“Sachs: pioneiro de ideias
Em
cada pessoa, a maneira de pensar depende de encontros marcantes ao longo da
vida com professores, parentes, amigos; no meu caso, tive a sorte de encontrar
Ignacy Saches. E no dia 2 de agosto o mundo perdeu esse importante pensador,
que, por quase 60 anos, esteve entre os que iniciaram a reflexão sobre limites
do progresso identificado com aumento da produção industrial e elaboraram
propostas para reorientação do rumo da civilização em direção ao
desenvolvimento sustentável, definida por ele como ecodesenvolvimento, ainda em
1970.
Foi um
dos primeiros desbravadores da ideia de entender e cuidar do progresso levando
em conta os limites ecológicos e o valor da biodiversidade, sendo por isso
necessário livrar a civilização da ânsia de aumentar a produção industrial e da
voracidade para consumir produtos. Sachs foi economista pragmático, que
ofereceu propostas concretas sobre coo fazer funcionar economias sustentáveis
em diversas regiões do mundo, inclusive na Zona da Mata e na Amazônia
brasileiras.
Enquanto
as ideias sociais e políticas eram polarizadas pela cortina de ferro, Sachs já
percebia e denunciava o capitalismo ocidental e o socialismo soviético como
filhos da revolução industrial. Antes de quase todos, ele viu o planeta e a
humanidade com mais importantes do que os países isoladamente. Sachs nos fez
perceber que houve um tempo em que o mundo era a soma dos países.
Essa
mente brilhante e pioneira foi formada graças à vida cosmopolita de quase um
século entre 1927 e 2023. Judeu, nascido na Polônia, veio refugiado com a
família, no início dos anos 1940, para o Brasil, onde se formou em economia.
Depois, optou por retornar ao seu país socialista, onde trabalhou com alguns
dos mais importantes economistas marxistas.
Em 1968,
vítima de nova perseguição antissemita promovida então pelo Partido Comunista,
asilou-se na França, onde, como professor, tratou os brasileiros que chegavam
ao exílio como compatriotas e, em muitos deles, deixou a marca de seu
pensamento pioneiro, heterodoxo, cosmopolita, despertando em todos a visão
crítica ao desenvolvimento predador e inspirando o compromisso com o
desenvolvimento sustentável.
Ele
alertou para o mal que o crescimento econômico provocou sobre a Terra e
inspirou como reorientar o progresso. Devemos a ele não apenas a orientação em
nossos doutorados, mas sobretudo a mente livre de preconceitos ideológicos ou
teóricos e comprometida com valores humanistas, na defesa do equilíbrio
ecológico e da justiça social com democracia. Morreu dormindo, mas suas últimas
palavras poderiam ter sio “valeu a pena para mim” e “ainda é tempo para a
humanidade”.
Por tudo isso, o 2 de agosto de 2023 foi um dia em que
a Terra chorou, com esperança.”.
(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e
membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 11 de agosto de
2023, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br,
mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Vida espiritual
O
fenômeno da desfiliação religiosa, segundo apontam estudos sérios, não é
propriamente um ‘virar as costas’ para elementos e valores do transcendente,
desvalorizando a espiritualidade. A vida humana qualifica-se por uma série de
circunstâncias, que contemplam o bem-estar físico e social, incluindo ainda a dedicação
à espiritualidade. A realidade interior de cada pessoa é um sacrossanto e recôndito
lugar de sentimentos, dos valores, da consciência e das convicções. Vale
investir no conhecimento e na prática da espiritualidade cristã, uma riqueza
incontestável para além dos parâmetros das regras e dos ritos, com força para
qualificar o viver humano. Assim, ao se reconhecer que o fenômeno da
desfiliação religiosa não significa desconsideração aos valores transcendentes,
torna-se necessário aos ritos e parâmetros institucionais assumir complexo
desafio: buscar compartilhar suas riquezas espirituais e proporcionar a muitos
as experiências ricas e essenciais de uma vida espiritual.
