“Incerteza
sobre a educação
Não restam dúvidas de que
o mundo mudou bastante nos últimos anos, tanto que pais, antigamente certos de
como educar seus filhos, agora confessam que não possuem tanta convicção de
tais métodos e compartilham cada vez mais questionamentos de como conduzir a
educação, como incentivar ou não a prática de sua religião ou deixar o jovem
escolher seu próprio caminho, alinhado com seus interesses e crenças.
Pouco a
pouco estão percebendo seus limites, impotência e desconhecimento quanto às
orientações mais eficazes que podem dar ao filho, para garantir sucesso na
vida. É indiscutível que cabe às famílias ensinar valores e virtudes,
desenvolver senso de justiça, generosidade e compaixão, mas que a influência
que as crianças e os jovens estão recebendo no fenômeno da globalização está,
muitas vezes, superando o modelo tradicional de educação, ao qual a sociedade
está habituada. Há um provérbio africano que diz que é preciso uma aldeia toda
para educar uma criança. No entanto, nossa aldeia global não tem conseguido
cumprir bem essa função.
Quando
era mais novo, lembro que meu pai usava algumas metáforas para mostrar as
dificuldades e os desafios que eu teria no futuro e como deveria me preparar
para enfrentá-los. Meu pai usava a metáfora da escada, comparando as fases da
vida com os degraus.
Ele
dizia que bastava um bom preparo, energia, disposição, honestidade e vontade
para vencer que eu chegaria lá. O que ele (meu pai) talvez não previsse ou se
esqueceu de me avisar é que essa escada é rolante e corre no sentido inverso do
que subimos.
Muitas
vezes, mesmo imprimindo um esforço quase sobrenatural, vejo muitos colegas nos
mesmos lugares. Este é o nosso desafio, pais e professores, preparar nossos
jovens para galgar os novos degraus. Isso exige, no entanto, também desenvolver
uma consciência mais crítica para que os jovens possam repensar e, se possível,
assumir parcialmente o controle, o motor da escada. O que sentimos neste mundo
globalizado é que “a escada” está programada para um aumento sucessivo e
constante de velocidade e que ninguém mais tem a senha do sistema para mudar a
programação.
Este é
também um dilema que vivem os educadores. Preparar os jovens desenvolvendo mais
potência e mais força para subir e galgar mais degraus. Ou ainda desenvolver a
consciência crítica e prepará-los para a reflexão e a mudança de atitude com
relação aos desígnios deste novo e complexo mundo globalizado e de avanço
tecnológico sem precedentes na história da humanidade.”.
(Renato
Casagrande. Consultor em liderança educacional e palestrante, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 13 de março de 2020, caderno OPINIÃO, página 27).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de abril
de 2018, mesmo caderno, página 7, de autoria de JOÃO DEWET MOREIRA DE CARVALHO, engenheiro-agrônomo, e que merece
igualmente integral transcrição:
“Para
que servem as leis?
A oração aos moços, escrita por Rui Barbosa para ser lida na
formatura da turma de 1920 da Faculdade de Direito de São Paulo, tornou-se
célebre. Sendo uma das peças mais relevantes da literatura brasileira. Contém,
entre ouras virtudes, a de aludir a fatos corriqueiros ao Brasil da época, que
continuam atuais, quase 100 anos depois.
A certa
altura deste belo texto, o autor escreve: “... dei o meu máximo para informar o
povo sobre os costumes da liberdade e à República sobre as leis do bom governo,
que prosperam os estados, mobilizam as sociedades e honram as nações”. Mais
adiante, o ilustre baiano, lucidamente, desvela e expõe os vícios da sua
sociedade, citando: “Ora, senhores bacharelandos, pesai bem que vós ides
consagrar à lei, num país onde a lei absolutamente não exprime o consentimento
da maioria, onde são as minorias, as oligarquias mais acanhadas, mais
impopulares e menos respeitáveis, as que põem e dispõem, as que mandam e
desmandam em tudo; a saber: num país onde verdadeiramente não há lei, não há
moral política ou juridicamente falando”. Ainda relata o Águia de Haia outras
verdades: “No Brasil, a lei se deslegitima, anula e torna inexistente não só
pela bastardia da origem, senão ainda, pelos horrores da aplicação”.
