“O
que é o Eu? É a felicidade
Um dos métodos de
meditação oriental consiste em atentar para os pensamentos, mas sem viajar
neles. Sem interferir, só observando e focando o intervalo entre eles. Cada um
de nós pode ter uma média de 40 a 50 pensamentos por minuto. E seu houver muita
dedicação, após um tempo, pode ser atingido de quatro a cinco pensamentos por
minuto. O estado “vazio” mental aumenta. Para manter essa média é necessário
continuar meditando. Esse resultado permite uma maior percepção de si mesmo. Ir
além é quase impossível, exige muito talento.
No
Oriente e no zen-budismo, atingir o estágio sem pensamentos automáticos e
repetitivos, estar no “vazio”, consiste em um estado de atenção plena, em inglês
“mindfullness”. O Eu no Oriente é o “vazio” – conceito ainda sem tradução. É o
conhecimento original com o qual nascemos e perdemos com a inserção na
sociedade. Os monges, os samurais, os militares, os executivos japoneses
aprendem esse método para agir com o máximo de foco sem se distrair com
pensamentos. Mas esse Eu oriental é uma redução do Eu real e natural. É obtido
pela denegação (nega que nega), pela repressão profunda e consciente das
emoções. O resultado é um estado de impassividade.
Aqui,
no Ocidente, criamos um Eu idealizado com o qual nos identificamos. É uma
projeção social, não é a natureza humana. O Eu é maior, de grande
potencialidade, conforme pesquisas recentes das neurociências, das imagens
cerebrais, da biologia comportamental, da psicologia experimental. Essa é a
visão externa. Para a visão interna, uma proposta é apreender o Eu oriental e
expandir os conhecimentos. Pode ser visualizado como o estar “vazio” e aprender
que não sou meus pensamentos. São criações do Eu, mas não é o Eu. Também não
sou: sensações, sentimentos, emoções e ações.
As
ações podem se estruturar em comportamentos, criando condutas, nos
identificando. Mas não são o Eu, são criações do Eu. Por exemplo, nós temos
medo de sentir medo. Esse estado ansioso vem do Eu, é parte dele, e pode ser
percebido como uma possibilidade de crescimento. Se consigo avançar e
identificar o medo como um fracasso, tenho condições pela minha natureza de
poder enfrentar, fugir, ficar paralisado ou buscar ajuda. Aprender a lidar com
a ansiedade de modo proativo é um método para visualizar o Eu. Estar diante do
medo e permitir sentir angústia, desespero, pode fortalecer uma abertura para o
Eu real e natural.
O
zen-budismo propõe não nomear conceitos. Aprender o que é, sem palavras, direto
na essência. O estado “vazio” é o lugar onde não há nada, como escreveu o
samurai Musashi, não faz parte do conhecimento cultural. Só pode ser alcançado
pelo desenvolvimento da atenção sobre si mesmo, o que exige coragem, até que a
atenção plena começa a parecer um sentimento de muita liberdade. O “vazio” é um
estado de paz no Oriente. Aqui, no Ocidente, queremos felicidade: paz com
alegria – o que é muito difícil.”
(Jorge Raggi.
Empresário, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de dezembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de janeiro
de 2015, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de FABÍOLA CARVALHIDO, arquiteta
e urbanista da CSul Desenvolvimento Urbano, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Acupuntura
urbana
Assim como o corpo
humano, uma cidade também apresenta uma importante característica que a torna
mutável e adaptável às necessidades das pessoas ao longo do tempo: a
organicidade. Podemos comparar a dinâmica de um centro urbano às funções
exercidas pelos diferentes sistemas que compõem um indivíduo. E, se formos mais
a fundo nessa analogia, nos é permitido afirmar que, assim como as pessoas, as
cidades também apresentam “fraquezas” e estão suscetíveis a “doenças” que, se
não tratadas, podem comprometer o funcionamento do todo. É por isso que, há
alguns anos, diversos arquitetos, urbanistas e estudiosos da área do mundo
inteiro trabalham com um conceito que propõe modificar a relação entre o ser
humano e o espaço que ele ocupa, refletindo em melhorias para toda a cidade: a
acupuntura urbana.
Criado
pelo arquiteto e teórico social francês Marco Casagrande, o termo faz parte de
uma teoria que combina o desenho urbano e a milenar terapia chinesa. O grande
pensamento por trás da ideia é: da mesma forma como a acupuntura estimula
pontos específicos do corpo que se irradiam para o resto do organismo, nas
cidades também é possível realizar pequenas intervenções que são sentidas em
toda a tessitura urbana. Essas ações pontuais, embora pequenas, podem promover
impactos significativos na cidade e contribuem para resolver questões que vão
muito além da mobilidade urbana ou acessibilidade – fatores importantes para o
bom funcionamento da cidade – mas contemplam, também, pilares como
sustentabilidade e socioafetividade.
Existem
alguns exemplos no Brasil que servem para ilustrar a aplicabilidade do conceito
de acupuntura urbana, como a reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo, que
refletiu em toda a área do Parque da Luz, dando vitalidade ao local; e a
revitalização do Pelourinho, em Salvador, que incluiu a instalação de bares,
lojas, pequenos comércios, escolas e a recuperação de fachadas e prédios,
atraindo um maior movimento de pessoas e gerando mais visibilidade ao Centro
Histórico. Em Belo Horizonte, podemos considerar como principal modelo de
acupuntura urbana o Complexo da Pampulha, que foi projetado, inicialmente, para
ser apenas um ponto de retenção de água, mas, devido ao seu conjunto
arquitetônico, acabou se convertendo em um símbolo da capital mineira, famoso
em todo o mundo.
O
conjunto de ações pontuais e de revitalização, que podem mudar progressivamente
a dinâmica de áreas urbanas degradadas e/ou abandonadas, também é uma
estratégia para regiões que ainda serão desenvolvidas. Nesse caso, a
intervenção ou acupuntura urbana funciona como um catalisador da ocupação e
apropriação do espaço. O resultado a médio e longo prazo é a consolidação da
ocupação e a apropriação dessas regiões por parte da população, que passa a
conferir diferentes usos a esses locais, entendendo-os como parte importante do
conjunto da cidade.
Há uma
tendência geral em analisar os problemas dos centros urbanos com certo
pessimismo, pois ainda persiste a ideia de que a única maneira de resolvê-los é
realizando obras grandiosas e projetos megalomaníacos. No entando, a acupuntura
urbana mostra que, com pequenas “agulhadas” nos lugares certos, é possível
irradiar uma nova vitalidade para todo o conjunto e promover melhorias
gradativas nesse corpo humano que é a cidade.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas;
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, noticia a mídia que “o
jornalista Paulo Francis, por exemplo, já havia afirmado em 1997 no programa Manhattan Conection que existia esquema
de roubalheira na Petrobras. Ao contrário de ver o início de uma investigação
séria sobre a acusação, foi o próprio condenado em um processo de US$ 100
milhões...”); III – o desperdício, em
todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2015, segundo o projeto de Orçamento Geral da União, de
exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e
eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente participativa, justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as
obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O
BRASIL TEM JEITO!