“A
enfermagem precisa ser valorizada cotidianamente
A humanidade passa pela
mais grave crise de saúde pública de sua história. Na linha de frente dessa
guerra estão os profissionais de saúde, enfrentando um de seus maiores desafios
dos últimos tempos.
Destaca-se
aqui a atuação da equipe de enfermagem, composta por enfermeiros graduados e de
nível técnico, que têm se mostrado verdadeiros guerreiros prestando cuidados às
pessoas que tanto necessitam, diante de uma infecção altamente contagiosa. Esse
encorajamento se mantém a despeito das adversidades do contexto, dentre os
quais a escassez de equipamentos de proteção individual para realizarem seu
trabalho com segurança.
A
enfermagem é uma profissão que se originou sustentada em valores como ousadia,
persistência, compaixão e dedicação ao próximo, além de muita coragem, conforme
mostram os registros históricos da atuação de enfermeiras que se voluntariaram
para cuidar de soldados na Guerra da Crimeia (1853-56).
A
primeira escola de enfermagem do mundo foi criada na Inglaterra por Florence
Nightingale, uma mulher à frente de seu tempo, fundadora da enfermagem moderna.
São de sua autoria as primeiras normativas para o bom funcionamento de
hospitais, seguidas até hoje, como a preconização da lavagem das mãos como
forma de proteger os doentes.
Florence,
considerada a enfermeira mais conhecida do mundo, já usava conhecimentos de
estatística para analisar a situação de saúde da população, numa época em que
esse tipo de atividade só cabia aos homens. Foi uma liderança importante com
grande habilidade de articulação política, deixando grande legado para a
sociedade.
A
população tem tido a oportunidade de perceber, como nunca, a essencialidade do
trabalho da enfermagem. É uma categoria que atua ao longo de toda a vida das
pessoas, do nascimento à morte, com ações de orientação em prol da promoção da
saúde e prevenção de agravos, bem como de assistência direta às pessoas que
necessitam de cuidados para se recuperarem ou assegurar a manutenção da vida.
Espera-se
que o reconhecimento não fique apenas nas palmas neste momento tão desafiador.
Elas são muito bem-vindas, mas a valorização desses profissionais precisa ser
constante, incluindo o respeito nas interações com essa equipe, bem como lhes
assegurando condições de trabalho e remuneração dignos.
A
sociedade teria muitas dificuldades não fosse a valentia da enfermagem no
enfrentamento dessa pandemia. Parabéns e obrigado a toda a equipe de enfermagem
que, ao cuidar, salva vidas.”.
(Jaqueline A.
Guimaraes Barbosa. Enfermeira e professora da Escola de Enfermagem da UFMG,
em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 12 de maio de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
11 de maio de 2020, caderno A.PARTE,
página 7, de autoria de VITTORIO MEDIOLI,
e que merece igualmente integral transcrição:
“Antes
do esquecimento
Quando cheguei a Belo
Horizonte, em 27 de maio de 1976, o clima era diferente. Passei a morar numa
chácara em Ibirité no ano de 1977. A paisagem era incrível, havia muita mata e
uma represa de águas cristalinas. Animais de todas as espécies apareciam no
quintal: raposas, quatis, tatus, criaturas parecidas com tartarugas, micos e
até veadinhos.
As
madrugadas eram gélidas. No mês de junho, várias vezes se registrava geada, e
aquela manta branca sobre a grama derretia com os primeiros raios de sol. Para
tomar banho, aquecia-se o ambiente queimando álcool numa bandeja, e à noite
eram necessários dois cobertores de lã para dormir. Em 1982, deixei Ibirité e
mantenho uma lembrança feliz.
Com o
desmatamento e a ocupação urbana, a temperatura foi subindo no entorno de Belo
Horizonte. O clima se transformou.
No final
de abril e começo de maio deste ano, a temperatura sofreu uma queda notável e
me fez lembrar dos anos 70, quando as noites eram mais frias nesta estação. Nas
últimas semanas, a luminosidade diurna tem sido mais intensa, e o sol brilha
como nunca. Parece consequência da diminuição de uma camada de poluição, de
finas partículas de CO2, que há tempos encapa o planeta.
Não é
por menos. Com milhões de veículos parados pela pandemia no mundo inteiro, as
estrelas brilham mais, a luz ilumina a escuridão, o ar desde mais suave aos
pulmões. Os automóveis repousam e deixam o planeta em paz. As mortes
economizadas nas estradas provavelmente empatam com aquelas da pandemia. Em
2018 e 2019, foram 112 mil mortes por mês nas vias terrestres no mundo, 3.400
por dia. Nem por isso, porém, usamos todos os dias nossos veículos atando o
cinto de segurança; aceitamos, assim, o risco, que mata 1,35 milhões de
indivíduos a cada ano. A humanidade se acostuma às catástrofes e aprende a
conviver com elas.
O
fenômeno de descontaminação está, provavelmente, no seu auge. Retornaremos, em
breve, ao “normal” aquecimento global, a respirar venenos. O mundo rico e
“civilizado” continuará a ignorar que morrem de malária 430 mil pessoas por ano
nos países pobres – e que 300 mil vítimas são crianças com menos de 5 anos.
Continuará insensível aos mais de 7 milhões de mortes que resultam, segundo a
OMS, do tabagismo – sendo cerca de 1,2 milhão o total de vítimas não fumantes
expostas ao fumo passivo. Continuará a humanidade a beber álcool, apesar de 3
milhões de pessoas morrerem anualmente por seu uso nocivo. O alcoolismo é
responsável, segundo relatório da OMS, por uma morte a cada 20 ocorridas no
planeta.
Vale
prestar atenção a este momento de susto “civilizado” e irrepetível até a próxima
pandemia – ou até que a Covid-19 se confunda com a paisagem mundial.
Precisamos, neste momento, registrar a diferença do clima, que, antes sutil, se
faz mais evidente a cada dia. Especialmente os jovens, que da década de 70 não
participaram, e aqueles que se esqueceram do passado. Guardar esse exemplo será
valioso para todos e para o planeta para entender que somos, de verdade, uma
aldeia global.
Imaginava
que alguém, entrasse no assunto do clima, que sentisse a sensação que
experimento nestes dias. Aquela manta de poluição, aparentemente invisível,
precipitou sem ser reposta com a mesma intensidade e permitiu o resfriamento do
ambiente. Como contribuição, temos a diminuição abrupta de combustão de
petróleo, que retornou, nos últimos meses, aos níveis mínimos de algumas
décadas de século passado. Filas de navios petroleiros parados no mar, sem ter
onde descarregar. Poços de extração deixaram de produzir, as refinarias
desligaram suas torres, os altos-fornos deixaram de queimar carvão para fundir
ferro. Cotações de commodities energéticas e metais derreteram.
Não é o
coronavírus que vai parar o planeta. Certamente, haverá um retorno da produção,
e não sentiremos mais o ar puro de hoje, a selva noturna mais intensa, a falta
de ruídos urbanos. A pandemia, como todos os males e sofrimentos, permite
reflexões e experiências únicas.
A
humanidade, tirada por algumas semanas da sua atividade frenética,
enclausurada, pode sentir a necessidade, mesmo produzindo, de agir corretamente
para evitar muitos dos males que nos afligem. Com pequenos esforços, as águas
serão mais limpas, o ar ficará puro, o céu será descontaminado. Estamos
recebendo uma lição de qualidade de vida.
Embora
seja pouco provável, auspicamos que as nações não percam tempo para tomar
medidas sérias, urgentes e profundas para preservar o planeta.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 326,4%
nos últimos doze meses, e a taxa de
juros do cheque especial chegou ainda em históricos 130,0%; e já o IPCA, em
abril, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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