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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A CIDADANIA E OS IMENSOS DESAFIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA EDUCAÇÃO

“Como reduzir o crime no Brasil?
        A população carcerária no Brasil saiu de 90 mil presos em 1990 para mais de 500 mil em 2010 e 755 mil em 2014. O Brasil tem hoje mais de 520 mil policiais, e o Distrito Federal é o que mais tem policiais em proporção à população, porém com taxas de criminalidade mais altas que estados com menos policiais. Grande parte do crime no Brasil é atribuída à pobreza, porém, nem mesmo os significativos avanços na renda da população nos últimos 10 anos, ou seja, 40 milhões de cidadãos retirados da linha da pobreza, não foram suficientes para reduzir a criminalidade.
         Outros pontos importantes são que, segundo o Conselho Nacional de Justiça, mais de 70% dos mandados de prisão não são cumpridos, havendo deficit estimado de 200 mil vagas em presídios. Mas o que leva o Brasil a ter mais taxas de criminalidade? Como se pode reduzir tais crimes? Este artigo, fruto de pesquisa científica, busca debater esse problema e esclarecê-lo. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a violência já consome 5,4% do PIB, ou seja, um pouco acima da indústria automobilística. A que nível? Seria a solução aumentar esses gastos? A que nível? Em diversos países, ações de combate à violência estão exigindo redução de gastos em saúde e educação.
         A Cemig, com apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou pesquisa sobre furto de energia elétrica (gato). Tal pesquisa, coordenada por professores da Fumec, revela elementos que nos levam a pensar sobre o problema de como lidar com a segurança. A decisão de aderir a um comportamento inadequado ou crime depende de cada um. Porém, de acordo com estudos científicos, alguns padrões parecem se repetir. Após dezenas de entrevistas vieram algumas respostas. O primeiro motivo: um sentimento profundo de injustiça social. Não seria falta de dinheiro, mas o nível do sentimento de injustiça social. O padrão do raciocínio é de que políticos e autoridades não mereceriam respeito, os serviços públicos de forma geral são ruins, as pessoas não receberam tratamento igualitário. O sentimento de injustiça social é aumentado pelo materialismo. Esta primeira constatação assustou os pesquisadores. Eu furto energia por injustiça social. Seria esse o motivo de outros crimes? Seria um sentimento mais geral da população que levou aos protestos nas ruas durante a Copa?
         O segundo achado também nos preocupou. A norma subjetiva como fator importantíssimo no furto de energia. Em marketing, norma subjetiva significa seguir regras de grupos ou agir de forma similar a outros influenciadores. Em outras palavras, se meu vizinho furta, se minha mãe faz gato, se meus amigos fazem, eu posso fazer. Até porque, os fraudadores se consideram honestos, segundo dados da pesquisa. Em outras palavras, se fazer atos criminosos se tornou comum, pode ocorrer uma adesão em massa e perda de controle, algo semelhante ao que ocorre atualmente com a compra de CDs falsificados.
         Baseada em percepções, a população desenvolve conclusões e comportamentos. E para mudar comportamentos temos de mudar as percepções, bem como os raciocínios e cognições decorrentes dessas percepções. Ou seja, buscar-se-á alterar a forma com que as pessoas pensam sobre determinados fatos e realidades.
         Os recentes escândalos da Petrobras e do mensalão, entre outros, seriam, conforme o estudo, péssimos exemplos que poderiam influenciar de forma extremamente negativa a população, incentivando comportamentos desviantes e criminosos. Temos conhecimento de um caso do fechamento da empreiteira que prestava serviço a órgãos públicos cerca de 40 anos atrás. Motivo: a maior parte dos órgãos públicos a partir desta época só contratava mediante propina e ela se recusava a pagar. Fechou. E muitos empreiteiros ficaram ricos, em um sistema nefasto que leva mensagens à população de que esse tipo de ato compensa e é uma “esperteza” agir assim. Desse modo, os pesquisadores estão preparando um projeto a ser submetido ao governo, que consta do diagnóstico do crime no Brasil – causas e padrões cognitivos com a elaboração de um plano de redução e mitigação do crime por meio de ações de persuasão, mudanças de percepção e padrões cognitivos e de raciocínio.
         Sabe-se que o fenômeno é muito complexo, que advém do descobrimento do país. A tão conhecida carta de Pero Vaz de Caminha, em que o autor afirma que aqui nesta terra em se plantando tudo dá, ele finaliza sua histórica carta solicitando um “favor à realeza”, que mandasse o seu genro da ilha de São Tomé para o Brasil.
