“Afinal, ‘humanizar’ para quê?
Não
é de hoje que o termo ‘gestão humanizada’ e suas variações vêm ganhando espaço
entre profissionais de RH, consultores e até mesmo coaches e gurus. Trata-se de
um conceito que, à primeira vista, aparece incorporado à nomenclatura das mais
variadas técnicas de gestão, apenas para compor o jargão da área, sem maiores
contribuições teóricas.
Recentemente,
enquanto assistia a uma palestra em vídeo, pude perceber o quanto o verbo
“humanizar”, além de outros termos derivados, surgiam repetidas vezes no
discurso, a ponto de me despertar um certo incômodo. A partir desse episódio,
passei a refletir sobre como os comportamentos ditos “humanizados” tratam-se,
na verdade, de expedientes básicos para a boa convivência entre as pessoas,
dentro e fora do ambiente de trabalho.
Princípios
tão fundamentais como respeito, inclusão, acolhimento, empatia, dignidade,
justiça e ética parecem ter sido reduzidos ao status de meras práticas
“humanizadas”, de forma a esvaziar-se de seu real sentido e valor. Logo, o que
me parece é que, ao tentar abarcar toda uma miríade de conceitos complexos, a
ideia de “humanização” acaba por não dizer ou significar mais nada.
Afinal,
como “humanizar” ações que já são, por si só, essencialmente humanas? Se
desejamos alavancar e potencializar nossas práticas de gestão, liderança e
tratamento oferecido às pessoas, devemos ser mais explícitos no modo como nos
expressamos, a fim de alcançar os objetivos almejados.
Em
tempos de excessos de informação e déficit de interpretação, é preciso empregar
as palavras como pontes, e não como abismos, para o entendimento mútuo e o
estabelecimento de boas relações interpessoais.
Há que
se considerar que somos “humanos” tanto em nossas virtudes quanto em nossas
imperfeições; em nossas forças, mas também em nossas vulnerabilidades. Assim, é
preciso ir além dos modismos e estabelecer critérios claros e assertivos para
comunicar e reforçar a necessidade de se construir relações cada vez mais
éticas e sustentáveis, pautadas pelo respeito e pela meta de impactar
positivamente o ecossistema das corporações.
Seja em
rodas de conversa, reuniões ou palestras, em vez de seguirmos nos valendo de
eufemismos, sejamos mais específicos, utilizando conscientemente as palavras em
prol do aprendizado, da informação e da educação de nossos interlocutores, a
fim de promover um debate com maior lastro e profundidade, livre de achismos e
termos esvaziados de sentido.
Devemos
estar cientes do impacto que exercemos não só em nosso entorno, mas em toda a
sociedade, a fim de abraçarmos o desafio de transformar consciência em ação e,
assim, nos tornarmos profissionais, parceiros, gestores, cidadãos e, em última
instância, pessoas melhores e mais responsáveis pelas relações que cultivamos.
Com tudo
isso em mente, me pergunto, enfim: por que razão deveríamos nos “humanizar” se
já somos todos, como diria o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, “humanos,
demasiadamente humanos”?”.
(Marco Aurélio de Castro. Diretor executivo de
Recursos Humanos da Volkswagen Financial Services Brasil, em artigo publicado
no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de outubro de 2023,
caderno OPINIÃO, página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br,
edição de 17 de novembro de 2023, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Olhos fixos nos pobres
Olhos
fixos nos pobres é dimensão intrínseca da fé cristã – quem fixa o olhar em
Cristo, de verdade, encontra os pobres. Um olhar que ultrapassa o sentido de
uma imagem apreendida. Trata-se de sensibilidade essencial para exercer a fé, a
cidadania e celebrar, no domingo, 19 de novembro, o sétimo Dia Mundial dos
Pobres, inspiradora convocação do Papa Francisco. Especialmente neste ano, a
Igreja pede a todos que acolha a interpelação vinda do Livro de Tobias: “Nunca
afastes de algum pobre teu olhar!”. Sábia, forte e instigante é esta
interpelação da Palavra de Deus, sublinhada pelo Papa Francisco, para inspirar
e fecundar o caminho das comunidades, na vivência autêntica e comprometida da
fé em Jesus. É tarefa missionária dos cristãos e de cada cidadão enfrentar a
pobreza e as misérias, que acentuam exclusões sociais e discriminações
vergonhosas. Fixar o olhar em Jesus e, consequentemente, nos pobres, permite
amadurecer a compreensão sobre a sacralidade de cada ser humano.
A sombra
que obscurece o entendimento sobre a condição humana precisa ser dissipada para
que seja velozmente superada a indiferença que faz desviar o olhar dos pobres.
