(Setembro
= mês 11; faltam 159 meses para a Primavera Brasileira)
“A
perseverante entrega do
peregrino no caminho espiritual
Constitui para o
peregrino uma prova não ter nenhuma novidade que o anime e que o faça caminhar,
pois deve, mesmo assim, permanecer fiel à meta a que se propôs cumprir. Sua
consciência precisa manter-se no essencial e não enveredar por atividades que
não sejam realmente necessárias. Para todos, inclusive para os que são regidos
pela energia da atividade, chega o momento de cessar os movimentos e aguardar
que uma Luz maior lhes indique a direção a seguir.
A
fidelidade à meta é conseguida mais facilmente quando se navega velozmente, com
horizonte claro e céu limpo, ou em meio a tempestades, em que o empenho e a
desenvoltura dos marinheiros são solicitados ao máximo, do que quando o mar se
aquieta, as ondas desaparecem e não há brisa a soprar as velas do barco. Nesses
momentos a vigilância tem de ser mantida, o ardor ampliado com a intenção de se
doar mais e mais ao Ser Supremo e de não se deixar levar pela aparente lentidão
da viagem.
Quanto
mais próximo estiver de participar da Obra da Espiritualidade, maior responsabilidade
será dada ao ser, e também maior influência ele exercerá sobre tudo o que esse
trabalho engloba.
As
verdadeiras transformações da humanidade não ocorrem porque todos a querem, mas
porque um, ou alguns poucos, a querem em tal intensidade que é como se todos a
quisessem.
Pode
haver maior gratidão que a nascida de um coração tocado pela Presença? Maior fé
a do homem que, caminhando no escuro, busca a Luz?
Conto-vos
uma história: Um camponês retornava à sua casa após longo e extenuante dia de
trabalho. O sol já se deitava no horizonte e uma suave aragem anunciava a
noite. Repentinamente, porém, o céu encobriu-se, um vento forte começou a
soprar e, com muitos relâmpagos e trovões, uma chuva torrencial desabou.
O
camponês estava só na estrada deserta; não tinha onde abrigar-se, nem como
agasalhar-se do frio.
Que
faríeis vós, nessa situação?
Nos
tempos que se aproximam é preciso integral vivência da fé, completo
esquecimento de si, certeza inabalável de que se está sendo guiado e obediência
incondicional às indicações internas. Milagres surgirão na superfície da Terra
como flores celestiais entre a amarga cinza do viver humano. Deixai o ínfimo,
para que o Infinito se aproxime.
O
caminho espiritual é um caminho sem promessas. Nele o peregrino deve ingressar
sem expectativa alguma. O que antecipadamente lhe é dado saber é que esse
caminho é de renúncia, de autoesquecimento, de superação dos próprios limites.
Poucos são os que aceitam tais condições; entretanto, ilimitadas são as dádivas
provindas dos que o trilham.
Ainda
que muitos sejam os aspectos imaturos, os desejos e os planos dos que iniciam a
trajetória para o mundo espiritual, passo a passo as ilusões lhes vão sendo
retiradas, revelando gradualmente a beleza que existe em seu próprio interior.
Aos poucos, vai lhes sendo desvelado o grande segredo, guardado no centro da
flor sagrada.
O
peregrino não espera nenhuma realização; de cálice se fez canal amplo e
desobstruído para nada reter, mas estar sempre aberto ao fluir da seiva da
vida. Não procura ver, ouvir, sentir ou tocar coisa alguma com fins de deleite
pessoal, mas permite que a energia se aproxime, o envolva e o permeie, pois
nada sabe que não lhe seja por ela revelado. Por essa energia foi erguido da
escuridão, por ela foi conduzido à senda interior e, sob suas orientações,
caminha nessa senda.”.
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O
TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de agosto de 2017, caderno O.PINIÃO, página 18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de agosto
de 2017, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA
CARVALHO, médico e professor, e que merece igualmente integral transcrição:
“Não
somos ilhas
Quando nos damos conta
de que precisamos das outras pessoas, tudo muda. O escritor e poeta Thomas
Merton dizia que “home algum é uma ilha”. Para Merton, a vida ganha sentido
quando admitimos que não nos bastamos a nós mesmos. Dependemos uns dos outros.
