“Ampliando as fronteiras da consciência
Podemos
inferir que uma sociedade se torna híbrida a partir dos fragmentos de outras
sociedades, que se amalgamam, interagindo até dentro de uma visão eurocêntrica,
ou seja, mesmo que uma delas busque se sobrepor às outras, a sedimentação dessa
nova cultura se concretizará.
Todas as
sociedades na história passaram pelo mesmo processo: uma embarcação formada
pela junção e influência de outras. Fragmentos que se imbricam, gerando o novo.
Como
seres humanos, estamos destinados a nos comunicar, a nos desenvolvermos por
meio do contato mútuo que perpassa pela adversidade, pela necessidade, pela
tecnologia, sendo que esta última, independentemente da ótica etnocêntrica na
nossa história brasileira, será de grande valia para a fomentação de uma
sociedade que emerge.
Partindo
dessas premissas, descortina-se um cenário histórico, no qual é possível
aprendermos sobre a imensa contribuição dos africanos à construção do nosso
país.
A
realidade social brasileira, no que concerne ao inconsciente coletivo (em
grande parte moldado por uma protuberância ocidental), ainda relega às sombras
a grande influência africana neste país: assemelha-se a uma forma de fuga, na
qual nega-se um passado escravocrata cruel, permitindo que essa mácula acabe se
perpetuando no nosso cotidiano, seja nas relações sociais ou políticas.
É
imprescindível buscarmos reduzir essa cratera interna e externa em que estamos
cotidianamente imersos, fomentando caminhos que promovam o conhecimento, o
autoconhecimento e a consciência de nós mesmos como construtores de uma
sociedade mais humana, igualitária, fraterna e livre, germinando as sementes de
equilíbrio existencial para que o amor seja o alicerce de nossa sociedade, e
não o ódio e a ignorância.
Por meio
de um processo noético, a educação se torna um caminho que nos norteia para a
expansão da consciência e da transformação pessoal, pois tudo está interligado:
o tempo, os contatos entre as sociedades adversas, as ações que vão se
desencadear a partir desse encontro, o choque cultural, a resistência, o
hibridismo, ou seja, fatores que processarão uma nova sociedade.
Não há
prática da alteridade sem o reconhecimento de si e do outro, a negação não
coexiste com a aceitação. Ser brasileiro é carregar em si como ser cultural não
só a influência europeia, mas também africana e a indígena. Por isso a
comemoração do Dia da Consciência Negra: não só como elemento de valorização da
contribuição do africano para a nossa sociedade, mas também para nos libertar
da corrente mental do preconceito de nós mesmos, que nos arrasta para a
ignorância e o flagelo da incompreensão.
Não é
mais uma questão racial, já que, por trás do racismo, encontra-se a realidade:
negar em nós o que vemos no outro, ou seja, que geneticamente e culturalmente
ele está em nós – no modo de falar, na dança, na arte, na música, na comida,
nos valores, na forma de lidarmos com a natureza (flores no mar, banho de
cachoeira, plantas para alívio dos males, para a homeopatia, a alopatia e a
fitoterapia), na literatura (contos, mitos e folclores), ou seja, em todas
essas representações fortemente presentes na nossa peculiar cultura.
Compreender
para aceitar e vivenciar, fomentando valores humanos: dessa forma, o horizonte
se amplia, a conscientização torna-se a mola propulsora da prática da
alteridade.”.
(Mônica Valeska Aleixo Benetti. Professora de
história, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição
de 24 de novembro de 2023, caderno OPINIÃO, página 16).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br,
mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“A estatura de adulto
Alcançar
a estatura do Cristo em sua plenitude é a interpelação do apóstolo Paulo, na
Carta aos Efésios, ao apontar a meta essencial à cidadania, aquela que leva o
ser humano a tornar-se, verdadeiramente, um adulto. A maturação humana não vem
pelas conquistas profissionais, técnicas ou somente pela excelência
intelectual. As capacidades humanas carecem de uma espiritualidade que inspira
condutas à altura de responsabilidades assumidas, em diferentes âmbitos. Não há
maturidade sem o tempero e sem o horizonte da espiritualidade. Escorrega-se
facilmente nas valas da mesquinhez que justificam apegos ao poder, amor doentio
ao dinheiro, culto à hegemonia do próprio ego, adoecendo muitos, alimentando
diferentes disputas – dos rancores entre as pessoas às guerras que sacrificam
inocentes. As complexas e urgentes demandas contemporâneas da humanidade, para
serem solucionadas, também dependem da competência espiritual que é caminho
para levar o ser humano à maturidade, à estatura de Cristo.
