“Saúde mental em tempos pandêmicos
Recém-ingressos
em 2021, para além da renovação do ciclo de esperança e do desejo de
prosperidade, somos atingidos por uma série de dúvidas, angústias e aflições
que marcam toda passagem de ano.
Transcorridos
dez meses de um cenário pandêmico – ainda sob incertezas quanto às próximas
etapas de enfrentamento à Covid-19 e sem definições objetivas quanto a um plano
de imunização capaz de atender toda a população –, os sofrimentos de ordem
psíquica e emocional continuam preocupando nossa sociedade, dada a intensidade
com a qual fomos impactados pela crise sanitária em curso.
No
último ano, a importância do cuidado em saúde mental tomou proporções inéditas,
a reboque das consequências de um dos cenários mais assustadores e desafiadores
da história recente. Falar sobre saúde mental sempre foi e será imperativo na
medida em que nela se refletem todas as vivências e condições humanas. Tudo o
que acontece com as pessoas em seu cotidiano infere resultados (positivos ou
danosos) à saúde física e mental dos indivíduos e, por consequência, das
coletividades.
A
pandemia, sem dúvida, apresenta complexidades que ainda hoje são difíceis de
contornar. Mas não podemos perder de vista que situações (infelizmente)
cotidianas – como as injustiças sociais (falta de equidade no acesso a
políticas de saúde, educação, trabalho, renda, lazer e previdência), as
violências (contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos) e os preconceitos
(raciais e de gênero, entre outros) – afetam sobremaneira a saúde mental tanto
quanto ocasiões raras.
É por
isso que a saúde mental precisa constantemente ser debatida com seriedade,
tendo como perspectiva o melhor cuidado possível à população a partir dos
avanços logrados com a reforma psiquiátrica.
Para que
o tema esteja permanentemente em discussão, o Conselho Federal de Psicologia (CFP)
passou a incorporar em seus diálogos, a partir de 2019, a ideia de se
problematizar a saúde mental em todos os meses do ano, de janeiro a janeiro,
ciente de que uma data específica não seria capaz de contemplar todas as
complexidades e dimensões inerentes ao assunto. Dessa forma, o CFP intensificou
em suas lives transmitidas ao longo de 2020 a compreensão de que este é um tema
transversal a todas as funções da autarquia – enquanto instituição responsável
por orientar, fiscalizar e disciplinar o exercício profissional de mais de 386
mil psicólogas e psicólogos em todo o Brasil.
Para a
psicologia, o enfrentamento às desigualdades, à opressão e a todas as formas de
crueldade ou violência que prejudicam imensamente a saúde mental é um
compromisso ético que guia a atuação de nossa categoria. Buscamos de modo
incessante a promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade
de todas as pessoas, desejando que a nossa profissão pactue sempre para a
consolidação de uma sociedade menos desigual, mais fraterna e saudável.
Convidamos
toda a sociedade a debater, pensar e cuidar da saúde mental. De janeiro a
janeiro.”.
(Ana Sandra Fernandes Arcoverde Nóbrega.
Psicóloga, é presidente do Conselho Federal de Psicologia, em artigo publicado
no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 20 de janeiro de 2021, caderno opinião,
página A3).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 19 de fevereiro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
transcrição:
“Diálogo, o compromisso
Fraternidade
e diálogo, compromisso de amor, tema da Campanha da
Fraternidade Ecumênica 2021 (CFE-2021), desafio e meta exigentes no horizonte
de todos os cristãos, oportuna interpelação para o percurso do tempo da
Quaresma. A Igreja Católica no Brasil, há quase 60 anos, desde 1964, promove a
Campa da Fraternidade, projetando luzes sobre a vida em sociedade. A partir dos
anos 2000, algumas edições da Campanha da Fraternidade passaram a ser
organizadas de modo ecumênico, reunindo as Igrejas Cristãs representadas no
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). A realização das Campanhas da
Fraternidade Ecumênicas nasceu de uma decisão soberana da instância maior da
CNBB, a sua Assembleia Geral dos Bispos. Um gesto evangélico e fraterno, considerando
o desejo de Jesus Mestre, que ora ao Pai pedindo que todos sejam um. O
Ecumenismo é uma tarefa missionária, exigente e inegociável, que a Igreja
Católica recebeu do Concílio Vaticano II. O compromisso é investir na
restauração da unidade entre todos os cristãos, pois o Senhor Jesus fundou
apenas uma Igreja.
Não se
pode descurar, em nome de uma fidelidade inconsistente, ou por posturas que
revelam rigidez, a realidade da fé cristã. Somos todos discípulos do mesmo
Mestre e Senhor, embora, não raramente, os caminhos diferentes que são tomados
levem pessoas a agirem como se o próprio Cristo estivesse dividido. Justamente
por existirem diferentes caminhos e perspectivas a respeito da fé, é preciso
investir no diálogo e na aproximação fraterna. Isto não significa negociar a
verdade da própria fé, mas, ao contrário, é abrir-se à superação de divisões
que contradizem a vontade de Cristo. As divisões entre os cristãos representam
um escândalo para o mundo, como afirma o Concílio Vaticano II. Prejudica o anúncio
do Evangelho a toda criatura, comprometendo a conquista da unidade.