Concordamos com ele: crescemos quando interagimos com os outros e nos
permitimos dividir o que temos: nossas experiências, nossos aprendizados. Só
assim damos e recebemos ao mesmo tempo.
N área
da saúde, por exemplo, quando nos prontificamos a realizar abordagens integrais
às pessoas – considerando os seus aspectos biopsicossociais –, percebemos o
quanto é importante a participação de diferentes categorias de profissionais. O
trabalho multi e interdisciplinar enriquece o atendimento e faz toda a
diferença. Observamos isso quando lidamos com a prevenção das doenças, a
promoção da saúde, os cuidados paliativos, entre outros. São impressionantes os
resultados que surgem com a construção de planos de cuidados feitos com “várias
mãos”.
A
realização de trabalhos conjuntos é, sem dúvida, um bom caminho para se romper
com o olhar que se volta para si mesmo e desconhece o crescimento que surge com
a contribuição das outras pessoas. O médico Maimônides (1135-1204), ao
referir-se à prática médica, dizia sobre a importância da humildade no
exercício profissional: “A ninguém é dado ver por si mesmo tudo aquilo que os
outros veem”.
No
ambiente de trabalho, na família e nas atividades sociais, “dependemos uns dos
outros”. A sabedoria dos dias nos ensina que o olhar ensimesmado e prepotente
está na origem das intolerâncias, dos desrespeitos e dos escândalos de
corrupção que nos surpreendem a cada dia. O antídoto para essa onda de
desumanidades, que parece não ter fim, é a percepção do outro. Não se vive para
si mesmo. Há outras pessoas.
Quando
observamos as posturas de determinados grupos sociais e políticos – sem fazer
generalizações para não sermos injustos – ficamos intrigados. Suas atitudes
trazem perguntas: não limites para essa gente? Ou o limite é o próprio
benefício, a satisfação dos próprios – e insaciáveis – interesses?.
Especificamente, no caso brasileiro, as situações atuais que nos chateiam nos
levam a pensar que alguns dos nossos representantes esqueceram-se de que existe
uma nação onde habitam cidadãos que merecem respeito. Se Erasmo de Roterdã
estivesse em terras brasileiras escreveria uma sátira sobre alguns integrantes
da “alta classe política” e as suas formas de convivências com o povo. Falaria
das artimanhas que utilizam para se manter no poder e do descaso com as
políticas públicas. O Elogio da Loucura, versão brasileira, seria enriquecido
por histórias escabrosas e assustadoras. Algo muito vergonhoso para todos nós.
O fato
é que precisamos vencer a perspectiva e a prática que privilegiam alguns
(grupos e pessoas) e construir caminhos de equidade e dignidade humana para
todos. Alguns podem chamar isso de utopia. Achamos melhor chamar de justiça e
de paz.
Acontecimentos
recentes no cenário nacional e internacional (Espanha e Estados Unidos) nos
convidam a refletir sobre a importância de construir culturas de respeito e de
paz onde existam a tolerância, o reconhecimento das diferenças e da dignidade
de cada ser humano. E nos alertam: o olhar que se fecha à ideologia pode causar
um mal terrível às pessoas. A ideologia, seja qual for, é apenas a explicação a
partir de um ponto de vista. Não alcança toda a realidade. É fundamental
partilhar, fazer desconstruções e construir novas práticas. Isso requer
sensibilidade, vontade, sobretudo, coragem.
Merton
estava certo: não somos ilhas. Isso vale para cada um de nós e vale para as
lideranças nos campos sociopolítico e econômico. Somos pessoas em relação, que
precisam umas das outras. Crescemos à medida que partilhamos, que reconhecemos
a importância do outro e cuidamos das convivências e das cidades.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em julho/2017 a ainda estratosférica
marca de 399,05% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,30%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses chegou a 2,71%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões),
a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...