Certamente,
as oligarquias da época de Rui, em relação às de hoje em dia, mudaram. Contudo,
apesar de passar quase um século, a sina dessa brava gente continua sendo a de
servir de massa de manobra para uma elite governamental, quase que totalmente
apodrecida, corrupta e irresponsável. Presentes em todos os poderes
constituídos. Onde as leis são manejadas ao sabor das conveniências políticas.
Tudo a fim de ser mantido o status quo corrupto. E isso com a proteção dos
medalhões meliantes nacionais, mal disfarçada no suposto uso garantista da lei.
Feito sob o olhar perplexo de toda a nação.
O
problema cresce. Principalmente, quando se evidencia nesse proceder que a lei
se tornou seletiva, no sentido de que não se aplica a todos, mas somente aos
que não têm meios para a prolongar, indefinidamente, com recursos judiciais, a
fim de impedir a aplicação efetiva da pena. Então, constata-se que o que
deveria ser justiça tornou-se injustiça. Com isso, a lei do mais forte
evidencia-se. E anula a igualdade entre todos os cidadãos. Comprovando que a
lei não se encontra acima de todos, mas só dos que não têm recursos financeiros
suficientes para se manter acima dela.
Curioso.
Pois, nos séculos passados, em todas as nações do mundo, foi entregue à lei a
soberania sobre todos os povos, no intuito de aprimorar a Justiça e a
igualdade. Parecia que um novo capítulo na história humana estava se iniciando.
No entanto, tudo parece ter-se revelado um verdadeiro conta da carochinha. Será
que os otimistas daquela época se esqueceram de que os componentes nos sistemas
judicial e legislativo poderiam ser os mesmos volúveis personagens já
conhecidos de outrora? Sempre reféns da sua selvagem natureza humana, camuflada
sob a máscara de aparente civilidade? Pois, como, então, justificar o Estado
moderno ser baseado na autoridade máxima das leis, se tais injustiças e
desmandos ainda persistem? E o Brasil é um exemplo clássico.
Qual
será, então, o futuro para um moderno país democrático como o Brasil, cujos
poderes estão longe de ser eficientes, dignos e críveis? Tudo por lhes faltar o
reinado da ética no seu cotidiano? E como pode a sofrida população fazer para
reverter os vícios da injustiça e corrupção nessas instituições?
Por sua
vez, o sistema judiciário deveria funcionar de forma a evitar tais distorções
promotoras de injustiça. Caso contrário, as arbitrariedades tomam conta e
contaminam todo o sistema judicial da nação. Deixando-o parcial e não
confiável. Sendo um entrave para sua clareza judicial, bem como para o saudável
desenvolvimento econômico e social do país.
Pois
povo algum nasceu para viver subjugado ao sabor do humor errático de
instituições que deveriam existir para lhe servir, trazendo estabilidade.
Entretanto, no Brasil, ninguém excede tanto no desfrute do poder quanto muitos
componentes dessas instituições. Que com seus procedimentos inadequados
justificam as palavras do grande historiador romano Plutarco: “Nenhum animal é
mais selvagem do que o homem revestido de poder”.
O que
fazer, então, para ensinar que o ato civilizatório é o ato da contenção, da
restrição, de pôr limites à selvagem natureza humana? Pois o Brasil não é
apenas de alguns poucos, mas de todos os seus cidadãos. Não sendo necessário
ser nenhum gênio, como Rui Barbosa, para enxergar que a nação é o ninho amado
do seu povo. Pois, para isso, todo brasileiro tem olhos de águia. Portanto, que
tenha também garras afiadas para o defender!”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno desenvolvimento
da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos
depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de
uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças
vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da
ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação,
da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a estratosférica marca de
322,6% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 135,6%; e já o IPCA,
também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,01%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura,
além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências
do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,
da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental,
com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.