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quinta-feira, 25 de junho de 2015

A CIDADANIA E OS GRAVES DESAFIOS DA EFICIÊNCIA E DA QUALIDADE NA GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES

“2016: marco na gestão do país?
        O ano de 2016 pode acabar sendo, por força das circunstâncias, um importante divisor de água para a organização da gestão pública no Brasil, em todas as instâncias. Principalmente, por oportunizar o abandono definitivo do modelo populista genérico, hoje majoritário no imaginário e na realidade do país, que gera custos crescentes e uma grande dificuldade de gestão.
         A situação financeira crítica de União, estados e municípios é a face mais aparente de um colapso institucional, gerado principalmente por uma procrastinação de 30 anos, pelo menos, na busca de um modelo institucional mais apropriado a um país de renda média e com maior inserção tecnológica, como é o Brasil de hoje. O resultado do crescimento vegetativo e descoordenado das estruturas, em todas as instâncias, assim como a falta de melhor entendimento sobre atribuições e prioridades governamentais levou a operações municipais e estaduais que se tornaram impagáveis e difíceis de se administrar. A perspectiva de tornar-se gestor público no Brasil, na persistência desse modelo, pode aproximar-se de um pesadelo. A maioria das estruturas municipais e estaduais do Brasil cresceu vegetativamente entre 30% e 50% nos últimos dez anos. A grande questão é que há um desajuste entre as necessidades e a capacidade de suporte da nação brasileira em relação ao tamanho e funções da sua gestão pública. A falta de colocação em prática de planejamento e direcionamento estratégico das gestões, quando existem, talvez tenha um reflexo tão grave quanto esse crescimento desordenado de sua estrutura. E é, sem dúvida, também uma de suas principais causas. O ano que vem, a partir do agravamento das crises financeiras e institucionais, poderá ser o início da busca por um modelo de gestão pública mais adequado às reais necessidades da sociedade brasileira, em seus diversos segmentos de população, e na abertura de alguns tabus regulatórios que são anacrônicos e já se mostrarão inviáveis no curto prazo. Esse tema deve ser alvo de debate nacional, de incorporação de melhores práticas e novos modelos institucionais, em prática no país e no exterior, e de descontinuidade e desvalorização de práticas populistas e soluções “mágicas”, com o crescimento, entre os agentes políticos, da noção de que gestão responsável também gera votos; e que não há como tornar uma gestão mais profissional se ela não ocorrer em paralelo com a revisão de privilégios corporativistas.
         Configura-se uma inédita situação potencialmente geradora de um pacto diante do possível colapso de todo o sistema. Os limites para se repassar o aumento de custos por meio de ajustes fiscais convencionais, com aumento da carga tributária, já foram atingidos, e talvez ultrapassados. Portanto, é preciso que o ajuste, em todas as instâncias, avance também do outro lado da conta, da organização da gestão pública. De forma sistêmica, e não emergencial. A crise está colocada, a oportunidade é concreta. Na persistência do problema, todos perdem. Na possibilidade de uma solução, o possível início de um avanço institucional de 50 anos.”

(GUSTAVO GRISA. Economista e especialista do Instituto Millenium, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de junho de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de junho de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de JOÃO CORDEIDO, coach, consultor de gestão, pesquisador, especialista de desenvolvimento profissional e escritor. É autor do livro Accountability, a evolução da responsabilidade pessoal (Editora Évora), e que merece igualmente integral transcrição:

