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segunda-feira, 15 de julho de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DA DEMOCRACIA E OS GRAVES DESAFIOS DA HUMANIDADE NO CUIDADO COM OS IDOSOS NA SUSTENTABILIDADE


“Democracia em perigo no Brasil
        Os dados das últimas pesquisas de satisfação das instituições públicas brasileiras são reveladores da total desconfiança que o povo tem, principalmente, com os políticos. A instituição na qual os brasileiros mais confiam é a Igreja (a pesquisa da CNT – Confederação Nacional dos Transportes – não menciona uma denominação religiosa específica: católica, evangélica, protestante, ou outra). A Igreja, ou a instituição religiosa, é merecedora de confiança para 40% dos brasileiros. Em segundo lugar, vem os bombeiros, com 20%, e as Forças Armadas, com 16%. Breve análise sobre esses números: cerca de 90% dos brasileiros declaram que pertencem a uma religião, ainda que confundam religião com filosofia de vida. De qualquer modo, somos uma sociedade crédula nas coisas do alto, portanto, é natural que acreditemos na instituição Igreja, embora, também neste caso, os números que sempre foram bem altos, estejam caindo. Os bombeiros entram em cena em caso de risco, tragédias, situações dramáticas, quando colocam sua vida em perigo para salvar os demais. É natural que ocupem o segundo lugar nessa pesquisa. Já com as Forças Armadas, podemos refletir um pouco, pois somos uma sociedade que que vive em paz com os demais Estados. Talvez, como não acreditamos nas forças de segurança interna, queremos que as Forças Armadas desempenhem esse papel. Se é assim, é lamentável e muito preocupante.
         O grupo que vem a seguir é: Justiça, com 10%; polícia, com 4%; imprensa, com 4%. O número de 10% é, certamente, influenciado positivamente pela atuação do ex-juiz Sergio Moro e da Operação Lava-Jato, quando, pela primeira vez na história deste país, políticos e ricos empresários foram julgados, condenados e presos. Como a política é, em geral, repressora, e devido à enorme desigualdade social, é natural que a maioria da população não confie nela. Muito preocupante é essa baixa confiança na imprensa. Nos tempos de internet e redes sociais, ela já não é uma formadora de opinião. Basta analisar os resultados das últimas eleições.
         Mas o último grupo é realmente o fundo do poço, é a falência, em poucas palavras, de uma verdadeira democracia: o governo (Executivo) tem 3% de confiança; o Congresso Nacional (Legislativo) tem 2%, e os partidos políticos, 1%. Ou seja, o povo brasileiro, por essa pesquisa, não tem nenhuma confiança em seus dirigentes políticos. Isso é um absurdo para uma sociedade democrática. A democracia só pode sobreviver na política partidária! Está claro que o sistema político brasileiro está falido, é um “cadáver” insepulto, em decomposição, fétido mas recusa-se ser enterrado. Mantém-se, em seu dia a dia, atrapalhando o crescimento do país e o bem-estar dos cidadãos. Então, devemos acabar com a política? Claro que não, devemos contribuir com a política, elegendo bons e conscientes políticos que realmente se preocupam com o bem comum da população. A democracia, por definição, é o regime político do povo. Cabe ao povo exercer e proteger a democracia.”.

(CELSON TRACCO. Escritor, palestrante e consultor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de julho de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 6 de julho de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de CLAUDIA AJZEN, psicóloga e coordenadora da Universidade Aberta para as Pessoas Idosas (Uapi), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e que merece igualmente integral transcrição:

“Solidão na velhice
        O aumento do número de idosos é uma tendência mundial e o Brasil acompanha de perto essa enorme mudança na pirâmide etária. Junto dessa transformação surgem diversos fatores a serem trabalhados, entre eles a solidão na velhice.
         Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, a população idosa com mais de 60 anos era de 14,5 milhões de pessoas, um aumento de 35,5% ante os 10,7 milhões em 1991. Hoje, esse número ultrapassa os 29 milhões e a expectativa é que, até 2060, suba para 73 milhões com 60 anos ou mais, o que representa um aumento de 160%.
