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quarta-feira, 8 de abril de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DAS ESCOLAS E A LUZ DOS PRINCÍPIOS E VALORES ÉTICOS DA HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE


“Incerteza sobre a educação
        Não restam dúvidas de que o mundo mudou bastante nos últimos anos, tanto que pais, antigamente certos de como educar seus filhos, agora confessam que não possuem tanta convicção de tais métodos e compartilham cada vez mais questionamentos de como conduzir a educação, como incentivar ou não a prática de sua religião ou deixar o jovem escolher seu próprio caminho, alinhado com seus interesses e crenças.
         Pouco a pouco estão percebendo seus limites, impotência e desconhecimento quanto às orientações mais eficazes que podem dar ao filho, para garantir sucesso na vida. É indiscutível que cabe às famílias ensinar valores e virtudes, desenvolver senso de justiça, generosidade e compaixão, mas que a influência que as crianças e os jovens estão recebendo no fenômeno da globalização está, muitas vezes, superando o modelo tradicional de educação, ao qual a sociedade está habituada. Há um provérbio africano que diz que é preciso uma aldeia toda para educar uma criança. No entanto, nossa aldeia global não tem conseguido cumprir bem essa função.
         Quando era mais novo, lembro que meu pai usava algumas metáforas para mostrar as dificuldades e os desafios que eu teria no futuro e como deveria me preparar para enfrentá-los. Meu pai usava a metáfora da escada, comparando as fases da vida com os degraus.
         Ele dizia que bastava um bom preparo, energia, disposição, honestidade e vontade para vencer que eu chegaria lá. O que ele (meu pai) talvez não previsse ou se esqueceu de me avisar é que essa escada é rolante e corre no sentido inverso do que subimos.
         Muitas vezes, mesmo imprimindo um esforço quase sobrenatural, vejo muitos colegas nos mesmos lugares. Este é o nosso desafio, pais e professores, preparar nossos jovens para galgar os novos degraus. Isso exige, no entanto, também desenvolver uma consciência mais crítica para que os jovens possam repensar e, se possível, assumir parcialmente o controle, o motor da escada. O que sentimos neste mundo globalizado é que “a escada” está programada para um aumento sucessivo e constante de velocidade e que ninguém mais tem a senha do sistema para mudar a programação.
         Este é também um dilema que vivem os educadores. Preparar os jovens desenvolvendo mais potência e mais força para subir e galgar mais degraus. Ou ainda desenvolver a consciência crítica e prepará-los para a reflexão e a mudança de atitude com relação aos desígnios deste novo e complexo mundo globalizado e de avanço tecnológico sem precedentes na história da humanidade.”.

