação com xenofobia, porque não é esse o
caso.
Também
não há que se deter o cidadão com o questionamento da perda de modernidade,
porque não se está a pedir a ninguém que se mantenha fechado no contexto único
do seu país quando lá fora o mundo globalizado não admite barreiras, e requer
mentes abertas, sem as amarras dos ideais, do civismo ou do patriotismo
exacerbados.
Não se
trata de estigmatizar o indivíduo como xenófobo ou ufanista, mas simplesmente
deixar que a cidadania tome conta do lugar que lhe pertence dentro do corpo
sadio da nação, de forma que o cidadão possa compreender a importância do seu
apreço pelas tradições e costumes do país, sem fechar as portas para o
conhecimento, para o novo, para o moderno, para outras culturas.
O
civismo que se busca é aquele de respeito aos valores, às instituições e aos
semelhantes. De nada serve a modernidade absoluta pregada por muitos, se não se
preservam os sentimentos de civilidade. O civismo não se restringe ao amor à
pátria, como forma única de vida, mas é um ato cívico muito relevante,
porquanto também esteja no seu bojo o respeito às leis e à sociedade.
O
patriotismo, por sua vez, é aquele de devoção à pátria, de orgulho pelo país e
de compreensão do que sejam direitos e deveres. O patriotismo, assim como o
civismo, não se restringe à sua definição nua e crua, mas avança no sentido da
não aceitação da opressão estatal, haja vista a premissa básica da liberdade.
Assim, o patriotismo implica na necessária solidariedade entre as pessoas,
mormente na busca da preservação dos princípios fundamentais e da constituição
de um Estado que prospere no trabalho, em prol da coletividade.
Assim
sendo, a conclusão de que faltam civismo e patriotismo no Brasil não se deve à
ausência de participação do povo nas questões políticas e sociais, que são de
interesse de todos, posto que o cidadão não é tão somente um pagador de
impostos, mas um membro da sociedade que precisa ocupar espaços e exigir
seriedade dos portadores de função pública.
O
civismo e o patriotismo são necessários porque a cidadania não pode ser
relegada a segundo plano e os cidadãos não podem ser meramente figurativos. O
brasileiro precisa participar mais da vida do país, protestar mais por direitos
e garantias, cobrar mais honestidade, seriedade e ética, discutir mais as
problemáticas do governo e fazer uma autocrítica das suas fragilidades.
O
civismo e o patriotismo requeridos não significam nacionalismo exacerbado ou
alienação, mas uma forma de engajamento do cidadão na defesa dos interesses
difusos e coletivos, que socorram a todos, com isonomia e igualdade.
O
brasileiro não suporta mais a pecha de tupiniquim e ser conhecido apenas pelo
futebol e samba. O brasileiro quer ser visto de outro jeito, melhor, e mostrar
a sua competência no futebol e no samba, na ciência, nas artes, no agronegócio,
na indústria, no comércio, na prestação de serviço, nas profissões liberais, na
tecnologia, na defesa do meio ambiente e no progresso com sustentabilidade.
O
civismo e o patriotismo são imprescindíveis porque essa competência mencionada
exige a prevalência desses valores universais. A mudança começa com o
conhecimento de cada um em benefício celebrado por todos. A desigualdade
social, por exemplo, requer a união de forças para que seja eliminada. A
corrupção, outro mal terrível, requer o combate severo da sociedade, sem
interrupção e sem piedade. Ou seja, o civismo e o patriotismo, na medida certa,
são capazes de unir o povo em torno de interesses comuns.”.
(WILSON
CAMPOS. Advogado, presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos
Interesses Coletivos da Sociedade da OAB/MG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de julho
de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
7 de julho de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Porta-voz
da moral
Ser porta-voz da moral
é mais que tarefa. É missão que permite a conquista do indispensável
balizamento, capaz de evitar que as relações sociais se convertam em
descompassos, inviabilizando a cidadania. Promover a moral é responsabilidade
intransferível que a cabe a cada família, às igrejas, aos governos, às
instituições de educação, aos projetos e programas culturais. Enfim, uma
exigência para cada cidadão, que deve orientar as próprias condutas a partir de
valores inegociáveis. Mas essa responsabilidade contracena, no contexto atual,
com uma força antagônica: o relativismo – abrigo de reações negativas a
princípios ético-morais.
Muitas
vezes os ordenamentos necessários para a vida cidadã são questionados, pois o
conceito de liberdade frequentemente está relacionado com subjetivismos,
contemplando múltiplos significados que justificam diferentes posturas e
condutas. Obviamente, liberdade é componente essencial na vida de cada pessoa,
mas o agir, justamente por ser livre, deve alicerçar-se na moral. As ações
humanas não podem ocorrer na contramão de valores e princípios, pois liberdade
não significa autocracia ou autonomia hegemônica que confere a indivíduos o
direito de ser e fazer, segundo, apenas, os próprios interesses.
A
liberdade genuína é a que se alicerça na moral, sem aprisionamentos no
subjetivismo. Possibilita às pessoas agirem a partir de um sentido mais
abrangente de liberdade, vivenciando-a em suas escolhas diárias. Esse modo de
se orientar, por ser de ordem moral, se assenta sobre os pilares de princípios
e valores, com força para confeccionar um tecido cultural emoldurado por
perspectivas civilizatórias indispensáveis. Conquistam-se, assim, diariamente,
condutas cidadãs que permitam o usufruto da própria liberdade e o respeito à
liberdade alheia. Isso só é possível quando não se negociam valores e
princípios indispensáveis que, para serem preservados, demandam exigente
empenho existencial.
Percebe-se
que liberdade não é apenas escolha desta ou daquela ação particular que, muitas
vezes, erradamente, é justificada por relativismos que conduzem a absurdos.
Liberdade não pode ser pretexto para justificar qualquer coisa que se oponha à
moral – uma lei que não se impõe, mas que deve ser obedecida por todos,
referência a uma voz que ressoa no fundo do coração, chamando cada pessoa a
amar o bem e a distanciar-se do mal.
Por
isso a missão de ser porta-voz da moral é importante. Não se pode correr o
risco de amedrontar-se diante das comuns reinvindicações libertárias que partem
do princípio de que o valor maior é a escolha individual – mesmo que essa opção
seja contrária a valores e princípios inegociáveis. Esses valores e princípios
precisam ser aprendidos e assimilados para garantir uma convivência de paz e
harmonia entre todos. Eis um indispensável investimento para conseguir debelar
as sangrias da corrupção endêmica, promover correções urgentes, aprender que o
outro, o semelhante, tem inegável importância, superando violências e
indiferenças que têm desfigurado a vida na sociedade, tornando-se
insustentável.
Não se
pode adiar o cumprimento da missão de ser porta-voz da moral, para fazer ecoar
valores e princípios que antecedem interpretações jurídicas, políticas e
culturais e integram a ordem natural da verdade e do bem. Essa missão é diária,
de todos, e deve ser cumprida com incondicional respeito ao próximo, às suas escolhas.
Assim, deve ser debelado o impulso para impor relativismos éticos e calar
vozes, sob pena de prejuízos como os que estão na pauta do dia, trazendo perdas
irreversíveis. Sem medo, com o objetivo de fazer o bem, diante das urgências
inquestionáveis de se constituir nova ordem social, é hora de investir,
corajosamente, no cumprimento da missão que é de cada um: ser porta-voz da
moral.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais
como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e sem
tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I –
a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio/2017 a ainda estratosférica marca
de 345,10% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial registrou históricos 301,45%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses, em junho, chegou a 3,00%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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