         A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera um envelhecendo quando 14% da sua população tem mais de 65 anos. Na França, por exemplo, esse processo levou 115 anos. Na Suécia, 85. No Brasil, levará pouco mais de duas décadas, sendo considerado um país velho em 2032, quando 32,5 milhões dos mais de 226 milhões de brasileiros terão 65 anos ou mais.
         Viver mais e com maior qualidade de vida é a meta, portanto, entender o processo de envelhecimento e as atitudes que podem e devem ser tomadas por familiares, profissionais da saúde e políticas públicas passa a ser fundamental.
          São algumas as razões que levam ao isolamento do idoso: aposentadoria, abandono familiar, viuvez, depressão, entre outras. A mudança de padrão de vida e a sensação de perda de utilidade social são gatilhos importantes geradores de depressão e posterior isolamento. A perda do cônjuge pode gerar sentimentos de solidão e sentimentos de desamparo, sendo que muitas vezes são os próprios idosos que se isolam. O abandono por parte dos familiares é um dos que mais afetam este grupo etário, levando por vezes o idoso a severo quadro de depressão. Doenças surgem em razão do quadro depressivo e o ciclo se agrava.
         Diferentes modalidades de atenção aos idosos têm surgido nas últimas décadas, entre elas a Universidade Aberta para as Pessoas Idosas (Uapi), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Um curso gratuito, de extensão universitária, presente na Unifesp desde 1999, que tem os objetivos de atualizar e reciclar conhecimentos e, principalmente, de promover a inserção social. É nesse contexto que, diariamente, tenho a possiblidade de conhecer ainda mais esse público com o qual venho trabalhando nos últimos 20 anos.
         Ao perguntar sobre solidão ao grupo de estudantes da Uapi/Unifesp, as respostas variam quanto ao nível. A maturidade lhes fez perceber que a seleção de companhia é um fator importante para o bem-estar, portanto, não é com “qualquer um” que querem estar, e sim com quem lhes acrescenta algo à vida. Acontecimentos durante a vida como um casamento mal sucedido e/ou traição refletem no comportamento atual, fazendo com que alguns idosos prefiram viver distantes de uma relação conjugal ou um relacionamento.
         O público da Uapi/Unifesp é privilegiado no tocante à companhia familiar. Salvo raras exceções, a maioria mantém um núcleo familiar ativo e aqueles que já não têm mais familiares revelam a fundamento importância da existência de um núcleo social funcional. Atividades físicas, intelectuais, espirituais e culturais formam o conexto.
         Importante salientar que aqueles que têm independência física e mobilidade preservada preferem, majoritariamente, morar sozinhos a dividir espaço com os filhos, pois a autonomia e a liberdade adquirida vêm se mostrando como uma grande colaboração para a manutenção da longevidade.
         Atualmente, estão sendo criadas as moradias compartilhadas, chamadas de cohousing, que não uma espécie de condomínio privado onde os moradores têm suas casas individuais, mas têm por opção partilhar um espaço comum. Conhecidas como repúblicas, cada grupo estabelece suas regras e alguns modelos apresentam lavanderias, refeitórios e bibliotecas comunitárias; alguns compartilham serviços e meios de transporte. Dessa forma, é mantida a liberdade de morar em sua própria casa e se privilegiar da companhia dos demais moradores nos espaços coletivos, driblando, assim, qualquer possiblidade de solidão.
         Estamos em atividade intensa na busca por políticas públicas eficazes que façam valer os direitos dos idosos. O Estatuto do Idoso ainda está, em sua maioria, no papel e não na prática.
         O ser humano é um ser social e como tal deve estar inserido na sociedade e respeitado não somente pela idade atingida, mas pela pessoa que é, um ser integral.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de 299,78% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 320,87%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,66%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


            

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A CIDADANIA, AS DROGAS, O RECOMEÇO, A EDUCAÇÃO E A TECNOLOGIA

“Drogas, hora do recomeço
        
          O Governo do Estado de São Paulo acaba de lançar um plano para auxiliar a recuperação de dependentes químicos: o programa Recomeço. Segundo o professor Ronaldo Laranjeira, diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), “o conceito envolve reconstrução dos valores pessoais, familiares e sociais e da vida profissional ou acadêmica”. O pulo do gato na fase da recuperação é o Cartão Recomeço. Trata-se de criar uma via fácil para que a família possa custear, com financiamento do governo, um período de recuperação predominantemente numa comunidade terapêutica.
         O crédito para tratamento será de R$ 1.350 mensais, a ser depositado diretamente para o serviço contratado. O valor não será entregue ao dependente ou a um familiar. As comunidades terapêuticas, reconhecidas pela idoneidade de seu trabalho, são indispensáveis nos programas de recuperação. Lá, depois de terem descido os degraus da miséria material e moral, os internos reencontram a chispa da esperança. Vida saudável, laborterapia, disciplina, resgate de valores e terapia individual e de grupo compõem a receita do modelo de recuperação. O respaldo do governo ao trabalho das comunidades terapêuticas pode ter excelentes resultados. O modelo social de recuperação complementa o modelo médico de tratamento. Após a fase de estabilização, os dependentes consolidam seu processo de mudança no sadio ambiente das comunidades terapêuticas.
         A luta contra o avanço das drogas, matriz da violência epidêmica que castiga a sociedade, passa, necessariamente, por investimentos na recuperação de dependentes. Manifesto, portanto, meu apoio ao programa de São Paulo. Além disso, o consumo e tráfico de drogas, responsável maior pela morte de milhares de jovens, exige uma radiografia verdadeira da mais terrível doença da atualidade.
         A psiquiatra mexicana Nora Volkow é uma referência na pesquisa da dependência química no mundo. Foi quem primeiro usou a tomografia para comprovar as consequências do uso de drogas no cérebro. A revista Veja, ao entrevistá-la, acertadamente, trouxe à baila um crime que chocou a sociedade. O cartunista Glauco Villas Boas e seu filho foram mortos por um jovem com sintomas de esquizofrenia e que usava constantemente maconha e dimetiltriptamina (DMT) na forma de um chá conhecido como santo-daime. “Que efeito essas drogas têm sobre um cérebro esquizofrênico?” A resposta foi clara e direta: “Portadores de esquizofrenia têm propensão à paranóia e tanto a maconha quanto a DMT (presente no chá do santo-daime) agravam esse sintoma, além de aumentarem a profundidade e a frequência das alucinações. Drogas que produzem psicoses por si próprias, como metanfetamina, maconha e LSD, podem piorar a doença mental de uma forma abrupta e veloz”, sublinhou a pesquisadora.
         Quer dizer: uma eventual descriminalização das drogas facilitaria o consumo das substâncias. Aplainado o caminho de acesso às drogas, os portadores de esquizofrenia teriam, em princípio, maior probabilidade de surtar e, consequentemente, de praticar crimes e ações antissociais.
         Todos sabem que, assim como não existe meia gravidez, também não há meia dependência. É raro encontrar um consumidor ocasional. Existe, sim, usuário iniciante, mas que muito cedo se transforma em dependente crônico. Afinal, a compulsão é a principal característica do adicto. Uma cigarro da “inofensiva” maconha preconizada pelos arautos da liberação pode ser o passaporte para uma overdose de cocaína. Não estou falando de teorias, mas da realidade cotidiana e dramática de muitos dependentes.
         As drogas estão matando a juventude. A dependência química não admite discursos ingênuos ou campanhas ideológicas, mas ações firmes e investimentos na prevenção e recuperação de dependentes. Com o novo cartão, São Paulo dá passo estratégico importante no fortalecimento da rede de proteção aos dependentes e no combate às drogas.”
(CARLOS ALBERTO DI FRANCO. Diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2322 – ano 46 – nº 21, de 22 de maio de 2013, páginas 109 e 110, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação e tecnologia: o sarrafo subiu
        
         Há uns meses visitei escolas públicas na região de Itaperuna, no interior fluminense. Uma delas era um brinco, com uma direção que conseguiu engajar pais e professores para gerar uma melhoria significativa: seu Ideb passou de 3,3 para 7,7 em quatro anos. Na outra escola o que se via era um quadro de abandono (os banheiros dos alunos não tinham tampa nas privadas, nem papel higiênico ou toalha de papel). Seu Ideb foi de 3,5 em 2011, e estava estacionado nesse patamar havia anos.
         Fui conversar com o diretor dessa escola com problemas. Ao inquiri-lo sobre a razão das deficiências de sua escola, o homem engatou um discurso ensaiado que vem se tornando cada mais comum nas discussões educacionais do Brasil: “O problema é que os alunos são de uma geração digital e os professores ainda são analógicos”. O uso intenso da tecnologia, por parte dos alunos, teria criado o problema insuperável de comunicação entre eles e seus professores, e parecia ser impossível que um professor munido apenas de “cuspe e giz” pudesse atrair o interesse desse aluno quase cibernético. No meio educacional a “patologia” já foi inclusive identificada e tem até termo médico: SPA – síndrome do pensamento acelerado (e eu que pensava que pensar rápido era uma virtude...). A ideia é furada. É mais uma tentativa dominante nas discussões educacionais brasileiras.
         Falei então ao diretor sobre a escola que estava na sua vizinhança, também fazia parte da mesma rede estadual e tinha resultados tão melhores. Perguntei como explicar aquela diferença. Ele disse que não entendeu a pergunta, pediu que eu a repetisse. Fui mais explícito: se o problema era geracional e ligado ao uso de tecnologia, como era possível que uma escola vizinha, atendendo a um público parecido, tivesse resultados tão melhores do que os dele? Ele pediu licença para sair e tomar uma água. Na volta, pediu que falássemos sobre esse assunto.
         Seria muito espetacular se a proliferação de tecnologias, e seu uso pelas novas gerações, fosse o causador dos problemas educacionais brasileiros. Primeiro, porque desde o começo da Revolução Industrial, pelo menos, tem havido sempre descompassos tecnológicos  significativos entre gerações. Pense em todas as tecnologias descobertas e popularizadas nos últimos 200 anos e seu potencial impacto sobre a educação. Pense no que era o mundo antes do telégrafo, em que comunicações levavam semanas para chegar a lugares distantes, e a realidade depois da sua invenção, em que notícias eram transmitidas globalmente quase em tempo real. Pense no impacto do rádio. Da televisão. Do telefone. Do telefone celular. Talvez a internet seja a revolução mais importante de todas, mas ela certamente vem num contínuo tecnológico em que as distâncias e os tempos são encurtados. Durante todas essas disrupções tecnológicas, a educação não só continuou a funcionar como melhorou: nunca antes na história deste planeta tantas pessoas tiveram acesso ao conhecimento quanto hoje.
         Em segundo lugar, a ideia é problemática por partir do pressuposto de que os avanços tecnológicos estão inacessíveis a adultos, o que é falso. A tecnologia é hoje tão simples e user-friendly que até a minha avó usava Sype e e-mail. Sim, provavelmente a nova geração terá maior familiaridade com as novas tecnologias, porque nasceu e cresceu com elas, mas é uma diferença de grau, não de ordem de grandeza.
         Se a prevalência da tecnologia fosse um fator de comprometimento educacional, seria de esperar que as regiões em que as tecnologias são mais difundidas tivessem os piores desempenhos educacionais. Se olharmos para os testes internacionais mais importantes de educação, vemos o oposto: os países líderes, como Coreia do Sul e Finlândia, estão entre os mais tecnológicos  do mundo. Estudos para o Brasil (disponíveis em twitter.com/gioschpe)  mostram que a posse de computador em casa melhora o desempenho educacional do aluno, já controladas as diferenças de renda.
