“Democracia
em perigo no Brasil
Os dados das últimas
pesquisas de satisfação das instituições públicas brasileiras são reveladores
da total desconfiança que o povo tem, principalmente, com os políticos. A
instituição na qual os brasileiros mais confiam é a Igreja (a pesquisa da CNT –
Confederação Nacional dos Transportes – não menciona uma denominação religiosa
específica: católica, evangélica, protestante, ou outra). A Igreja, ou a
instituição religiosa, é merecedora de confiança para 40% dos brasileiros. Em
segundo lugar, vem os bombeiros, com 20%, e as Forças Armadas, com 16%. Breve
análise sobre esses números: cerca de 90% dos brasileiros declaram que
pertencem a uma religião, ainda que confundam religião com filosofia de vida.
De qualquer modo, somos uma sociedade crédula nas coisas do alto, portanto, é
natural que acreditemos na instituição Igreja, embora, também neste caso, os
números que sempre foram bem altos, estejam caindo. Os bombeiros entram em cena
em caso de risco, tragédias, situações dramáticas, quando colocam sua vida em
perigo para salvar os demais. É natural que ocupem o segundo lugar nessa
pesquisa. Já com as Forças Armadas, podemos refletir um pouco, pois somos uma
sociedade que que vive em paz com os demais Estados. Talvez, como não
acreditamos nas forças de segurança interna, queremos que as Forças Armadas
desempenhem esse papel. Se é assim, é lamentável e muito preocupante.
O grupo
que vem a seguir é: Justiça, com 10%; polícia, com 4%; imprensa, com 4%. O
número de 10% é, certamente, influenciado positivamente pela atuação do ex-juiz
Sergio Moro e da Operação Lava-Jato, quando, pela primeira vez na história
deste país, políticos e ricos empresários foram julgados, condenados e presos.
Como a política é, em geral, repressora, e devido à enorme desigualdade social,
é natural que a maioria da população não confie nela. Muito preocupante é essa
baixa confiança na imprensa. Nos tempos de internet e redes sociais, ela já não
é uma formadora de opinião. Basta analisar os resultados das últimas eleições.
Mas o
último grupo é realmente o fundo do poço, é a falência, em poucas palavras, de
uma verdadeira democracia: o governo (Executivo) tem 3% de confiança; o
Congresso Nacional (Legislativo) tem 2%, e os partidos políticos, 1%. Ou seja,
o povo brasileiro, por essa pesquisa, não tem nenhuma confiança em seus
dirigentes políticos. Isso é um absurdo para uma sociedade democrática. A
democracia só pode sobreviver na política partidária! Está claro que o sistema
político brasileiro está falido, é um “cadáver” insepulto, em decomposição,
fétido mas recusa-se ser enterrado. Mantém-se, em seu dia a dia, atrapalhando o
crescimento do país e o bem-estar dos cidadãos. Então, devemos acabar com a
política? Claro que não, devemos contribuir com a política, elegendo bons e
conscientes políticos que realmente se preocupam com o bem comum da população.
A democracia, por definição, é o regime político do povo. Cabe ao povo exercer
e proteger a democracia.”.
(CELSON TRACCO.
Escritor, palestrante e consultor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de julho
de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
6 de julho de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de CLAUDIA AJZEN, psicóloga e coordenadora da Universidade Aberta para
as Pessoas Idosas (Uapi), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e que
merece igualmente integral transcrição:
“Solidão
na velhice
O aumento do número de
idosos é uma tendência mundial e o Brasil acompanha de perto essa enorme
mudança na pirâmide etária. Junto dessa transformação surgem diversos fatores a
serem trabalhados, entre eles a solidão na velhice.
Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, a população
idosa com mais de 60 anos era de 14,5 milhões de pessoas, um aumento de 35,5%
ante os 10,7 milhões em 1991. Hoje, esse número ultrapassa os 29 milhões e a
expectativa é que, até 2060, suba para 73 milhões com 60 anos ou mais, o que
representa um aumento de 160%.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) considera um envelhecendo quando 14% da sua
população tem mais de 65 anos. Na França, por exemplo, esse processo levou 115
anos. Na Suécia, 85. No Brasil, levará pouco mais de duas décadas, sendo
considerado um país velho em 2032, quando 32,5 milhões dos mais de 226 milhões
de brasileiros terão 65 anos ou mais.