(Renato Casagrande. Consultor em liderança educacional e palestrante, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de março de 2020, caderno OPINIÃO, página 27).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de abril de 2018, mesmo caderno, página 7, de autoria de JOÃO DEWET MOREIRA DE CARVALHO, engenheiro-agrônomo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Para que servem as leis?
        A oração aos moços, escrita por Rui Barbosa para ser lida na formatura da turma de 1920 da Faculdade de Direito de São Paulo, tornou-se célebre. Sendo uma das peças mais relevantes da literatura brasileira. Contém, entre ouras virtudes, a de aludir a fatos corriqueiros ao Brasil da época, que continuam atuais, quase 100 anos depois.
         A certa altura deste belo texto, o autor escreve: “... dei o meu máximo para informar o povo sobre os costumes da liberdade e à República sobre as leis do bom governo, que prosperam os estados, mobilizam as sociedades e honram as nações”. Mais adiante, o ilustre baiano, lucidamente, desvela e expõe os vícios da sua sociedade, citando: “Ora, senhores bacharelandos, pesai bem que vós ides consagrar à lei, num país onde a lei absolutamente não exprime o consentimento da maioria, onde são as minorias, as oligarquias mais acanhadas, mais impopulares e menos respeitáveis, as que põem e dispõem, as que mandam e desmandam em tudo; a saber: num país onde verdadeiramente não há lei, não há moral política ou juridicamente falando”. Ainda relata o Águia de Haia outras verdades: “No Brasil, a lei se deslegitima, anula e torna inexistente não só pela bastardia da origem, senão ainda, pelos horrores da aplicação”.
         Certamente, as oligarquias da época de Rui, em relação às de hoje em dia, mudaram. Contudo, apesar de passar quase um século, a sina dessa brava gente continua sendo a de servir de massa de manobra para uma elite governamental, quase que totalmente apodrecida, corrupta e irresponsável. Presentes em todos os poderes constituídos. Onde as leis são manejadas ao sabor das conveniências políticas. Tudo a fim de ser mantido o status quo corrupto. E isso com a proteção dos medalhões meliantes nacionais, mal disfarçada no suposto uso garantista da lei. Feito sob o olhar perplexo de toda a nação.
         O problema cresce. Principalmente, quando se evidencia nesse proceder que a lei se tornou seletiva, no sentido de que não se aplica a todos, mas somente aos que não têm meios para a prolongar, indefinidamente, com recursos judiciais, a fim de impedir a aplicação efetiva da pena. Então, constata-se que o que deveria ser justiça tornou-se injustiça. Com isso, a lei do mais forte evidencia-se. E anula a igualdade entre todos os cidadãos. Comprovando que a lei não se encontra acima de todos, mas só dos que não têm recursos financeiros suficientes para se manter acima dela.
         Curioso. Pois, nos séculos passados, em todas as nações do mundo, foi entregue à lei a soberania sobre todos os povos, no intuito de aprimorar a Justiça e a igualdade. Parecia que um novo capítulo na história humana estava se iniciando. No entanto, tudo parece ter-se revelado um verdadeiro conta da carochinha. Será que os otimistas daquela época se esqueceram de que os componentes nos sistemas judicial e legislativo poderiam ser os mesmos volúveis personagens já conhecidos de outrora? Sempre reféns da sua selvagem natureza humana, camuflada sob a máscara de aparente civilidade? Pois, como, então, justificar o Estado moderno ser baseado na autoridade máxima das leis, se tais injustiças e desmandos ainda persistem? E o Brasil é um exemplo clássico.
         Qual será, então, o futuro para um moderno país democrático como o Brasil, cujos poderes estão longe de ser eficientes, dignos e críveis? Tudo por lhes faltar o reinado da ética no seu cotidiano? E como pode a sofrida população fazer para reverter os vícios da injustiça e corrupção nessas instituições?
         Por sua vez, o sistema judiciário deveria funcionar de forma a evitar tais distorções promotoras de injustiça. Caso contrário, as arbitrariedades tomam conta e contaminam todo o sistema judicial da nação. Deixando-o parcial e não confiável. Sendo um entrave para sua clareza judicial, bem como para o saudável desenvolvimento econômico e social do país.
         Pois povo algum nasceu para viver subjugado ao sabor do humor errático de instituições que deveriam existir para lhe servir, trazendo estabilidade. Entretanto, no Brasil, ninguém excede tanto no desfrute do poder quanto muitos componentes dessas instituições. Que com seus procedimentos inadequados justificam as palavras do grande historiador romano Plutarco: “Nenhum animal é mais selvagem do que o homem revestido de poder”.
         O que fazer, então, para ensinar que o ato civilizatório é o ato da contenção, da restrição, de pôr limites à selvagem natureza humana? Pois o Brasil não é apenas de alguns poucos, mas de todos os seus cidadãos. Não sendo necessário ser nenhum gênio, como Rui Barbosa, para enxergar que a nação é o ninho amado do seu povo. Pois, para isso, todo brasileiro tem olhos de águia. Portanto, que tenha também garras afiadas para o defender!”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a estratosférica marca de 322,6% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 135,6%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,01%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

  

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A CIDADANIA, A ORAÇÃO E A POLÍTICA