Consequentemente, as divisões atrapalham o cultivo dos valores do Reino de Deus
na sociedade. A realidade brasileira, que reúne tantos cristãos, mas
vergonhosamente é ferida pela desigualdade social – contramão dos valores do
Evangelho – comprova os males da divisão entre os que professam a fé em Jesus.
Evidencia que é preciso percorrer longo caminho de conversão para edificar a
justiça, a paz e a solidariedade.
A luz
forte e interpelante do tempo quaresmal deve ser projetada sobre um mundo
fechado e em sombras, para contribuir com a geração de um “mundo aberto”,
conforme pede o papa Francisco na sua Carta Encíclica Fratelli Tutti. A
construção dessa nova realidade aberta inclui o tratamento do contexto
sociopolítico e cultural altamente comprometido, mobilizando diferentes
leituras e interpretações, a partir de variados lugares, sem jamais negociar os
princípios inegociáveis da doutrina da fé. Esses princípios exigem
autenticidade do testemunho evangélico, sem subjetivismos narcisistas, ódios,
notícias falsas e ataques na contramão da caridade cristã. Assim, a delicadeza
de Deus pela oportunidade da Quaresma é mais do que simplesmente ritos
celebrados. Trata-se de oportunidade para renovar o coração a partir do amor de
Deus. Para isso, é importante buscar adequada compreensão da realidade, sem
misturar conceitos, sem se julgar “dono da verdade”.
Devem
ser buscados entendimentos à luz da fé, mas sem promover entrincheiramentos que
afrontam a unidade. A unidade é o desejo do
Mestre dos discípulos. A luz luzente do tempo
quaresmal, para quem escancara as portas de sua interioridade, é o caminho para
corrigir os descompassos de escritos, pronunciamentos e posturas que rompem com
a unidade. Verdadeiramente vive a Quaresma quem aceita o convite para intensa
reflexão e revisão da própria vida. Um exercício a ser vivido na presença de
Jesus. Sublinha amorosamente o Papa Francisco que o Senhor Jesus nos convida a
caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte,
fazendo-se peregrino conosco, especialmente nestes tempos difíceis de pandemia.
Cristo é a única fonte de paz, e somente Ele pode fazer e refazer a unidade
entre os que estão divididos. Outra direção, a que alimenta divisões, com
gestos e palavras, escolhas e atitudes, sinaliza ação diabólica.
Para
além das desafiadoras diferenças, é preciso investir no diálogo como compromisso
de amor, e sonhar com uma sociedade ao sabor do Evangelho de Jesus, fazendo das
diferenças uma riqueza. Lembra o papa Francisco, em mensagem aos irmãos e irmãs
brasileiros sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021: os fiéis são
convidados a escutar o outro e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é
muitas vezes surdo, com a disposição ao diálogo pelo estabelecimento do
paradigma de uma atitude receptiva. Essa atitude, diz o Papa Francisco, é de
quem supera o narcisismo e acolhe o outro, sobre os alicerces da cultura do
diálogo. Nesta cultura, Jesus se faz presente, conforme ensina o lema da
Campanha – “Ele é a nossa paz: do que dividido fez uma unidade”. Eis o
horizonte da fidelidade, da ortodoxia e da ortopraxia dos cristãos, na promoção
do diálogo como compromisso de amor. Seja aberto o coração ao companheiro de
estrada, sem medos e desconfianças, para se encontrar a paz no rosto do único
Deus. Todos reconheçam esse motivo de esperança indicado pelo papa Francisco: a
realização, pela quinta vez, da Campanha da Fraternidade pelo Conselho Nacional
de Igrejas Cristãs (Conic), contribuição dos cristãos para que todos possam
exercitar a fraternidade e o diálogo, compromisso de amor.”.
Eis, portanto, mais
páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que
acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de
valores –, para a imperiosa e
urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a
efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a) a excelência
educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade,
da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a
estratosférica marca de 328,10% nos últimos
doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em
históricos 115,59%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses,
chegou a 4,52%); II – a corrupção, há
séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e
comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador
chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela
trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é
que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter
transnacional; eis, portanto, que todos
os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos,
pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina,
fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso
patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a
proposta do
Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões
(53,83%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao
menos com esta última rubrica, previsão de R$
1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito
e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
São, e bem o sabemos,
gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande
cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura,
além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências
do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,
da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o
nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
59 anos de testemunho de um servidor público
(1961 – 2020)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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