“Brasil
travado
Não é preciso ser
nenhum especialista, apenas ter um pouco de senso de observação para ver que o
Brasil, infelizmente para todos nós brasileiros, ainda terá grandes
dificuldades para deslanchar economicamente. Sem superávit primário é
impossível reverter os estragos feitos na economia nos últimos anos, ao
contrário do que dizem todos os governantes que entram e saem. No momento que
está governando, a maioria, recorrendo a todo tipo de superlativos e
hipérboles, diz que os anos seguintes serão melhores. Os milhões de
desinformados e outros contaminados pela esperança, Brasil afora, vão
acreditando nas promessas vazias. Também, porque fomos educados, por princípios
religiosos e filosóficos a sempre esperançar. O lado negativo é que, procedendo
assim, enxergamos a realidade fracionada ou pela metade.
As
reformas estruturais, como a tributária, fiscal e previdenciária, que dariam
dinâmica à gestão e à economia, enfrentam uma ferrenha defesa de interesses
escusos da classe política. A reforma trabalhista, depois de um longo parto,
ainda foi tímida. A triste consequência é a crônica concentração de poder e
riqueza que não prioriza as potencialidades e talento de cada indivíduo e,
beneficia só os espertalhões. A renda per capita de US$ 9.500 por ano seria
baixíssima se excluídos os rendimentos dos 10% mais ricos. Vários empresários
já possuem patrimônio acima de US$ bilhão. Banqueiros, empresários de
mineração, siderurgia, energia, construção pesada, cimento e telefonia amealham
grande parte das riquezas geradas, enquanto micro e pequenos empresários,
maiores geradores de empregos, sofrem com a perversa tributação. Além disso, só
as grandes empresas podem contar com os bancos de fomento para obtenção de
financiamento de capital de giro.
Economia
e política são irmãs siamesas, precisam andar juntas e defender interesses
coletivos. A concentração de poder faz tanto mal quanto a corrupção, pois trava
os projetos socioeconômicos. A falta de oposição aos governantes facilita os
apadrinhamentos e conchavos. O Brasil anda preso aos interesses corporativos,
oligopólios e cartéis, porque há abrigo nas casas legislativas executivas.
Essas circunstâncias ferem de morte a melhor distribuição de renda. E é ela que
pode destravar o Brasil, porque nossa economia é sabidamente ancorada no
consumo interno que, hoje, chega aos 60% PIB. Na outra ponta
de geração de riquezas, falta-nos competência para a exportação que poderia ser
consideravelmente maior. O superávit na balança comercial, neste ano, aparece
mais pela baixa nas importações, consequência da falta de investimentos. Se
emprego e renda caem e o endividamento aumenta, os consumidores somem. O governo
tem recorrido a paliativos para gerir a economia, como redução de IPI aqui e
acolá, mas nosso PIB continua refratário ao crescimento. Muitos estrangeiros
estão vindo para cá, porque nos falta qualificação, tecnologia e
competitividade, pois a educação, base de tudo e tão cobrada, continua sem
atenção dos governantes. As eleições que aconteceram, a cada dois anos, só
aumentam nossas decepções: continuam eleitos os espertalhões e corruptos.”.
(GILSON E.
FONSECA. Diretor e sócio da Soluções em Engenharia Geotécnica Ltda –
Soegeo, em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 14 de outubro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de FREDERICO
SILVA PERPETUO, professor do Colégio ICJ, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Jovens
com DNA digital
Na atualidade, cada vez
mais cedo, crianças e adolescentes entram em contato com computadores,
celulares, jogos digitais e redes sociais. Contudo, parece imperar uma cultura
da banalização, na qual esses jovens usuários, em sua grande maioria, fazem uso
irrefletido dessas tecnologias, utilizando-as apenas como passatempo ou lazer.