“DA PROBREZA AO PODER
[...] O desenvolvimento diz respeito à transformação da vida e das expectativas dos habitantes de uma nação, uma ambição que vai muito além de simplesmente aumentar a renda monetária. Embora significativos avanços tenham sido observados nos últimos 60 anos, ainda há enormes e urgentes desafios a serem superados para se eliminar a injustiça, a desigualdade e sofrimentos desnecessários. O ponto de partida para esse esforço deve ser a garantia de que todas as pessoas possam exercer seus direitos básicos e tenham a habilidade necessária para exercê-los (capacidades). Pessoas afetadas pela pobreza devem tomar o criar poder para conduzir suas vidas e destinos. Para se desenvolverem, os países precisam de cidadãos escolarizados, informados e saudáveis e de um Estado que esteja disposto a prestar os serviços essenciais dos quais seu bem-estar depende e que seja capaz de fazê-lo. O Estado deve também tomar as medidas necessárias para garantir que a qualidade e a quantidade do crescimento econômico satisfaçam necessidades de desenvolvimento. [...]”
(DUNCAN GREEN, in DA POBREZA AO PODER – Como cidadãos ativos e estados efetivos podem mudar o mundo; tradução de Luiz Vasconcelos. – São Paulo: Cortez; Oxford: Oxfam International, 2009, página 111).

Mais uma contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de abril de 1994, Caderno OPINIÃO, página 6, de autoria de DOM MOREIRA NEVES, que é cardeal-arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, que merece INTEGRAL transcrição:

“Oração e política

ROMA, 19 de abril – O jovem padre dominicano, que era este colunista no início dos anos 60, deixou-se seduzir pelo pequeno volume publicado por Jean Daniélou, fértil autor de obras prestigiosas. O fascínio estava no título, instigante e provocatório: “Oração; problema político”.Ainda mais fascinante era o tema: com indiscutível ciência teológica e experiência pastoral amadurecida no ambiente de professores e estudantes universitários, o conhecido jesuíta francês demonstrava, da primeira à última página, que a oração não é possível numa cidade e sociedade na qual faltem condições indispensáveis. Essa tese se apóia em Santo Tomás de Aquino, para o qual é impossível a contemplação do espírito se o corpo está debilitado pela inanição.

Para bem compreender o breve ensaio de Daniélou, é necessário tomar a palavra oração no sentido mais largo. Oração aqui não é só prece, meditação e contemplação. Nem só a simples vida de oração. É a oração na vida. É, portanto, a espiritualidade em toda a sua complexidade. É a vida cristã, segundo o Evangelho. É a vivência quotidianItálicoa das virtudes, das bem-aventuranças, dos conselhos evangélicos. É a existência orientada por critérios cristãos, plasmada por valores humanos e cristãos.

O que Jean Daniélou quis afirmar é que só uma Polis organizada em coerência com esses valores permite aos cidadãos uma vida cristã. Em sentido contrário, uma cidade – sociedade humana, quadros e instituições – desprovida daqueles valores torna difícil, senão impossível, a vida cristã do cidadão. É certo que a oração – a vida cristã e a espiritualidade – é o que há de mais íntimo no homem. Os “príncipes deste mundo”, mesmo os mais poderosos, inclusive os tiranos, nada podem contra a comunhão íntima e pessoal de cada homem e mulher com o Absoluto de Deus. Têm, porém, o tremendo poder de impedir ou ao menos de dificultar a oração familiar, social e comunitária dos cidadãos. Neste sentido, a oração e, em sentido muito forte, um problema político.

Neste ponto da nossa reflexão, porém, confesso uma reação interior sentida desde a primeira leitura do livro de Daniélou. “Se tanto me ajudasse engenho e arte” (... e tempo), eu gostaria de desenvolver o tema em sentido contrário. “Política, problema de oração”. Sob esse título em trataria de mostrar que sem oração – sempre entendida no sentido mais largo de vida cristã, espiritualidade,existência pessoal, familiar e social, impregnada de grandes valores morais e espirituais, sobretudo cristãos – é difícil, senão mesmo impossível, edificar uma Polis de dimensão e consistência verdadeiramente humanas. Viver a oração ou a vida segundo o espírito revela-se, pois, uma incontornável exigência para quem quer fazer política seja como homens públicos e responsáveis do bem-comum, seja como povo livre e responsável.

A este propósito, evoco um episódio que ouvi de um íntimo amigo e confidente de Jean Daniélou. Contou-lhe o padre, depois cardeal, que tendo dedicado uma volume ao General Charles de Gaulle, em um momento particularmente incandescente do seu governo, este lhe respondeu agradecendo a homenagem, elogiando o conteúdo, sublinhando a utilidade da leitura e acrescentando: “Um povo sem oração é um povo ingovernável” – e quem, mais do que ele, entendia de governabilidade?

É lícito, porém, voltar à questão olhando do lado dos governantes e constatando que quanto mais forem homens de oração – no sentido largo acima explicado e independentemente da fé ou das crenças que praticarem – tanto mais garantirão a governabilidade do seu povo. Falar disso é trazer espontaneamente ao espírito a pessoa do Rei Salomão e sua oração no momento em que assume a árdua tarefa de líder e pastor do seu povo, pedindo não poder, glória ou riquezas, mas sabedoria: “Concede ao ter servo um coração dócil que saiba fazer justiça ao teu povo e discernir entre o bem e o mal, pois quem poderia governar este teu povo tão numeroso?” (1 Reis 3, 9ss).

Não creio que seja descabido focalizar, a propósito de líderes do seu país e até de todo um Continente, algumas páginas de história recente. Meus anos de jovem estudante de teologia, na França, no imediato após-guerra, permitiram-me assistir a um generoso e inteligente esforço, não só para reconstrução dos vários países desmantelados pelos horrores do conflito mundial, mas para a construção da unidade da Europa. Pois bem, a melhor garantia do bom sucesso de tal esforço foi a presença e a ação de homens competentes e de profunda fé cristã. Nada foi tão impressionante, naqueles anos decisivos, do que ver empenhados num esforço ciclópico, capaz de desencorajar os mais valentes, homens de fé e entusiasmo como o próprio Charles de Gaulle, Robert Schumann e Edmond Michelet (ambos com suas causas de beatificação em encaminhadas), Alcide de Gasperi, Konrad Adenauer. Em postos de grande influência encontraram-se também Giorgio La Pira, o prefeito de Florença, que tive a alegria e o privilégio de encontrar algumas vezes e que está também a caminho da beatificação; Dag Hammarskjold, secretário-geral da ONU, de forte espiritualidade.

O tema desta crônica, de certo modo, alarga e aprofunda o da precedente. Com “A grande Oração pelo Brasil” eu fazia a proposta de implorarmos todos, governantes e governados, do Deus da História, Deus das Nações, a força espiritual necessária quando a força natural não basta. Propús, concretamente, uma campanha de oração. Na crônica de hoje atrevo-me a propor que governantes e governados pautemos a vida segundo um paradigma moral cristão, como base para edificarmos um País mais justo e fraterno, mais solidário e pacífico.

Aos que me tacharem de ingênuo, respondo que é bem mais ingênuo esperar que o País dos nossos sonhos nasça da derrocada moral que aí está. Aos que me considerarem abstrato, respondo que nada é mais concreto do que um alto ideal quando inspira o agir quotidiano de milhares – “milhões” – de pessoas.”

São reflexões com essas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, segundo as exigências da MODERNIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, o nosso AMOR, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

SOS DISTRITO FEDERAL 2: ARRUDA E AS REVOLUÇÕES QUE FALTAM

“[...] Eia, senhores! Mocidade viril! Inteligência brasileira! Nobre nação explorada! Brasil de ontem e de amanhã! Dai-nos o de hoje, que nos falta.

Mãos à obra da reivindicação de nossa perdida autonomia; mãos à obra da nossa reconstituição interior; mãos à obra de reconciliarmos a vida nacional com as instituições nacionais; mãos à obra de substituir pela verdade o simulacro político da nossa existência entre as nações. Trabalhai por essa que há de ser a salvação nossa. Mas não buscando salvadores. Ainda vos podereis salvar a vós mesmos. Não é sonho, meus amigos: bem sinto eu, nas pulsações do sangue, essa ressurreição ansiada. Oxalá não se me fechem os olhos, antes de lhe ver os primeiros indícios no horizonte. Assim o queira Deus.”
(RUI BARBOSA – Salvador: 05/11/1849; Petrópolis: 01/03/1923 – , in ORAÇÃO AOS MOÇOS, lida pelo professor Reinaldo Porchat a 29/03/1921, em sessão solene da Faculdade de Direito de São Paulo, por estar Rui impossibilitado de comparecer).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de fevereiro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, Professor de ética, doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), que merece INTEGRAL transcrição:

"Arruda e as revoluções que faltam


Dois meses e meio após a descoberta do mais explícito caso de corrupção no andar de cima da classe política, a Polícia Federal recolheu à sua carceragem, em Brasília, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). Na história do país, foi a primeira prisão de um governador no exercício do cargo. O recurso ao habeas corpus ainda não atingiu a cidadania com mais uma ducha de água fria. O presidente Lula, segundo um assessor, ficou abalado e lamentou que “o escândalo tenha chegado a esse ponto” – desfecho que, em sua avaliação, não contribui para a “consciência política nacional”. Não, senhor presidente, a prisão de Arruda contribui, e muito, para a “consciência política nacional”. O que conspira contra a cidadania é a impunidade que cresce à sombra da leniência e da governança pragmática.

O Brasil tem instituições razoavelmente sólidas, embora parcela da sociedade já comece a questionar a validade de um dos pilares da democracia: o Congresso Nacional. O descrédito é generalizado. Daí o estratégico veneno da “democracia direta”, destilado no 3 Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Os estrategistas do Planalto propõem a valorização de instrumentos como “lei de iniciativa popular, referendo, veto popular e plebiscito”. É a instalação do populismo autoritário, uma fachada de democracia que se apoia em três colunas: fisiologismo político, currais eleitorais e autoritarismo ideológico.

O fisiologismo político é responsável por alianças que são monumentos erguidos à incoerência e ao cinismo. Quando vemos Lula, José Sarney, Fernando Color e Renan Calheiros, só para citar exemplos mais vistosos, no mesmo palanque, paira no ar a pergunta óbvia: o que une firmemente aqueles que estiveram em campos tão opostos? Interesse. Só isso. A arquitetura democrática de fachada recebe a certidão do habite-se na força cega dos currais eleitorais. Para um projeto autoritário, o que menos interessa é gente educada, gente que pense. O sistema educacional brasileiro é de péssima qualidade. Multiplicam-se universidades, mas não se formam cidadãos. Há, sim, um apagão do espírito crítico. Desaba o Brasil na banguela de uma unanimidade que, como dizia Nelson Rodrigues, é sempre perigosamente burra.

A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. Governos, independentemente de seu colorido partidário, sempre exibem números chamativos. E daí? Educação não é prédio e muito menos galpão; é muito mais: é projeto pedagógico, exigência, liberdade, humanismo, aposta na formação do cidadão integral. O Brasil pode morrer na praia. Só a educação de qualidade será capaz de preparar o Brasil para o grande salto. Deixarmos de ser um país fundamentalmente exportador de commodities para entrar, efetivamente, no campo da produção de bens industrializados.

Para isso, no entanto, é preciso menos discurso sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e mais investimento real em infraestrutura. É preciso fazer reportagem. Ir ver o que existe e o que não existe. O que foi feito e o que é só publicidade. Ver e contar. É o nosso papel. É a nossa missão. Nós, jornalistas, sucumbimos, com frequência, ao declaratório. Registramos, com destaque, a euforia presidencial com a formidável escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016. Ótimo. Mas como andam os projetos reais para preparar a capital fluminense para evento? É por aí que devemos ir. Tudo isso, no entanto, reclama o corolário da ética. Rouba-se muito. Muito dinheiro público desaparece no ralo da impunidade. Educação, infraestrutura e ética devem formar o tripé da campanha eleitoral. O resto é faz de conta.”

Quando a CORRUPÇÃO e o DESPERDÍCIO de DINHEIRO PÚBLICO fazem SANGRAR O CORAÇÃO DO BRASIL, mais do nunca, cresce a NECESSIDADE IMPERIOSA e URGENTE desta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando a restauração e construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa PARTILHAR as EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS deste generoso solo e do seu CRIATIVO povo, com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS para termos HONRADAMENTE o que comemorar no horizonte da COPA DO MUNDO DE 2014, da OLIMPÍADA DE 2016 e dos projetos do PRÉ-SAL.

Este é nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...