“Crianças cuidando de crianças
Uma
das pautas prioritárias das gestões estaduais e federal recém-eleitas é a
educação – o tema foi recorrente na maioria dos governos municipais no pleito
realizado há dois anos. É prioridade de início de mandato porque, em regra, não
é prioridade do Estado real. Apesar de se tratar de um direito previsto na
Constituição Federal, a política de educação não tem sido bem encaminhada pelos
governos.
Além
disso, a educação não é uma ilha e depende de fatores externos às políticas
educacionais. O rendimento escolar, muitas vezes, também está ligado ao
contexto socioeconômico dos estudantes e de seus familiares. As classes C, D e
E, por exemplo, enfrentam o tema absurdo e persistente de crianças e adolescentes
cuidando de outras pessoas da família, normalmente irmãos mais novos, em vez de
focar sua atenção nos estudos.
Pesquisa
publicada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), realizada em
agosto de 2022 e que ouviu 1.100 meninas e meninos de 11 a 19 anos de todas as
regiões do Brasil, constatou que 11% não haviam voltado às escolas após o
isolamento social provocado pela pandemia. O dado representa uma evasão escolar
de mais de 2 milhões de estudantes no país.
Entre as
causas apontadas pelos ex-alunos, 28% destacaram o fato de terem que cuidar de
familiares em suas casas. Dos 21% que seguiram estudando, mas que pensaram em
desistir da escola nos três meses anteriores à pesquisa, 19% trouxeram esse
mesmo motivo.
A falta
de creches e pré-escolas e de ensino fundamental em turno integral,
especialmente para estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental, explica
a maior parte dessa realidade preocupante. É um misto de exploração do trabalho
infantojuvenil “invisibilizado”, aliado à fragilidade do cuidado familiar, por
vezes expondo crianças a ações arbitrárias das agências de proteção, como a
retirada de crianças de suas famílias por negligência ou abandono, mesmo sendo
essa negligência claramente do Estado, e não das famílias. Também as crianças
estão expostas a riscos de acidentes e negligências diversas, em vez de
usufruírem do direito constitucional à educação.
Perante
essa realidade, é impossível se pensar no direito à educação sem o apoio das
famílias em maior situação de vulnerabilidade. Ainda mais quando essa
vulnerabilidade tem relação direta com o não atendimento adequado da própria
política de educação, como é o caso da falta de vagas na educação infantil,
tanto de creches quanto de pré-escolas, e da baixa oferta de turno integral nas
escolas brasileiras.”.
(José Carlos Sturza de Moraes. Coordenador do
Instituto Bem Cuidar – Aldeias Infantis SOS), em artigo publicado no jornal O
TEMPO Belo Horizonte, edição de 25 de janeiro de 2023, caderno OPINIÃO,
página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no mesmo veículo, edição de 2 de fevereiro de 2023, mesmo
caderno, página 20, de autoria de Giuliano Fernandes, head de marketing
e comunicação da CBMM, e que merece igualmente integral transcrição:
“Roda de conversa
A
roda de conversa é um alicerce social que reduz a indiferença e aproxima os
diferentes.
A
tendência natural das pessoas é se aproximar daquelas que pensam da mesma
maneira – Goethe chamava isso de “afinidade eletiva”. Porém, ao decidirmos quem
seguir e quem excluir, comportamento facilitado pelas redes sociais digitais,
terminamos por nos separar, nos concentrando em comunidades uniformes e
autorreferenciais, ou em “câmaras de eco”, como dizia Umberto Eco em sua
brilhante obra “Construir o Inimigo”.
Esse
caminho artificial criado pelas
tecnologias alterou radicalmente a forma na qual construímos ideias, com a
troca de informações passando a ser determinada por algoritmos que produzem
percursos artificiais criados sobre a base de preferências comerciais,
simpatias políticas, cronologia das buscas e geolocalização.
Mais do
que isso, as interações entre máquinas e humanos estão criando um multiplicador
de informativo tão potente, que o volume de dados disponíveis é superior à
nossa capacidade de interpretação. Paradoxalmente, o aumento dos dados está
aumentando a assimetria informativa, comprometendo nossa capacidade de nos
levar até a verdade, entendida como êxito
da verificação de uma hipótese. De certa forma, é a confirmação do alerta,
feito por Kierkegaard, de que “os números não decidem a verdade”.
Mais
recentemente, observamos o fervor midiático criado pelo ChatPT, que usa
“machine learning” para encontrar padrões em dados, em maior parte escritos por
humanos, para produzir textos de resposta que pareçam humanos. O “machine
learning” é o maior sistema de reconhecimento de padrões já inventado. É como a
interface de voz Alexa trabalha e como o Google pode te encontrar em fotos em
meio a outras pessoas.
Porém,
recente pesquisa realizada pela universidade IULM, de Milão, em parceria com o
Omnicom PR Group aponta claramente os problemas que a hiperconexão e o excesso
de informações trazem para a comunicação empresarial. Nomeada de “Post-Invasion”,
a pesquisa analisa a reputação de 64 marcas em oito diferentes setores, em uma
época de emergências contínuas: do pós-pandemia à guerra, das crises econômicas
às socioambientais.
Chamam
atenção os dados relativos ao quanto as pessoas estão indiferentes perante as
ações de comunicação e marketing feitas pelas marcas, em alguns casos, chegando
a 40% dos entrevistados. Uma das causas parece estar relacionada à
dificuldade de o público-alvo entender o
que é autêntico e crível no posicionamento empresarial em meio a tantas
informações. A pesquisa ainda aponta que a atenção está mudando de “por que”
para “quem” comunica, devido ao aumento da distração causada pelo excesso de
telas e pela busca de modelos e pessoas confiáveis e capazes de decodificar as
mensagens, apontando a necessidade de um storytelling mais humano e simples de
ser compreendido. Se por um lado há um excesso de informação, parece faltar
conexão emocional e humana como base principal para se capturar maior interesse
e atenção.
Parece
que a solução aos tempos atuais se volta para a base da história de evolução do
Homo sapiens, com conhecimento e confiança sendo construídos por meio de
relações, forjadas como numa roda de conversa ao redor de uma fogueira, como
fazíamos desde nossos ancestrais.
Assim
como a condução de um veículo depende de quem o guia, não existe livre-arbítrio
da máquina. Por trás de qualquer inteligência artificial existe um grande ser
humano.
No
contexto das empresas, líderes com habilidades de contar boas e verdadeiras
histórias parecem ser um ativo cada vez mais relevante.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
61
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2022)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar e destruir!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade
do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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