“#partiupravida
Uma das maiores
violências que podemos sofrer é não ser escutados. Quem de nós nunca passou por
isso? Duvido que alguém responda com isenção a essa pergunta. Quando alienada,
a alma sofre. Ser ignorado em nossas verdades fere. Ficar colado na verdade do
outro significa desconhecer a si próprio.
Há
quem pretenda saber de nós mais do que nós mesmos. Há quem impute ao outro suas
opiniões e impressões, sem considerar nenhuma ponderação. E decrete o que este
outro é, sem sequer lhe dar a chance de opinar. O julgamento severo e impiedoso
é um dos perigos que devemos temer seriamente.
Mas é
assim: somos feitos como o outro quer que sejamos, pelo menos para ele. Se por
infelicidade nos encaixamos onde o outro nos coloca, seremos apenas o espectro
de suas acusações ou pareceres, que nunca serão aquilo que de fato somos.
É como
ser roubado naquilo que de mais precioso temos. A alma pode nos ser roubada,
como se fosse a flor arrancada de um jardim – colhida, tem morte decretada.
Deixar de ser sujeito na vida é viver a morte em vida. É motivo de depressão e
amargura.
É como
disse o poeta Eduardo Alves da Costa:
“Na
primeira noite eles se aproximam/ e roubam uma flor do nosso jardim./ E não
dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem:/ pisam as flores,/ matam
nosso cão,/ e não dizemos nada.// Até que um dia,/ o mais frágil deles/ entra
sozinho em nossa casa,/ rouba-nos a luz e,/ conhecendo nosso medo,/ arranca-nos
a voz da garganta./ E já não podemos dizer nada.”
Como
disse Elza Soares, no último domingo, apresentando a um vasto e diversificado
público, na Virada Cultural de BH, seu último lançamento, A mulher do fim do mundo: precisamos lutar, lutar, lutar, lutar.
Lutar
para expulsar do mundo o preconceito, o autoritarismo, o machismo e a covardia
moral exercida sobre a pessoa. Nunca podemos nos cansar de dizer não quando
somos achacados pelo outro, pressionados, chantageados por aqueles que exigem
que sejamos e façamos o que eles querem, sob pena de sermos excluídos de sua
vida.
Saibamos
perder com honra. Saibamos buscar aqueles nos amam e suportar os que não.
Jamais seremos unanimidade. Saibamos quem somos e queremos ser. Nunca em tempo
algum sejamos reduzidos a coincidir com o que o outro diz sobre nós. Nosso
desejo vem do outro, que é matriz, mas precisamos nos apropriar dele para
fazê-lo nosso, ao nosso modo.
Essa é
a verdadeira forma de liberdade de viver a vida que temos, nossa única chance
de vive-la em abundância. De deitar no travesseiro sem nos perdermos em noites
de insônia, atormentados por culpas e fantasmas que nos cobram exigências
inatingíveis e preços impagáveis em nome de idealizações desumanas. Sem amarras
ou aprisionamentos que nos são exigidos por covardes e torturadores da alma
humana. Esses que condicionam a aceitação do outro apenas se ele lhe serve,
acatando seus caprichos e mandamentos como verdade.
Ora, a
verdade não é única e nunca será. É plural. O certo, para uns, parece errado a
outros – e assim será. A diferença não pode ser negada e não pode ser motivo de
guerra ou ódio. Mas, lamentavelmente, é. Para muitos, continuará sendo.
A
verdade de cada um vem da vivência singular e da íntima interpretação de cada
um do que viveu. Da história familiar, das lembranças e dos esquecidos. Se
abrimos mão das nossas verdades por temos de desagradar ou perder o outro, já
perdemos, sem saber, a vida que devemos prezar como o nosso maior bem.”.
(REGINA TEIXEIRA DA COSTA, em artigo publicado no
jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17
de julho de 2016, caderno CULTURA,
coluna EM DIA COM A PSICANÁLISE,
página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
22 de julho de 2016, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que
merece igualmente integral transcrição:
“Pilares
para a cultura
O conjunto
arquitetônico modernista da Pampulha, agora patrimônio da humanidade, é mais do
que justa homenagem aos belo-horizontinos e à ousadia de Juscelino Kubitschek.
Além da alegria experimentada por cada um de nós – com o anúncio da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a merecida
distinção inscreve no horizonte de Minas Gerais, particularmente da capital
mineira, um importante desafio: reverter essa nova realidade configurada em
benefício de toda a cidade e da perenidade de cada uma das obras desse complexo
de alta significação arquitetônica, cultural e turística, importante capítulo
na história da arquitetura mundial. Tarefa que desafia especialmente os
governantes, operadores e gestores de turismo e todo povo mineiro.
O
conjunto arquitetônico que colocou Belo Horizonte à frente de seu tempo, com
sua inauguração em 1943, ainda é símbolo da lucidez e ousadia de Juscelino
Kubitschek e do talentoso Niemeyer – à época, no início de sua carreira, hoje
reconhecido mundialmente. A medida dessa lucidez e ousadia pode ser avaliada a
partir da seguinte imagem: a Pampulha sem o complexo arquitetônico em seu
redor.
Isso
significa que, em seu tempo, cada governante é desafiado a interpretar e a
tratar com clarividência e audácia a realidade na qual se insere como servidor.
Não só quanto ao legado recebido. Por exemplo, no caso da Lagoa da Pampulha,
não basta somente cuidar de sua urgente e inteligente despoluição, é preciso
ver adiante. É preciso oferecer no seu tempo uma contribuição que assente mais
pilares para a cultura. Neste horizonte, conservar e tratar adequadamente o
patrimônio que se tem e intuir os novos e exigidos desafios, tecendo uma
história que possa assegurar sustentabilidade à vida social, política, cultural
e econômica.
Os
pilares da cultura, em arquitetura, infraestrutura e investimentos não são
obras mortas. São forças incidentes na circulação do sangue que move a vida de
uma sociedade, gerando economia produtiva e inclusiva por meio do turismo, uma
força de referência que ultrapassa as fronteiras de Minas e do Brasil. É também
o fortalecimento da consciência, corre-se o risco de ver as riquezas, naturais,
culturais, religiosas, artísticas e populares se dispersarem. Isso se verifica
em realidades articuladas por culturas diferentes, numa riqueza tão plural que
pode levar a sociedade a se entender repartida, enfraquecendo sua identidade. A
sociedade, assim, se sente impotente para multiplicar as próprias riquezas,
torna-se incapaz de produzir cenários de mais justiça e o mais grave: de ser
protagonista de sua história. Repete-se, então, o estribilho de que o melhor é
o que vem de fora. De que só os outros são capazes de grandes conquistas. Alimenta-se
a lógica do desmanche da própria identidade, perdendo riquezas produzidas e
legadas.
A
alegria do reconhecimento conquistado pelo complexo arquitetônico da Pampulha
deve se transmutar em ardor guerreiro por novos passos em Minas Gerais. É
indispensável o entendimento inteligente de fazer crescer o potencial turístico
do estado, valorizando singularidades. Entre elas, vale destacar o inexplorado
potencial do turismo religioso, tesouro da nossa realidade histórico-cultural.
Um exemplo é o caminho Religioso da Estrada Real (Crer), que liga o Santuário
de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais, ao Santuário de Nossa
Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Trajeto tão rico pela beleza do
conjunto paisagístico e arquitetônico, particularmente sacro, como o Caminho de
Santiago de Compostela, na Espanha. Esse é um dos projetos com potencial
turístico ainda adormecido, esperando ações mais efetivas e entendimentos
governamentais e empresariais para tratamento competente para que, de fato,
beneficie os mineiros.
Não
menos importante é o desafio de colocar no coração de cada mineiro a padroeira
de Minas Gerais – Nossa Senhora da Piedade. E que cada mineiro se sinta
guardião da Serra da Piedade, que em breve aspiramos ser já reconhecida como
patrimônio da humanidade pela sua relevância ambiental, paisagística, histórica
e religiosa. Um patrimônio que merece mais empenho dos representantes do povo,
a começar pela duplicação da rodovia BR-381, lamentavelmente conhecida por
Rodovia da Morte.
Patrimônio
que traz a fé e a religiosidade enraizada na cultura e na vida do povo mineiro.
Um exemplo é a Igreja São Francisco de Assis, símbolo e coração do complexo
arquitetônico da Pampulha, a primeira projetada por Niemeyer. Bem perto está a
Catedral Cristo Rei e a Cidade Administrativa, pela Avenida Pedro I, passando
pelo final da Avenida Cristiano Machado e seguindo pela MG-010. Trecho de
quatro quilômetros que merece ser reconhecido como uma grande avenida com o
nome de São João Paulo II. É hora de novas audácias e novos passos pelo bem de
Minas e dos mineiros.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas)
– e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos
de idade na primeira série do ensino
fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda
estratosférica marca de 471,3% para um período de doze meses; e, em junho, o
IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,84%, e a taxa de juros do cheque
especial em maio registrou históricos 311,3%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do
procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A
Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o
problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu
caráter transnacional; eis, portanto,
que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas
simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de
suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do
nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria,
ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e
sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...