A
espiritualidade remete o ser humano ao sacrário de sua própria vida – lá onde
se cultiva a experiência mais autêntica da fé, no encontro com Deus. Os
místicos cristãos ensinam que Deus mais intimidade com cada coração humano que
o próprio portador desse coração. Sem cultivar a espiritualidade, corre-se o
risco de não conquistar a adequada competência para alcançar o sentido de
viver. Perde-se força enfrentar e superar sofrimentos de todo tipo. Há mais
dificuldade no campo relacional, no saber se portar diante do outro, com a
adoção de gestos e palavras capazes de promover cada pessoa, respeitando as
diferenças, sem autoritarismos. Ao se cultivar adequadamente a espiritualidade,
não há risco de intimismo, comprometendo a inegociável dimensão comunitária,
aquela que é suporte indispensável na ingente tarefa de construir um a
sociedade justa e solidária. A espiritualidade é alicerce e forro do viver
humano. Jamais pode significar seguir na direção da alienação ou do risco de se
“virar as costas” à realidade, com seus desafios e exigências.
A vida
espiritual funciona como fonte de sabedoria e iluminação da inteligência. É
força de parâmetro moral indispensável, particularmente neste tempo em que se
sabe das ondas destruidoras da corrupção, acirradas pela sedução do poder. No
desenvolvimento humano e social, o silêncio e a oração constituem dinâmicas
essenciais, caminhos singulares que levam à qualificação da existência. A
oração tem alcance muito maior do que a ignorante consideração de que se trata
de postura “carola” ou de beatério. Ao invés disso, a dinâmica da oração é o
único modo de enxergar a vida no seu conjunto e inteireza, com a iluminação da
presença de Deus, inigualável e místico. O silêncio, mais do que uma
disciplina, é condição essencial ao diálogo, possibilitando o desenvolvimento
da capacidade de escutar, especialmente os clamores dos pobres e sofredores. A
vivência da espiritualidade constitui, assim, um caminho que tem tudo a ver com
o amor, o amor maior, que ultrapassa os limites das afinidades e das simpatias,
estabelecendo alicerces de universalidade na alma, com a competência de
debruçar-se, de modo samaritano, a partir do ideal de sempre buscar resgatar o
semelhante – jamais massacrá-lo.
A
espiritualidade institui a escola do discipulado, conservando a dinâmica
saudável, humildemente terapêutica, que faz, de cada um, ao mesmo tempo,
aprendiz e peregrino. O discipulado é a adoção de uma vida disciplinada pelo
esforço de criar espaço para Deus. Trata-se do desabrochar da percepção do
lugar único e insubstituível de Deus no mais íntimo de cada ser. A presença de
Deus é mediada pelas circunstâncias e injunções externas, levando à conquista de
relações humanas qualificadas. O não desenvolvimento da escuta de Deus
compromete as demais escutas. Leva a uma atenção confusa, dedicada a vozes que
estreitam decisões, apequenam gestos, comprometem o respeito incondicional à
dignidade de toda pessoa humana.
Reconhecer
a importância da espiritualidade é sinal de sabedoria, uma necessidade, uma
resposta existencial que não pode ser substituída. Trata-se, ao mesmo tempo, de
um remédio que, com contribuições da arte e da poesia, oferece paragens
necessárias ao coração humano. O episódio da Transfiguração de Jesus, no alto
do Monte Tabor, diante dos três discípulos, tem o seu ápice na voz que veio da
nuvem: “Este é o meu Filho Amado, escutai-o!” Espiritualidade é viver no
cultivo desta escuta, sabedoria inigualável pela propriedade de sustentar o ser
humano, tornando- instrumento efetivo para a construção de um novo tempo.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil, com o auxílio da
música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de
idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos
nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade... e da fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
62
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2023)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar e destruir!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrimas,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário