terça-feira, 15 de agosto de 2023

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS E EXIGÊNCIAS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ALIADO AO SOCIAL, COM DIGNIDADE HUMANA E PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E A TRANSCENDÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE, ESCUTA AMOROSA, JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE E SABEDORIA NA NOVA ORDEM CIVILIZATÓRIA NA SUSTENTABILIDADE

“Sachs: pioneiro de ideias

       Em cada pessoa, a maneira de pensar depende de encontros marcantes ao longo da vida com professores, parentes, amigos; no meu caso, tive a sorte de encontrar Ignacy Saches. E no dia 2 de agosto o mundo perdeu esse importante pensador, que, por quase 60 anos, esteve entre os que iniciaram a reflexão sobre limites do progresso identificado com aumento da produção industrial e elaboraram propostas para reorientação do rumo da civilização em direção ao desenvolvimento sustentável, definida por ele como ecodesenvolvimento, ainda em 1970.

         Foi um dos primeiros desbravadores da ideia de entender e cuidar do progresso levando em conta os limites ecológicos e o valor da biodiversidade, sendo por isso necessário livrar a civilização da ânsia de aumentar a produção industrial e da voracidade para consumir produtos. Sachs foi economista pragmático, que ofereceu propostas concretas sobre coo fazer funcionar economias sustentáveis em diversas regiões do mundo, inclusive na Zona da Mata e na Amazônia brasileiras.

         Enquanto as ideias sociais e políticas eram polarizadas pela cortina de ferro, Sachs já percebia e denunciava o capitalismo ocidental e o socialismo soviético como filhos da revolução industrial. Antes de quase todos, ele viu o planeta e a humanidade com mais importantes do que os países isoladamente. Sachs nos fez perceber que houve um tempo em que o mundo era a soma dos países.

         Essa mente brilhante e pioneira foi formada graças à vida cosmopolita de quase um século entre 1927 e 2023. Judeu, nascido na Polônia, veio refugiado com a família, no início dos anos 1940, para o Brasil, onde se formou em economia. Depois, optou por retornar ao seu país socialista, onde trabalhou com alguns dos mais importantes economistas marxistas.

         Em 1968, vítima de nova perseguição antissemita promovida então pelo Partido Comunista, asilou-se na França, onde, como professor, tratou os brasileiros que chegavam ao exílio como compatriotas e, em muitos deles, deixou a marca de seu pensamento pioneiro, heterodoxo, cosmopolita, despertando em todos a visão crítica ao desenvolvimento predador e inspirando o compromisso com o desenvolvimento sustentável.

         Ele alertou para o mal que o crescimento econômico provocou sobre a Terra e inspirou como reorientar o progresso. Devemos a ele não apenas a orientação em nossos doutorados, mas sobretudo a mente livre de preconceitos ideológicos ou teóricos e comprometida com valores humanistas, na defesa do equilíbrio ecológico e da justiça social com democracia. Morreu dormindo, mas suas últimas palavras poderiam ter sio “valeu a pena para mim” e “ainda é tempo para a humanidade”.

Por tudo isso, o 2 de agosto de 2023 foi um dia em que a Terra chorou, com esperança.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 11 de agosto de 2023, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br, mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Vida espiritual

       O fenômeno da desfiliação religiosa, segundo apontam estudos sérios, não é propriamente um ‘virar as costas’ para elementos e valores do transcendente, desvalorizando a espiritualidade. A vida humana qualifica-se por uma série de circunstâncias, que contemplam o bem-estar físico e social, incluindo ainda a dedicação à espiritualidade. A realidade interior de cada pessoa é um sacrossanto e recôndito lugar de sentimentos, dos valores, da consciência e das convicções. Vale investir no conhecimento e na prática da espiritualidade cristã, uma riqueza incontestável para além dos parâmetros das regras e dos ritos, com força para qualificar o viver humano. Assim, ao se reconhecer que o fenômeno da desfiliação religiosa não significa desconsideração aos valores transcendentes, torna-se necessário aos ritos e parâmetros institucionais assumir complexo desafio: buscar compartilhar suas riquezas espirituais e proporcionar a muitos as experiências ricas e essenciais de uma vida espiritual.