A indiferença também leva à disseminação de discursos que são apenas
ideológicos: aparentemente buscam a defesa dos pobres, mas, na verdade, não
conseguem efetivar a proximidade solidária, promover ações concretas capazes de
mudar a realidade de tantos excluídos. O acolhimento dos pobres há de ser gesto
concreto diário, com a consciência esclarecida quanto à necessidade, sempre
urgente, de se enfrentar a pobreza nas cidades, sublinha o Papa Francisco.
Celebrar o 7º Dia Mundial dos Pobres, precedendo a festa de Cristo Rei do
Universo, é poder compreender a realeza de Cristo. Isto significa assinar o
compromisso de cuidar dos pobres, buscando reconhecer em todas as pessoas,
igualmente, a dignidade humana.
A
recomendação “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar!” remete ao alcance do
testemunho cristão e cidadão. A eloquência sapiencial deste conselho permite
alcançar o sentido da cena familiar narrada na Palavra de Deus: o pai, Tobite,
se despede do filho, Tobias, pouco antes do início de uma longa viagem. O velho
pai, prevendo a possibilidade de não mais ver o filho, confia-lhe um relevante
testamento espiritual, assentado na sua condição de pobre, já cego,
testemunhando que Deus sempre foi o seu bem. A recomendação do velho pai ao
filho é mais que indicação para ser guardada na memória, vai além de uma
simples oração a Deus. O pai pede ao filho o compromisso de viver na justiça e
praticar boas obras, incluindo, efetiva e diariamente, o cuidado dos pobres.
Tobite, apesar de carregar pesos existenciais, hospedou sempre no seu coração o
compromisso de cuidar dos pobres, dando pão aos esfomeados e vestindo os nus.
Interpelante é o conselho de Tobite ao recomendar ao filho para ir procurar o
pobre e trazê-lo para que juntos partilhem uma refeição. O Dia Mundial dos
Pobres busca contribuir para que se efetive, entre todos, a amizade social.
Os que
celebram a Eucaristia são desafiados a compreender a sua força como convocação
à comunhão pelo gesto concreto de compartilhar refeições e superar todo tipo de
desperdício e ostentação, tão comuns no estilo de vida vigente na
contemporaneidade. O pobre há de se tornar uma prioridade na vida de cada um,
para acender luzes capazes de fazer os olhos alcançarem a sabedoria alicerçada
no sentido de justiça, no compromisso com a promoção da igualdade. Mas o
testemunho da caridade, muitas vezes, gera certo incômodo, pois coloca em
evidência graves problemas que ainda demandam por respostas. Por testemunhar a
caridade, Tobite perdeu tudo, por imposição do rei. Olhar para os excluídos da
sociedade requer, pois, coragem. Aqueles que testemunham a caridade ajudam a
abrir o caminho para grandes mudanças no enfrentamento das exclusões.
Testemunhar
a caridade é bem mais que tratar os pobres apressadamente, a partir de certo
comodismo, apenas para ficar “livre” ou se sentir aliviado. Deve-se ir atrás
dos mais sofridos e não simplesmente esperar que os pobres apresentem suas
necessidades. É preciso ter coragem para buscar superar os vários tipos de
pobreza, com a certeza da recompensa amorosa de Deus. Como bem dizia São
Vicente de Paulo, “Deus ama os pobres, e ama aqueles que os amam”.
Reconheça-se, assim, o artigo central da fé cristã que aponta para este
desafio: cultivar, permanentemente, solicitude dedicada aos pobres, sem fazer
distinções. É preciso ir ao encontro dos pobres e enfrentar, de maneira cidadã,
todo tipo de exclusão. O Papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial dos
Pobres deste ano, sublinha que o atual momento histórico favorece a atenção aos
mais pobres, em razão de ser muito forte o sonoro apelo ao próprio bem-estar,
silenciando a voz dos que vivem na pobreza, enjaulando-os no anonimato e na
indiferença.
Neste
contexto, a mensagem do Papa Francisco lembra que a situação dos pobres pode
até gerar certa comoção, mas quando são encontrados, “em carne e osso”, pelas
estradas e ruas, são marginalizados. Ora, não se pode se limitar a dar qualquer
coisa a quem sofre. É preciso oferecer amparo material e espiritual. Os
cristãos, todos os cidadãos, têm a tarefa de batalhar, incansavelmente, por um
mundo justo e solidário, iluminando as próprias sombras com a luz do amor de
Deus, que se desdobra no amor ao próximo. Assim é possível construir um mundo
livre de guerras e disputas mesquinhas. Todos são convidados a alcançar nova
compreensão sobre a importância dos mais pobres, de cada ser humano, pela força
da fé e por um acurado sentido social. Essa amadurecida compreensão, alcançada
a partir de olhos fixos nos pobres, é imprescindível para que a humanidade
consiga se tornar uma sociedade fraterna e solidária.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil, com o auxílio da
música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de
idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos
nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 134 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade... e da fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
62
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2023)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar e destruir!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrimas,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!
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