Viver
mais e com maior qualidade de vida é a meta, portanto, entender o processo de
envelhecimento e as atitudes que podem e devem ser tomadas por familiares,
profissionais da saúde e políticas públicas passa a ser fundamental.
São algumas as razões que levam ao isolamento
do idoso: aposentadoria, abandono familiar, viuvez, depressão, entre outras. A
mudança de padrão de vida e a sensação de perda de utilidade social são
gatilhos importantes geradores de depressão e posterior isolamento. A perda do
cônjuge pode gerar sentimentos de solidão e sentimentos de desamparo, sendo que
muitas vezes são os próprios idosos que se isolam. O abandono por parte dos
familiares é um dos que mais afetam este grupo etário, levando por vezes o
idoso a severo quadro de depressão. Doenças surgem em razão do quadro
depressivo e o ciclo se agrava.
Diferentes
modalidades de atenção aos idosos têm surgido nas últimas décadas, entre elas a
Universidade Aberta para as Pessoas Idosas (Uapi), da Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp). Um curso gratuito, de extensão universitária, presente na
Unifesp desde 1999, que tem os objetivos de atualizar e reciclar conhecimentos
e, principalmente, de promover a inserção social. É nesse contexto que,
diariamente, tenho a possiblidade de conhecer ainda mais esse público com o
qual venho trabalhando nos últimos 20 anos.
Ao
perguntar sobre solidão ao grupo de estudantes da Uapi/Unifesp, as respostas
variam quanto ao nível. A maturidade lhes fez perceber que a seleção de
companhia é um fator importante para o bem-estar, portanto, não é com “qualquer
um” que querem estar, e sim com quem lhes acrescenta algo à vida.
Acontecimentos durante a vida como um casamento mal sucedido e/ou traição
refletem no comportamento atual, fazendo com que alguns idosos prefiram viver
distantes de uma relação conjugal ou um relacionamento.
O
público da Uapi/Unifesp é privilegiado no tocante à companhia familiar. Salvo
raras exceções, a maioria mantém um núcleo familiar ativo e aqueles que já não
têm mais familiares revelam a fundamento importância da existência de um núcleo
social funcional. Atividades físicas, intelectuais, espirituais e culturais
formam o conexto.
Importante
salientar que aqueles que têm independência física e mobilidade preservada
preferem, majoritariamente, morar sozinhos a dividir espaço com os filhos, pois
a autonomia e a liberdade adquirida vêm se mostrando como uma grande
colaboração para a manutenção da longevidade.
Atualmente,
estão sendo criadas as moradias compartilhadas, chamadas de cohousing, que não
uma espécie de condomínio privado onde os moradores têm suas casas individuais,
mas têm por opção partilhar um espaço comum. Conhecidas como repúblicas, cada
grupo estabelece suas regras e alguns modelos apresentam lavanderias,
refeitórios e bibliotecas comunitárias; alguns compartilham serviços e meios de
transporte. Dessa forma, é mantida a liberdade de morar em sua própria casa e
se privilegiar da companhia dos demais moradores nos espaços coletivos,
driblando, assim, qualquer possiblidade de solidão.
Estamos
em atividade intensa na busca por políticas públicas eficazes que façam valer
os direitos dos idosos. O Estatuto do Idoso ainda está, em sua maioria, no
papel e não na prática.
O ser
humano é um ser social e como tal deve estar inserido na sociedade e respeitado
não somente pela idade atingida, mas pela pessoa que é, um ser integral.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de
299,78% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou em históricos 320,87%; e já o IPCA, também
no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,66%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é grande.
Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está
imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito
mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do
Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao
excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019,
apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$
758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do
direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria
da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.