“Sem tolerância com a baixa eficiência
        A maioria dos gestores brasileiros não está acostumada a extrair de seu time os melhores níveis de entrega. Com isso, esses profissionais perdem a oportunidade de gerar uma contribuição maior à sua companhia. Além de não alcançar a alta performance, acabam comprometendo os objetivos empresariais, o atingimento de metas e, por fim, os resultados operacionais e financeiros. Essa declaração pode parecer exagerada. Mas, acredite, não é. Simples assim.
         Com a economia recessiva, consumo interno andando devagar e competidores fazendo o possível para não perder as suas participações, é imperativo que o gestor reaja e gere um ambiente criativo, inovador e de agilidade. É preciso também que o gestor tenha uma visão positiva do futuro, sensibilidade e percepção para se antecipar aos movimentos de mercado, cavar oportunidades e conquistar resultados. Isso também não é novo. Essas são ações esperadas e básicas de todo gestor. Dessa forma, já não basta ser apenas responsável. É preciso ir além, e aí sim é a grande novidade do universo corporativo e mantra dos gurus da administração contemporânea.
         Empresas de alta performance resistem melhor a momentos de crise e saem rapidamente de situações difíceis por causa de uma nova variável: ter gestores com a habilidade de pensar, agir como dono e gerar resultados excepcionais. E é esse profissional, como essa competência, que começa a ser disputado pelas corporações.
         Esse conceito está relacionado a algo incomum em nosso idioma: a accountability pessoal, apresentada aqui como uma virtude moral, que leva o ser humano a evoluir a sua percepção da responsabilidade, encontrando oportunidades de deixar uma contribuição maior. Também encoraja os indivíduos a assumir um papel de protagonista em vez de se comportarem como vítimas. A conclusão é prosaica e eficiente: a accountability pessoal é o atalho para se ter profissionais mais completos, sem desculpas ou justificativas, com entrega de resultados consistentes. Assim, cada pessoa é um potencial influenciador e inspirador de seus stakeholders. O modo accountable de trabalho beneficia a todos e faz do gestor um profissional focado, exigente consigo mesmo e intolerante com baixos níveis de performance.
         Aristóteles (385-322a.C.) não acreditava que nascêssemos prontos, do ponto de vista moral. Nessa direção, as virtudes deveriam ser apresentadas ao indivíduo, incorporadas e aprimoradas ao longo da vida. Assim, como a definição original do pensador grego, também a accountability pessoal pode ser aprendida e aprimorada. O antivalor de accountability pessoal é desculpability”, que é a habilidade de afastar de si a responsabilidade, culpando os outros ou as circunstâncias.
         A perversidade, nesse caso, é que a desculpability” é inata e instintiva. Explico: nascemos prontos para nos proteger, defendendo-nos das críticas. Assim, ela pode ser aprimorada e contamina as famílias, a sociedade e, consequentemente, o trabalho. Se fizermos uma comparação com a teoria de mecanismos de defesa, elaborada por Sigmund Freud (1856-1939), talvez a projeção seja o mecanismo de defesa que mais se aproxima da “desculpability”, no qual sentimentos próprios e indesejáveis são projetados a outras pessoas.
         É por meio da “descupability”, portanto, que revivo a primeira provocação deste texto. O executivo brasileiro, de tanto ouvir desculpas, tornou-se tolerante com a baixa performance do seu time e, apesar de termos por aqui excelentes modelos de cultura de alta performance, muitos gestores ainda desconhecem as ferramentas para reverter esse quadro. E uma dessas ferramentas é a accountability pessoal.
         Parte dessa complacência advém do próprio modelo do pensamento nacional, facilmente observado pela tolerância que temos em relação aos problemas que enfrentamos no dia a dia. São condições que afetam indiretamente a nossa estima, o nível de exigência e que, inconscientemente, refletem nas decisões dos gestores. Ser accountable é pegar para si a responsabilidade, sem medo.
         Não estou sozinho nesse fórum de reflexão. Segundo estudo global da McKinsey & Company, publicado no McKinsey Quartely de abril de 2014, accountability é uma das nove dimensões da saúde organizacional, resultado de uma ampla pesquisa com empresas privadas. Que vivencia esse conceito extrai de dentro de si o que há de melhor do ser humano, a coragem para agir como dono do seu destino, tornando-se uma pessoa mais completa em diversas dimensões.
         Um profissional accountability  se transforma em protagonista, e não em mero espectador da vida corporativa, tornando-se um embaixador da cultura proativa das nossas organizações. Eu convido-o a refletir e, se assim decidir, a vivenciar a accountability pessoal tanto na dimensão pessoal, quanto na profissional, encontrando, dessa forma, papéis cada vez mais nobres para a nossa sociedade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito subiu 1,7 ponto percentual em abril e atingiu 347,5%  ano ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir IMEDIATA, abrangente, qualificada e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...