Mostrando postagens com marcador Flávio Resende. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Flávio Resende. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A ESSÊNCIA DAS CONEXÕES E A LUZ DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

“Conexões que não precisam de wi-fi
        A conexão entre pessoas não se explica. Sente-se. Por isso é tão comum, ao longo da vida, encontrarmos indivíduos com os quais temos, mutuamente, a sensação de afinidade. E, muitas vezes, originada sem um histórico preexistente. Pelo menos, não nesta vida.
         A conexão viria, então, “do nada”? Há correntes que defendem a ideia de que uma forte ligação espiritual entre duas almas vem de muitas vidas passadas conjuntamente. A experiência compartilhada de alegrias e tristezas, de prazer e dor, de construção e destruição, e de vida e morte, vai gerando nos envolvidos sentimentos mais profundos, laços de proximidade, em que a história vai começando a se confundir com a história do outro.
         Todo esse processo de ligação espiritual, para os espíritas, cria uma sintonia, com simpatias e antipatias, amor e ódio, prazer e dor, desejo e repulsa, entre outros sentimentos que aos poucos vão formando conexões.
         Esta conexão entre as almas, por sua vez, pode se expressar em afinidades de pensamentos, sentimentos e crenças, ou pode gerar tendências quase que opostas, onde uma complementa a outra naquilo que ambas necessitam de uma unificação ou diversificação.
         Pesquisa publicada, recentemente, na revista Psychological Science mostra que abraços – ou simplesmente tocar em alguém – reduzem o medo de mortalidade, acalmando os temores existenciais. “Toque interpessoal é um mecanismo tão poderoso que até mesmo objetos que simulam toque podem ajudar a incutir nas pessoas um sentido de significado existencial”, escreveu o pesquisador-chefe do estudo, Sander Koole.
         Os laços podem ser criados, de modo tão forte e significativo, que se expressam vibratoriamente de diversas maneiras – não apenas despertando em nós uma variedade de sentimentos, por vezes confusos e contraditórios, como também uma afinidade profunda, uma sintonia que se manifesta até por meio de fenômenos paranormais.
         Seguindo esta mesma linha de raciocínio, somos seres espirituais habitando corpos físicos, e estamos neste planeta de passagem por um tempo extremamente curto. Em nossa essência mais profunda, portanto, há a necessidade de termos bons relacionamentos, e uma conexão sincera e profunda com outras pessoas.
         Há uma outra vertente filosófica que traz à luz a reflexão acerca da necessidade de conexão de nossa almas com o cosmos. Mas em que consiste o cosmos? Em resumo, o cosmos é o tudo, é o próprio universo. E o universo é energia. Assim, tudo é energia e tudo está interconectado.
         O amor vem, portanto, dessa energia cósmica, de dentro de nós, e quanto mais conectados com a nossa essência, com a família, com os amigos e com a pessoa que divide a vida conosco, mais o amor divino entra em nosso coração. E ele é a porta, o portal que conecta nosso espírito com todo o universo, com o cosmos. Resumidamente, estamos todos conectados pelo amor.
         Um movimento simples, criado em Florianópolis (SC), vem ganhando cada vez mais participantes em algumas cidades brasileiras. O EntreOlhares, realizado em Brasília, pela quinta vez, no fim do mês passado, tem como propósito criar um ambiente para que pessoas desconhecidas umas das outras tenham a chance de trocar olhares, “olho no olho”. Quem já foi conta que é emocionante.
         Finalmente, que as novas tecnologias estão trazendo consequências  desastrosas para a corrente fluida de conexão da humanidade não há que discutir. Lamentavelmente, as pessoas não têm mais tempo de se olhar. Vivem o hoje pensando no amanhã; queixando-se pelo que deixaram de viver ontem. A grande verdade é que nunca estivemos tão conectados, no sentido literal da expressão, e tão desconectados, energeticamente falando, com o outro. Mas enquanto existir amor no mundo, há um fio de esperança dentro de nós.”.

(FLÁVIO RESENDE. Jornalista, coach ontológico e empresário, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de novembro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de novembro de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de JOÃO KEPLER, especialista em e-commerce, marketing, empreendedorismo e vendas, autor do livro Educando filhos para empreender, e que merece igualmente integral transcrição:

“A melhor profissão para o seu filho
        Criação, educação empreendedora, papel dos pais, o poder e a importância da liberdade de escolha dos filhos. Quais os exemplos práticos em situações em que os pais precisam se enxergar como “orientadores” dos filhos?
         No dia a dia, é muito comum a gente ler ou ouvir alguém dando dicas e ensinando fórmulas, quase que mágicas, para atingir o sucesso. E, com toda certeza, você como parte do seleto grupo de pessoas bem-sucedidas na vida. Convenhamos que, apesar de ser um tema relativamente comum, não existe mágica e, se alcança-lo fosse assim tão fácil, todas as pessoas o atingiriam. É claro que o sucesso é uma questão muito relativa, que depende de perspectiva, e não diz respeito somente a dinheiro, como muita gente imagina (tem gente que pensa que dinheiro é sinônimo e garantia de sucesso). Se isso fosse verdade, pessoas ricas nunca se sentiriam infelizes e todas teriam um enorme sucesso.
         O que os pais precisam entender e passar aos seus filhos é que o sucesso não é só chegar ao topo da escada, mas é ter a coragem de tentar a subida, de empreender, de dar o melhor de si por uma causa que leve as outras pessoas a serem mais felizes e a sociedade a ser melhor.
         Você, pai ou mãe, com certeza já percebeu como a sociedade moderna tem evoluído de forma constante e, incrivelmente, rápida. Principalmente, da nossa geração para cá, nem preciso falar! A todo momento somos expostos a novas invenções, tecnologias e modismos que desaparecem com a mesma velocidade com que surgiram. O que muitos pais talvez ainda não tenham se dado conta é de que, em meio a todo esse processo de desenvolvimento e adaptação, algumas profissões desapareceram, assim como outras estão surgindo para suprir as novas demandas e necessidades da contemporaneidade.
         Meu objetivo aqui não é assustar ninguém, mas, sim, fazer um alerta em relação às mudanças que já ocorreram e que vão continuar ocorrendo em nossa sociedade como um todo. Seu filho não precisa se desesperar e correr para busca uma segunda formação, pelo contrário, só precisa começar a pensar em como utilizar seus conhecimentos a favor da criação do seu próprio negócio, por exemplo. Pode-se tornar um especialista ou montar uma empresa de consultoria, ou que venda produtos e serviços exclusivos. Lembre-se de que as mudanças devem ser encaradas, sempre, como uma forma positiva de recomeçar e traçar novos rumos.
         Meu conselho para o filho que optar por ser um funcionário e seguir carreira em uma empresa: fique antenado, não se feche para o novo, comece a olhar tudo por outras perspectivas e ângulos. Procure inovar também na sua carreira e se preparar para buscar uma oportunidade nesse novo mercado, que não espera nada menos que isso.
         Cada escolha representa uma oportunidade. Cada queda um aprendizado. E cada atitude uma consequência. O simples fato de você estar lendo este artigo já o coloca em um grupo privilegiado de pais que têm a oportunidade ilimitada para criar uma vida bem-sucedida (na sua medida) para o seu filho.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 480,28% para um período de doze meses, e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 324,9%; e em outubro o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 7,87%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 



        
        


segunda-feira, 30 de maio de 2016

A CIDADANIA, A FORÇA DA AUTOGESTÃO DAS CRISES E A RIQUEZA DO TECIDO CULTURAL

“Hora de olhar para a crise dentro de nós
        Não precisa de habilidades mediúnicas, tampouco superpoderes, para adivinhar qual é a palavra de ordem nos tempos modernos, no Brasil e em muitas outras partes do mundo. Aqui, em terras tupiniquins, ela está presente nas manchetes dos jornais, nas conversas de corredor, nas discussões em mesas de bar e, sobretudo, na fila do supermercado. Sim, é a dita-cuja que tem tirado o sono de muita gente. Inclusive, eu.
         Nesta fase, em que as madrugadas têm me feito companhia, acabei refletindo horas a fio; e entendi que tudo que materializamos fora acaba sendo criado e potencializado dentro de nós. Cresce do mesmo modo quando adicionamos fermento à massa de pão, por exemplo. Ele se mistura quimicamente com a farinha e, em questão de minutos, multiplica-se cinco, 10 vezes em relação ao tamanho original.
         Isso é tão sério e real que acabamos por nos sentir pressionados, alimentando uma neurose coletiva, cristalizada pelo pensamento em massa. Acredite: quanto mais as pessoas – um amigo, colega de trabalho, irmão, tia, desconhecido ou você próprio – falam de crise, mais o campo energético dela se fortalece, tornando-se quase indestrutível, aos nossos olhos.
         As consequências? Nunca se usou tantos ansiolíticos e antidepressivos como nos dias atuais, no Brasil. Os consultórios psiquiátricos e psicológicos, por sua vez, estão com fila de espera por atendimento.
         A crise, de fato, está aí e não pode ser ignorada. Mas o meu convite é para aproveitarmos a oportunidade (sim, a crise pode ser uma oportunidade) e sermos capazes de olhar para a crise que habita dentro de nós, ponde em xeque as nossas crenças, verdades e, inclusive, a nossa forma de encarar o mundo à nossa volta.
         Há muitos autores, coaches e consultores propagando a ideia de que crise são, na verdade, oportunidades de crescimento e aprendizado. Realmente, se tivermos sabedoria, poderemos passar por esta e tantas outras que poderão vir, aprendendo muito mais do que julgávamos ser possível, sem estarmos presos nela, fazendo as nossas reformas mais íntimas.
         É como se estivéssemos sendo estimulados a deixar de investir energia com a crise lá fora para nos concentrarmos e despendermos atenção com a crise interna do ser humano. Em tese, supõe-se que, se cada um resolver a sua, o tal campo energético perde forças e voltamos a nos reempoderar. Faz sentido? Para mim, tem feito.
         Esta pode ser uma maneira de olhar capaz de curar-nos de nossas mazelas, autossabotagens e procrastinações, contribuindo, de quebra, para o inconsciente coletivo – o supracitado campo energético – com muito otimismo, boas energias e transformações.
         Outro dia, li que a crise realmente não existe. Que ela é inventada por um grupo de pessoas.  Um sai dizendo, que aumenta para o outro, que por sua vez segura o dinheiro. E assim, em doses homeopáticas, ela vai se consolidando e tomando cada vez mais corpo.
         Por fim, talvez uma possibilidade seja não entrarmos na sintonia da crise lá fora e cada um mergulhar na sua própria crise. A ideia é abrir a possibilidade de identificar, dentro de nós, onde residem os nossos bloqueios, para desfazê-los de vez, e podermos seguir as nossas vidas como tem que ser: felizes, abertos e rodeados de muito amor.”.