É daí que nasce uma nova demanda e um novo desafio: trazer a informática para a
sala de aula, não apenas como entretenimento, mas como conhecimento sólido e
refletido, do qual os alunos possam se apropriar e, a partir dele, deixar de
ser meros usuários e se tornarem protagonistas na produção de novas
tecnologias. Como fazer isso? Simples, trazendo o ensino das linguagens de
programação para a sala de aula.
Códigos,
algoritmos e dados ganham a atenção de estudantes e provocam uma verdadeira
revolução no cenário educacional. Tal realidade reflete a preocupação com os
anos futuros, baseados essencialmente na tecnologia, na inteligência artificial
e na internet das coisas. É um caminho sem volta e, por isso, a escola precisa
extrapolar os muros e possibilitar o desenvolvimento lógico ao ensinar à
geração atual a trabalhar de forma organizada e estruturada, refletindo em
ideias criativas.
O
jovem exposto à linguagem de programação adquire habilidades que repercutem
diretamente na sua capacidade de pensar, pois ele desenvolve o raciocínio
lógico e matemático, aprende a lidar com desafios cognitivos e a pensar de
maneira sequencial e lógica, melhora a escrita, ganha fluência na língua
inglesa, é favorecido na organização pessoal e aumenta, consideravelmente, a
clareza, a rapidez e a fluidez dos pensamentos. Não nos esqueçamos do trabalho
em equipe, uma vez que programar é, também, colocar-se em contato com outras
pessoas, para resolver problemas e lutar por uma causa comum. Na escola, esses
benefícios sociais são importantíssimos. No Colégio ICJ, por meio do “Matrix
out Project”, proporcionamos o ensino de programação para estudantes,
fortalecendo o vínculo deles com o mundo digital.
É
preciso formar alunos digitais, com capacidade de criar soluções e resolver
problemas. O mundo pede isso. As empresas querem isso, seja em escritório de
advocacia, uma clínica médica, uma entidade sem fins lucrativos ou uma gigante,
como a Apple. Por menor que seja, o
ambiente corporativo precisa de rede funcionando, de softwares, entre outros.
Hoje, as operações bancárias podem ser realizadas no sofá de nossas casas,
mudança estrutural e de comportamento que se deve, também, ao empenho de
programadores. Um exemplo da importância de fomentar a linguagem de programação
desde os primeiros anos de escolarização é o florescimento de startups, que, de
acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABS), já são mais de 4,2 mil em
nosso país. Os estudantes têm o DNA desse modelo de negócio –
caracteristicamente enxuto, colaborativo e altamente tecnológico. Não é sem
motivo que, no ICJ, vimos um empreendimento desse tipo nascer, a “The Life
Project – Soluções Tecnológicas”, fundada por alunos do ensino médio com foco
no setor esportivo.
A
decisão de contemplar o ensino de programação de computadores na grade
curricular garante maior conscientização e melhor presença de crianças e
adolescentes no ciberespaço. Enquanto educadores, temos a missão de debater
questões importantes, como os prejuízos de hackers
e a exposição indevida de fotos de terceiros, por exemplo. A codificação é
tão importante quanto disciplinas como português, matemática, química e física.
É um
novo jeito de pensar, uma nova relação entre homem e máquina. Mesmo as escolas
com baixo orçamento e dependentes de recursos públicos podem incluir a
programação nas aulas e formar alunos mais preparados para o mundo moderno.
Muitos sites disponibilizam gratuitamente materiais de apoio com diversas
atividades off-line. A democratização
desse tipo de conhecimento é perceptível ao passo que todos os professores,
seja no ensino do espaço e das formas geométricas ou no processo de
alfabetização e letramento, podem lançar mão de recursos da programação.
Independentemente da forma, o importante é atribuir à linguagem computacional
uma nova forma de expressão e uma maneira de aumentar a aproximação e o
envolvimento do aluno com todos os tipos de conhecimento.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em agosto/2017 a ainda estratosférica
marca de 397,44% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 317,31%; e já o IPCA,
também no acumulado dos últimos doze meses, em setembro, chegou a 2,54%); II –
a corrupção, há séculos, na mais
perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...