O
investimento espiritual capaz de incidir nos modos de se compreender o mundo e
nas dinâmicas vivenciais tem influência determinante na estatura de cada
pessoa. É sempre decepcionante e desastrosa a atuação de quem pode até ter
competência técnica e intelectual, mas prescinde do tecido espiritual
indispensável para garantir decisões e atitudes maduras. Não adianta ser um
“gigante” no que se refere às habilidades técnicas e políticas, mas pequeno na
competência humano-espiritual. Investir na espiritualidade é determinante na
qualificação de desempenhos. É essencial para se viver adequadamente – o que
não significa apenas usufruir de bens materiais ou alcançar reconhecimento na
sociedade. Mas a força de hegemonias existenciais, alimentadas por paradigmas
tecnocráticos, levam o ser humano a acreditar, equivocadamente, que, para
alcançar uma vida de qualidade, deve-se buscar, exclusivamente, o lucro e o
poder. Aprisionada nessa ilusão, a humanidade não consegue enfrentar os muitos
adoecimentos contemporâneos e os desvirtuamentos institucionais.
Pode
causar estranheza, mas é determinante investir em espiritualidade para se
conquistar a estatura de adulto. A civilização contemporânea, tão avançada
tecnologicamente, ao mesmo tempo é excessivamente “infantil”. Reúne muita gente
“adulta” sem a adequada maturidade para dar conta da grandeza da própria tarefa
e missão, comprometendo projetos e processos. A espiritualidade tem
propriedades que fecundam a moralidade, tão preciosa para reverter descompassos
que comprometem governos, funcionamentos institucionais, com graves impactos na
sociedade. Sem a vivência da espiritualidade as capacidades humanas tornam-se
insuficientes para enxergar a realidade com lucidez. Até mesmo a compaixão,
indispensável para a edificação do bem, não flui adequadamente no coração de
quem permanece alheio à espiritualidade. Mesmo com essa inegável importância,
corre-se o risco de a espiritualidade ser ainda mais desconsiderada, neste
tempo, marcado pelos desafios e possibilidades da inteligência artificial.
Especialmente
no mundo contemporâneo, de tantas inseguranças, vale investir na dimensão
espiritual, que é fonte de sentido para a vida humana. A espiritualidade abre
as portas e ilumina o caminho que leva à experiência da fé – única experiência
com propriedades para fortalecer o ser humano, habilitando-o para suportar os
sacrifícios exigidos pelo amor. Percebe-se que sem a espiritualidade e a fé,
gradativamente, multiplica-se a indiferença, some o amor. Prevalece a
incompreensão sobre a importância de dar e não receber – indispensável para
superar as desigualdades sociais. A espiritualidade alimenta a esperança de
modo fidedigno. Capacita o ser humano para agir sem depender de motivações
relacionadas à busca por riquezas ou reconhecimento social e político.
No
caminho da espiritualidade, aprende-se a sabedoria de ser pobre, mesmo
possuindo todas as coisas. Essa sabedoria reveste o ser humano de corajoso
desapego, por reconhecer que não há nada a perder. Trata-se de antídoto para o
egoísmo. Dedicando-se, adequadamente, à espiritualidade, pode-se aprender a
lição incomum partilhada por São João Crisóstomo, que sabiamente disse: as
dignidades do mundo se fazem conhecer pelos sinais exteriores, mas os sinais
que identificam os cristãos devem provir da alma e do coração. Esse ensinamento
permite enxergar um caminho sensato que leva à superação de superficialidades e
de um modo de vida fútil. A espiritualidade é, assim, uma escola para todos,
base para que a humanidade promova transformações capazes de semear a igualdade
e a fraternidade universal.
A partir da espiritualidade é possível
testemunhar uma verdade que ultrapassa a configuração de convicções próprias.
Para os cristãos, é o testemunho da verdade de Cristo, o Salvador e Senhor.
Aprende-se a reconhecer um gosto que não é pessoal, mas o gosto de Deus. Ora,
sabe-se que a sabedoria divina é infinitamente superior à sabedoria humana,
porque o pensamento de Deus tem fecundidades que nenhum outro possui.
Aprende-se a vontade de Deus pela prática da espiritualidade que carrega as
sementes do amor verdadeiro, com força libertadora. A estatura de “adulto”,
neste e em outros tempos, é conquistada a partir da espiritualidade, com
práticas ancoradas no silêncio contemplativo, distanciado dos ruídos que
confundem, e pela escuta na dinâmica da meditação, que garante uma singular
experiência de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus. Sem homens e
mulheres verdadeiramente “adultos”, não será possível edificar um tempo de
esperança. É hora de mais espiritualidade para ampliar o horizonte da
humanidade no amor.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil, com o auxílio da
música, yoga e shantala (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de
idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos
nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 134 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade... e da fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
62
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2023)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar e destruir!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)”.
- “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós
que recorremos a vós! (1830) ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrimas,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!
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