         Acredita-se que o crime só será reduzido com mudanças de percepção e padrões cognitivos da população. Neste sentido, o processo transpassaria além das ações de policiamento e punição, que se somariam a mudanças de padrões de raciocínio, sistemas de valores e visão do mundo, agindo de forma preventiva ao crime.”

(CID GONÇALVES FILHO, pró-reitor de Pesquisa, pós-graduação e Extensão da Universidade Fumec; EDUARDO ANDERSON RAMOS e JOSÉ ADALBERTO FERREIRA, mestres em administração pela Universidade Fumec, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de janeiro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará, autoria do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Da precariedade ao caos
        O precário ensino médio mostrou-se ainda pior no Enem 2014. A nota média da redação dos alunos teve queda de 9,7% em relação a 2013. Queda também de 7,3% nas notas de prova escrita e de matemática. Apenas 250 dos 6,19 milhões de candidatos tiveram nota máxima na redação, enquanto 529 mil tiveram zero e foram eliminados. Em 2013, com menos alunos, foram 106.742 redações com nota zero. Naquele ano, o tema foi a “Lei Seca”, assunto bastante divulgado na mídia e nas ruas. Agora, foi “Publicidade Infantil em questão no Brasil”, tema que demanda mais conhecimentos. Nossos jovens estudantes têm acesso à mídia e não sabem sobre temas tão atuais e importantes como publicidade, crianças, ECA e direitos humanos? O que ocorre com o ensino brasileiro e com os nossos jovens?
         Dados sugerem: nossos jovens não leem jornal diariamente, revisas semanais de conteúdo, livros e informações acadêmicas de pesquisas. Assistem a telejornais? Faltam-lhes informações temáticas consistentes, cultura, leituras com conteúdo e aprofundamento de temas atuais. Estarão os nossos jovens excessivamente plugados em redes sociais e multimídias instantâneas apenas com manchetes de notícias ou, pior ainda, usando excessivamente as redes sociais e/ou jogos sem se importar com informações e aprofundamento de temas? Conhecer temas, escrever textos e saber debater é essencial. Como nossas escolas estão preparando os alunos? Parece que muito mal. Em matemática também houve piora. Se o ensino médio já era o gargalo da educação brasileira, infelizmente os dados do Enem 2014 aprofundam esse imenso desafio.
         Pais e professores devem incentivar a leitura e compromisso já no ensino fundamental. O sistema de ensino brasileira precisa ser visto como uma cadeia interligada. Do ensino fundamental, também com muitas precariedades, especialmente nas fases adiantadas, aos grandes desafios no ensino médio, base para a formação de profissionais competentes nas universidades brasileiras. O ensino superior precisa receber alunos cultos e detentores de conhecimentos para avançar com qualidade os seus estudos e pesquisas na graduação e pós. Potencial para ser pesquisador e cientista. Como zerar uma redação? A escrita, redação e matemática são essenciais para o exercício competente de qualquer profissão. A redação avalia cinco competências: domínio da língua escrita; compreensão da proposta de redação; capacidade de organizar e interpretar informações; conhecimentos linguísticos necessários; e propostas de intervenção. Os critérios são exigentes como deve ser e, infelizmente, nossos jovens não atingem a meta. Não houve cortes de financiamento de programas nem de corpo docente no ensino médio para justificar as quedas de desempenho. O que ocorre?
         A nota do Enem é pré-requisito para disputar 205,5 mil vagas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de universidades federais, institutos tecnológicos e universidades estaduais. A Região do Nordeste concentra 40,7% das vagas nessa fase. Depois, Sudeste, com 25,8%; Sul, com 13,9%; Centro-Oeste, com 12,7%; e Norte, com 6,9%. Excelentes oportunidades para o ingresso em boas universidades públicas gratuitas no Brasil, um legado extraordinário que deve ser mais valorizado pelos nossos jovens. Necessário traçar urgentemente políticas competentes de ação para melhor qualificar o nosso ensino médio, porta de entrada para as universidades. A partir de 2015, os estudantes que já terminaram o ensino médio ou que evadiram poderão retomar a educação na modalidade técnica profissionalizante do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Sem dúvida, é um excelente programa, que habilita para o mercado valorizados profissionais, mas não podemos perder de vista a necessária e urgente qualificação do ensino médio público e privado. Melhorar e fiscalizar escolas para a excelência do ensino para que tenhamos talentosos alunos e competentes profissionais e cientistas nas universidades. Educação de qualidade em todos os níveis é preciso.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!