         Isso não quer que a tecnologia não tenha nem terá impactos importantes sobre a educação. Apenas não creio que eles sejam desse tipo quase mágico decantado pelos pedagogos. Acredito que as novas tecnologias, especialmente a internet, estão tendo sobre a educação o mesmo efeito que têm sobre  uma série de outras áreas: desintermediação. Para quem não conhece o termo, é mais fácil explicá-lo com exemplos.
         No mundo pré-internet, precisávamos de intermediários para realizar uma série de atividades. Precisávamos de agência de turismo para comprar passagem de avião, de um jornal ou revista para receber notícias, de editoras e livrarias para ler um livro, de médicos para conhecer doenças e opções de tratamento. Precisávamos também de professores e escolas para ter acesso ao conhecimento acumulado na história humana. A internet está enfraquecendo ou eliminando totalmente esses intermediários. Com ela, podemos comprar passagens na companhia aérea, ler sobre notícias de lugares remotos diretamente de suas fontes ou pela recomendação de amigos etc. O resultado é que os intermediários precisam melhorar: ou passam a agregar novos valores, ou são extintos. As agências de turismo que simplesmente vendiam passagens já devem ter fechado. Uma boa agência hoje precisa conhecer profundamente os destinos, montar roteiros personalizados ao gosto do cliente etc. Um jornal ou revista não pode mais apenas resumir fatos/notícias do dia ou da semana anterior: precisa analisá-los, ter mais profundidade, trazer furos de reportagem constantes, conhecer profundamente  seu público. Não é que essas instituições precisam fazer algo de diferente ou inimaginável. Um bom agente de viagens hoje já seria considerado um bom agente de viagens há vinte anos. Eis o que mudou: não há mais tolerância para os medíocres. O sarrafo subiu: nessas áreas, para ser relevante, o nível de entrega de serviços precisa ser muito mais alto, porque o basicão o sujeito já consegue em uma busca on-line de dois minutos.
         Com educação é a mesma coisa. Não é que a educação de vinte ou cinquenta anos atrás não “funcione” no cérebro da meninada atual. Uma ótima aula – cativante, com um professor que domina a sua matéria e a maneira de comunicá-la e busca ativamente a compreensão e a participação do alunado – funcionava há 100 anos e continua funcionando hoje. O que mudou é que a aula em que um professor simplesmente regurgitava uma série de fatos desconexos e inúteis, que precisavam ser memorizados e depois devolvidos em um dia de prova, deixou de fazer sentido, pois esses mesmos fatos podem ser pesquisados on-line, através de textos, aulas a distância ou videoaulas. Não é que essa era uma aula boa que hoje virou ruim. Ela sempre foi uma aula ruim. Mas, na época em que os alunos dependiam exclusivamente do professor para obter qualquer conhecimento, essa ruindade ficava mascarada e era aceita. Hoje o sarrafo subiu. As boas aulas não precisarão mudar, mas os professores de baixa qualidade precisarão de uma reforma profunda em seu jeito de ensinar. Como, infelizmente, a maioria das aulas brasileiras tem qualidade abaixo da crítica, ouvimos muito agora esse discurso sobre as dificuldades impostas pela internet, pelas tecnologias etc. Mas, em vez de compreender esse momento como um de desintermediação e subida do sarrafo (um processo difícil), a maioria dos educadores e políticos busca a saída fácil, que é dar um verniz tecnológico  a uma má escola enchendo-a de engenhocas. Junte-se a essa mistificação a ganância dos fabricantes desses aparelhos e o fascínio da população por tudo o que é “muderno” e temos a tempestade perfeita para enganar os néscios.
         Se a escola de seu filho ou cidade se vende por conta dos aparatos tecnológicos de que dispõe, tome muito cuidado. Assim como um babaca não se torna inteligente ao transferir sua divagações para um blog ou página de rede social, um mau professor não passará a dar uma boa aula simplesmente por contar com um tablet ou uma lousa mágica.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação –  universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; assistência social; previdência social; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; comunicações; turismo; esporte, cultura e lazer; sistema financeiro nacional; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...