(FLÁVIO RESENDE. Jornalista, coach ontológico e palestrante motivacional, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de maio de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sequelas na cultura
        A decisão de unir educação e cultura em âmbito ministerial provocou reações diversas. Esse contexto é oportunidade para uma ampla reflexão a respeito da importância do adequado tratamento da cultura, o que ultrapassa operações de crédito advindas de leis de incentivo, o suporte que se oferece para a realização de eventos, shows e projetos que contribuem para a promoção das diferentes artes. Demanda-se uma compreensão de cultura abrangente, que permita reconhecer o seu alcance no conjunto da vida de um povo. É da cultura quem nasce uma postura cidadã adequada, substrato de uma política que é praticada a partir dos parâmetros de estadistas, com a nobreza da solidariedade, permitindo superar o “loteamento” do poder, os favorecimentos que ameaçam o bem comum.
         A cultura hospeda uma essencialidade que exige a atenção de todos, pois ela contempla o que o homem faz nas muitas dinâmicas da vida, criando valores com força de impulsionar na direção das inovações, inventividade e competência. Eis o enorme desafio, que é incomparável com o labor de produzir um evento, um show, um projeto, independentemente de sua complexidade.
         A cultura revela e determina a maneira particular como vive um povo, o modo como as pessoas se relacionam com Deus, com a natureza e com os outros, tecendo um estilo de vida comum. Portanto, a cultura abrange valores que animam e fortalecem – e contra valores que desfiguram e ameaçam. Define os costumes e a convivência social, o modo de ver o mundo que influencia determinantemente os discernimentos, escolhas e juízos a respeito da realidade, dos procedimentos e dos processos em curso. As dinâmicas que dão forma à cultura constituem processo vital e permanente. Provocam transformações e cristalizações que podem impedir avanços ou garantir entendimentos lúcidos, com influências determinantes na realidade histórica e social. Investir nesses processos é, principalmente, responsabilidade de dirigentes e líderes. Constitui tarefa que ultrapassa as fronteiras do tratamento formal e conceitual do âmbito da educação, pois, entre outros aspectos, deve contemplar, por exemplo, o funcionamento das instituições, promovendo ajustes que possibilitem projetos exitosos e conquistas.
         A constituição da realidade cultural necessária para gerar respostas novas diante das necessidades do mundo contemporâneo exige lucidez e corajoso empenho de todos. Na direção oposta a esse caminho, a sociedade continuará a conviver com vícios, desvirtuamentos e estreitezas que aprisionam a cultura nos parâmetros da mediocridade. E todos continuarão a pagar um preço alto em razão dos atrasos, do comodismo e de uma compreensão com horizonte limitado, que inviabiliza o crescimento e o desenvolvimento integral. Sem a adequada reconfiguração da cultura, o povo continuará a sofrer com os descalabros institucionais, com o inadequado tratamento do é que de domínio público.
         O investimento necessário no tecido cultural supõe lucidez, ousadia e, particularmente, a coragem de atuar para além de comodidades individuais e partidárias. Certamente, qualquer instituição que sofre com atrasos, descompassos e, consequentemente, oferece à sociedade uma contribuição que está aquém de suas possibilidades encontra-se nessa situação porque é regida por um tecido cultural que assenta seus integrantes na mediocridade, na incompetência de juízos, na falta de criatividade e de inventividade. E líderes autoritários, incompetentes para o diálogo e que estão propensos à barganha são os grandes responsáveis por esse déficit. Eles geram dependências e dívidas impagáveis, imobilizam pessoas que caem na armadilha de ficar “devendo favor”. Esses líderes e esses funcionamentos medíocres estão aprisionados nos “favores” concedidos.
         Tarefa exigente, que por vezes requer corrigir décadas de atrasos sem desconsiderar os desafios próprios do atual momento, é preciso investir no tecido cultural. Assim será possível tratar as paralisadoras sequelas na cultura, estabelecendo novas dinâmicas capazes de conduzir a sociedade rumo a novos tempos, de mais justiça, solidariedade e paz.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...