         A espiritualidade remete o ser humano ao sacrário de sua própria vida – lá onde se cultiva a experiência mais autêntica da fé, no encontro com Deus. Os místicos cristãos ensinam que Deus mais intimidade com cada coração humano que o próprio portador desse coração. Sem cultivar a espiritualidade, corre-se o risco de não conquistar a adequada competência para alcançar o sentido de viver. Perde-se força enfrentar e superar sofrimentos de todo tipo. Há mais dificuldade no campo relacional, no saber se portar diante do outro, com a adoção de gestos e palavras capazes de promover cada pessoa, respeitando as diferenças, sem autoritarismos. Ao se cultivar adequadamente a espiritualidade, não há risco de intimismo, comprometendo a inegociável dimensão comunitária, aquela que é suporte indispensável na ingente tarefa de construir um a sociedade justa e solidária. A espiritualidade é alicerce e forro do viver humano. Jamais pode significar seguir na direção da alienação ou do risco de se “virar as costas” à realidade, com seus desafios e exigências.

         A vida espiritual funciona como fonte de sabedoria e iluminação da inteligência. É força de parâmetro moral indispensável, particularmente neste tempo em que se sabe das ondas destruidoras da corrupção, acirradas pela sedução do poder. No desenvolvimento humano e social, o silêncio e a oração constituem dinâmicas essenciais, caminhos singulares que levam à qualificação da existência. A oração tem alcance muito maior do que a ignorante consideração de que se trata de postura “carola” ou de beatério. Ao invés disso, a dinâmica da oração é o único modo de enxergar a vida no seu conjunto e inteireza, com a iluminação da presença de Deus, inigualável e místico. O silêncio, mais do que uma disciplina, é condição essencial ao diálogo, possibilitando o desenvolvimento da capacidade de escutar, especialmente os clamores dos pobres e sofredores. A vivência da espiritualidade constitui, assim, um caminho que tem tudo a ver com o amor, o amor maior, que ultrapassa os limites das afinidades e das simpatias, estabelecendo alicerces de universalidade na alma, com a competência de debruçar-se, de modo samaritano, a partir do ideal de sempre buscar resgatar o semelhante – jamais massacrá-lo.

         A espiritualidade institui a escola do discipulado, conservando a dinâmica saudável, humildemente terapêutica, que faz, de cada um, ao mesmo tempo, aprendiz e peregrino. O discipulado é a adoção de uma vida disciplinada pelo esforço de criar espaço para Deus. Trata-se do desabrochar da percepção do lugar único e insubstituível de Deus no mais íntimo de cada ser. A presença de Deus é mediada pelas circunstâncias e injunções externas, levando à conquista de relações humanas qualificadas. O não desenvolvimento da escuta de Deus compromete as demais escutas. Leva a uma atenção confusa, dedicada a vozes que estreitam decisões, apequenam gestos, comprometem o respeito incondicional à dignidade de toda pessoa humana.

         Reconhecer a importância da espiritualidade é sinal de sabedoria, uma necessidade, uma resposta existencial que não pode ser substituída. Trata-se, ao mesmo tempo, de um remédio que, com contribuições da arte e da poesia, oferece paragens necessárias ao coração humano. O episódio da Transfiguração de Jesus, no alto do Monte Tabor, diante dos três discípulos, tem o seu ápice na voz que veio da nuvem: “Este é o meu Filho Amado, escutai-o!” Espiritualidade é viver no cultivo desta escuta, sabedoria inigualável pela propriedade de sustentar o ser humano, tornando- instrumento efetivo para a construção de um novo tempo.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil, com o auxílio da música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito continua atingindo níveis estratosféricos nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial ainda em píncaros históricos. Já a taxa Selic permanece em insustentável índice de 13,25% ao ano; a um outro lado, o IPCA, em julho, no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,99%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 523 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

62 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2023)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir, dominar e destruir!

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes ... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.

- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrimas,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!

 

 

        

Nenhum comentário: